O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 41
O Super Aniversário Escandaloso e Fabuloso


Notas iniciais do capítulo

Esqueçam meu aviso escandaloso, quem leu, plis.
Enfim, decidi fazer uma nova versão da fic somente quando essa terminar, e ainda vai demorar, então... enfim, aproveitem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/512527/chapter/41

Sexta-Feira/13 de Junho

Tudo preparado, tudo preparado... Depois de uma semana planejando e persuadindo pessoas, eu e Dennis finalmente conseguimos deixar tudo perfeito!

Agora só falta eu passar na casa da Taylor e ir com ela até a casa da Ellie... Ninguém merece.

Atravessoa a rua, completamente produzida e espalhando purpurina por todo lugar, ajeito os óculos escuros e dou um “tchauzinho” pra Dona Serafina e pro poddle toy dela. Entro na casa dos Montês e quase sou acertada por uma sapatilha rosa brilhante na cara.

– Você é um idiota! Por que mudou de ideia tão depressa? – Taylor está lá, furiosa, jogando sapatinhos no irmão.

– E daí? Disseram que eu podia ir, então eu vou. – ele parece tão despreocupado. Me enoja.

– Você disse que não ia! – ela bate o pé do chão e grasna como um esquilo.

– Sua chorona!

– Eu não tô chorando! – está sim.

Pra resumir, Taylor e Tyler estão discutindo por algum motivo bobo, e eu pude perceber que ela está toda produzida, com um vestido floral rodado, uma sandália rosa com glitter e um chapéu e uns óculos de sol com as bordas rosa, o cabelo laranja está preso numa trança. Está muito chique.

– Mei, Mei! – Ah, me notaram. – Tyler quer ir pro aniversário também! – ela bate o pé no chão. Juro que metade do glitter da sandália passou pro tapete.

– Não tem problema, vamos logo! – sim, estou impaciente, não posso deixar nada de errado acontecer com meu plano diabólico.

– Viu, a baixinha disse que eu posso ir... – Tyler mostra a língua.

– Como assim? Ele não pode ir não! – Taylor enlouquece.

– Pode sim, vamos logo! – falo um pouco mais alto. Esse bando de crianças...

Depois de muito discutir, consigo tirar esses desbotados de dentro de casa e fazê-los andar comigo até a esquina, onde Dennis disse que ia me esperar... Bom, eu não disse que os gêmeos iriam comigo...

– Finalmente... – ele me olha, mas para quando vê duas pessoas a mais. – Olá?

– Dennis! Oi! – Taylor acena com a mão e sorri. Reviro os olhos. Você não pode fazer isso, baixinha!

– Tá, vamos logo... – ando rápido, preciso que tudo saia perfeito.

*

Assim que chegamos lá, morrendo de cansaço, obviamente, um vulto branquelo se apossa de mim.

– Anny! – Kate pula em cima de mim, me bolinando. Por que toda loira gosta de me bolinar?

– Ai que fofa! – Taylor vê Kate e quase vomita arco-íris. – Qual o seu nome?

– Katharine... – ela diz. – Pra você, Katharine. – Kate fecha a cara.

Por que ninguém vai com a cara da coitada da Taylor?

Cadê a Ellie? Preciso achá-la.

Tem muita gente na área da piscina, então tento entrar dentro da casa pra procurar a Ellie, preciso colocar o plano em prática.

– Ei! – algo surge atrás de mim e me cutuca. Automaticamente faço um sinal de cruz com os braços e levanto a perna pra me defender. Ah, é só o Dennis.

– Pare de me assustar! – respiro fundo e trato de desfazer a pose ridícula.

– Hmm, alguém está de TPM... – ele põe a mão na boca, reprimindo um riso.

– Deixa de ser chato, – dou um tapa no braço dele, mas depois sussurro. – Quando vamos por o plano em prática?

– Eu vou procurar a Ellie, você liga pro seu irmão...

– Não! Chame ele de Agente Surpresa! – interrompo e Dennis faz um facepalm. – Que é? Fizemos codinomes, trate de respeitá-los!

