O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 47
Procura-se Uma Dama de Honra


Notas iniciais do capítulo

Gente, me desculpem, mas não vai dar pra fazer o especial, mas me esforcei pra terminar esse capítulo pro natal.

Espero que gostem!!
Não revisei, então foi mal pelos erros, e os comentários que eu não respondi, me desculpem, ainda vou arrumar um tempo pra responder.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/512527/chapter/47

Começo a rir um pouco, pode ser divertido.

– Fiquei conversando com as meninas na sala delas... – murmuro, limpando a bancada.

– Meninas...?

– A Katlyn e a... Loiza – falo o nome dela devagar... Alguma reação positiva? Nada, ele só levanta as sobrancelhas feito uma barata tonta.

– Anninha – ele me olha, sério. – Eu posso te dizer uma coisa?

– Não gosto disso... – murmuro. Essa frase é sempre tensa... Socorro!

– Eu... eu não quero dizer que gosto de você, porque você já sabe, mas... Parece que o Dennis também gosta de você eu estava pensando que – ele começa a falar um monte de frases sem noção uma após a outra, me deixa tão tonta que eu tropeço num esfregão e caio. – Hãn? Anninha? Você tá legal?

– Caí como um pedaço de bosta, mas... – digo, passando a mão no traseiro... esse chão é mais duro que os outros chãos do mundo, e olha que eu entendo muito de chão, eu e ele temos uma ligação especial, estamos ligados pelo fio vermelho... ele gosta tanto de mim que pediu uma ajuda à gravidade e não me deixou crescer só pra me ter por perto, e ainda me força à beijá-lo... estou sempre caindo e tal.. mas é puro amor de chão. – Tô legal.

– Eu não gosto mais de você – ele diz, bem alto.

Olho pra ele de repente, os olhos verdes estão opacos, ele está muito sério.

– Na verdade, eu sabia que você ia chegar atrasada, já que estava conversando animadamente com as meninas, e resolvi chegar atrasado também...

– Você planejou salvar o CJ também?

– Não... na verdade foi pura sorte, mesmo... – ele pisca – Eu estava pensando muito em como eu ia te dizer isso caso ele viesse, fiquei aliviado quando ele foi liberado.

Idiotas e seus momentos de idiotice.

– E então... não gosta mais de mim? Está me dando um fora...? Tá se achando o bonitão? Dom Quixote pegador? – digo, com as mão na cintura.

– Não é nada disso, Anninha... espera, Dom Quixote? – é tão idiota que nem sabe o nome dos pegadores do passado.

– É, Dom Quixote, o espanhol pegador que pegava todas – digo, tentando explicar, sinto que tem alguma coisa errada, mas talvez o Matheus seja retardado demais pra entender.

– Não seria o Dom Juan? – ele pisca.

– Dom Juan...? – murmuro. Então era isso que tava errado. O nome do cara, tá bom, eu errei, mas ele não precisa saber.

– É, – ele sorri – que eu saiba o Dom Quixote é o carinha dos moinhos – ele coça o queixo.

Cara dos moinhos? Vê se pode? O Matheus não tem nada mais pra inventar não?

– Tanto faz, não me importo, mas então... não gosta de mim, e daí? – digo, então percebo que fui muito grossa. – Quer dizer... isso é bom, né?

– Eu disse que não gosto de você – ele se assusta.

– Bem, você praticamente gritou e cuspiu isso na minha cara – reviro os olhos, ele fica muito hilário quando está atordoado.

– Bom, eu disse isso, mas na verdade é que eu não quero mais gostar de você – ele volta a ficar sério.

– E o que quer que eu faça? – coloco as mãos na cintura.

– Sei lá... talvez – ele pensa.

– Cara, não existe um botão que basta você apertar e puff, você esquece a pessoa – termino de limpar a bancada.

– Eu sei – ele termina o que está fazendo e senta numa banqueta – mas é difícil gostar de alguém que não gosta de você.

– Você não gosta de mim, Matheus – murmuro, apertando o cabelo da vassoura. – Você não gosta de mim, poxa!

Grito e minha voz ecoa. Me encolho, eu acho que fiz barulho demais.

– Você não gosta de mim, você fantasiou isso por causa do fundamental – eu digo, normalmente.

