O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 38
Quem é a Baixinha Agora? Hein? u.u


Notas iniciais do capítulo

Oi, cogumelos de açucar... Depois de vários capítulos miúdinhos, veio um tamanho gigante para compensar ^^
Acabei de voltar da escola e fiquei com vontade de postar... Sabe o quando é ruim se produzir toda, colocar um óculos de sol chiquérrimo e quando sai de casa está completamente nublado? Bem, eu passei por isso, hoje...
Aproveitem o capítulo ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/512527/chapter/38

Sexta-Feira/30 de Maio

A semana de provas passou tranquila, Dennis me deu aulas – de verdade, não tentei mais nada depois do fiasco de segunda-feira – e eu pude fazer as provas tranquilamente, acho que me dei bem...

E agora, depois de duas semanas cansativas de provas, vêm o dia de dar todas as notas e médias, estou com um frio na barriga tão grande que pode ter pinguins morando no meu umbigo!

Enfim, posso aguentar... Sou a número três na chamada, posso aguentar... Respira...

– Quero parabenizar todos os alunos, as notas desde período são muito melhores que as do período anterior, vamos lá, vou começar pelas melhores notas... – Giorbana, a professora de história e filosofia, que parece que engoliu o Mickey e roubou a voz dele, está falando. Por que ela não pode dizer simplesmente pela ordem de chamada? Assim, depois de duas “Anas” com um “N” só, viria eu, a linda diva com dois “Ns”.

Bom, e porque logo a Giorbana tem que ser responsável pela classe? Sério, nessa escola tem vários professores legais, tem o professor de Química que fala sempre e quase nunca escreve, tem a professora de literatura que é super gente boa, mas a responsável pela turma tinha que ser a professora-Mickey, com um nome esquisito à beça... A mãe dela devia odiar a criança pra poder dar o nome de Giorbana pra ela...

– Enfim, vou começar logo com as ciências humanas, que é a minha área, os alunos que mais se destacaram em filosofia, história, geografia e sociologia foram Lucas, Dennis, Lianna e Anna Mei...? – ela falou com certa dúvida... Claro que, quando meu nome foi dito, metade da sala se calou e ficou me encarando...

– O que foi? – falo. – Eu estudei, seus bando de chimpanzés... – murmuro, Giorbana não gosta de xingamentos.

– Bom, parabéns, Anna! – ela pisca, misca muito e volta à folha. – Em matemática, Lucas Dennis, Amandha, Lianna, e Anna Mei...

O silêncio reina... Afinal, meu nome nunca foi dito como melhor da turma, a não ser em redação.

– Nas ciências da natureza, Lucas, Lianna, Dennis, Amandha e Anna Mei...

Acho que se acostumaram com o fato de eu ter estudado...

– Português, Anna Mei... – ela fala com mais convicção, não é surpresa. – Lucas, Lianna, Ellie e Dennis... – Agora, depois dessa reviravolta... – ela pigarreia, mas a voz do Mickey continua. – Vamos à melhor redação da turma, bom, foi uma grande reviravolta mesmo, pois até na redação houve mudanças, no primeiro período, nas redações da Anna sempre ganhavam e batiam, mas desta vez, a de Dennis superou! Parabéns, Dennis!

Quê?

Eu não ganhei?

A melhor redação não é minha?

Quem ele pensa que é pra tirar a minha única satisfação?

Assim o que o intervalo é anunciado, corro pro painel onde as maiores notas de todas as matérias foram colocadas...

Estou no top 5, das melhores redações escritas da escola inteira: 5º lugar: um tal de Roberto do terceiro ano. 4º lugar: Lianna, 3º lugar, uma garota do terceiro ano. 2º lugar: Anna Mei. 1º lugar: Dennis Sakai.

Quem ele pensa que é?!

Eu dei um duro danado pra fazer as melhores redações até agora e ele simplesmente chega e decide “Vou ganhar, porque sou melhor que você”, e então toma meu lugar no topo da lista?

Tudo bem, que é uma besteira, que ainda estou no segundo lugar, mas mesmo assim!

Preste bem atenção, Diário, eu não sou boa em nada, não sei cozinhar, não sei limpar a casa, não sou boa nas matérias da escola (apesar de ter me destacado esse bimestre, foi tudo pela ajuda do Dennis), então... A única coisa que eu sei fazer por mim mesma é escrever! E eu tenho orgulho disso... Mas agora, Dennis tirou isso de mim... Ele vai apanhar.