– Tá, ligue pro “Agente Surpresa” e o chame, depois fica tudo certo...

– Agora está na hora da sedução! – falo, lembrando do maiô que Beatrice me deu.

– Quê? – Dennis me para.

– Nada não. – sorrio.

Ando um pouco pela área da piscina e vejo muitos conhecidos, Beatrice está num canto com o irmão da Mandy! Não me aproximo, não quero ser o alvo da discussão, eles estão discutindo por algum motivo, sei lá, Beatrice está de blusa e se recusa a entrar na piscina.

Ouço meu celular tocar...

“Agente D para Agente A, abortar...”

“Agente o quê?”

“Ah, fala sério, os codinomes, lembra?”

“Ah, é! Por que abortar?”

“Vamos fazer isso mais à noite, quando não houver muita gente! Desligo”

Me sinto mesmo numa missão secreta.

Enfim, vou ter que esperar até a noite? Então, hora da sedução! Tiro o calção e fico só de camiseta, a parte de baixo do maiô tem uma espécie de saia, então não dá pra perceber que eu tô de maiô, por enquanto...

*

O pessoal está indo embora, estão se despedindo e a Ellie está agradecendo os presentes, são quase sete da noite... quando foi que eu cheguei aqui?

Mas daí, dou de cara com o Dennis.

– E agora? Podemos prosseguir? – pergunto, ele olha o movimento e afirma.

– Rápido, tem que ser rápido... Vou falar com ela.

Então ligo pro Lukas... Não, pro Agente Surpresa e explico tudo pra ele, ele diz que está indo o mais rápido que pode.

– Okay, isso vai funcionar... – guardo o celular.

– O quê vai funcionar? – Elliot aparece de repente.

– Nada! – tenho medo dele. Pernas, por favor, fujam!

Ele semicerra os olhos e me analisa.

– Não se molhou ainda? – que tipo de pergunta é essa? Meu cabelo e minhas roupas estão secas! Por acaso você é cego?

– Não... – engulo em seco.

– Então porque está de maiô... – ele revira os olhos e sai.

Agora que tem menos gente, posso ficar só de maiô... Me aguardem.

– Mei! Finalmente eu te encontrei, você sabe onde aquela garotinha está? – Taylor aparece. – Ela sumiu com a minha bolsa, parece que levou a sério quando eu disse que queria dar um sumiço nela.

– Disse que queria dar um sumiço na Kate?

– Não! Claro que não! Disse que queria dar um sumiço na bolsa!

– Bom, sonho realizado! – falo, mas presto atenção no biquíni dela. É fofo, e seria quase como eu se não fosse por duas coisas.

Seios...

É, eu já desconfiava. Taylor pode ser mais baixa que eu, mas com certeza tem mais seios. Com isso, desisto de tirar a camisa. Nem todo mundo sabe o real valor das tábuas.

– Mei! Cheguei! – meu irmão aparece, chamando atenção de Deus e o mundo. Entra no lugar e escorrega numa poça d’água, caindo na piscina. Não sei que macumba ele fez pra isso acontecer, mas foi isso mesmo.

Com todo o estardalhaço, Ellie e mais meia dúzia de pessoas que estavam na casa saíram pra olhar. Ela corou. Tipo, quase explodiu de tanta vermelhidão. E então me ajuda a tirar Lukas de dentro da piscina.

– Por que não dá uma toalha pra ele? – sussurro e ela o leva pra dentro de casa, pra poder se secar.

E eu estou quase indo atrás deles, tipo, quase subindo as escadas quando alguém me puxa.

– Aonde pensa que vai? – é o Dennis. Estraga prazeres.

– Olha, eu rodeia a baiana pra fazer isso dar certo, não vou perder nenhum detalhe! – tento me soltar, mas ele não deixa.

– Deixa eles! Eles podem não gostar de plateia... – ele sorri.

– Mas eu quero ver! Isso é um assunto familiar!