– Então... – ele parece estar a ponto de chorar.

– Eu te pago uma fatia de bolo se você não fizer escândalo – repito a frase que eu dizia no sexto ano, os olhos dele se iluminam.

– Tá bom! – ele pula da baqueta e terminamos de limpar em silêncio.

– Muito bem, fizeram tudo muito bem feito – o professor chega. – Agora vão, seus arruaceiros, espero que isso nunca se repita.

– Minha mãe vai me matar quando souber – solto um muxoxo. – Vamos comprar o seu bolo.

Nisso andamos mais parecendo uma mãe levando seu filho birrento pra comer bolo, até avistarmos duas figuras bem familiares fora da escola, tomando sorvete juntos.

– Até que enfim, seus problemáticos – a Loiza vem até nós. – Cansamos de esperar na escola e compramos sorvete, quer um?

– Não, valeu – digo, olhando estranhamente pro Dennis, que vem atrás, sorrindo.

– Como foi a detenção? – ele ri.

– A Anninha vai me comprar um bolo – o Matheus pula.

Dennis o fuzila com o olhar e a Loiza lhe dá um tabefe.

– Quantos anos você acha que tem? Cinco? Porque é o que parece! – ela grita, enquanto o Matheus esfrega a cabeça.

– Vocês vão com a gente? – ele convida, ainda com a mão na cabeça. – Podemos comer bolo juntos.

Comer bolo é uma ova! Você vai me ajudar a comprar os remédios do meu tio – a Loiza o puxa, mesmo com ele relutando.

– Remédios? Que tio? – ele pergunta.

– Meu tio, ué, não quero pegar fraudas geriátricas na farmácia sozinha!

– É seu tio ou seu avô? – ele ri.

– Não amola! – Lo dá um tapa no braço dele, e antes de irem... – Dennis, cuide da minha Annie, não deixe que ela caia.

– Pode deixar! – ele sorri.

Vemos a Lo e o Matheus brigando e se empurrando até a esquina, aí o Dennis suspira.

– Pensei que não ia poder ficar sozinho com você, puxa – ele joga o potinho do sorvete no lixo.

– Por que quer ficar... – pergunto, mas uma mão gelada toca meu braço.

– Oi gente – voz irritante. Taylor chega com os cabelos esvoaçando. – Ficou de detenção, não é Mei?

– Sim, e você, por que está saindo tão tarde da escola? – levanto uma sobrancelha. – estava se agarrando com algum menino? Já esqueceu o Dennis? Aquieta o faixo, Taytay.

Ela fica furiosa.

– Primeiramente, fui resolver coisas minhas, segundo, não faço essas coisas de gente decaída, terceiro, Dennis é o único que eu amo – ela tenta agarrar o braço dele, mas ele desvia.

– Sinceramente... você é meio, doente – ele diz. Ela vem pra perto de mim e coloca o braço no meu ombro.

– Você é uma rival bem fraquinha, já que não vai fazer nada, eu vou – ela mexe no meu cabelo e sai, pulando.

O que essa menina quer? Bom, talvez ela só tenha alguns neurônios a menos.

– Parece que não vamos ter sossego – Dennis sussurra.

– Tenho que ir pra casa, tô com fome e preciso de um banho – resmungo como uma velha, mas parece que ele não ouviu.

– Enfim... – ele murmura. – O que você acha de...

De repente, uma moto para, do nada, bem na nossa frente. Sério, que tipo de doido para a moto tão perto das pessoas assim? E pra quê essa rasteira no chão, essa poeira faz mal pra saúde, moço! Além de tudo isso, pra quê essa roupa preta suspeita? Tá fazendo o maior calor e a pessoa me vem com uma calça preta e um moletom preto, além do capacete super escuro, que me assusta.

Espere, moto parando do nada, mais pessoa suspeita... Socorro! É um sequestro? Vão me sequestrar, me ajudem!

Mas, espere de novo... Por que iriam me sequestrar? Eu não tenho nada de bom pra oferecer, sou só uma criança indefesa e minha família não é possuidora de uma grande fortuna, terra ou gado, então... Eles só podem estar querendo o Dennis! E se estão querendo o Dennis, vão ter o Dennis – sinto que repeti o nome dele muitas vezes, tá me cansando de verdade, sério, cabeça, pare de pensar nesse nome agora!

