Pensei que ao acordar estaria mais certa do que fazer sobre ser uma Guardiã. Sobre como administrar meus poderes e sobre o que fazer com o graveto que o Cupido me deu. Me levantei e desci as escadas da casa e fui para o meio da sala com o graveto e tentei focalizar em minha mente o anel de Bilbo roubado do Smiguile.
De repente o graveto se transformou em um anel que pus imediatamente no dedo. Senti uma onda de poder percorrer meu corpo e percebi que estava invisível.
—Funciona! -Pensei. Valentim é um gênio. Realmente conseguiu!
A arma era incrível! Tentei fazer uma varinha e ela apareceu. Nisso tentei também fazer alguns feitiços muito simples. Pois pelo o que entendi, só consigo usar ao máximo o objeto transformado se souber usar ao máximo meus poderes.
Por mais que eu soubesse quais poderes eu tenho não sei até onde eles vão.
—Bom dia Ellie. -Disse Valentim descendo as escadas apenas de calça moletom e com cara de sono.
—Bom dia Valentim. Tudo bem? -Disse Ellie que estava se sentando no sofá.
—Sim. Pelo que eu percebi você já conseguiu usar o vira-tudo?
—Consegui. É bem fácil. -Assim que me sentei reparei que tinha um colar em meu pescoço que eu não tinha antes. Um cordão preto com um pingente de cristal azul. Valentim usava um rosa.
—Que pingente é esse? -Perguntei para ele pegando o meu e mostrando-o.
—É a nossa forma de comunicação. Entre nós Guardiões. A cor é diferente pois tem a ver com o que cada um protege.
—E quem entregou? Quando fui deitar não estava com ele.
—Provavelmente foi alguma fadinha do dente. São elas que entregam.
Mais tarde naquele mesmo dia foi convocada uma reunião na fábrica do Norte. Quando todos estavam lá, ele começou a explicar o motivo da reunião ás pressas.
—Guardiões novamente estamos correndo perigo outra vez. Hoje de manhã alguma coisa aconteceu. E perdemos quase todas as crianças da Alemanha e Inglaterra. -Disse Norte num tom muito sério e preocupado. -Breu deve estar aprontando novamente. Por quê a Alemanha? Justamente onde sou tão forte.
—Já acabamos com esse maluco muitas vezes desta vez não vai ser diferente! -Disse Coelhão em seu tom enérgico e provocador.
—Mas devemos tomar cuidado se for de fato o Breu. Ele pode ter sido derrubado algumas vezes, mas não é burro. -Falou Jack Frost.
—Breu é extremamente astuto. -Disse Ellie. -Embora não ele não tenha forças o suficiente para ser recompor. Ele de algum jeito conseguiu voltar. -Conclui Ellie. -Acho que deveríamos ir até seu mausoléu e ataca-lo preventivamente. Para nosso próprio bem. -Todos a olharam surpresos por ela ser a mais nova entre todos e estar tomando decisões.
—Gostei da ideia deveríamos ir agora. -Disse Coelhão. E bateu o pé duas vezes rapinho. E um buraco se abriu no chão levando até o mausoléu de Breu. Os Guardiões pularam no buraco e deslizaram por túneis subterrâneos até o mausoléu de Breu.
Eles se encontravam em um grande salão, que nunca tinham estado antes.
—Onde será o Breu se meteu? -Perguntou Norte a ninguém especificamente.
—Não faço a mínima ideia. -Respondeu Frost. -Achei que ao longo de todos esses anos já tinha revido todo este lugar. E olha que não foram poucas vezes. Mas nunca estive por aqui. -Disse Frost. Com uma expressão séria.
—É melhor começarmos a procura-lo e dar uma lição nele. -Falou Coelhão batendo uma mão fechada na outra.
—Podíamos nos separar. -Sugeriu Fada. Enquanto Sandman gesticulava sua reprovação pela ideia.
—Não acho que seria uma boa ideia. Por mais que ele esteja fraco, nunca exploramos a fundo o lugar. -Disse Cupido. -Se o encontrarmos é provável que esteja aprontando alguma armadilha. E juntos temos mais chances de sair ilesos. -Completou Cupido se encostando na parede.
Após essa breve discussão. Todos eles saíram juntos a procura de Breu. Andando por um corredor estreito não muito longe de onde chegaram os guardiões andavam em fila.
—Está tudo muito quieto. -Disse Fada. - Foi então que escutaram um grito vindo de onde Fada estava.
Ela estava agarrada em uma teia muito fina e não conseguia sair. A medida que ela gritava a teia se tornava mais densa e ia envolvendo seus pés e mãos.
—Não grite. -Disse Ellie. -Vamos dar um jeito de te tirar dai.
—Espere, tive uma ideia. Fada se prepare. Eu vou te tirar daí. -Então Frost começou a girar o cajado e um vento gelado começou a soprar em direção a Fada e congelou a teia. Frost colocou o cajado no chão e estendeu as mãos em direção a teia e começou a quebra-la.
Fada se soltou e quase caiu, mas antes Jack a pegou em seus braços. -Obrigada Jack. Você me salvou. -Disse ela. -Não foi nada. Vamos esse lugar é bem grande.
Após essa armadilha os guardiões continuaram a andar durante longo tempo. A casa era um verdadeiro labirinto. Cheia de portas que não davam a lugar algum ou a um quarto pequeno escuro e que era melhor nem saber o que era. Em um deles Norte se atreveu a entrar e se deparou com uma escultura enorme de cera de Breu estrangulando uma criança e atrás uma tapeçaria que o mostrava em sua glória durante a Idade Média. Conhecida como Idade das Trevas por causa dele.
