Quinta-Feira/20 De Março

– Fala sério! – Lianna fala quando vê nossa ficha de assinatura, o que era pra ter ao menos vinte, tem três. – Uma tia desconhecida, uma guia e um estudante de medicina? – ela bufa. – Não podemos ganhar nada com isto, podemos? – ela praticamente cospe nas nossas caras... Bem, na cara dos três bocós, como eu já falei, Lianna não grita com meninas.

– Foi o que podemos fazer... – Felipe levanta s ombros.

– Bom, ainda bem que os outro grupos se saíram bem, o Grupo 1 conseguiu trinta e oito assinaturas, na maioria empresários famosos – ela diz, alegre, conferindo a ficha do grupo de Dennis, mas... ele não está aqui hoje, achei estranho, eu não vi ele desde ontem, e, como dormi no apartamento da Beatrice depois de muitas súplicas, não teve como eu descobrir onde ele estava. – O Grupo 2, divino, conseguiram a assinatura de dezoito modelos além de produtores e fotógrafos famoso... – ah, Ellie... – o Grupo 3 conseguiu a assinatura de dez chefs de cozinha famosos, e mais quinze dos gastronômicos mais... digamos, queridos... O Grupo 4 conseguiu sete modelos e oito fotógrafos. – Ellie olha para Hanna com ar superior, Hanna está roendo as unhas despreocupada – o Grupo 5 – ela ri – Bom, conseguimos vinte assinatura de cantores famosos e sete de atrizes e atores, além de oito escritores maravilhosos, o Grupo 6, conseguiram as vinte assinaturas de escritores, quanto ao Grupo 7...

Alguns riram, outros reviraram os olhos... Eu baixei a cabeça, morrendo de vergonha...

– Ao menos Mei está cuidando dos trajes e esses idiotas estão colaborando... – ela chega perto de mim e sussurra – Se não fosse você, esses três manés nem teriam procurado as assinaturas.

Logo as três horas chegam e eu vou para casa, meus pais acabaram de chegar, estavam na casa da minha avó porque a vaca de estimação de Júnior estava prestes a parir.

– Você tinha que ter visto, – Júnior fala – Foi incrível, eu vi ele nascendo...

– Não, eu achei melhor não ter visto nada não – falo, estamos conversando há horas sobre o tal bezerro.

– Foi nojento, mas quando ele crescer se tornará um grande boi – D. Mãe diz, ajeitando a mesa para o jantar.

– Ele vai ficar bem grande. – Júnior fala.

– E logo poderemos mata-lo para fazer um banquete! – pronto! Agora Luiza Avalon ficou psicótica.

– Mãe! – Júnior fala. Poxa, mãe, assustar um garotinho de onze anos é malvadeza. Júnior tem onze anos, né? Ou será doze? Talvez treze... Isso é detalhe sem importância.

Sinto que tem algo para eu fazer... Mas não consigo decidir o que é...

Sexta-Feira/21 De Março

– Mei – acordo atordoada e dou de cara com Lukas. – É hoje!

– Hoje o quê? – O fim do mundo? O Apocalipse Zumbi? O quê? Desembuche!

– O lançamento da revista! Você vai comprar pra mim, não vai? – ele parece estar implorando.

– Claro, claro... Que seja.

– Aqui – ele me entrega o dinheiro, dá um beijo dos dois lados da minha bochecha, como os franceses fazem e sai do quarto saltitando.

*

– Quero dizer que ganhamos vários pontos, pois fomos a classe que mais coletou assinaturas – Lianna fala, – Claro, o grupo sete foi um fiasco total, as assinaturas deles nem contaram – ela olha para os três bocós como de fosse matá-los. – Enfim, não há tanto para fazer, apenas as pessoas com quem eu falei antes da reunião começar devem ficar, as outras podem sair... – Ela diz, quase todo mundo fica, eu não preciso estar aqui então saio logo, assim como o trio.

– Só fomos nós? – Felipe pergunta.

– Somos estúpidos? – Carlos pergunta também.