– Olha, é a quinta melhor aluna da sua classe! – Gabriel chega. – Arrasou, Meizinha!

– Eu não arrasei... – murmuro. – Você tem uma pá?

– Pra quê quer uma pá? – ele fica confuso. Confuso e com medo.

– Pra bater na cabeça do Dennis pra ver se ele morre, se ele morrer eu enterro, se não morrer, eu enterro também!

Respiro fundo.

– Deixa pra lá... Ainda estou no segundo lugar... – tento me conformar... Você vai ver, Dennis Sakai, no terceiro período eu vou voltar pro topo da lista!

Domingo/1º de Junho

Passei o sábado deprimida, mas decidi que é hora de acordar e tentar reconquistar o topo da lista. Tipo, não estou na lista das ciências exatas, nem das biológicas, nem das humanas... Preciso de dignidade! Eu me sentia a tal quando olhava meu nome naquela listinha, com meus textos ganhando de alunos mais velhos... Me sentia uma aluna respeitada.

Agora, com o tamanho que tenho, se eu não fizer nada de bom, não vou ser só pisada figuradamente, e sim literalmente, o pessoal antes só me via porque eu era “A Guria das Redações”, e se eu não for mais a tal guria? Se a guria agora for Dennis? – Ok, isso foi estranho.

Bom, mas antes que eu possa continuar, um caminhão passa em frente a minha casa... O que é? Não pagamos os impostos e vieram nos tomar a casa? Ah, espere, um carro vem vindo também... Ah, a Neide me falou isso ontem... (Nunca falei dela, mas Neide é a moça que minha mãe contratou pra fazer faxina na casa três vezes por semana desde que aceitou mais um turno na escola de música). O caso é, a Neide me disse que uma das colegas dela foi fazer faxina na antiga casa do Seu Adolfo, porque um cara tinha comprado a casa dele.

Ah, por isso a placa de “Vende-se” foi retirada. Eu estava tão preocupada com as minhas coisas que me esqueci de observar os meus vizinhos...

Bom, vamos lá, o carro para e uma mulher sai do banco do passageiro, é ruiva, mas não tanto quanto a Mandy, é o ruivo laranja, por assim dizer. Enfim, os cabelos dela são lisos e vão até o ombro. E então um homem sai do carro, ele é alto, e loiro, um loiro não tão claro, mas ainda sim, é loiro.

É um casal bonito, parece que acabaram de casar e estão se mudando para seu primeiro lar. A mulher é bem baixa em comparação com o marido.

Ok, vamos ver o que vem depois, a porta do banco de trás de abre e eu tomo um susto quando saem de lá um garoto, uma garota e um bebê. O garoto é loiro-ruivo, tipo, não tem o cabelo tão laranja quando a suposta mãe, e é meio desbotado, isso. Ele é uma cabeça maior que a mulher, mas mesmo assim ainda é muito mais baixo que o suposto pai. Já a garota tem o cabelo laranja vivo, ela é a mais baixa de lá, claro, fora o bebê. Essa família de ruivos é diferente da família da Mandy, estes são mais desbotados.

Não consigo resistir, dou uma gargalhada forte e engasgo com a saliva.

Vamos lá, o bebê está de gorro, mas ainda dá pra ver que os cabelos dele são bem loiros, até mais loiro que o suposto pai.

– Mei! – minha mãe entra no quarto, rodopiando. – Você viu? Vizinhos novos!

– Mãe, a senhora tava espiando pela janela da cozinha, de novo?

– Não! – ela diz, ofendida. – Eu estava OBSERVANDO pela janela da sala, desta vez... – ela diz, ainda rodopiando. – E você sabe o quanto foi triste ver o seu Adolfo sair daquela casa depois de ter morado aí e criado os filhos e netos, todos naquela casa, mas ele está muito feliz com a Dona Ramona, já percebeu que rima quando falamos “Dona Ramona”?

Credo, minha mãe parece eu falando.

– Você “observou” os outros vizinhos também?

– A senhorinha que mora aqui do lado é muito suspeita... – ela sussurra, olhando pros lados. – Andando com aquele poodle no sutiã... mas você viu? Viu que eu sei!

– Eu vi sim... O que pretende fazer? Dar uma de espiã?

– Vou fazer uma torta de maçã! – isso quer dizer, vou comprar uma torta e jogar glacê nela. – Quero que você me ajude!

Torta de maça me lembra o dia em que eu conheci... Espere um pouco! Quer minha ajuda?

– Pra quê?

