Depois de um tempo,paramos,nos olhamos e sorrimos.Fiz uma cara feia,ele me olhou sério.

–Ainda ta chateada?-Perguntou.

–Ah,é que um garoto aí me fez achar que eu o perderia.-Falei rindo.

–Se eu fosse ele,nunca te deixaria ir.-Falou sério. Eu o encarei por tempo,e depois sorrimos.

–Posso te perguntar uma coisa?

–Já está perguntando.-Falou rindo.

–Não,é sério.

–Tá,pode.-Falou.

–Você,tava com alguém ontem?

Ele me olhou meio receoso,respirou fundo e olhou pro chão.

–Sim.-Respondeu.Eu o olhei meio sem jeito, franzi as sobrancelhas e o encarei meio brava.

–Relaxa,eu estava com a minha mãe,ela estava passando mal e tinha acabado de dormir quando você me ligou.Por isso atendi falando baixinho.

–Hm.-Murmurei.

Ele deu risada de mim,me deu um selinho e foi embora.Eu subi,toda sorridente e cai na cama.Estava exausta,e não conseguia parar de sorrir.Haviam borboletas no meus estômago.Eu não conseguia controlar minha ansiedade,queria sair pulando pela casa. Fechei os olhos,mas não conseguia dormir.Peguei meu velho caderno.

~ Escrevendo ~

Eu me sentia sozinha,achava que nunca ninguém ia me querer. Não éramos nada,então éramos amigos e de repente éramos mais que isso.Tive medo.Então, ele apareceu. Ele apareceu na minha vida de mansinho. Eu apareci na vida dele devagarzinho. Nós aparecemos na vida um do outro, sem pedir nada, sem cobrar nada, sem dizer nada. Depois, as palavras. Elas, que me seduzem. Elas, que me envolvem. Elas, que me aproximam. Foram as palavras que me aproximaram dele. E foram elas que me conduziram até o amor da minha vida. Entre uma palavra e outra, uma inquietação. Entre uma inquietação e outra, a curiosidade. Entre uma curiosidade e outra, um medo. Será? Entre um será e outro, um relâmpago chamado coragem. Fui. Ele veio. Nós fomos.

Fechei o caderno,pus embaixo do travesseiro.E dormi.Acordei sorridente,quase saltitando de alegria.Me arrumei e durante o café contei pra minha mãe os acontecimentos da noite anterior.

–Fico feliz por vocês.Mas,cuidado pra você não se magoar de novo.Vai com calma dessa vez.-Aconselhou-me.-Vai sem muita sede ao pote.

–Pode deixar.-Falei rindo.Terminei o café e fiquei sentada no sofá.Ouvi uma buzina e sai correndo.

–TCHAU MÃE.-Gritei da sala.Quando sai,Tyler,Arthur e Cami me esperavam no carro.

–Bom Dia.-Falei entrando no carro e dando um beijo no Tyler.

–Bom dia amorzinho.-Cami falou.-Hm,ta sorridente!Algo me diz que vocês voltaram.-Cami disse rindo.

–Ah,Nossa..Como você descobriu?-Perguntei com uma voz irônica.

–Passarinho verde me contou.-Cami falou com aquela risada escandalosa dela.

–Ah,Claro!-Falei.

–Nossa,o dia já começa assim?Vocês duas se amam né!?-Arthur falou rindo.

–Deus que me livre.-Cami falou rindo.-Odeio essa garota.

–Eu digo o mesmo de você.-Falei rindo.

Fomos o caminho inteiro ‘’discutido’’ e rindo muito.O dia estava perfeito.No colégio foi o mesmo tédio de sempre,e os olhares ameaçadores da Lisa só aumentaram por eu e o Tyler estarmos juntos.

Cheguei em casa exaustada.Tomei um banho e fiquei deitada,com aquele sorriso bobo na cara.E é claro,o meu ‘’outro eu’’,começou a me encher.

–Inner: Pra que tanta felicidade? Você sabe,eu sei,nós duas sabemos e daqui a alguns dias essa felicidade vai acabar.Vai virar poeira.Igualzinho da ultima vez.

–Eu: Cala a boca.Você não me dá descanso!-Bufei.

–Inner: Emma,eu sou você,eu te conheço como ninguém mais te conhece.Eu sei os seus medos,os seus segredos.Eu sou a parte mais obscura de você e eu sei que você vai sofrer.Então aceita que isso é mentira e para de criar uma felicidade dentro de você.Para de usar essa armadura de forte na minha frente,não precisa.Eu te conheço.

