–Ei...Ta tudo bem? –Perguntou ao perceber que eu havia parado o beijo.

Olhei pro chão e depois olhei de volta pra ele.-Eu..Eu não devia ter feito isso.Você precisa ir.

–Ué...Mas porque?O que houve?

–Nada...Tudo...A sei lá.Só preciso ficar um pouco sozinha.

–Mas eu quero ficar com você.

–Não Tyler...Você não entende!

–Então explica.

–Você continuaria sem entender.Meus motivos são bobos..Mas são amedrontadores quando se tem o meu ponto de vista.

Ele me olhou fazendo charme com aquela cara de cachorro sem dono.Eu me mantive firme e o pus pra fora do meu quarto,trancando a porta.Deitei com a cabeça a mil..mil coisas...Mil pensamentos,parecia que eu ia explodir.

Coloquei um casaco cumprido e desci..Disse pra Lia que ia andar um pouco.Caminhei alguns quarteirões e cheguei em frente a uma casa,toquei a campainha e uma mulher que devia ter uns 30 anos abriu a porta.

–Olá..O que deseja?-Perguntou a mulher sorridente.

–Sou amiga do Arthur..Ele está?

–Está sim querida.Sou a mãe dele,Lucia,e você quem é?

–Sou Emma...Uma amiga da escola.Moro a alguns quarteirões daqui e vim aqui,porque preciso falar urgentemente com o seu filho.-Me expliquei.

–Claro querida.Pode subir,é a segunda porta a direita.Só bata antes de entrar...Ele é imprevisível. –Falou indo para a cozinha.

–Ok...Obrigada!-Falei subindo.

Bati na porta.

–Entra.-Falou uma voz baixinho.

Abri a porta devagar e vi o quarto escuro só com a luz da tv e do computador iluminando aquela escuridão.Entrei e o vi sentado em frente ao computador.

–Arthur?

Ele se levantou rapidamente e ligou a luz.Então ele me olhou meio desconfiado,com certeza estava surpreso com a minha visita.Eu dei um sorriso meio de lado e fechei a porta,chegando mais perto dele,ele se levantou e ficou parado na minha frente sem me olhar nos olhos,eu ainda sem dizer nada comecei a olhar pro chão.

–O que veio fazer aqui?-Perguntou.

–Eu...Eu preciso falar contigo.-Falei levantando a cabeça e tentando encará-lo,mas ele desviava o olhar.

–Bem,você já esta aqui..Então,fale.

Ele falava comigo em um tom estranho,como se algo estivesse errado e além disso ele não me olhava nos olhos em nenhum momento.

–Você está estranho...Tem certeza de que você que precisa me dizer nada?

Então ele respirou fundo e continuou sem me olhar nos olhos.

–Ei,Arthur!Qual o teu problema?

–Nenhum.

–Então para de olhar pro chão e me olha nos olhos...Diz,tem algo que queira me contar?

–TA BOM,TA BOM...TEM ALGO QUE EU PERCISO DIZER.-Falou gritando,como se tivesse tirando um peso das costas.

–Então o que é...Fala?

–É que depois do assalto,depois que te acharam e tudo mais...Eu não fui te procurar e acabei me sentindo culpado.Desculpa viu? Desculpa mesmo por não ter ido te ver depois de tudo o que aconteceu.Eu fui o culpado por ter te metido nessa roubada,eu devia ter ido atrás de você,eu devia ter feito algo,mas não fiz...

–Ei...Ei..Arthur.-O Interrompi.-Calma.Você não teve culpa de nada,isso tudo foi um incidente e eu não estou triste ou magoada por você não ter aparecido,sei que você se sentiu culpado e eu entendo os seus motivos.

Ele ainda sem dizer nada sorriu. –Mas e você..O que veio fazer aqui? Disse que precisava conversar...O que quer?

–Eu...A esquece não é nada importante.-Falei baixinho olhando para o chão.

Então ele me puxou para um abraço,e eu adormeci a cabeça em seu peito,ele beijou minha cabeça e eu sorri.

–Sei que alguma coisa esta acontecendo..Não sei exatamente o que é..Mas senti que precisava desse abraço..Tanto eu quando você.-Falou alisando meu cabelo.

Eu apenas sorri novamente e sai de seu quarto.Me despedi da dona Lucia e caminhei de voltei até minha casa,entrei no quarto e deitei na cama no meio daquela escuridão do meu quarto...Mas dessa vez deitei sem lágrimas,sem medos,sem angústias...Deitei feliz,com uma sensação boa e com um sorriso no rosto.E aquela felicidade até me assustava,eu não sentia aquelas sensações ‘’boas’’ a tempos,e isso com certeza me intrigava.

Será que vou continuar assim..Ou isso tudo é passageiro?-Perguntei a mim mesma e infelizmente não consegui me responder.