Onde eu estava? Ah, pois bem, a tia da Loiza teve um filho e o nome dele ficou sendo Jurismúndilson por causa de um erro no cartório, era pra ser só Jurismundilson, sem o acento agudo, mas parece que o cara lá não sabe que... espere, não era isso, era? Vamos ver... se eles querem o... vão ter o... Ah, lembrei, não resisto ao impulso e saio correndo, deixando o Dennis, o moço suspeito e meu sapato esquerdo pra trás, corro o máximo que posso, corro até a esquina.

– Ué – olho pros meus pés. Um com o allstar e o outro só de meias. – Poxa, eu gostava daquele tênis.

Corro mais, com o pé esquerdo doendo, mas não me deixar ser sequestrada, ainda mais por um cara de moto, faça-me o favor, podia ser um carro, não? Podia ser velho até, mas um carro seria bem mais digno.

Paro na esquina, respiro, respiro um pouco mais e volto a correr, quando chega na minha rua, vejo que os cachorros da vizinha estão soltos, puxa, essas pragas vão me dar trabalho... Corro o máximo que posso e esqueço de respirar, sou perseguida por aqueles dois minúsculos cachorrinhos – minúsculos, mas diabólicos – cruzo o portão, me desembesto feito uma doida pelo jardim da frente e pulo pra dentro de casa, e aí, só aí, lembro que sou um ser humano e tenho dois pulmões que precisam ser usados.

– Mei? O que foi dessa vez? – minha mãe aparece e me vê roxa, arfando , encostada na porta da frente.

– Os cachorros da vizinha – murmuro sem poder falar direito.

– Aquelas duas fofuras te fizeram ficar assim? – ela ri, mas depois para, olha o relógio e franze o cenho. – Não era pra você ter cegado há uma hora? – ela cruza os braços, ignorando minhas arfadas de ar desesperadas. – Onde você estava, Anna Mei?

Minha mãe não gosta de atrasos. O estranho é que ela foi ter um filha que é, especialmente, muito atrasada. Era pra eu ter nascido dia onze de agosto. Mas eu sou tão atrasada que nasci uma semana depois.

Ela fica impaciente com a minha demora, coloca as mãos na cintura e levanta as sobrancelhas, agora a coisa ficou séria, Luiza Avalon está no seu modo interrogatório, que só é usado em situações extremas. Mamãe, você tá de TPM? – nem vou me arriscar a falar isso, se não levo um beliscão que vai deixar minha pele roxa até o dia que o Roberto Carlos parar de fazer o especial de natal na globo.

– Tava na escola – recupero o fôlego, correndo pra pegar um copo d’água – Ué, eu vou pra lá todo dia, já devia ter se acostumado.

– Anna Mei Sousa Albuquerque – ela diz, baixinho, com um sorriso no rosto.

– Tá bom, tá bom – bato o copo na mesa, choramingando – eu fiquei de detenção e o professor malvado me mandou limpar o laboratório de ciências que estava horrível, quando saí, vi o Dennis, mas um cara de preto parou na nossa frente e eu saí correndo porque podia muito bem ser um sequestrador.

Eu quase grito isso, digo tudo tão rapidamente que minha mãe pisca várias vezes e quase cai com o impacto das palavras, principalmente quando falo do Dennis.

– Você saiu correndo e deixou o Dennis desamparado? – ela murmura. – ele pode ter sido sequestrado!

– Quem seria retardado a ponto de sair por aí sequestrando os outros ás quatro da tarde? – Respiro fundo.

– Sabe que existem vários malucos por aí, Anna Mei, nunca se sabe! – ela se desespera. – Ai, sequestraram o Dennis – ela grita, corre pela casa, pega o telefone e não sabe pra quem ligar primeiro, grita tanto que o Júnior interrompe seja o que estava fazendo pra observar a movimentação. – Chame alguém, rápido, Fabrício Júnior, chame alguém, menino! – ela grita, balançando-o pelos ombros, tá lega, foi uma cena divertida de se ver, mas isso está passando dos limites. Bom, pelo menos o Júnior recebeu um pouco do Ataque Avalonche, entendeu? Avalon, avalanche, ataque, avalonche... Ah, esquece, foi estúpido.