– Você gostaria se alguém visse a gente fazendo isso? – isso? O quê isso que dizer? Ele me beija. No meio da escada, onde qualquer um pode aparecer. Tá bom, eu não gostaria.

– Deixe de ser idiota e saia da frente... – falo e desço as escadas, quando chego no fim Taylor está lá e eu congelo. Ela pode ter visto alguma coisa.

– Mei... – preparo para a bomba. – Eu queria te perguntar uma coisa... – Aimeudeus! – Você acha que eu tenho alguma chance com o seu amigo?

Mas hein?

– Amigo? Que amigo? – me faço de desentendida.

– O Dennis... – ela fala, e aparece um arco-íris nos olhos dela.

Óbvio que não, garota!

– Talvez, como vou saber? – falo, sem expressão.

– Vocês são amigos, não são? – ela me olha com aqueles olhos grandões e eu pisco.

– Somos colegas... – cruzo os braços... – Colegas próximos, mas não tanto a ponto de sermos amigos.

– Então me ajude! – Ela segura meus ombros. – Por favor.

Eu só quero arrancar a cabeça do Dennis... Por que diabos ele tem que ser tão... tão... Chamativo?

*

Não sei o que aconteceu naquele quarto, não sei se está tudo bem ou tudo mal, mas agora todos estão na beira da piscina e eu nem sequer pude mostrar meu maiô lindo e maravilhoso.

Ellie e Lukas quase não se olham, estão conversando faz um tempo, as vezes eu olho pra eles quando Lukas da uma de suas gargalhadas horríveis, as outras vezes eu olho pra não ter que olhar pro Dennis, nem pra Taylor.

Taylor quase me obrigou a chamar o Dennis pra sentar com a gente pra rolar contato visual entre eles. Até já me mandou sair daqui várias vezes com o olhar, mas eu finjo que nem é comigo. Não vou deixar ela sozinha com o Dennis! Não vou mesmo.

– Então... Vou pegar suco pra gente! – ela sorri e sai pulando.

– Pode me explicar o que é tudo isto? – ele finalmente me olha.

– Não é minha culpa... – falo. – Não é minha culpa se ela gosta de você.

– Ué... – ele fala. – Não posso fazer nada se sou irresistível.

– Não é da minha conta... – faço bico.

– Me conta por que ela está toda confiante de repente... Não me diga que...

– Eu concordei em ajuda-la, ok? – bato na mesa. – Ela quer... sair com você.

– Mas eu não quero sair com ela! – ele choraminga. – Ela é muito chata!

Não acredito. Sério, Dennis Sakai está aqui na minha frente fazendo bico, dizendo que não quer sair com uma garota.

– Faça o que quiser, já disse, não é da minha conta.

– Isso me deixa meio triste... – ele pega uma mecha do meu cabelo. – Sabe... Você disse que gosta de mim.

– Eu disse pra esquecer...

– Mas você me beijou naquele dia...

– Você também! Na sua casa! – sussurro entredentes, super irritada.

– Mas foi você quem mandou!

O quê?

– Está ficando louco!

– Mas foi sim! Você disse: “Vá para casa e beije uma beterraba!” – ele afina a voz e faz uma imitação ridícula de mim, com direito a gestos. – Pensei que estava sendo indireta me mandando te levar pra minha casa e te beijar, garota beterraba.

Ele sorri de lado. Respiro fundo e conto até dez pra não avançar em cima dele e estapear essa cara de pau.

– Eu estava sendo irônica! – murmuro.

– Oi gente, o papo está bom, mas a Tay-tay voltou! – Taylor surge do nada com três copos de suco numa bandeja. Mas o que diabos é “Tei-tei”?

– Que ótimo... – sorrio falsamente.

– Sabe, pensei sinceramente que vocês dois tinham algo, sabe, já que parecem próximos, mas depois a Mei disse que vocês eram colegas eu decidi... bom... – ela fica vermelha, e bebe o suco rapidamente.

