Acordei tão feliz no dia seguinte que estava quase saltitando de alegria.Tomei café com meu pai e meu irmão e fui pra escola com o Tyler,ele veio me buscar em casa,e é claro que ele recebeu alguns olhares desafiadores do meu pai.Mas nada que não fosse normal.

Quando chegamos na escola juntos foi aquele alvoroço,claro que ninguém abriu espaço pra gente passar,que nem nos filmes,mas foi mais ou menos isso.Acho que eu nunca tinha sido tão notada em todos os meus anos de vida e isso era até engraçado! Mas eu comecei a pensar se estava devidamente arrumada para todos aqueles olhares e foi ai que eu entendi a preocupação que as meninas populares tinham com roupas.Mas eu não era como elas e não queria me preocupar com isso.

O dia estava seno perfeito,passei o dia inteiro agarradinha no Tyler e isso era meio estranho pra mim e até um pouco frustrante,mas foi ótimo mesmo assim!Eu não tinha tonteado,só pensava nele e acho que ele só pensava em mim também.Eu acho que estava apaixonada,era difícil admitir,mas sim eu estava apaixonada e isso era totalmente diferente e estranho pra mim.Mas eu se fosse só aquele mar de rosas que estava sendo,eu acho que poderia aceitar de boa.Mas no fundo eu sabia que teríamos que enfrentar muita coisas juntos e que nem tudo seria um mar de rosas.

Mas uma coisa inesperada aconteceu e estragou o meu dia.Estávamos na aula de educação física,dando as quatro volta na quadra,assim como a professora havia pedido.De repente eu comecei a ver tudo girando,pedi pra professora pra parar um pouco pois não estava me sentindo bem.Eu não lembro direito o que aconteceu,só sei que eu fui meio das arvores que tinham no fundo do colégio e depois eu só me lembro de cair e começar a vomitar uma quantidade exagerada de sangue.

Eu coloquei a mão na barriga e sentia uma enorme dor,me contorcia de dor.Ouvi a voz do Tyler andando entre as arvores,me chamando.

–TYLER...TYLER,EU TÔ AQUI.-Gritei.

Ele seguiu minha voz e veio até onde eu estava.Eu fiquei com vergonha por ele ter me visto naquele estado,mas ele era o única que podia me ajudar naquele momento.Eu já havia parado de vomitar,ele me pegou no colo e perguntou se eu tava bem.Eu disse que não e com a mão sobre a barriga gritava de dor.Ele correu comigo no colo até o portão da escola,com todo aquele alvoroço criou-se uma multidão de gente querendo ver o que tava acontecendo.

Ele me colocou no carro da diretora,pegou minha bolsa e a mochila dele e pediu pra diretora pra ir comigo.Ela deixou e então fomos pro hospital.Chegando lá,entrei na emergência e tive que fazer mais uma bateria de exames.O doutor me fez várias perguntas e a maioria eu não consegui responder pois eu gritava de dor.

Depois de 30 minutos de muito dor,aquela agonia acabou.Eles me sedaram e terminaram todos os exames,eu não me lembro de nada,só lembro que depois que me cederam eu comecei a ver tudo escuro e o doutor disse que iria fazer uns exames comigo e que quando eu acordasse já poderia ir pra casa.

Quando eu acordei eu estava numa sala branca,cheia de aparelhos.Tinha duas cânulas ligadas a mim,uma ao meu braço e a outra estava entrando no meu tórax.Eu tentei me mexer,mas eu senti uma pontadas,parecia que aquele dor iria voltar se eu me mexesse.Então fiquei quieta,esperando que alguém aparecesse pra me explicar o que tava acontecendo.

De repente o doutor entrou.

–Ah,esta acordada.Que bom,como se sente?

–Eu estaria melhor se estivesse em casa,essas cânulas incomodam muito.

~Silêncio~

–Cadê meu namorado?Meu irmão,meu pai?-Perguntei cortando o silêncio.

–Estão os três lá fora,eu vou deixá-los entrar,só preciso verificar umas coisas.

Então ele começou a anotar algumas coisas numa prancheta.Depois de alguns poucos minutos ele disse...

–Pronto.Fiquei quietinha ai,vou chamar seus parentes.

–Obrigada.

Então antes que ele saísse da sala eu perguntei

–Doutor,eu terei alta ainda hoje né?

Ele me olhou estranho e saiu.

Eu não queria ficar naquele hospital,mas pela aquela cara que ele fez,eu teria.Então os três entraram,Joe foi o primeiro a me abraçar.

–Como se sente baixinha?-Joe perguntou.

–Bem,eu acho.

Então meu pai me abraçou um pouco forte e eu disse –Ai,vai com calma.Ainda dói um pouco.-Falei pondo a mão no tórax,por onde a cânula passava.

–Me desculpe.

–Ta tudo bem.-Falei sorrindo.