–Eu: Inner querida,eu não estou usando armadura nenhuma e nem estou fingindo uma felicidade.Essa felicidade é o que eu estou sentindo,e é verdadeira.Meu namorado voltou,nós nos reconciliamos,meus amigos estão juntos de novo e felizes.A Lisa parou de pegar no meu pé.Meu aniversário de 18 anos é mês que vem.Fiz as pazes com meu pai e minha relação com minha mãe esta cada dia melhor.Eu e meu irmão estamos mais abertos um pro outro,como quando éramos crianças.Eu estou me tratando,estou cada dia melhor.O ano esta acabando, esse é o meu último ano do colegial! Eu tenho amigos,família,pessoas que me amam.Não tenho motivos para ficar triste,só tenho motivos de alegria.E nem você nem ninguém vão acabar com isso.A felicidade é um direito meu,um direito que me tiraram,e que agora eu recuperei,e não vou deixá-la escapar nunca mais.

–Inner: E tudo que te aconteceu,e suas perdas,e suas dores?

–Eu: Eu aprendi que não podemos guardar magoas,nem dores.E tudo que eu passei só me fez uma pessoa mais forte.Minhas dores?Eu já não as sinto mais. E minhas perdas? Elas ainda doem,mas com todas essas perdas eu aprendi que devemos guardar apenas as melhores lembranças das pessoas que partiram.

–Inner: Eu já te vi assim antes Emma,você já esteve feliz.Mas aí tudo desmoronou novamente e só eu podia te compreender.Logo,logo,você vai cair,essa alegria vai acabar e você vai entender o que estou falando. Eu te vi chorar depois de muito tempo, e você já não se lembrava o que eram as lágrimas. Eu vi a muralha desabar em dor, eu te vi tão fria se derretendo em ódio. Finalmente cansou de mentir dizendo que era forte, cansou de se esconder atrás de certezas que nunca teve. Olha só pra você, passou muito tempo regando as mágoas, passou muito tempo se remontando á cada dia com uma peça a menos, e agora a estrutura cedeu, você está com as mãos no rosto se perguntando “Por que eu? Por que isso? Por que não posso apenas desaparecer?”. Você sempre disse que sabia lidar muito bem com seus medos, e por ironia, foram eles que te engoliram.

–Eu: Não Inner,você está enganada.Meus medos nunca me engoliram,eu sempre tive o controle deles,e eles nunca foram uma ameaça pra mim.Mas agora,agora é diferente,as coisas mudaram.Eu estou feliz de verdade.E sei que essa não será uma alegria de momento,porque eu aprendi a engolir meus medos,enquanto eles acham que me engoliram.Então,eu não preciso mais de você.Eu tenho minha opinião própria e não preciso mais da minha parte obscura dizendo que eu sou fraca,e que eu não posso.Porque sim,eu posso.

Então ela se calou,e eu senti um peso saindo das minhas costas.Tudo que estava entalado eu pus para fora.Tudo o que eu precisava dizer para eu mesma e nunca tive coragem,agora eu tive.

A tarde minha mãe teve que viajar,mas ela disse que voltaria no dia seguinte,de manhã.Meu pai me ligou,conversamos por horas e depois dormi.Dormi a tarde inteira, e quando acordei estava cheia de dor.Minha cânula estava incomodando,e eu mal conseguia me mexer.Mas não disse nada a ninguém,eram dores fracas,eu agüentava.Então tomei banho,jantei e fiquei deitada conversando com o Tyler pelo Skype.Fomos dormir 02:00 da manhã.

Acordei às 05:00 sentindo dores mais fortes ainda.Não conseguia nem sair da cama.Peguei meu celular e liguei pra ele.

– Alô?
– Você estava dormindo?-Perguntei.
– Sim… Mas pode falar.
– Eu preciso de ajuda…
– Estou indo.
– Mas… Você nem sabe o que é. Deixe-me explicar… É difícil, está doendo tudo aqui.
– Você dói e precisa de ajuda. Eu não preciso de mais explicações. Estou indo.

E então ele desligou.Eu fiquei deitada,cheia de dor.Ele chegou com a ambulância.Me colocaram numa maca e me levaram para o hospital.