– Colegas, hein... – vejo um olhar irritado passar pelos olhos do Dennis, engulo em seco. – Na verdade, nós somos... – prendo a respiração, esse tipo de relação tem nome? – Melhore amigos! – Mas hein? De novo isso? – Estamos sempre juntos e gostamos de apelidar um ao outro... Nada demais... Mas temos os mesmo gostos, fazemos planos juntos e eu vou pra casa dela e vice versa, fazemos trabalhos em duplas mesmo quando são individuais... Isso é APENAS uma amizade... – ele tagarela, sorrindo com aqueles olhinhos quase fechados.

Ele está me pressionando, sinto o olhar dele sobre mim depois desse discurso todo.

Quanto à Taylor, bom, o sorriso dela se intensificou e ela cruzou os braços, para dar mais volume aos seios... Está fazendo isso de propósito! Acho que ela aprendeu isso com a Ellie, só pode ser... E de repente eles conversam. E eu sobro.

Bom, pra servir de consolo, só a Taylor está falando, mas Dennis não faz questão de acabar com o monólogo irritante, então eu saio e entro na casa pra tomar alguma coisa... Água, é, preciso disso.

– Você é retardada, não é? – aquela voz familiar... Elliot.

– Hãn? – qual é a sua garoto? – Por que?

– Enquanto o seu namoradinho está sendo paquerado por aquela garota, você está aqui tranquila... – ela cruza os braços.

– Primeiro: Dennis não é meu “namoradinho” , segundo: não estou tranquila, acho que bebi água demais... – sério, preciso ir ao banheiro urgente.

– Não consigo entender vocês... – ele revira os olhos.

– E “vocês” são...?

– Vocês, ora! Os amiguinhos da Ells! – ele pronunciou “Ellie” de uma maneira tão fofa.

– Por que não gosta de mim? – pergunto, eu sempre quis perguntar isso desde que ele se virou e me cuspiu palavras...

– Eu não... – ele baixa a cabeça, acho que de impaciência... – O problema não é só você!

– Então o problema não é você gostar de mim, é você não gostar de nada, estou certa? – digo, mas ele fica mais impaciente.

– Desde que a Ellie conheceu aquela Amandha ela vive em outro mundo! Isso faz tempo, muito tempo, até dava pra aguentar, ela ainda honrava os compromissos de estúdio... Tudo mudou depois desse grupinho tosco de formar!

Grupinho tosco? Olha, você me respeite, seu moleque, sou mais velha que você!

– Bom, depois que esse grupinho se formou ela passou pelo que eu chamo de “Período de Integração”, eu tentei impedi-la de se integrar antes que fosse tarde demais.

– E quando seria esse “tarde demais”?

– Quando ela desistir de ser modelo... – ele hesita.

– Não era isso que você ia dizer... – brinco, ele me olha sério. – Ah... continue.

– Bom, eu alertei naquele dia em frente ao hospital quando ela perdeu um ensaio fotográfico que valia ouro... E também teve aquele vez no shopping, eu fui avisá-la que não era bom pra ela andar com você... Na verdade... – ele suspira. – Eu estava errado.

– Apesar dessa carranca, olhar frio e beicinho de filhinho de papai – olho bem pra ele. – Você até que é legal.

– Mesmo depois de ter ignorado você publicamente? – ele diz, surpreso.

– Você não me ignorou... Digamos que... não falava comigo... – ponho a mão no queixo. – Por timidez! – digo rápido demais, e ele cora.

– Por que está ajudando aqueles dois? – ele aponta pra janela, onde dá pra ver perfeitamente Dennis com cara de que está sendo torturado e Taylor fascinada pelo próprio discurso. – Sinto pena dele agora.

– Bem feito... – bebo mais água, esquecendo completamente da minha ida ao banheirinho. – Ele merece ser torturado com um ancinho. E bom... A Taylor gostou dele na primeira vez que o viu... gente assim merece o Oscar.

– Então coisas assim acontecem... – ele murmura.

