O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 39
Biquinis e Airbags


Notas iniciais do capítulo

O surto dos capítulos grande ainda está durando... minha criatividade está ajudando, me desculpem se os capítulos não estiverem tão engraçados (eu estou achando eles bem chatinhos, na verdade), mas mesmo assim, a coisa vai ficar boa...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/512527/chapter/39

Segunda-Feira/2 de Junho

Não quero acordar, não quero ir pra escola!

Hoje vai ser o primeiro dia de aula da Taylor e do Tyler, não quero me envolver!

Bem, mas eu preciso... Afinal, ela é mais nova e mais baixa que eu, tenho que ser gentil com os novatos... Não posso deixar de ficar feliz com isso!

– Mei, acord... – minha mãe bate na porta do quarto, pra ver se eu acordo, mal sabe ela que eu já estou divando no espelho desde as cinco da manhã... Eu tenho feito isso muitas fezes ultimamente...

Enfim, meus cabelos decidiram se comportar, então eles vão soltos mesmo, quanto ao uniforme? Vou de allstar hoje, pego minha mochila e desço as escadas completamente cintilando.

– Muito bem, mocinha... – minha mãe diz quando me vê pronta um hora antes da aula começar. – Por que não passa na casa dos Montês e chama a Taylor pra ir junto com você?

Esse é o plano da D. Luiza Avalon, me fazer ficar amiguinha da filha dos vizinhos novos... O motivo, eu não sei, e não quero saber. A Taylor é legal, sim, mas o problema é que ela não para de falar, fala mais do que eu!

– Tudo bem, D. Avalon... – falo e saio correndo antes que minha mãe me jogue um tijolo.

Atravesso a rua me xingando inúmeras vezes por estar fazendo isso, mas, enfim, é isso ou ter que aguentar as reclamações da D. Avalon sobre o próprio nome.

E entre essas duas coisas, eu prefiro comer pastel.

Toco a campainha, porque eu não sou retardada pra ficar batendo à porta das pessoas às sete da manhã, estragando minhas mãozinhas quando tem uma campainha em alto e bom som para ser usada.

– Mei, querida! – D. Lara aparece, como se tivesse acordado há horas, os cabelos curtos arrumados e o rosto sem um pingo de sono.

– A Taylor tá pronta? – pergunto logo, não quero perder mais tempo.

– Ela está se arrastando pra ir ao banheiro... – ela sorri. – Entre.

Eu entro, como é possível arrumar uma mudança toda em um fim de tarde? A sala está perfeita, o sofá azul estranho de um lado, a TV de 42 polegadas presa na parede e outras decorações que levaria pelo menos uma semana pra arrumar estavam lá, perfeitamente colocadas. Claro que eu não deixei de perceber a bagunça no cantinho, onde o bebê está mordendo o próprio pé.

Só digo uma coisa. Ai que vontade de apertar esse negocinho com cara de joelho!

Mas não faço nada, as pessoas nessa casa ainda pensam que eu sou uma garota madura, que sabe se comportar.

– Mei! Oi! Desde quando está aqui? – Taylor aparece, com o uniforme da escola perfeitamente colocado, usando uma sapatilha bege e com um laço azul na cabeça laranja.

– Cheguei agora... – minto. Estou lá faz quase vinte minutos.

– Não quer comer? Tem torradas! – ela diz.

Forço muito pra não dizer que sim, que estou morrendo de fome, mas lembro que uma pessoa madura come wafles, não, espera, uma pessoa madura... não aceita de imediato, é isso!

– Ah, não, eu já...

– Deixe de besteiras e coma! – ela me puxa, delicadamente, e me faz sentar á mesa.

– Mas, Taylor, espere, cadê o seu irmão? – D. Lara diz, depois de várias olhadas em direção à escada.

– Eu não sei! Ele se trancou no quarto e não quer saber de ninguém! – Taylor afunda uma torrada na boca e mastiga. Que tipo de bicho essa menina é?

– Ah, não... Vá lá e o convença a sair do quarto!

– Por que, mãe? Ele é seu filho, não meu...

– Mas tem um negócio que funciona como a comunicação de gêmeos, ele vai te ouvir! – a mãe dela praticamente empurra Taylor até a escada, e Taylor me puxa junto.

– Se ele não quiser ir a escola não vai ser problema nenhum! – ela diz, dando de ombros.

– Taylor... – D. Lara repreende.

– Vamos... – ela bufa, pega minha mão e nós subimos as escadas.