Esse cara é psicopata. Insano. Totalmente doente. Olha esta escultura!! Quem constrói uma coisa dessas?! -Norte ficou extremamente irritado e abalado por causa daquele quarto.
—Norte vamos apenas continuar. -Disse Coelhão.
Após isso eles continuaram a andar pelo que pareceram horas. E finalmente chegaram um outro grande salão. Com mesas, cadeiras e luz.
—Não aguentava mais andar por aqueles corredores escuros. -Disse Ellie. -Eles dão uma sensação claustrofóbica.
—Está todo mundo bem? -Perguntou Cupido.
—Sim. Só vamos descansar um pouco antes de continuarmos. -Sugeriu Frost.
—Ok então.Mas não muito tempo. -Falou Norte. Assim que os guardiões começaram a descansar diversos pesadelos pelo menos um pra cada, apareceram. E estes eram bem maiores que o normal.
—Emboscada!! Breu seu filho de uma puta!!! -Berrou Coelhão a plenos pulmões.
Cada lutava sua batalha sem conseguir se preocupar com os demais. Norte brandia suas espadas para todos os lados, tentando cortar seu próprio pesadelo. Cupido voava de costas atirando flechas e bombas em seu pesadelo, que corria atrás dele no ar. Frost congelava e lançava rajadas de vento em seu pesadelo derrubando-o. Coelhão corria, saltava e lançava seu bumerangue pra todos os lados. Fada apenas fugia rapidamente de seu pesadelo e jogava bombas nele. Que foram feitas pelo Cupido. Sandman ia transformando sua areia em martelos e espadas gigantes e batia no pesadelo. Ellie era a que mais sofria com seu pesadelo. Ela fugia dele voando e tentava lançar feitiços nele. Com um cajado. Mas não obtinha muito sucesso.
Após algum tempo Frost e Norte foram os primeiros a matar seus pesadelos. E foram ajudar Fada e Ellie. Jack foi em direção a Fada e Norte foi em direção a Ellie que lutava com um quimono e espada de samurai. Com a ajuda dos dois logo todos os pesadelos foram totalmente derrotados.
—Nossa!! Nunca tinha enfrentado pesadelos tão fortes como esses antes. -Disse Norte. Totalmente esgotado caindo em cima de uma cadeira de tanto cansaço.
—Nunca tive tanto trabalho assim! -Disse também Frost, igualmente esgotado.
—Pessoal! A Ellie! - Chamou Valentim. Indo na direção dela. Que estava caída no chão, desmaiada de quimono.
Valentim a pegou desfalecida no colo e sentou em uma cadeira que não tinha sido destruída e começou a recitar alguns encantamentos. Enquanto ele cantava a pele dela voltava a ter cor novamente sua respiração e batimentos cardíacos aumentavam.
—O que aconteceu, nós ganhamos? -Perguntou Ellie voltando a tona.
—Sim. Em algum momento você desmaiou, mas ganhamos deles. Você está bem? -Perguntou Valentim com uma expressão um preocupada no rosto.
—Sim, estou bem. Obrigada Tim. -Respondeu Ellie. Quê estava com uma expressão terna no rosto. E se levantou. -Pessoal, vamos continuar. Já está tudo bem. E ainda temos que achar.
—Tem certeza Ellie? -Perguntou Fada.
—Sim. Vamos apenas continuar.
Os guardiões continuaram à procura de Breu. Após alguns corredores, salas e armadilhas eles finalmente chegaram a um quarto escuro e o viram.
Breu estava minúsculo e disforme. Em cima da cama. Era um montinho preto condensado da cintura para baixo. Resumindo ele estava patético. A única coisa que estava no quarto era ele e o globo terrestre com muitas luzes e com Inglaterra e Alemanha totalmente apagadas.
—Breu? -Perguntou Norte, em um tom descrente do que via.
—O que é, seu velho pançudo?! Por que veio aqui me incomodar? Já não basta estar nesta forma humilhante completamente sem poderes?!
—Como sem poderes?! Acabamos de enfrentar pesadelos piores do que qualquer outro! -Rebateu Norte.
—Quando fui derrotado por vocês, fiquei muito fraco e vi que não poderia enfrentar vocês novamente. Então, usei o pouco poderes que tinha para arquitetar o meu esconderijo novamente e fazer aqueles pesadelos. Achei que se viessem aqui, não passariam por ele.
—E quase não passamos. -Respondeu Norte. -Se não foi você, que manifestou poder, e atacou a Alemanha e Inglaterra, quem foi?
—Descubram... E me deixem em paz seus demônios!! -Breu estava ficando chateado e com raiva.
—Está bem, nós vamos embora. Já percebi que não vamos,conseguir arrancar nada de você.
Após esse breve diálogo, Breu os mostrou a saída que era uma porta numa das paredes do escuro quarto. A saída era um deck no céu. Norte arremessou um globo de neve e eles voltaram a oficina.
Ainda não acredito que Breu está daquele jeito que vimos. Da até dó. -Disse Fada a ninguém especificamente.
—Dá nada! -Disse Valentim. -Sabia que um dia ele ficaria assim.
—Só não consigo parar de pensar numa coisa. -Disse Norte. Desde que chegou não parava quieto. -Se não foi Breu que atacou os dois países e acabou gastando sua última força pra se defender. Quem foi que atacou a Europa? -Norte estava com uma expressão séria demais.
—Não conheço ninguém que possa causar confusão e tem poder o suficiente para desacreditar dois países. -Disse Frost. -E olha que conheço bastantes encrenqueiros em potencial. Mas nenhum deles, me parece provável de ter feito isso. Na minha opinião estamos lidando com algo completamente desconhecido.