– Vou levar pra eles! – ela fala como se fosse óbvio. – Boas Vindas, né filha...

Quê?

– Mãe, não estamos numa comédia americana...

– Você viu o cabelo deles? São lindos!

É, ela não me escutou, vamos ver, ela ama cabelos loiros, porque acha que ela casou com meu pai? Brincadeira, mãe, de um dia ler isso, foi Júnior quem escreveu.

Enfim, não é apenas loiros que ela ama, ela ama todo tipo de estrangeiro, ama a família Sakai, ama a Hanna, ama a Ellie, ama a Mandy que apesar de não ser estrangeira, é ruiva, ama o genro dela, que é irmão da Mandy... Ela ama a Kat por ser ruiva, ama a Lo por ter cabelo liso... Ela amava até um amigo de infância meu que tinha ascendência coreana.

*

– Mãe, acho que esse troço tá pronto... – digo, vendo a torta de amaça criar forma (e vida).

– Agora é só decorar e deixar na geladeira! – ela pula e bate palmas;

*

– Está divino! – essa é a palavra preferida dela. Divino.

– Pelo menos o glacê presta... – dou de ombros e como o resto do glacê.

– Agora, vá se arrumar, daqui a meia hora vou entregar isso... – ela tira o avental. – E você vai comigo, mocinha.

Mas...

Não, eu não quero conhecer os vizinhos, eu não quero falar com os vizinhos, e principalmente, não quero ser amiga daquela garotinha linda de doze anos!

Por que eu NÃO tenho doze anos.

– Tá bom... – sorrio e aceno como os Pinguins de Madagascar e corro pro quarto.

Tomo um banho rápido e seco os cabelos... Bom, ainda estão enormes, acho que vou cortar acima do ombro e vender pra uma fábrica de perucas.

Bom, depois que consigo domar a juba prendendo-a num rabo de cavalo, claro que ficou muito malfeito, mas eu não posso fazer nada se minhas mãos não alcançam até o fim do cabelo. O que importa é que a franja ficou bonitona. Gostei. Visto uma calça jeans (tipo, eu só tenho uma ou duas calças jeans, nunca usei na vida, mas já que é uma ocasião especial e vou lidar com pessoas de fora, tenho que parecer mais velha e mais madura), então além da calça, pego um AllStar e uma camisa preta, listrada com mangas longas.

Me olho no espelho, aparento ser uma adolescente universitária, me sinto quase como Beatrice. Ah, claro, as duas calças foram presentes da Beatrice... Que seja.

Depois de descer as escadas, quase me jogando de preguiça, vejo minha mãe espiando pela janela da sala.

– Vamos? – falo, e ela quase derruba a janela com o susto.

– Ah, claro... Vamos lá, pegue a torta... – ela ajeita o vestido e alisa os cabelos escuros e lisos com as mãos. Sorte da minha mãe que é só passar a mão nos cabelos que eles ficam perfeitos. Se eu passar a mão nos meus minha mão se perde lá dentro. – Mei, querida, não poderia ter vestido algo mais... Fofo?

Ela olha minhas roupas, admito que isso não é a minha cara, mas eu preciso! Se aquela garotinha de doze anos foi mais alta que eu, tenho que ter minha dignidade intacta mostrando ser mais madura.

Então lá vamos nós, atravessar a rua, eu carregando a bandeja com aquela torta deliciosa de maça, com cobertura de chocolate, glacê e algumas cerejas (eu amo cerejas!) e minha mãe mais à frente, com o vestido floral favorito e o melhor sorriso que ela sabe fazer.

E minha mãe bate à porta.

– Tem campainha, sabe? – murmuro, mas ela não dá a mínima.

– Rápido, filha, me dá a torta... – ela diz.

– Olá... – a tal mulher ruiva desbotada aparece sorrindo, ela não está mais com a jaqueta preta que vestia quando chegou, agora está com um vestido floral longo, igual o da minha mãe, tá bom, não tão igual, as cores e estampas são diferentes, mas os dois são longos e tem flores.

– Oi! – minha doce mãe responde, sem se preocupar com a coincidência. – Sou Loiza Albuquerque, da casa da frente, viemos dar as boas vindas!

É, ela não disse “Loiza Avalon Albuquerque”, já esperava por isso.

– Muito obrigada! Vejo que a vizinhança é ótima aqui, sou Lara Montês – ela sorri e as duas apertam as mãos. – Vamos, entrem, não reparem na bagunça, mas é que não arrumamos todas coisas ainda.

