O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 55
Explosão de Purpurina ou não - O Retorno da Escravidão e rimou


Notas iniciais do capítulo

Oinhê, meus marshmallows derretidos ^w^
O fim está próximo... ç-ç
Parte desse capítulo foi tirado do último capítulo que foi escrito no meu caderno (acho que já falei disso por aqui), então... só pra vocês saberem, eu estou com um projeto de uma fanfic nova, mas não pretendo fazer uma nova temporada dessa. Pelo menos não agora.
Boa leitura ^^



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Domingo/17 de Agosto

Já falei que Beatrice tem amigas francesas? Bom, ela tem. Já falei que elas estão passando “férias” no apartamento dela? Pois é. Por acaso já mencionei que não fui com a cara de nenhuma delas? Bom, deve ser porque elas passa o tempo todo tagarelando em inglês (quando a Beatrice está por perto, porque ela não sabe falar francês) ou em francês mesmo, acho que elas adoram me xingar em francês. E ainda tem a tal da Viveinne, a única que “sabe” falar português. Ela fala as palavras todas repuxadas e esticadas, por que os franceses sempre esticam os érres das palavras? A palavra tem um érre, ela fala e tipo, aparecem uns sete, do nada.

Bom, ok, não estou aqui só pra falar mal dos franceses, mas passar a manhã com a Beatrice tagarelando comas amiguinhas dela não foi nada fácil pra mim.

O caso é que, estou sendo mais ignorada do que solicitações pra jogos no facebook, sério, acho que vou começara odiar e fazer manifestações na rua contra esses amigos ingratos que quando começam o rolo dão um pé na bunda dos amigos e só veem a pessoa amada.

Até o Gabriel me ignorou, quando eu estava saindo do prédio da Beatrice e ele foi buscar a Kate, porque sim, já que ela vai ser a Dama de Honra da noiva do ano (lê-se, noiva varrida e desesperada do ano), ela tem que treinar como vai fazer na hora do casamento.

Enfim, eu perguntei delicadamente se ele tinha alguma coisa pra fazer à tarde e ele disse que estaria muito ocupado pra sair comigo. E ainda jogou na minha cara que ele e o Tyler comeram bolo o dia todo ontem, e que passaram mal a noite toda.

Nunca pense que seria tão destratada na minha vidinha medíocre. Eu quero a minha mãe!

Mas ela não está, foi fazer compras com a mãe da Taylor. Por falar da Taylor, ela está bem na minha frente, no sofá da minha casa.

– Por que está me encarando? – ela cospe.

– Porque tenho olhos – retruco.

Ela suspira. O clima está meio tenso.

– Mei, você viu minhas luvas...? – Júnior desce as escadas, provavelmente procurando aquelas luvinhas cheias de frufru que ele estava usando quando eu o flagrei dançando, vestido de menina. – O que está havendo?

Provavelmente ele sentiu a atmosfera escura e pesada na sala.

– Nada, nada, nada – murmuro, devagar.

– Então tá... – ele dize faz menção de subir as escadas.

– Espere – levanto. – Por que está procurando as luvas?

Dou um sorriso. Ele quer usar aquelas roupas de novo?

– Nada demais – ele resmunga. – Aliás, não tem comida, não? Acho que se eu não pedisse pra comer eu morreria de fome nessa casa.

– Quer que, toda vez que você estiver com fome, alguém vá na cozinha e faça algo pra você comer? – debocho.

– Hmm... sim.

– Quer que te deem na boquinha também, bebê? – rio e ele bufa.

– Eu sei cozinhar! – Taylor levanta a mão. O que essa menina quer? Botas fogo na cozinha? Eu nunca iria deixar, a cozinha é ougar mais sagrado da casa. As delícias milagrosas moram todas lá. Não dá pra guardar carne de porco no armário do banheiro, dá?

– Sério? O que sabe fazer? – Júnior se anima.

– Hmm... Miojo – ela cora.

Um minuto de silêncio em homenagem á Taylor Montês, por favor. Obrigada.

– Puxa, aposto que quase ninguém sabe fazer isso... – murmuro, segurando uma risada.

– Eu sei fazer bolo, também – ela se empertiga toda.

– Bolo...? – meus olhos brilham, mesmo sem querer.

– Sim – ela arrebita ainda mais o nariz.

– Eu quero bolo! – eu e júnior gritamos ao mesmo tempo.