Então Tyler veio até mim,me encarou um pouco e me abraçou sem dizer nada.

Eles ficaram comigo no quarto por alguns segundos e logo o médico voltou.

–Podem nos deixam a sos?-O doutor pediu.

Então eles saíram e ficamos nos dois um encarando o outro.

–O que foi? –Perguntei.

–Emma,você anda se alimentando?

–Hum...Acho que sim.-Respondi meio receosa.

–Resposta errada,você não anda se alimentando.

–Mas eu como,as vezes.

–Esse é o problema,o pouco que você come não é suficiente para nutrir corpo e abastecer seu organismo.

–Ah,que ótimo.Não me diga que terei que tomar aquela sopa horrível novamente?

–Não,fique tranquila quanto a sopa.Mas acho melhor você começar a preocupar com a sua saúde se não quiser voltar a comer aquela sopa.

–Como assim?

–Emma,você esta totalmente desidratada.Seu corpo esta sem nutrientes,sem ferro,sem cálcio.Assim ninguém sobrevive.

–Como assim?Quer dizer que eu vou morrer?-Perguntei com os olhos enchendo d’água.

–Bem,eu espero que não!Ta vendo essa cânula?

–Sim!

–Nós vamos cortá-la e ela terá que ficar ligada em você 24 horas por dia.

–Ta brincando né?

–Não Emma,infelizmente não.Ela vai hidratar seu corpo,mas ela não ira funcionar sozinha,então eu sugiro que você comece a se alimentar melhor.

–Sério que eu vou ter que usar isso?Ain meu Deus...Por favor Doutor,eu prometo que vou me alimentar como uma pessoa normal,mas eu não quero ter que usar isso!-Falei levantando a cânula.

–Infelizmente não dá mais Emma,seu corpo já está muito independente,se você tentar se alimentar sem esta cânula,ira por tudo pra fora.

–Eu não acredito nisso!

–É,e você também não poderá praticar exercícios físicos até que seu corpo esteja nutrido e hidratado novamente.

–Não,porque meu Deus!Isso não pode ser verdade!-Falei em meio a lágrimas.

–Me desculpe Emma,mas você procurou,agora estas são as conseqüências.

Eu o olhei indignada e disse..-Eu procurei?Como assim eu procurei.

–Emma,se acalme,você não pode se alterar.

–Ah,eu não posso me alterar? –Falei chorando e depois comecei a gritar...-QUEM É VOCÊ PRA ME JULGAR E DIZER QUE EU PROCUREI POR ISSO? VOCÊ ACHA MESMO QUE EU QUERIA FICAR DOENTE?ACHA QUE EU QUERIA ESTAR NESSA DROGA DE HOSPITAL? VOCÊ ACHA MESMO QUE EU ESTOU FELIZ POR SABER QUE VOU TER QUE FICAR CONECTADA A DESTA DROGA DE CANULA 24 HORAS POR DIA?

~Silêncio~

–NÃO,NÃO RESPONDA.EU RESPONDO PRO SENHOR...NÃO EU NÃO ESTOU FELIZ POR ISSO E NADA DISSO É BOM OU CONFORTÁVE.EU SAI DO COLÉGIO HOJE MORRENDO DE DOR,O SENHOR VIU COMO EU CHEGUEI AQUI,ENTÃO COMO O SENHOR PODE ME DIZER QUE EU PROCUREI POR ISSO?COMO PODE INSUNUAR QUE EU FIQUEI DOENTE DE PROPÓSITO?-Gritava em meio as lagrimas.

–Silêncio novamente~

–DEIXA EU TE CONTAR UMA COISA,EU TENHO BULIMIA DESDE OS MEUS 5 ANOS E A DUAS SEMANAS ATRÁS EU DESCOBRI QUE ESTOU ANEMICA.ENTÃO,O SENHOR ACHA MESMO QUE EU ESTOU DOENTE POR QUE QUERO? EU NUNCA QUIS SER ASSIM.EU QUERIA SER UMA PESSOA NORMAL QUE COME NORMALMENTE,MAS EU NÃO CONSIGO.QUANDO EU COMO EM MUITA QUANTIDADE EU ENJOOU E VOMITO.VOCÊ ACHA QUE EU ME ORGULHO DE VOMITAR? NÃO,EU NÃO ME ORGULHO!o PROBLEMA É QUE MINHA BULIMIA ESTA TÃO PRECOSSE SE AS VEZES EU VOMITO SÓ DE SENTIR O CHEIRO DA COMIDA.

~Silêncio mais uma vez~

Então eu respirei fundo e comecei a sentir umas pontadas.

–Então doutor,não venha me dizer que eu procurei por isso,porque eu não procurei.-Falei deixando as lagrimas escorrerem.

Ele me olhou e disse –Não Emma,é claro que você não procurou por isso.Não foi isso que eu quis dizer.Me perdoe querida,eu me expressei mau.-Redimiu-se.