E nós entramos, na sala tinha caixas espalhadas, um unicórnio alado e uma capivara dançando Gangnam Style. Bom, não, na verdade só tinhas as caixas mesmo.

– Isso é pra vocês... – minha mãe entrega delicadamente a torta pra mulher.

– Nossa! Muito obrigada – ela fala com os olhos brilhando. Isso até você provar uma fatia da torta querida, só a cobertura pra te salvar.

– Ah, não há de quê.

Então, D. Lara e minha mãe sentam no sofá azul confortavelmente estranho e começam o blábláblá de mulheres casadas, e eu do lado, tentando não ouvir.

– Essa mocinha é sua filha? – D. Lara para o assunto sobre maquiagem e finalmente percebe minha presença.

– Sim, tenho duas meninas e dois meninos, Beatrice, a mais velha se formou na faculdade de turismo no ano passado, estava viajando pelo mundo e retornou este ano, Lukas está fazendo faculdade na área das exatas, mas ainda não decidiu, Anna Mei e Júnior são os caçulas... – ela diz, sorrindo.

Meio que falou, Beatrice e Lukas são meus melhores filhos... Anna Mei e Júnior vieram com defeito, se eu pudesse trocaria com uma panela de pressão.

– Quatro filhos nesse tempos de hoje? – D. Lara se assusta. – Vocês tem muita coragem.

– Nem pensar! Só planejamos os dois primeiros, não queria ter mais de dois filhos... – minha mãe ri. Meu coração se despedaçou agora, mãe!

– Pelo menos dois dos seus filhos já estão no rumo, – D. Lara sorri. E essa mocinha, qual é mesmo o nome dela?

– Anna Mei, é meio desgovernada, mas ainda tem jeito... – Ah é, vou contar pra todo mundo que seu nome é Avalon, D. Mãe!

– Que nome lindo... Enfim, eu tive apenas três filhos e ainda acho muito, na verdade, os dois mais velhos são gêmeos, então só fiquei grávida duas vezes... – ela sorri.

Gêmeos? Aquele gigante tem doze anos também?

Daí ouvimos gritos... Provavelmente dos gêmeos tentando se matar.

– Mãe, Tyler não quer devolver meu... – uma voz fininha e pidona (quase como a minha) saiu de trás de uma pilastra.

Aí eu pude ver mais de perto.

A menina está com uma camiseta branca com mangas e um short balão azul. Os cabelos estão soltos e é uma juba total, a menina é uma Merida da vida, daqui a pouco ela pega um arco e flecha e sai por aí transformando s mãe dela num urso. Ok, parei. Os olhos dela são verdes, são muito bonitos, mas estavam cheios de raiva, até que ela se assustou e viu que tinha gente na sala.

– Ah... ele pegou meu... meu... – ela gagueja e eu sorrio debochadamente, com tudo aquilo, pensei em fazer uma atuação do tipo Ellie. Podia funcionar.

– Bom, essa é a Taylor, bem barulhenta, não é? – D. Lara ri, mas sei que está repreendendo a menina, que cora ainda mais.

– Oi – ela diz, meio tímida.

– Que fofa... – minha mãe diz. – É tão pequena, qual a idade dela?

– Quatorze, faz quinze em outubro... – D. Lara diz.

– Quatorze? – murmuro, horrorizada. Sim, ainda sou mais velha que ela, mas não por dois anos, e sim por dois meses!

– Ela é bem pequena, não é? Puxou a minha família.

– Mei também é bem baixa, e veja, elas têm a mesma idade! – minha mãe bate palmas, tipo, só eu que me assustei com a quantidade de coincidências entre a família dessas duas mulheres?

– Por que não vão brincar um pouco? – D. Lara fala, sorrindo e batendo palmas tal qual minha mãe.

Brincar? Brincar? Eu não quero brincar! Não sei se fico com raiva por ela ser da minha idade ou se fico feliz por ela ter a minha altura!

Enquanto estou viajando em sonhos por dentro, sinto alguém pegando a minha mão e me puxando. Logo vejo que é a tal menina, sorrindo.

– Vamos! – ela me puxa até o segundo andar.

Que meigo! Ela não me puxa como aquelas gigantas, ela me puxa com delicadeza que só as pessoas baixinhas têm.

– Aqui é o meu quarto, claro que ainda vou arrumar algumas coisas e ainda vou colocar coisas nas prateleiras, mas... – ela para de falar, me olha e tapa a própria boca, como se tomasse um susto. Ah, qual é! Eu não estou tão descabelada assim! – Que falta de educação! Olá, eu sou a Taylor! – ela estende a mão.