– Pois bem, crianças – ela levanta do sofá e vai em direção à cozinha – Observem Taylor Montês, a rainha da cozinha, fazer o seu trabalho.

*

Quase três horas depois, além da cozinha está pior que chiqueiro, não só a Taylor, mas eu e Júnior estamos cobertos de massa de bolo e farinha, tudo grudado nos cabelos e nas roupas, além dos borrões pretos na cara, já que a “Ranha da Cozinha” colocou o bolo no fogo na temperatura máxima. O que é uma ironia, já que Júnior estava vendo um filme na Temperatura Máxima... Bom, isso não vem ao caso, o caso é... a cozinha está suja, preciso de um banho e, o pior... não vai ter bolo.

Segunda-feira/18 de Agosto

Hoje é o glorioso dia do magnífico casamento enfeitadinho da Beatrice! e SURPRESA! é meu aniversário também.... Bom, ainda bem que não tem aula, eu não aguentaria uma sessão de “com quem será? com quem será?”. Isso é bem vago... Não sinto nada de diferente. Cadê aquela magia estranha que dizem que acontece aos quinze?

Apenas NÃO HÁ magia.

A única magia (tá mais pra macumba) que eu vejo recentemente é que todos estão sendo bocós, felizes da vida pela Beatrice, bom, cada um com seu motivo. Dona mamãe e seu marido, que, por acaso, atende pelo nome de Pai, estão mortos de felizes porque Beatrice finalmente vai desencalhar, e não é por causa de uma gravidez, vamos, de pé, aplaudam este feito glorioso. Bom, o caso, é que a dona mamãe ficou grávida da Beatrice antes de casar... E minha avó também engravidou antes de casar, minha bisavó também, é meio que uma praga mal dada nesta família, que finalmente foi quebrada... pelo menos, ninguém desconfia de outra probabilidade... vai que...

Bom, Lukas e Júnior estão felizes porque finalmente vão poder entrar no quarto antigo da Beatrice e transformá-lo num salão de jogos, eu estou muito feliz com isso, mas se eu demonstrar muito, vou ter que ajudar a arrumar tudo, tirar as tralhas, então é bem melhor fingir que não estou nem ligando. Não vou citar quem mais está feliz coma droga desse casamento, eu não estou feliz. E por quê? Por que estou aqui, no apartamento da noiva esperando o tratamento especial que toda dama de honra (pausa, vou explicar) e irmã mais nova da noiva merece receber. Mas não vem nada. Ela está tagarelando com as francesinhas, já falei que a tal de Viveinne sabe falar português, mas a pronúncia é tão ruim e a voz é tão fina que parece o som de uma sirene de ambulância.

O casamento glorioso vai ser no prédio da loja dos Martins, num salão grande vai ter a cerimônia e tudo, a oficialização, o tal “Fale agora ou cale-se para sempre” e os votos de prometer cuidar e respeitar a pessoa como se fosse um quati de estimação de uma senhora idosa. Já no salão da frente, que dá para o jardim, vai ser a festa com todo o tuts tuts necessário. Tudo vai estar combinando, o vestido da Beatrice é curto na frente com uma cauda de pavão branca extremamente desnecessária atrás.

Já chega de falar do casamento, estou cansada de ficar quieta ouvindo o cocoricó da Beatrice e de suas amiguinhas estrangeiras. Me levanto de repente e os olhos azuis, verdes, castanhos e (estranhamente) cinzas viram direto para a minha pessoa.

– Onde pensa que vai – a dona dos olhos azuis me pergunta, rebolando até mim.

– Pra casa, ué, eu não estou fazendo nada nesse buraco – me encolho quando Beatrice abre a boca num sorriso estranhamente sinistro e me olha com os olhos brilhando.

– Você não vai sair – ela ri fazendo uns movimentos estranhos com as mãos.

– O que quer que eu faça? Quer que eu apodreça aqui? Fiquei sentada nesse banquinho faz quase duas horas, meu bumbum tá ficando amassado! – retruco. – E qual é dessas mãos?

Ela para, e transforma a expressão macabra em mais macabra ainda.

– Ah é? Quer ocupação? – ela levanta uma sobrancelha. – Pois terá ocupação!

Sabe quando você quer apagar tudo que disse ou fez nos últimos mil milênios? Pois é... Nunca senti isso também. Apagar dois minutos dessa conversa já me deixaria feliz.