Chegamos à porta do quarto dele, e depois de algumas batidas ele abre. É incrivelmente alto de perto, agora ele parece mais loiro do que ruivo, mas tenho certeza que é porque não está tão iluminado, e os olhos deles são incrivelmente iguais aos de Taylor.

– O que você quer? – ele ainda não me viu... Tudo bem, não me note, preciso analisar você melhor...

– A mamãe disse que você tem que ir pra escola, e como existe uma parada de comunicação de gêmeos ela disse que você ia me escutar – ela fala tudo rapidamente.

– Comunicação de gêmeos? – ele ri.

– Enfim, vejo que já está com o uniforme, vamos logo ou além de nos atrasar no primeiro dia, vamos atrasar a Mei!

E ele finalmente olha pra mim. Me analisando. E depois solta uma gargalhada.

– O que é isso? Uma reunião de anãs? – puxa, isso ofendeu. – Bom, tanto faz, podem voltar pro filme da Branca de Neve.

Que cara chato. Seu mal amado.

Descemos as escadas, Taylor super ranzinza e eu também, só que, ao contrário dela, não demostro.

– Ele não quer ir... – Taylor murmura.

– Quem não quer ir? – assim que nos viramos Tyler está atrás de nós, com a cara mais descarada do mundo.

E então vamos à escola, Tyler vai um pouco atrás, de cinco em cinco minutos fazendo piadinhas sobre nossa altura.

“Por que estão de joelhos?” “Qual o clima aí em baixo?” “Sabe por que vocês sentam mais calor, porque estão mais perto do centro da terra!”

– Seu irmão é muito chato... – falo, depois dele perguntar onde estão os outros cinco anões.

– Sério?! – ela grita, e depois tapa a própria boca. – Sério que não acha o Tyler lindo e incrível?

– Que tipo de pergunta é essa?

Ela não responde, só grita e pula. Ela deve ter vários problemas.

– Nossa! Você é minha primeira amiga à prova de Tyler. – ela me abraça. – Eu nunca imaginaria! Todas as amigas que eu tive amavam o Tyler, algumas só andavam comigo pra poder se aproximar dele! Mas você... Você não é assim!

Nisso Tyler se aproxima.

– Fala sério, sua amiga tem quantos anos, Taylor? – percebo que ele passa um bom tempo avaliando meu “busto”.

– Sou dois meses mais velha que você, garoto! – cruzo os braços e tento andar mais rápido.

– É Tyler, deixe de querer ser maduro, de nós três, Mei é muito mais responsável! – Taylor me defende, apertando meu braço.

E quando chegamos à escola, uma cena se repete... Taylor parece maravilhada e vomita arco-íris a cada coisa que vê... Igual a Hanna.

Falando em Hanna...

– Anna! – ela aparece, me abraçando, me bolinando, fazendo de tudo. E só depois que me solta percebe que não estou sozinha. – Quem são?

– Oi, eu sou a Taylor! – ela mesma se pronuncia e aperta a mão da Hanna sem parar.

– Eu sou a Hanna, melhor amiga da Anna! – Hanna aperta com mais força a mão da Taylor. Percebo isso pela cara de dor dela.

– Enfim, qual a sua sala, Taylor? – pergunto quando o ritual de dor acaba.

– Aquela... – ela aponta pra minha classe.

Que ótimo.

Entramos na classe, e eu sigo normalmente pra minha mesa quando ouço um dos três bocós falar.

– Olha, a baixinha trouxe a irmã dela! – não deu pra ver, mas acho que foi o Felipe quem falou, porque ele foi o alvo do soco do Carlos.

– Cala a boca, imbecil, ela vai te ouvir! – Carlos diz, como se eu já não tivesse ouvido.

– Quem é essa, Anna? – Ellie se aproxima.

– Aimeudeus! Ellie Christine, é você!!! – Taylor pula da cadeira e abraça Ellie com a maior empolgação do mundo. Ellie demora um pouco, mas se desvencilha o mais rápido que pode.

– Não faça isso! Quem você pensa que é? – Ellie está super brava, não parece aquela Ellie que gosta de me atazanar. Ela está realmente com raiva.

– Dica número um, garotinha: Nunca pule em Ellie Christine! – ela diz isso, dá meia volta e sai desfilando.

– Bem, acho que tenho uma conterrânea! – Mandy surge.

– Oi, eu sou a Taylor! – ela sorri, gentilmente.

