Passei o resto da tarde com o Arthur e a noite fiquei com o Joe.Meu pai chegou tarde da noite e entrou no meu quarto.Me viu sentada na beira da cama,quieta e pensativa.

–Como você ta?-Perguntou chegando mais perto.

Continuei calada,olhando pro nada mas com tudo na cabeça.-Eu fiz uma pergunta.-Falou novamente.

Eu o olhei,respirei fundo e disse –Minha melhor amiga morreu,como acha que estou?-Falei ironicamente.

–Você tem que responder sempre tão rude assim? Quando foi que você deixou de ser aquela minha princesinha meiga e delicada?-Perguntou abaixando-se na minha frente e ficando de joelhos diante de mim.

–Aquela sua princesinha não existe mais.Aliás,já faz tempo que ela deixou de existir.Mas você esteve ocupado demais pra vê-la crescer.-Falei bufando.

–Filha não quero brigar.Eu to aqui,pode contar comigo.

–É pai,você esta aqui..Mas até quando?Aposto um beijo que você vai sumir na primeira oportunidade que tiver.-Falei o encarando.

–Não diga isso.Eu errei,mas eu quero mudar,e só vou conseguir se você me ajudar.Me diga o que eu tenho fazer?-Tentou redimir-se.

–Não pai,eu não quero ter que dizer nada,eu só quero que você faça.Quero que aja naturalmente,por vontade própria.Quero me aja como um pai de verdade e não que faça as coisas porque eu disse que devia fazer.-Falei chorando.

Então sem dizer nada ele se aproximou,e de joelhos na minha frente me abraçou.Era tudo o que eu queria,era tudo o que eu precisava.Então deitei minha cabeça em seu ombro,como fazia quando era menor,e deixei as lágrimas escorrerem enquanto ele alisava meu cabelo e beijava-me a cabeça.

–O que eu preciso fazer pra que você me perdoe?-Perguntou sussurrando em meu ouvido.

–Você já fez pai.-Falei baixinho,ainda deitada em seu ombro.

Ficamos um bom tempo ali abraçados,sem dizer nada.

–Numa escala de 0 a 10,quanto você esta magoada comigo?-Perguntou depois de um longo silencio.

–Não estou magoada com o senhor pai,eu só estava sentindo sua falta,eu só estava com saudades do senhor,do seu abraço,do seu colo,dos seus mimos.Eu estava com saudades de te ter por perto.E se eu pudesse,não te largaria nunca mais.-Falei apertando-o ainda mais naquele abraço caloroso.

Ele sorriu e me deu um beijo na testa.Eu deitei na cama e ele me cobriu,como fazia quando eu era criança.Apagou a luz e saiu.E mesmo com toda aquela angústia,eu consegui ficar um pouco tranquila e descansar um pouco.

No dia seguinte Joe pediu que eu ficasse em casa,pois todo aquele estresse não era bom pra minha saúde.Então eu acordei cedo,tomei café com meu pai e meu irmão,que já haviam feito as pazes.E voltei pro meu quarto.Passei a manhã inteira deitada,ouvindo música e chorando de vez em quando,quando lembrava da Keth.

De tarde o Arthur e a Cami vieram me visitar.Assistimos um filme com pipoca e refrigerante.Eles se esforçaram pra me fazer ficar melhor,mas eu nem sequer prestei atenção no filme.Eu estava ali apenas de corpo,porque meus pensamentos estavam em outros lugares.Estavam divididos entre a morte da Keth e os segredos que eu havia escondido do Tyler,e eu sabia que daqui a exatamente 24 horas ele chegaria de Felles,e eu teria que abrir o jogo com ele e contar tudo,só não sabia como faria isso!

Quando a Cami e o Arthur foram embora já era noite,quase 19:00 horas.Eles me ajudaram a arrumar tudo e foram embora.Eu tomei um banho e fiquei na cama a noite inteira.Ouvi o Joe e o papai chegarem juntos,já eram quase 23:00 horas,quando eles chegaram.Eu sabia que eles me fariam comer e iam inventar um programa qualquer pra fazermos durante a madrugada,só pra me tirar um pouco da cama.Mas eu não estava afim.Então tomei um comprimido e fiquei de olho fechado.

Quando os dois entraram no meu quarto eu já estava quase dormindo por conta do comprimido,eles me deram um beijo na testa,papai me cobriu e eu fiquei novamente sozinha.Então fui fechando os olhos cada vez mais,e depois que minha vista escureceu eu simplesmente apaguei.