Ela já está quase ligando pra polícia quando a porta da frente abre, e um vulto preto e raivoso entra e vai na minha direção. É a Beatrice, que entra feito doida, como sempre, avançando em cima de mim como um pitbull.

– Anna Mei, o que pensa que acabou de fazer? – ela quase engole minha cabeça, me cuspindo toda, quase voando por cima da bancada. Ela está com uma calça preta e um moletom preto. Os cabelos verdes curtos voando pela testa grande. – Eu saio da minha casa pra ir te buscar e você sai correndo, sua pirralha?

– Pensei que era algum sequestrador – murmuro, depois de conseguir desviar de cinco tabefes.

– Um sequestrador, no meio da tarde? – ela ri. – Deixa de sonhar!

– Nunca se sabe, Beatrice – minha mãe grita da sala. – Nunca se sabe o que esses loucos pode fazer.

– Você me deixaria na rua com um sequestrador e sairia correndo? – o Dennis aparece. – Meu coração partiu agora.

Ele ri. Minha mãe corre, joga o telefone na cara do Júnior e abraça o Dennis.

– Dennis, querido, fiquei tão preocupada, quer um doce? Um biscoito talvez? Um chá, um leite? Parece pálido demais. – ela enche o coitado com perguntas e paparicos.

Júnior aparece na cozinha com um galo na testa.

– Ela gosta mais dele do que do próprio filho – ele murmura, pegando um saco de gelo e colocando na testa. – Tô esperando por comida há horas e tudo o que eu recebo é uma telefonada, literalmente, na cara. – ele fecha a cara e sai. Deu pra ver que ele tava sobrando, mas dona Avalon nem ligou, continuou paparicando o filho dos outros.

– Você vai se ver comigo, mocinha – a Beatrice volta pro showzinho solo, espere, há poucos minutos eu era a pirralha, mas agora sou a mocinha? Se decide, filha. – você vai ser minha dama de honra, poxa, tem que experimentar o vestido! – ela começa a me puxar e eu começo um escândalo, tudo bem que eu nem tenho mais orgulho pra feri, depois de tudo o que me aconteceu, mas mesmo assim, não vão me obrigar a fazer uma coisa estupidamente doida como essa!

– Eu tenho alguém melhor! Perfeito pra ser sua dama de honra! – me desvencilho pegando o celular.

– Quem? – ela pisca.

– Espera, já vai – murmuro, me distanciando um pouco.

Alô?” a voz inconfundível do Gabriel ecoa. “Meizinha?”

– Preciso da sua irmã agora na minha casa, conto os detalhes depois, vem logo, vem mesmo, vou desligar pra não gastar os créditos – digo tudo tão rápido que vai ser um milagre se ele entender tudo.

– Mas... Você não quer ser minha daminha? – a Beatrice choraminga.

– Não, mas é alguém muito melhor, você vai ver – por que será que me sinto dando um fora?

– Alguém melhor? – ela diz. – Não acredito! – vira o rosto e faz bico.

Quando a Kate chegar ela vai esquecer de tudo, vai esquecer até que me chamou pra ser dama de honra, se quer ver algo fofo, chame a Kate e seja feliz.

– Acabei de chamá-la, vão chegar daqui a pouco – digo, olhando pro Dennis, que continua sendo paparicado pela minha mãe. Mãe, hello, suas filhas estão aqui! Paparique a gente e não esse mané desconhecido.

Tudo bem que é um mané desconhecido rico, mas isso é coisa de gente interesseira. E eu nem sou interesseira. Não sou não, se eu fosse, eu seria gentil até às mil maravilhas com o Dennis, mas não sou, isso significa que o pica pau diz miau quando quer latir... Quê...? Ah, a campainha. Eles chegaram!

Corro até a porta, puxando a Beatrice pelo braço, já que ela ainda está fazendo birra, isso logo vai passar, quer ver?

– Apresento agora a sua dama de honra – abro a porta.

Beatrice olha pra porta, me olha, olha pra porta de novo.

– Um garoto? – ela coça o queixo. Garoto? Ah, deve ser o Gabriel.