Ela me puxa até o quarto onde uma catinga de mofo e roupa suja exala de longe. Como uma pessoa dessas pensa em casar?

– Você pode limpar isso – aponta pro chão grudento, cheio de papéis e resíduos que eu não quero nem preciso saber como e quando foram parar ali. (Se for xixi ela me paga). – pode arrumar isso – aponta pra cama, bagunçada como se fosse povoada por anõezinhos causadores de discórdia entre empregadas e patroas. – Isso também... – abre a porta do armário e posso ver roupas jogadas por todo lado, além de ter roupas de baixo misturado com todo o resto. – E isso! – aponta pro cestinho de roupa suja... ou de roupa imunda, eu diria, está transbordando, por sinal.

– Eu não sou sua empregada! – tento cruzar os braços, mas ela me puxa de repente me levando até o banheiro, que está mil vezes pior do que o quarto dela. O azulejo das paredes estão horríveis, tem manchas horríveis no espelho, com ela conseguiu fazer isso? Parece aqueles vultos estranhos que sempre tem filmes de terror.

– Por limpar isso – ela faz uma dança, gira e me puxa para a cozinha – e pode lavar isso.

A pia – O demônio das donas de casas, empregadas e filhas – estava com louça quase que basicamente até o teto, tudo sujo, pratos, garfos, panelas e tudo mais. Essas francesas não colaboram com nada aqui?

– Eu sou sua empregada, por acaso? – ponho a mão na cintura encarando ela, até que ela arqueia mais ainda as sobrancelhas.

Acho que não sairei viva daqui. Esse é o melhor aniversário da minha vida... Só que Not.

*

“Anna, onde você está?” – ouço do outro lado da linha.

– Na casa da Beatrice – sussurro, por que parece que sou uma fugitiva fazendo uma ligação ilegal? – por sua culpa, já que deixou sozinha no meu aniversário, ela me transformou na empregada dela!

“Ah, é?” – ouço um riso abafado, ele me paga. – “E você está fazendo o quê?”

– Nada, é claro, eu NÃO sou a empregada dela – bufo. Eu preciso manter minha moral alta, meu bem! – Mas, mesmo assim, é tudo culpa sua eu estar aqui sozinha aguentando essas francesinhas, eu quero comer pudim com aquelas coberturas fofinhas! E é meu aniversário! – essa última parte eu murmuro. Não tenho certeza se ele a ouviu. Claro, depois de milênios evitando andar dois passos que seja perto de mim, Dennis Sakai está quase se tornando um estranho. Mas mesmo assim, ele ainda é meu namorado... certo? CERTO?

“O restaurante da família da Amandha está fechado hoje por conta do casamento da sua irmã” – ele ri um pouco mais. Mas o que isto tem a ver com meu aniversário? Ah, é... Os pudins com cobertura fofinha são feitos lá, poxa, os melhores pudins do mundo inteiro são feitos lá!! – “E aliás, eu estou ocupado com certas coisas, mas prometo que amanhã a gente faz alguma coisa” – ele não sabe mentir. Nunca soube. Está aprontando alguma. E não é de hoje essa minha desconfiança.

– No que está pensando? – acuso e ele para de rir – Eu sei que está aprontando alguma coisa... O que é?

“Eu não estou aprontando nada!” – ele diz indignado. Ou fingindo estar indignado... – “Já falei, minha gripe piorou!”

– E daí? – grito, puxa, não devia ter gritado.

“Daí que eu não quero contaminar as pessoas na rua” – ele força uma tosse.

– É só pegar aquela sua máscara, ué! – digo. – Uma gripezinha só não derruba ninguém!

Hmm... Derruba sim, Anna Mei, lembro que você ficou três dias de cama por conta de “uma gripezinha”.

Ah, cale a boca, consciência!

“Diga isso pra Madame Elizabeth, se conseguir fazê-la me deixar sair de casa, eu te agradeço” – ele ri. Quase posso ver os olhinhos se fechando.

– Não pode sair? Então... – por favor, diga essa frase sem interesse! Não demonstre interesse! – Não vai pro casamento da Beatrice?

Silêncio. Ele parece estar pensando sobre o assunto, ou talvez tenha tido um infarto e caído numa poça. Acho que ele ficaria feliz com isso... Mas seria bom demais pra ser verdade.

“Não, não vou” – ele diz em alto e bom som. Parece até feliz em me dispensar.

