O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 54
Tá com cara de quem vai aprontar!


Notas iniciais do capítulo

Oi, queridas pirilampas ^^
A tia Ho está muito ocupada com os trabalhos da escola (dois seminários pra semana que vem, scorr), por isso o capítulo não ficou muuuuuito bom, ficou mais como um capítulo de transição, já que eu tenho escrito o capítulo final em treze páginas do meu caderno (sem contar o "frente e verso da folha O.o" sim, eu escrevi muito) o final está chegando...
Enfim, boa leitura, e obrigada aos que estão acompanhando *3*



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Olho pra ela e reviro os olhos.

– O que faz aqui?

– A mesma coisa que você, sua idiota – ela estende a mão e apara algumas gotas de chuva.

Tá, a pergunta idiota foi minha, mas estou falando com a Taylor, por que me sinto tão mal? Talvez seja por que estou solitária demais.

Suspiro. E suspiro bem alto pra que ela possa ouvir.

– Vai começar o drama? Se for, escolhe outro mercado, cheguei aqui primeiro – sério, não dá pra ter uma conversa com ela. – Francamente, por que teve que escolher logo este? Estava muito feliz sem você aqui.

– Qual é, o que foi que eu te fiz? – digo. Não fiz nada grave, fiz? Não mereço tanto amor, Taylor, me ame menos.

– Ainda se atreve a perguntar? – ele levanta.

– Me atrevo sim, porque eu nunca soube o motivo, na verdade eu até pensei que seria por causa do Dennis – ela bufa e solta uma risadinha irônica – mas não é só isso, é?

– Não... – ela se encolhe. – Mas não importa mais, eu fui abandonada pelo meu próprio irmão que me deixou pra poder jogar Tetrix no DVD com aquele seu amigo estranho.

– Tetrix? Tyler e Gabriel jogam Tetrix? – digo, tentando assimilar eles dois brigando pelo controle do DVD.

– Sim... Ah, a chuva está parando – olho pra frente e só restam alguns pingos finos. – Por que não vai embora?

– O mercado não é seu, sabe... – digo. – Eu também fui abandonada recentemente.

– Bem feito pra você – ela dá de ombros.

– Então tá – saio de perto dela e sigo meu caminho. Até ouvir passos atrás de mim.

Eu sabia que ela faria isso. Se fosse comigo, eu também faria. Taylor é uma menina difícil, eu também sou e isso me faz querer ser como uma irmã mais velha pra ela... Apesar dela ser uma verdadeira peste.

– Por que está me seguindo – digo, impassível.

– Minha casa é por aqui também – ela retruca. Menina horrível!

– E daí? Não pode ir pelo outro lado da rua? Faz questão de ir perto de mim?

Dessa vez eu ganhei.

– Como acabou de chover, pode ser que você caia – ela sorri – E eu quero estar perto pra poder ser a primeira a pisar em você.

– Eu quero arrancar esses seus olhos fora, guria – digo.

– Pois venha e arranque – ela dá um passo a frente.

Suspiro. Eu fui abandonada pelos meus amigos? Sim. Abandonada pelos meus irmãos? Sim. Por que não posso tentar fazer amizade com a Taylor, apesar de ser irritante no começo, agora que ela está com esse gênio ruim e difícil (como o meu) eu estou começando a gostar de verdade dela.

– Quer ir pra algum lugar? – pergunto, esperando ela rir de mim e me jogar terra na cara.

– Quero! – os olhos dela brilham, mas logo ela se recompõe. – Então... seu aniversário é na segunda?

– É... – e é o dia do casamento também. Tenho sempre que me lembrar de que não terei festa.

– Sorte sua – ela diz. – Não vai ter aula.

– Eu sei – olho pra ela, estranhando ela começar um assunto tão tosco. Bom, o motivo de não ter aula por uma semana em pleno agosto é por causa do luto tedioso da escola. Uma tradição em que os antigos alunos se reúnem e conversam entre si o que mudou e o que poderia ter mudado mais na escola. Isso parece ser uma perda de tempo, mas é o que eles fazem, e os novos alunos nada podem fazer a não ser curtir essa semana. E é a desculpa para Beatrice fazer o casamento dela em plena segunda-feira.

– Hmm... – ela resmunga. – Aonde vamos, então...?

– Hãn? Ah, sim – penso. – Podemos ir... à doceria da Mandy!

– Você tem dinheiro? Soube que as coisas lá são meio... caras – ela faz careta.

– Na verdade... – tento argumentar, mas ela tem razão, o preço lá vai além do que eu posso pagar em sete vidas. – Podemos só passear então... Voltar aos velhos tempos – depois disso, percebo o que acabei de falar. Os velhos tempos em que Taylor era (falsa) inocente, e que viva grudada no meu pé como um chiclete mastigado e cuspido na calçada no dia de sexta-feira 13.

– Os velhos tempos? – ela arqueia uma sobrancelha. – Esqueça, muita coisa mudou.

É verdade, ela até parou de atirar pedrinhas na minha janela.

– Mudou? – arqueio uma sobrancelha também. – Não gosta mais do Dennis?