– Não, é o... – olho pra porta. – Quê? O que está fazendo aqui?

Simplesmente não vejo a linda e fofa Kate, e sim o Elliot. Aliás, faz muito tempo que eu não vejo ele.

– Dama de honra? – o rosto dele esquenta, mas logo volta pra cara de nada. – Deixa, me deixa entrar... – ele gagueja.

– Quer que minha daminha de honra seja esse guri? – a Beatrice o avalia. – Até que ele parece mesmo uma garota, se colocar uma peruca ou apliques de cabelo seria uma coisa linda de se ver...

Olho pro Elliot, ele não está reclamando e não está sendo “Elliot” como costumava ser. O que aconteceu?

– Pelo visto a coisa está ficando boa – a Ellie aparece do nada, entrando na minha casa.

– Puxa, quantas pessoas bonitas aqui – minha mãe interrompe os paparicos do Dennis e olha em volta. – Oi, Ellie, querida, – sim, o relacionamento “nora e sogra” está indo às mil maravilhas – Vou comprar algo pra lanchar, já volto.

– Por que vieram aqui? – pergunto, afinal, esse alvoroço todo, até com o Elliot junto, não é comum.

– O Elliot me disse algo que não devia – a Ellie ri tanto que acaba escarrando. – Enfim, e ele vai ajudar vocês.

– É? – a Beatrice se anima, claro, se uma pessoa famosa quer ajudar você, você só deve deixar – Como?

– Você vai ver, preciso conversar sobre muitas coisas com você... Hmmm, irmã da Anna – a Ellie diz.

– É Beatrice – ela diz.

A campainha toca de novo, puxa, com todo esse alvoroço esqueci do Gabriel e da Kate! Corro pra porta.

– Anny! – Kate pula em cima de mim.

– Ah, oi, Kate! – aliso os cabelos loiros dela.

– Meizinha, o que foi tudo aquilo? Tive que inventar uma desculpa qualquer pra minha mãe me deixar trazer a Kate aqui – o Gabriel entra também.

– Ah, desculpa, mas é sobre aquilo que conversamos hoje cedo – digo e todos olham para nós. Dennis bufa, a Ellie ri e o Elliot ignora.

– Conversaram hoje cedo? – a Beatrice se encolhe, dando um sorrisinho malicioso. – Ain, Mei, não sabia que você fazia coisas desse tipo.

Cara, eu mereço isso?

– Bom, é que a Beatrice precisa de uma dama de honra – falo como se ela não estivesse lá – e eu pensei que a Kate, sua linda irmãzinha, seria uma daminha perfeita.

– Mas que Kate... – ela diz, quando vê a Kate saindo detrás do Gabriel. – O quê? Que coisa mais linda é essa? Quero ter uma filha exatamente assim! Qual o segredo da sua mãe pra ter filhos tão lindos?

Ela avança em cima do Gabriel, que fica sem graça.

– O segredo é que a mãe deles é bonita – digo e levo um peteleco.

– Bom, tenho uma dama de honra perfeita – ela pula. – Você quer ser minha dama de honra? – ela se abaixa e pergunta à Kate.

– Tenho que vestir um vestido cheio de frufru? – ela pergunta, quase chorando.

– Bom... – a Beatrice fala.

– Vai sim! Muitos frufrus – Gabriel interrompe, e quando a Beatrice quase dá uns tapas nele, Kate sorri.

– Então eu quero! – ai, essa menina me lembra de mim alguns anos atrás... o quê? Tenho setenta anos e sou uma avó vendo os netos?

– Então está ótimo! – ela pula. – Preciso falar com a sua mãe, pode me dar os contatos?

– Sim! – Gabriel sorri.

Eles ficam falando sobre tudo o que tem pra falar, Ellie e Elliot se escondem num canto e começam a discutir e o Dennis se deprime num canto qualquer.

– O que foi? Nunca viu alguém se decompondo numa cozinha? – ele diz, quando percebe que estou encarando faz um tempo.

– Deixa de ser chato, o que queria dizer mais cedo? – me sento do lado dele, perto da bancada.

– Deixa pra depois, perdi o interesse agora – ele diz e eu murcho. Credo, o que esse garoto tem na cabeça? Porque eu acho difícil ser um cérebro.