– Anna... Anna Mei... – aperto a mão dela, ainda hipnotizada.

Ela ri. Não dá um sorriso ou um risinho fofo. Ela ri como se fosse piada, literalmente se engasga com a própria saliva.

– Sério? É um belo nome! – Ela ofega, e continua rindo, mas para de repente quando eu fecho a cara.

– O que tem de engraçado? – cruzo os braços.

– É que temos muita coisa em comum, garota!

– Mas hein?

– Somos baixinhas, temos a mesma idade, temos mãe histéricas e tagarelas que vestem vestidos longos e floridos, temos cabelos rebeldes e... – ela respira fundo. – É isso.

– Grande coisa... – digo, imitando perfeitamente a Ellie.

– Bom, eu sempre pensei que fosse algum tipo de doença ser tão baixa, mas, afinal, temos até os vinte anos pra crescer, minha mãe disse que na minha idade tinha um metro e quarenta e hoje ela tem quase um e sessenta!

Ah, qual é, porque toda pessoa baixa tem que falar pelos cotovelos? Ela podia ser como eu! Não, apenas cale a boca, garota.

Vou olhando as coisas dela e vejo um uniforme bem familiar pendurado num cabide.

– O que é isto? – aponto pra saia azul marinho, a camisa branca e azul com uma fita pendurada.

Eu já sei a resposta, mas preciso ouvir.

– Meu uniforme, vou estudar no Colégio Witten- sei-lá-o-quê, – ela suspira. – Eu só ia começar a estudar depois das férias, mas decidi ir nessas ultimas semanas de aula, pra conhecer o lugar antes de começar a estudar de verdade, já tenho as médias do segundo período completas, então vai ser como um test drive!

Já ouvi isso antes.

– Ah, sei... – o que eu posso falar, a garota já deu os detalhes de tudo. É assim que as pessoas se sentem quando falam comigo? Que incômodo.

– Tomara que eu fique na sua turma, eu já sei até qual é a sala, mas esqueci o nome da turma, espero que seja a sua! – ela está tendo um tique nervoso ou o quê? – Qual é a sua classe?

– 1-A, por que? – essa menina me assusta e muito.

– Quero ficar nessa classe, podemos fazer todos os trabalhos da escola juntas! – ela me assusta muito mais que a Hanna...

– Mas eu ouvi falar que no segundo semestre eles sempre trocam as turmas, fazem a releitura dos alunos transferindo-os de classe, eu acho isso muita frescura, mas é uma tradição da escola, ninguém se habilita em desfazê-la... – murmuro.

Essa foi a maior frase que eu disse hoje... Puxa, não sou mais tagarela!

– Mesmo assim, tomada que eu caia na sua sala, eu gostei de você! – ela sorri.

– Ah – lógico que gostou, eu sou uma pessoa adorável, e mesmo tentando ser o mais chata possível, você gosta de mim... Esse pensamento foi muito “Ellie”.

– Sabe o quanto é difícil achar alguém da nossa idade e altura? Você foi a primeira!

– Eu sei... – fico toda cheia de mim, mas eu estou ficando com dor de cabeça, essa tagarela.

– Qual sua altura exata? – ela abre bem os olhos verdes.

Engulo em seco. E se ela for mais alta?

– Tenho um e quarenta e cinco... – falo, completamente temerosa.

Ouço minha mãe me chamando...

– Puxa! Tenho um e quarenta e dois, ainda sou mais baixa... – ela parece feliz.

– Mei? Ah, filha, está na hora de ir, não vamos atrapalhar a mudança – minha mãe e D. Lara entram sorrindo no quarto, que nem aquelas mães de comerciais dos remédios pra cólica, saio com a cabeça erguida, me sentindo a rainha dos pimpolhos.

– Ah, já vou... Até depois... – falo, eu queria pular gritar, mas não posso, minha atuação não acabou.

E então, sozinha no quarto posso gritar: – Sou mais alta do que ela!!!

Tudo bem que ela é mais nova e tem o direito de ser mais baixa, mas mesmo assim, temos a mesma idade e eu sou mais alta! Por TRÊS centímetros!

Isso me fez esquecer completamente com o probleminha da lista dos melhores em redação.

Melhorou meu dia em 99,999% por cento!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu disse que ela voltaria... muahahahahahah Enfim, é isso... ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Diário Secreto de Anna Mei" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.