– Talvez... – ele está pensando, dou um olhas de canto de olho pra ele, mas ele não percebe. Depois disso eu tento abrir a porta da geladeira super moderna, e bato a porta na minha cara. Resultado? Meu nariz começa a sangrar.

– Ei! – Elliot me vê com a cara ensanguentada, mas depois dá um sorriso irônico. – No quê está pensando, sua grande pervertida?

Não respondo, só limpo o estrago e volto para o lado de fora, não sei se Elliot ficou na cozinha ou se soltou uma bomba de fumaça ninja, só sei que não vi mais ele depois.

Quando eu chego perto da piscina, vejo que a situação está a mesma, Dennis e Taylor conversando, tomando mais suco, Dennis entediado, com a cara enterrada na mão esquerda, enquanto segura o copo de suco com a direita e equilibra o canudo na ponta do bico emburrado que está estampado na cara dele. Já Taylor, está na maior felicidade, falando tudo e mais um pouco, contando nos dedos um não-sei-o-quê, que tinha feito não-sei-quando, não-sei-onde, não-sei-com-quem. Dennis só mostrou reação de vida quando me viu, e como se suplicasse, me pediu pra se aproximar deles.

Claro que eu ignorei, prometi a mim mesma que não ia me importar com o que o Dennis faz ou deixa de fazer, pelo menos até eu decidir se gosto ou o detesto. Bom, e também Taylor vai poder ver o quanto ele é chato e vai deixar ele em paz, assim eu posso tomar posse dele de uma vez por todas!

O que tem mais pra eu fazer aqui? Estou sobrando, vou embora.

*

Sábado/14 de Junho

– Acorda, Anna Mei! – Beatrice puxa meu pé pela décima vez.

– Por que ninguém me acorda de um jeito normal?

– Só vim te deixar isso! – ela me entrega uma sacola. Na verdade, nem entrega, só joga na minha cara e sai.

Espera... Ela está loira de novo?

Quem se importa. Agora eu só quero dormir.

*

– Mas o quê...? – só digo isso, o que você diria que em pleno domingo, no meio das férias, alguém ficasse tocando a campainha da sua casa e ninguém atendesse? Bom, o negócio foi que meus pais foram visitar a minha avó, e se você quer que Lukas ou Júnior atendam a porta, pode esperar sentado, então eu decidi olhar pela janela, é Dennis.

Desço as escadas cambaleando, e abro a porta, ninguém lá...

– Qual é! – digo, indignada, esse troço tocou a campainha da minha casa e saiu corr... espere, que vulto foi esse que passou por mim?

– Feche logo essa porta! – ele avança pra cima da porta, batendo-a.

– O que foi tudo isso? – ele está ofegante e desesperado.

– Aquela menina... é doida! – ele espia pela persiana. – Não deixa ela ficar perto de mim de novo!

– Mas... por quê? Pensei que estava adorando o dia com a Tay-tay... – digo, sorrindo de lado.

– Me dê água... eu corri da minha casa até aqui, e fiquei escondido nos arbustos por meia hora! – ele vai em direção a cozinha.

Coloco um copo com água pra ele, e decido ser má.

– Então... – sento na cadeira em frente a dele. – Como foi seu papo com a Taylor? – sorrio.

Estou com vontade de esganá-lo, mas sorrir faz bem.

– Como... – ele debocha. – Como foi? Ah, espere... – ele pareceu pensar um pouco, mas ficou com uma expressão dura e irritada. – Ela passou a tarde toda me contando tudo sobre ela! Quantos bichinhos já teve, falou dos parentes dela, falou dos parentes dos parentes dela, falou dos vizinhos antigos, dos vizinhos novos, falou dos vizinhos dos parentes dela, falou de você, do irmão dela, ela falou de Deus e o mundo, e por fim, me perguntou qual meu suco preferido, eu pensei que ela ia parar de tagarelar pra poder tomar o suco dela, mas não, ela começou a tagarelar mais ainda! – ele respira irritadíssimo. – Ela comparou nossa altura, disse que poderíamos ser um casal diferente e muito fofo, ficou contando os motivos para eu aceitar sair com ela e os motivos para eu não aceitar... teve nove motivos pra eu sair e sete para eu não sair... Mas pra mim, tenho dez motivos pra não sair com ela...