– Eu sou a Amandha! – ah não, a união de duas ruivas... O que fazer? – se bem que... Você é meio desbotada... – Mandy diz e a expressão de Taylor muda.

– Me desculpe, o ruivo laranja é o ruivo mais bonito! – ela cruza os braços, se sentando novamente.

É... Parece que Taylor tem uma segunda personalidade.

Bom, deixando isso de lado, a aula continua, só muda o fato de que eu já tenho a média necessária e não preciso assistir todas as aulas, então fico a maior parte do tempo no ginásio...

– Anna, estava te procurando! – Hanna sobe as arquibancadas, Ellie e Mandy vêm atrás. – Aquela peste do Dennis não vêm mas pra escola... Ele diz que não precisa já que suas notas exímias conseguiram o primeiro lugar da escola toda em três listas e blábláblá.

– Não gostei daquela garota, Anna... – Ellie senta e cruza as pernas.

– Nem eu, pode ir explicando quem é ela! – Hanna senta mais perto de mim.

– É minha vizinha nova, vocês não perceberam, mas o irmão gêmeo dela está na classe 1-B, ela é mais baixa que eu, então estou andando com ela pra aumentar meu ego – falo, apesar de ser meia verdade, não, espere, não gosto tanto dela, ela me dá arrepios, então é, é basigamente isso sim.

– Sei... Mas... Mei, – Mandy se aproxima e sussurra para nós. – E o fetiche por baixinha do Dennis?

Quê? Ah, já tinha esquecido.

– E eu com isso? – cruzo os braços. – Nunca que a Taylor vai se interessar por um mané de olhos puxados.

*

Então na ultima aula, decido cochilar, vou á biblioteca e estou dormindo quando a Taylor chega, me cutuca e quando eu acordo ela me diz:

– A verdade é que eu me interesso sim por manés de olhos puxados!

Acordo em um pulo, estou sozinha e o sinal acabou de tocar.

Não quero mais ver a Taylor hoje. Saio correndo e só paro quando chego na minha rua.

Sexta-Feira/6 de Junho

As coisas continuam as mesmas, saio de casa sem tomar café, toco café na casa da Taylor, vou com ela e com o irmão chato dela pra escola e lá acontecem as mesmas coisas, Hanna detestando o fato de que eu fico perto demais dela, Mandy não dando a mínima pra “ruivinha desbotada” e Ellie adorando Taylor. Sim, Taylor é praticamente um pau-mandado. Ellie manda, Taylor faz. Como se Ellie fosse uma sensação internacional. Ok, ela pode ser modelo de uma revista famosa, mas não precisa de tudo isso.

– Enfim, eu só quero avisar que na próxima sexta-feira vou fazer uma festa na piscina... – Ellie diz, na hora do intervalo. – Podem ir se quiser.

– Pra quê tudo isso? – digo.

– É o aniversário dela, Mei... – Mandy diz.

– Ah, tá... Espere, sexta-feira? – pergunto e ela assente. – Você faz aniversário numa sexta-feira treze. – Dou risada. – Sorte sua não ser supersticiosa.

– É, sorte minha... – ela revira os olhos.

– Eu posso ir também? – Taylor chega com os olhos brilhando.

– Sim, que seja... Leve seu irmão se quiser... – Ellie diz para Taylor, mas vejo que olhou pra mim.

Já sei... Ela provavelmente quer que eu chame Lukas também.

– Posso chamar meus irmãos também? – falo.

– Seus irmãos? – ela pergunta. – Não.

– Por que? A Beatrice é tão legal! Júnior é um bom menino, e Lukas... Bom, Lukas é o Lukas... – falo e vejo ela corar um pouco.

– Tanto faz! – Ellie sai, emburrada.

Sábado/6 de Junho

Acordo com alguém cutucando meu pé.

– Mei, por favor... – a voz da Taylor invade meus ouvidos.

– O que está fazendo aqui? – falo, mais querendo dizer “Sai daqui, conjunto de estrume”, mas ela pode chorar.

– Não tenho biquíni, me ajuda! – ela senta na minha cama e começa a choramingar.

– E daí? – já que agir como uma adulta não está dando certo, vou dar meu jeito e agir normalmente, essa menina me cansa.

– Vamos ao shopping! – ela me puxa e eu sento na cama. – Se arrume, vamos às três da tarde.

– Por que me acordou pra isso? Não podia me ligar? Ou sei lá, ter vindo depois?

– Eu fiquei com vontade de te ver! Somos melhores amigas agora! – ela sorri.