– Vou falar com ela o mais rápido possível – a Beatrice grita. – Enfim, querem uma carona?

– De moto? – Gabriel se assusta.

– Vamos, vamos, é bem seguro, vou devagar – ela diz. – Aproveito e falo com a mãe de vocês – ela sorri maldosamente.

– Bom, pelo visto nós restamos aqui, Elliot – a Ellie fala.

– Sabe que eu ainda estou aqui, né? – digo. – Quer que eu chame o Lukas?

Ela paralisa, faz um tempo que eles não estão saindo, porque a faculdade do Lukas está sendo muito puxada e ele está estudando muito ultimamente.

– Ele está ocupado – ela vira bruscamente. – Volto depois.

– As provas dele foram ontem, aposto que ele tem um tempinho – digo, maliciosamente.

– Anna, você é demais, demais, demais, demais! – ela grita.

– Credo, quem é você e o que fez com a Ellie? – murmuro. – Meu irmão não namora uma doida histérica como você.

– Deixa de besteiras e chama ele logo! – ela grita.

– Agora sim! – subo as escadas correndo. Lukas está no quarto como sempre, dormindo, depois das provas ele só quer se acabar na cama, já que não dormiu direito nos dias anteriores. Estudar de ultima hora é a cara dele. – Acorda, naves alienígenas estão aqui – pulo em cima dele e ele nem se meche. – Eles levaram a Ellie – sussurro no ouvido dele, ele levanta tão rápido que eu caio da cama, com a bunda no chão.

– Tá brincando, né? Cadê? – ele fica procurando. Socorro, meu irmão é burro!

– Ela está lá em baixo! – digo, levantando e esfregando o traseiro. – Você acabou de quebrar meu bumbum, seu idiota!

Ele voa escada a baixo – não antes sem se perfumar todo – e eu desço as escadas mancando.

– Poxa, Mei, sei que você tem mania de chamar os outros de apelidos, mas chamar o Dennis de alien foi feio – Lukas grita.

Alien? Não chamei ele de alien... ou chamei?

– Você disse que os alien tinham capturado a Ellie – ele sussurra. – Não tinha mais ninguém aqui, só o Dennis e ela.

Ele é retardado, eu já sabia, mas não me canso de dizer isso.

– Tá, vão desentupir pia longe daqui, ok? – falo, quando o casalzinho sai, todo feliz.

– Oi, gente – minha mãe chega. – Mas ué, cadê todo mundo? Vi o Lukas saindo com a Ellie, mas pensei que a Bia ainda estava aqui – ela pisca.

– Todos tem coisas pra fazer – murmuro.

– Mas o Dennis ainda está aqui e... Bom, vou fazer bolinhos – ela pula. – Vão brincar em outro lugar e me deixem trabalhar em paz.

Ela nos expulsa, mas em vez de ir pro meu quarto, vou pro jardim da frente, minhas flores já abriram e já estão bonitas. Mas tem muitas joaninhas aqui também, isso me irrita. Não gosto de insetos.

– Isso ainda está aqui – Dennis ri. – Ainda eram botõezinhos da primeira vez que eu vi.

– Pois é... – suspiro. – Muito tempo passou desde... – murmuro. Meu rosto esquenta. – O que você ia dizer, poxa?

– Dizer? – ele pensa. – Não lembro.

Eu quero mata-lo, sério.

– Morra, por favor – murmuro.

– Talvez eu diga... – ele diz, maliciosamente. – Mas a Anna vai ter que me fazer algo em troca.

– Deixe de besteiras e me fale!

– Tá bom, eu... – ele respira fundo. – Eu só...

– Dennis! – Taylor grita e pula em cima dele. – Tudo bom?

– Mas o... – digo. Menina, não tem mais nada pra você fazer, não? Vai ver a sessão da tarde, vai!

– Ai, Mei, deixa de ser chata... – ela mastiga o chiclete rosa irritante. – Será que você não pode ser mais – o chiclete voa da boca dela e eu viro.

– Você não fez isso... – murmuro.

Taylor Montês, eu vou te matar!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Feliz Natal



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Diário Secreto de Anna Mei" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.