Espere, ele não me dispensou! Só disse que não iria no casamento da minha irmã. Está dispensando ela, não a mim!

Bem feito, Beatrice!

Isso não faz diferença nenhuma pra mim. Só o fato de que eu vou ficar completamente sozinha na festa toda e nada mais. Eu preciso contar os casais de novo? Mandy vai com o Bolota, obviamente, Ellie vai grudar no meu irmão igual chiclete no sapato, óbvio também. E mesmo que ela ficasse sozinha, nunca iria fazer a boa ação de ficar comigo por quatro horas. Digo a mesma coisa pro Elliot. Na verdade, ele nem conta, eu sei que o “novo-modelo-maduro-com-mais-de-um-e-sessenta” vai ficar grudado na Kat discutindo sobre moda. Aliás, Katlyn é outra que me abandonou! Loiza e Matheus, os dois são meus amigos, mas não quero nem chegar perto deles. Tenho a estranha sensação de que o Matheus pode me jogar num poço cheio de águas-vivas só porque me ama demais. A não ser que eu fique mandando indiretas pra Lo, mas eu não quero dar uma de cupido no meu aniversário. Basicamente, a minha única opção vai ser o Gabriel.

– Beleza pura – murmuro.

“Então, volte a trabalhar” – escuto outro riso abafado.

– Eu não estou trabalhando! Já disse, não sou a empregada dela.

Ele desliga. Puxa, nem um Feliz Aniversário. Ok, eu sei que ele está aprontando, sei porque não sabe mentir e eu sei muito bem reconhecer mentiras fajutas. Como as dele, que são sempre óbvias. Afinal, eu acabei de dizer, na cara dura, que não estou fazendo absolutamente nada quando, na verdade, estou com um escovão na mão lavando o banheiro. Acho que o eco me entregou.

Limpar o quarto foi moleza, mas as paredes do banheiro são muito altas e muitos sujas, não dá pra limpar tudo muito bem. Pelo menos o cheiro de bosta de cavalo já passou. Posso até tirar a máscara cirúrgica que encontrei no meio da bagunça e decidi colocar pra me proteger da catinga que reinava neste banheiro.

Preciso fazer uma liste de tudo que está acontecendo na minha vida ridícula, hoje.

Ponto um: É meu aniversário.

Ponto dois: Eu estou lavando um banheiro enormemente sujo.

Ponto três: O menino que se diz meu namorado – vulgo DENNIS SAKAI aquela praga! – inventou uma doença misteriosa e nem me desejou feliz aniversário.

Vamos analisar um pouco a situação. Talvez ele esteja se vingando de mim, já que eu fui lembrar do aniversario dele quase um mês depois.

Mereço.

Ok, só tenho que despistar elas e fugir pra casa o mais rápido possível. São quase três horas. TRÊS! Eu só quero dormir até esse dia horrivelzinho acabar!

Celular tocando! Ai, socorro!

– Gabriel? – digo.

“Meizinha, socorro! Socorro! Me ajuda!” – ele grita como se tivesse uma barata voadora lançando laser na cara dele.

– O que foi? O que foi? – faço questão de gritar e ir pra sala, mesmo estando toda molhada e cheia de sabão.

“Por favor, me ajuda! Ajuda agora!” – ele parece estar correndo ou pulando. Está ofegante.

– O que aconteceu? – digo e as francesas me olham sem entender nadinha. Viveinne me olha com uma cara de morte e Beatrice me lança um olhar de “largue esse telefone e volte a lavar o meu banheiro!”. E Gabriel continuava se descabelado. – Tá, eu tô indo aí! – grito e calço as sapatilhas, correndo até a porta, mas minha irmã me puxa.

– Não vai lavar minha louça? – ela pisca.

Reviro os olhos. Tenho um amigo no telefone que pode estar sendo sequestrado por sua beleza e purpurinagens e ela me fala da louça suja que eu provavelmente tinha que lavar.

Saio correndo igual a uma pata, coma roupa molhada grudando e a sapatilha escorregando, saindo dos meus pés. A casa do Gabriel fica meio longe, mas eu não tenho condição de pegar um ônibus nesse estado.