Ela sai e eu fico atordoada por algum tempo. Depois percebo que não consigo mais dormir. Por que ela teve que me acordar? Justo agora que eu estava sonhando com uma montanha de Dennis gritando “me chute, mamãe, me chute”.

E eu estava quase chutando.

Esse idiota. Ainda não esqueci o lance da lista.

*

Visto a segunda calça jeans que tenho e uma camisa cinza, de mangas compridas, e calço umas botas e coloco o cabelo pra trás e prendo num rabo de cavalo baixo. De zero a dez, maturidade nível sete.

Pego uma bolsa antiga da Beatrice, é pequena, casual, não tem detalhes chamativos e eu posso guardar meu dinheiro e celular nela, pra não se preocupar em vigiar os bolsos o tempo todo.

– Ui, está toda produzida, vai aonde, posso saber? – Dona Luiza Avalon pergunta assim que apareço na sala.

– Vou sair com a chata da Taylor... – murmuro.

– Mei, não a chame de chata, – minha mãe ri. – Vão fazer o quê?

– Comprar biquínis, a Ellie vai dar uma festa de aniversário na piscina, nos convidou, mas a Taylor não tem biquíni e está desesperada.

– E porque vai de calça? Não seria melhor ir de saia ou algo que fosse mais fácil de tirar?

– Tchau, D. Mãe... – passo pela porta e atravesso a rua.

Nem preciso mais bater, sei que D. Lara está em casa, então abro a porta e aceno pra ela, que está cozinhando alguma coisa, subo as escadas e entro no quarto da Taylor.

Ela está toda produzida, com um vestido floral e com sapatilhas de balé rosa claro, com o cabelo laranja e valente presos numa trança. Esse é o meu estilo! Tudo bem que eu não vestiria um vestido tão fofo, mas as sapatilhas combinam comigo... ou não, apesar de ser pequena, meus pés não são tão proporcionais... digamos que calçar 35 seja muito pra alguém do meu tamanho.

– Vamos? – ela sorri ao me ver, pega uma bolsa sacola enorme e me puxa para fora.

E sim, o quarto dela é fofo. Tem ursinhos de pelúcia nas prateleiras e tudo lá está em tom pastel, as paredes, a roupa de cama, os móveis.

*

– Corre, antes que ela te veja! – escuto uma voz familiar e procuro. É impossível não reconhecer a voz da Hanna, principalmente quando ela grita no meio da loja de biquínis e roupas de baixo.

Mas quando viro só vejo uma juba tricolor detrás de uma arara de calcinhas.

– Puxa, três espiãs demais? – Taylor chega mais perto, forçando Ellie, Amandha e Hanna saírem detrás da montanha de calcinhas de todos os tipos e tamanhos.

Ellie coloca a franja para trás e sai triunfante como se segundos antes não estivesse se escondendo e vai olhar os biquínis, Taylor vai atrás.

– Essa menina não se cansa não? – Hanna cruza os braços, parece mais emburrada do que quando me via com o Dennis.

– Ela me cansa... – Mandy tira a franja vermelha da frente dos olhos. É a primeira vez que Mandy não vai com a cara de alguém, então deve ser sério?

– O que vocês têm contra a coitada da Taylor? – falo, pegando um sutiã aleatório.

– Ela é menor que você... – Mandy murmura. – Quer que ela roube o posto de “Baixinha Fofa da Classe”?

Espera... Isso existe?

– Fizemos uma votação logo depois que Hanna entrou na escola... – Ellie aparece. Sem Taylor.

– Ellie, onde você enfiou a Taylor, preciso dela viva, a mãe dela sabe que ela está andando comigo!

– Ela está provando alguns biquínis na ala infantil da loja... – ela ri.

Pelo menos não sou só eu.

– Posso arranjar biquínis adaptados pra você usar na festa! – Hanna enfatiza o “você”, ficou claro que não devemos incluir a Taylor no meio.

– Então vamos fazer uma competição... – Mandy, a louca por competições acorda. – Uma competição de roupas de banho!

– E quem vai participar? – eu pisco várias vezes, porque Mandy fez um pose meio extravagante, além de ter várias calcinhas penduradas nos braços dela.

– Você, junto com a Hanna e a Ellie...

– Ah vá, quer me fazer passar vergonha? – digo. – Elas que balancem esses airbags pra longe de mim!

– A Taylor também vai... – Mandy cantarola.

– Me explique melhor....


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Diário Secreto de Anna Mei" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.