Ela entrou no quarto e ficou parada na porta me olhando seria.Levantei e sentei na cama esperando que ela sentasse, mas continuou de pé.

–Porque me desobedeceu?

–Porque você já tinha deixado eu ir, e eu não ia desmarcar com meus amigos só por sua causa.

–Você não dá valor pro que tem Emma.

–Dou sim! Só que assim como você não pode desmarcar seus compromissos por minha causa, não posso fazer o mesmo por você.

–Emma, eu viajo a trabalho, pra te sustentar e te dar conforto e tudo do bom e do melhor! Você não faz idéia de quantas meninas da sua idade dariam tudo pra estar no seu lugar.-Falou indignada.

Eu quero falar, e muito. Queria despejar tudo pra ela,mas não tinha forças e temia meu castigo. Então me calei, e deixei que ela falasse. Não prestei atenção em uma palavra sequer que ela disse depois disso, apenas ouvia e assentia com a cabeça, porém meus pensamentos estavam longe.

Acho que ela ficou uns 10 minutos falando, e então saiu.Revirei os olhos e tranquei a porta me isolando no quarto novamente. Foi só eu deitar pro celular tocar.

–Alô!! –Atendi

–Oi baixinha.

–Oi Joe.

–Ta tudo bem? Ta com uma voz estranha.

–Ta tudo bem, é só a dona Cristina pegando no meu pé, como sempre.-Falei dando uma risadinha pra disfarçar.Ele riu também e ficamos conversando por um tempo, até que nos despedimos e eu desliguei.

Deitei, cansada da viajem.Não conseguia acalmar a confusão da minha mente.Então adormeci e acordei com uma voz quente ao pé do ouvido.

–Você é perfeita.-Sussurrou aquela voz quente e agradável.Murmurei baixinho tentando abrir os olhos.

–Só tem uma coisa que eu mudaria em você.-Retrucou enquanto deitava ao meu lado.

–Sério?! O que? –Perguntei me ajeitando na cama. E pela primeira vez não tive medo de ouvir sua resposta, pois tinha comigo de que seria positiva e nada que me afetasse tanto.

–Seu sobrenome, pelo meu.-Falou em tom baixo.

Eu sorri de canto,e me ajeitei em seus braços. –bobo- falei e rimos baixinho.

–Preciso ir. –Ele disse inquieto.

–Porque? –Murmurei fechando os olhos.

–São 02:00 da manhã.

–O que?!-Falei levantando assustada e passando a mão sob a estante em busca do celular. E realmente eram duas da manhã. –Tayler, você é doido! O que veio fazer aqui a essa hora da madrugada.

–Desculpa! Tava sentindo sua falta,e não conseguia dormir. Ai vim te ver. A propósito, é melhor você fechar sua janela porque eu entrei aqui fácil. –Falou sonso rindo.

Eu ri também,e ele se levantou num movimento brusco.- Estou indo, já que não me quer aqui.-Fez charminho.

–Ei. –Falei de joelhos na cama o puxando pelo braço.-Eu não disse que não te queria aqui.-Falei maliciosa.Ele em um movimento rápido deitou em cima de mim,o agarrei pela nuca e ele chegou bem perto. Minha respiração ficou ofegante, achei que ele fosse me beijar e eu sempre ficava tensa quando ele me beijava. Mas ele não beijou, apenas encostou os lábios nos meus e disse “I Love You” e sorrimos simultaneamente e juntos.

–Mas, preciso ir.-Falou quase levantando novamente.Porém fui um pouco mais rápida e o puxei.

–Não! Fica! –Pedi com uma carinha de cão sem dono.

Ele sorriu. –Como resisto a isso?-Perguntou olhando pro teto, como se estivesse perguntando para alguma divindade. Eu sorri e beijei seus lábios lentamente,um selinho simples e molhado, e então dormimos.Quer dizer, ele dormiu,eu fiquei deitada em seu braço,encostada em seu abdômen e pensativa.

Sou carente, do tipo que mesmo se ganhasse 100 abraços, teria a cara de pau de pedir mais um. –Pensei.

Depois disso?Sei lá, acho que dormi e nem senti. Acordei tão bem, tão leve. Ele não estava mais lá, mas ainda sentia seu cheiro no meu corpo, no meu edredom, no meu travesseiro e em todo lado esquerdo da minha cama, onde deitara.Ainda podia sentir seu toque em mim,e o calor de sua pele encostando na minha mesmo ele não estando mais ali. A verdade é que durante muito tempo eu pensei em dizer-lhe: “Por favor, fuja de mim. Não sou a melhor pessoa para te abrigar agora. Estou um caco. Eu não tenho o direito de te partir, e talvez nem vá me importar se o fizer.” Mas, eu sei lá o que houve, só sei que agora não quero que ele fuja,nunca! E quero ser sempre seu abrigo, assim como um dia ele fora o meu, ainda é pra falar a verdade.E estou inteira, não sou mais feita de pedaços, ele me completou e eu não suportaria a dor de não tê-lo comigo.

Nossa, que nostálgica eu estava naquele momento.Me peguei em pensamentos metódicos e intensos.Sai de um quase transe, porém continuei deitada.Queria continuar deitada, de olhos fechados e sentindo sua presença, mesmo ele não estando aqui, sua presença era eminente e era como se eu o sentisse, não podia levantar e nem ao menos me mexer, se não toda aquela envoltura seria perdida. Nem sei por quanto tempo permaneci deitada imóvel, porém foi tempo suficiente para que meu corpo de despedisse do dele e adormecesse mais uma vez, mas desta vês..só!