Chego na casa dele, é tão fofa que eu quase poderia comê-la se não corresse o risco de ser intoxicada, mas, enfim combina perfeitamente com os donos. Toco rapidamente a campainha e ouço um “entra logo” desesperado em resposta e eu quase arrombo a porta, desesperada. Assim que entro piso num ursinho de pelúcia assassino e dou de cara no chão. Isso se eu não fosse ninja, porque eu sou haha! Então, ao invés de sucumbir aos charmes da gravidade eu faço uns passos de break que mais parece iniciação de macumba e improviso um mortal, que só me fez quicar numa poltrona fofinha e ir pro chão, definitivamente.

– Meizinha! Ouço um grito desesperado.

– Gabriel, aguenta aí! – pulo e me levanto, onde será que esse guri está?

– Rápido! – ele grita – Aqui na cozinha!

– Tô indo! – tropeço no mesmo ursinho e quase caio, mas como eu disse, eu sou ninja, então me seguro numa mesinha, que quase desaba.

Corro pra cozinha e abro a porta e uma nuvem de fumaça sai de lá. Gabriel? Você quer botar fogo na casa, meu querido? Será que algum doido possuído pelo ritmo da racatanga tentou incendiar a casa dele por inveja da beleza?

Mas antes de eu conseguir entrar na cozinha, algo papoca.

Tipo, fica dando uns pitocos.

Vou abrindo o caminho pela fumaça até esbarrar na mesa.

– Desliga a panela! – uma voz diferente grita.

Quando a fumaça de dispersa eu vejo duas pessoas, uma pia cheia de louça suja, uma panela totalmente preta no fogão e um pote de sal jogado no chão.

– Meizinha! – um ser estranho de cabelo arrepiado, com a cara toda preta com cheiro de cabelo sapecado, me abraça. – Você veio!

– O que aconteceu aqui? – sussurro, gaguejando.

– Esse daí resolveu fazer pipoca – um ser com o cabelo laranja tostado e a cara igualmente preta diz, com uma expressão visivelmente emburrada.

– Você também queria comer pipoca, poxa! – Gabriel dá um tabefe na nuca do ruivo.

– Eu queria comer pipoca, e não fazer um bronzeamento artificial – ele mostra os braços pretos.

– Toda essa bagunça por causa de pipoca? – momento facepalm.

– É culpa desse mané aqui – Tyler devolve o tabefe.

– Você disse que queria comer pipoca! Acha que se você soltar um pum ela aparece no nada? – Gabriel o empurra.

É engraçado ver esses dois, parece que acabaram e explodir uma bomba.

– E por que eu fui chamada? – falo antes que eles se matem.

– Você é uma menina, não é? – Tyler me olha arqueando uma sobrancelha. Minha roupa ainda não secou, o calção preto está manchado e minha blusa laranja grudou nos meus braços. E bem... eu perdi uma das sapatilhas no meio do caminho.

– Claro que sou! – tiro a outra sapatilha e fico descalça de vez.

– Meninas sabem cozinhar? – Tyler pergunta pro Gabriel, fingindo que sou apenas uma estátua de plástico.

– Claro que sabem, idiota, a Kate faz uns bolinhos deliciosos! – ele diz.

– Minha irmã não faz isso – Tyler pensa um pouco. Por é, entendo, pude provar do talento da Taylor pra cozinha.

– Isso é só um estereótipo – cruzo os braços. – Vocês são meninos, nenhum dos dois pratica esportes!

– Eu jogo basquete – Gabriel levanta a mão, tossindo logo depois.

– Enfim, são estereótipos, só porque sou menina não quer dizer que eu seja a rainha da cozinha. – Digo isso porque, se forem somar meu talento culinário com o talento culinário da Taylor, provavelmente ainda daria um número negativo. – E nem por isso eu vou deixar de ser menina porque...

– Eu também jogo basquete – Tyler parece acordar de um devaneio.

– Isso não vem ao caso! – grito. – Vocês vão mesmo me fazer de dona de casa no dia do meu aniversário?

– É seu aniversário? – Gabriel pisca.

Puxa, eu sou tão esquecível assim? Pensando bem, eu acho que nunca falei do meu aniversário pra eles, falei?

– Quantos anos está fazendo, sete? – Tyler provoca.

Murcho. Esse guri de cabelo de galinha choca pensa o quê? Além de roubar meu amigo ele quer me jogar no chão e me usar como um tapete?

– Sumam daqui! – digo. – Saiam logo antes que eu desista de arrumar isso.

Nem precisou dizer duas vezes, eles já estavam subindo as escada.