– Nem pensar! – ela diz. – Eu continuo amando ele mais do que o pavê da minha vó. – reviro os olhos. – Mas ele é o tipo de cara que não posso alcançar.

– Literalmente... – rio baixinho.

– Humf – ela infla as bochechas. – Bom, ele pode estar namorando você e tudo, mas já te jogou fora, não é mesmo? Passou a semana se falar com você direto, mal tenho visto os dois sozinhos, ainda tenho esperanças – e sorri.

– Sabe, estou começando a desistir de andar por aí com você... – resmungo. – Posso te jogar na frente de um ônibus, só por impulso e... meu celular descarregou, não ia ter como gravar tudo.

Taylor, a mocreia, recua. Eu fiquei brava mesmo, me exaltei, por que ela vem falar justo do Dennis agora? Eu estou super sentimental por causa do abandono recente que sofri dos meus amigos e ela vem e joga na minha cara. Se bem que ela também foi posta de lado, não pode reclamar, ruivinha desbotada!

– Calma, eu não te fiz nada pra me jogar na frente de um ônibus – ela resmunga.

– Prefere um caminhão? – digo, sem expressão. Me viro na direção contrária e vou pra casa, não quero ficar por aí com uma doida que me joga na cara os meus problemas que estão cada vez mais apertando meu estômago... Isso deve ser fome.

– Tá, espera – ela puxa meu braço. – Desculpa, eu fiz e propósito, tá legal? Não gosto do Dennis, nem nada...

Vejo um leve rubor passar pelo rosto dela. Hmmm, aí tem coisa.

– AI QUE MIMO! Você gosta de alguém – pulo. É sempre assim, eu amo saber quem são as paixonites das pessoas, não importa de é meu amigo, vizinho ou se a pessoa jurou me perseguir e me atazanar por toda a eternidade.

– Quê? Você bateu a cabeça? – ela força. É claro que está gostando de alguém.

– Vou levar você pra minha casa, pegar alguns bolinhos e você vai me contar quem é a sua paixonite – dou um pulo e puxo a mão dela até em casa.

– Você enlouqueceu – ela diz, quando tenta se desvencilhar.

– Você vai me contar, vai sim! – puxo ela pra dentro de casa, até parece que eu sou uma monstra comedora de órgãos, como se órgãos fossem melhores que bolinhos. Não, prefiro minhas maravilhas doces do Bob Esponja do que um monte de órgãos fedidos.

– Por que me trouxe aqui? – ela senta na minha cama e cruza os braços.

– Por que eu não tenho nada melhor pra fazer e quero saber de que você gosta, sua monstra! – digo, pegando uma revista Charm que o Lukas provavelmente deixou no meu quarto.

– Você compra essas revistas? – ela arregala os olhos.

– Não mude de assunto, pequena pirilampa, vamos ao que interessa – fecho a revista e assumo uma postura adulta. – Por favor, me conta, vai, eu prometo que não digo pra ninguém, te dou um biscoito de polvilho todo dia se me contar, faço um juramento especial e se eu abrir a minha boca você vai ter que arrancar minha língua fora e...

– Ellie... – ela murmura. Nisto, eu já estava no chão como se rezasse pra algum tipo de entidade.

– Hein? Sua paquera é a Ellie? – me levanto.

– Puxa, ela é tão bonita – ela folheia a revista. Ela não estava prestando atenção em nada.

– Ao menos ouviu o que eu disse? – pego a revista e ela puxa para si. – Solte isto.

– Não – ela sorri.

– Me dá! – puxo mais e a página rasga, a revisa voa e cai do outro lado do quarto. – Vish! Lukas vai me matar!

– Hmmm – ela parece paralisada olhando a revista. Que, por acaso, está aberta na sessão de fotos do queridíssimo, recém desenvolvido fisicamente, Elliot Christopher.

Ela está meio vermelha, mas não acho que seja possível... Ou será que...

– Você gosta do Elliot? – grito.

– Quê? Não!

– Gosta sim! Estava paralisada olhando pra foto dele, eu vi! – pulo em cima da cama e aponto pra ela e pra revista.

– E aí? Só porque eu olhei quer dizer que eu goste dele?

– Hmm... quer dizer sim! Não adianta, eu sei que... – paro de pular. Eu preciso ficar sozinha. – Taylor, acho que sua mãe está te chamando.

– Se quer que eu vá embora só me diga, não invente nada – ela resmunga. – E eu não estou gostando desse tal guri. – pega a mochila e cruza a porta.

Todos estão se acertando. Por algum motivo, Mandy agora não larga do Bolota e ele também está se comportando com ela. Lo e Matheus daqui a pouco começam a namorar seriamente. Kat está concentrada apenas em discutir com Elliot e Júnior. Ellie está centrada apenas no meu irmão... o que dá meio que uma invejinha, eles dois são altos e bonitos, fazem um casal digno de Hollywood. E agora Gabriel e Tyler estão esquecendo dos outros...Tipo, Gabriel esqueceu de mim – aposto que nunca mais vai falar comigo depois do susto de hoje – e Tyler esqueceu da irmã que até quase agora estava aqui chorando de emoção e me contando que o seu amor era o Elliot... (vamos fingir que foi desse jeitinho, tá?).