– Ah, é? – falo, depois de um tempo... Eu só estava ouvindo, é a primeira vez que vejo esse com essa expressão. – Quais?

– Bom, ela me deu sete motivos, então: Oitavo: ela é histérica, carente e desesperada. Nono: ela não tem muito senso de privacidade. Décimo: Ela é louca.

– Mas ela gosta de você, ué! – suspiro. – Enfim, acho isso injusto!

– E daí? Sou obrigado a gostar dela só porque ela morre de amores por mim? Então, me diga você! – ele me olha. – Você não gosta de olhar pra mim, não gosta de ficar perto de mim e não tem nenhuma consideração... Só por que eu gosto de você, você se sente obrigada a gostar de mim?

O quê?! Que declaração foi essa tão de repente! Dou um impulso para trás tão grande que caio da cadeira.

– Sinceramente, olhe o que você me faz fazer! – digo, me levantando enquanto ele perde a pose e quase engasga de tanto rir. – Eu já parei no hospital uma vez por sua culpa, quem me fazer voltar pra lá?

– Ah, então quer dizer que eu tenho efeito sobre você... – ele semicerra os olhos, me analisando.

– Seu maldito cara de penico! – rimou? Ah, droga, ele está sorrindo.

– Vamos, Anna, você fugiu ontem da casa da Ellie e nem me chamou! – ele volta a ser o débil mental de sempre. – Fiquei meio magoado por dizer que somos colegas.

– E não somos? – falo. – Estudamos na mesma classe, não?

– Mas somos mais que colegas! Só colegas não ficam grudados...

– Não estamos grudados... – afundo minha cara na mão esquerda, apoiando-a na mesa.

– Você vai me deixar tristonho... – ele faz bico e fala como uma criança mimada.

– Cale a boca... – e me beije... Ai, estou sendo muito melosa.

– Mei? Filha? – Minha mãe aparece de surpresa.

– Mãe, você não ia pra casa da Vó Ana?

– Eu ia, mas seu pai está me dizendo que ela arrumou um noivo, eu não quero nem ver no que isso vai dar, então disse que esqueci a panela de pressão no fogo e seu pai deixou eu pular dentro de um taxi e voltar... – ela diz, super feliz, quase sambando quando nota que Dennis está aqui. – Ah, oi querido.

– Oi, tia Luiza... – ele apenas sorri como sempre faz.

Fazendo minha mãe apertar as bochechas dele.

– Ai minha nossa, como você é lindo, garoto! – ela diz e sai pulando. Minha mãe é uma daquelas que saltita e joga purpurina. – Ah, é! – ela volta. – Comprei cinco canetas no caminho! – ela mostra e sai saltitando.

Dennis decidiu passar o resto da tarde na minha casa, me atormentando e fazendo minha mãe rir. Nisso, acho que estou atrapalhando, e decido dar uma olhada no meu facebook, há quantas décadas eu não olho?

Ai que tudo! Uma mensagem no chat!

“Oi, oi, garotinha! Há quanto tempo nós não nos falamos? Como vai o novo grupo de amigos... (sinto que você nos esqueceu). Enfim, só não me diga que arranjou um namorado, porque eu só acredito vendo! Bem, apesar de ter uns boymagia super lindos aqui, eu não me comprometi seriamente com nenhum... Enfim, estamos voltando, as passagens já estão com a gente, mas só vamos no dia 30 de junho, até que enfim... Enfim, a Loiza tá mandando um oi super depressivo pra você, ela está brava, mas eu explico depois.^^ Beijos da Kat”

Claro que ela não precisava ter assinado, já que é uma mensagem pelo chat, mas...

Espere um pouco... Katlyn? Loiza? Estão voltando?!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Diário Secreto de Anna Mei" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.