*

Dizem que quando as mulheres ficam solitárias elas arrumam mais coisas pra fazer do que o normal. Estou começando a acreditar nessa teoria.

Estou sendo empregada doméstica no dia do meu aniversário... Repeti muito essa frase, vou mudar o “empregada” pra “escrava” porque as empregadas ganham salário e tem carteira assinada, eu nem uma coisa, nem outra, então, me chame de escrava, please.

A cozinha está quase perfeita, limpei o chão e o fogão, mas não lavei a louça, porque não sou obrigada a nada, meu bem.

– Puxa, Meizinha, você é algum tipo de heroína justiceira? – Gabriel entra na cozinha com uma camiseta branca sem mangas.

– Tá mais pra uma bruxa da macumba – Tyler aparece das profundezas com uma blusa aparentemente maior que ele.

Apesar de ambos serem altos, Gabriel é um pouco maior, além de ter ombros mais largos, na verdade os dois tem quase o mesmo biótipo, a única diferença marcante é o contraste nos cabelos, e talvez os cinco centímetros de diferença na altura.

Por que será que estou citando isso? Bom, é só porque a roupa estava frouxa, um pouquinho só, é isso que interessa!

– Eu preciso ir pra casa – murmuro.

– NÃO! – eles falam em uníssono. Estranho, estão na mesma laia que o Dennis e vão aprontar.

Nunca confie em caras com cílios claros. Esqueça isso, meu pai também tem cílios claros, então eu tenho que mudar essa frase, eu teria que incluir o Dennis, mas, a não ser que eu jogue descolorante na cara dele, ele nunca terá cílios claros. Vamos modificar a frase, então.

Nunca confie em caras loiros e ruivos que são amigos e recentemente explodiram a cozinha do loiro pra fazer pipoca e pediram por ajuda como se alguém estivesse sendo assassinado.

Ficou bem específico... Mas não inclui o Dennis... Esqueça, não vou modificar a frase outra vez! Bom, apenas não confie em caras assim.

Eu seria uma bocó se dissesse que não desconfio de uma festa surpresa, também seria uma bocó se acreditasse cegamente nisso.

Qual é! Hoje tem um casamento! Quem lembraria de um aniversário?

– Eu preciso mesmo ir pra casa v digo. – O casamento começa às sete.

– Então vai – Tyler diz e Gabriel dá uma cotovelada nas costelas dele, pude ouvir o estalo – Não, não vá! – ele se retorce e senta no sofá.

– Mas, isso ainda está sujo! – Gabriel fala.

– Sujo? Onde? – procuro uma possível mancha no tapete até que ele bate num copo raso de vidro, ele bate no tapete e fica intacto. – Era pra ter quebrado?

– Hmm... Lógico que não – ele pega o copo e leva pra cozinha.

– Então tá, tchau! – saio da casa e estou quase cruzando o portão, mas eles me seguem.

– Espera! – ele pega o celular, dá uma olhada e respira fundo. – Vamos com você! É terrível deixar uma aniversariante sozinha, não é? – Ele diz, nervoso.

Gabriel, querido, não esconda nada de mim. Eu lembro quando ele mentiu pra Loiza e pro Matheus, era tudo combinado, mas ele estava suando frio e se tremendo todo, passando a mão nos cabelos.

Igualzinho agora.

Olho para os dois e semicerro os olhos.

O que está rolando? Esses filhotes de cruz credo estão escondendo alguma coisa.

Só pode ser coisa do Dennis, ele adora me irritar! Pode ser maldade, sempre colocar a culpa nele, mas é a pura verdade, poxa!

– Não, valeu, eu posso ir sozinha – olho pra eles de lado e parecem preocupados.

– Então já vai tarde – Tyler murmura e Gabriel dá outro tabefe dele.

– Tchau, Meizinha, até mais tarde! – ele sorri, e puxa o Tyler pra dentro de casa.

Eles estão me escondendo algo... E eu sei que tem a ver com o Dennis.


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Notas finais do capítulo

Eu estou escrevendo a maior parte dos capítulos de madrugada e estou sem tempo pra revisar tudo muito bem, então desculpe qualquer erro. Tô achando tudo muito desanimado, mas acho que é porque eu também estou meio desanimada, a fic não anda recebendo muitos reviews ultimamente, eu não sei a opinião de vocês sobre o que está acontecendo, qualquer coisinha estranha ou meio errada, meu avisem, please!
Beijo da Tia Ho



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