Maldito Dennis. Preciso me encolher num cantinho pra espairecer... é assim que faço isso.

Sexta-Feira/15 de Agosto

Quando cheguei na escola foi meio que intenso. Intenso e tenso. Porque quase todo mundo me ignorou. Tipo... Atém que eu pensei que não ia ignorar, ignorou. Lo e Matheus deviam se casar logo, quero prendê-los num pote de vidro e só tirá-los de lá quando tiverem sete filhos e nove cachorros. O resto, é a mesma coisa, Gabriel e Tyler passaram a aula toda rindo, como se nunca tivessem brigado, está a coisa mais linda do mundo. Ellie se juntou com Katlyn e Tyler pra fofocarem sobre moda e eu? Sobrei. Por que eu mal vi o Dennis, e quando vi ele estava de papo com a Mandy que apenas suspirava e repetia “É, Pedro é um bom menino!” com as mãos juntas, parecendo mais a mãe dele do que namorada. Eu ainda não entendi essa história da Mandy com o Bolotinha, mas isso não vem ao caso por enquanto.

*

– Mando ou não mando? – já é a quanta vez que eu falava isso em voz alta. Estou me sentindo meio pateta.

Olho pro celular onde tem uma mensagem escrita: “Preciso falar com você” pronta pra ser enviada.

Eu até pensei em mandar “Estou com saudades” ou “Por que está me ignorando?” mas isso seria muita falta de dignidade, eu não posso deixar cair a única gota de orgulho que me sobrou nesse semestre.

Então achei que o que mais combinava comigo era esse frio e perfeito “Preciso falar com você” só pra deixa-lo nervoso, essa frase, vindo de qualquer pessoa, dá medo.

Bom, o caso é que meu dedinho travou e não quer apertar o botãozinho de “enviar”.

Ah, não vou enviar. Eu tenho amor próprio. Se ele não vier falar comigo até o meu aniversário... eu afundo a cara dele na privada.

Sábado/16 de Agosto

Os preparativos do casamento estão ficando mais sérios. Mas eu não vou falar de casamento aqui, quando o assunto é bem mais sério que isso.

O caso é que... eu estava com sono, ontem, de madrugada... e meu dedinho resolveu enviara a tal mensagem para o Sir. Sakai Cara-de-Pastel, e sabe o que ele me respondeu?

Não tenho tempo, me fale depois”.

E isso nem foi na mesma hora que eu enviei. Eu vi a resposta hoje de manhã e ele tinha acabado de enviar!

Isso deveria me dar raiva, mas eu só consigo ficar mais e mais deprimida.

Pra quê tanta frieza no coração? Eu fiz alguma coisa? Foi por que eu dei dois socos nele e quase deixei sua cara deformada? Está me dando um fora indiretamente? Ele sabe que eu sou meio lesada e mesmo assim manda indireta, parece aquelas gurias retardadas que ficam jogando pedra pra cima e esperando cair no meio da testa.

Não posso conversar co ninguém e acho que até meus amigos imaginários me abandonaram. Preciso de doces.

O jeito é sair de casa e ir na padaria, não tenho empregado pra fazer meus serviços... Mas que seria legal, seria.

– Annie! – ouço um gritinho fino bem familiar e quase quebro o pescoço quando viro.

– Hãn? – me viro pra onde vem o som e vejo a Lo. Olho pro lado direito dela. Nada. Pro lado esquerdo. Nada. Pra cima, pra baixo, dentro do bolso, dentro do sapato... Matheus não está aqui! – Lo! – a abraço. – É tudo culpa desses meninos nojentos! – choramingo.

– Quê? O que foi que o Dennis te fez? – ela passa a mão no meu cabelo.

– Nada... – solto ela e fungo. Eu gosto de receber atenção, e daí?

– Ah, Annie, eu vou falar com esse idiota – ela puxa o celular e liga pra ele. – Ei, seu moleque, o que você pensa que está fazendo com a minha Annie? – ela vai logo gritando. – Ah... entendo. – ela fica séria. – Tudo bem... faça o que tem que ser feito. – ela diz, e murmura algo, parece que espirrou.

– O que foi isso? – pisco.

– Dennis está muito ocupa do com as coisas alienígenas dele... – ela suspira. – Vamos comer alguma coisa.

Que estranho...

Ela me leva pra padaria e compra uma fatia de bolo de sorvete. Eu amo essa menina.

Claro que tem coisas estranhas acontecendo, além do fato da seriedade com que ela terminou a ligação... Dennis está planejando ou fazendo alguma coisa mais estranha do que o normal... Por exemplo, ele pode estar tentando dominar o mundo com seus “inators”, será que meu ornitorrinco imaginário vai conseguir detê-lo? Não, espera... esqueci que eu sou o tal ornitorrinco.

Bom, deixarei passar, por enquanto... Dennis Sakai vai ver a ira do boneco queimado assim que eu terminar esse bolinho de sorvete.


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Notas finais do capítulo

Só vai ter mais dois ou três capítulos... mas as fortes emoções começam a partir do próximo capítulo... coisas acontecerão.
Até mais *3*



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