– Foram perceber agora? – falo e sigo meu caminho, até perceber que estou sendo seguida.

– Oi Meizinha! – Gabriel pula.

– Oi... O que está fazendo aqui fora? Foi liberado também? – ele confirma com a cabeça.

– Vai fazer o quê agora?

– Vou comprar... – falo, mas a partir daí murmuro – a revista.

– Ah... Posso ir junto?

– Claro...

Seguimos até a banca de revistas onde Lukas disse ser a melhor, e está cheio de garotas, muitas garotas.

– Eu sou o único garoto aqui, não sou – ele faz uma careta. – Não me sinto confortável...

– Bom... – engulo em seco, ainda não consigo me acostumar com isso... – Se quiser, pode esperar aqui fora... – falo.

– Obrigado, Meizinha!

Eu entro, é tudo muito cor de rosa, tem revista de tudo quanto é jeito, inclusive mangás, mas não posso olhar para isso agora, é só pegar uma revista e pronto. Quando olho a capa... Dennis está lá, estampado... Quando pego a revista parece que todos estão olhando pra mim, como se eu fizesse algo de errado. Ah, eles estão fazendo carinhas maliciosas! Eu não consigo.

– E aí? Cadê a revista? – Gabriel pergunta, quando saio da loja com as mãos vazias.

– Eu não consigo fazer isso... – murmuro. – É muita tensão lá dentro...

– Me dê o dinheiro, eu vou lá...

– Você não precisa fazer isso... – digo, com se fossemos dos paraquedistas e ele estivesse me oferecendo o único paraquedas.

– Eu vou... – e ele entra na loja, destemido.

– Força! – digo, estendendo o punho, enquanto ele passa pela porta de vidro.

– Anna? – Olho para frente... Dennis? O que faz aqui? – O que faz aqui?

– Eu? – droga, não posso deixar que me veja comprando a revista! – Nada... Só passeando, por que não foi à escola hoje, nem ontem? Não parece estar doente.

– Não estou – ele fala – Faltei porque quis. – Ah... Ricos e suas necessidades desnecessárias de descanso... Já vi esse filme.

– E o que faz aqui? – falo, meu nervosismo transparecendo pelos meus poros... Ah, não, isso é suor.

– Só passeando... – ele me olha sarcasticamente.

– Não podia passear em casa? Sério, dê uma volta na sua sala e terá reunido filosofias o suficiente para escrever um livro digno de Augusto Cury. – Não consigo mais, não sou boa atriz, não quando tenho que falar com o “alvo” diretamente, ou eu começo a rir, ou começo a falar besteiras... As risadas do mal estão chegando.

– Aqui, Mei, sua revis... – Gabriel para quando vê Dennis e esconde a revista.

– Ah, a revista! Tudo bem! – tento disfarçar – Viemos comprar uma revista de culinária para minha mãe... Ela cozinha muito mal, coitada.

Saímos correndo.

– Essa... Foi... Por pouco... – falo quando paramos de correr.

– Bom... – ele ofega – Preciso ir... adoro andar com você, sempre fazemos coisas divertidas.

Ele sai. Entro em casa com a revista e vejo o final, duas folhas estão destacadas e dobradas, desdobro uma e vejo Ellie, Ellie na versão pôster, ela está com uma calça jeans super colada e uma blusinha que deixa a barriga descoberta... Desculpe dizer Ellie, mas meu umbigo é mais bonito que o seu! Desdobro o outro e vejo... Dennis, Dennis versão pôster, está olhando fixamente para mim e está com lentes de contato azuis, o cabelo está, mas arrumadinho e ele usa uma camisa preta, o olhar é sério e a sensação é que ele está me seduzindo. Não quero perder muito tempo nesse pôster, olho a capa da revista para ver se informa em que página está à entrevista.

Achei.

Uma entrevista exclusiva e blá blá blá, idiotices, primeira pergunta, ah! Isso sim me interessa.

Charm Magazine: Dennis Ryuu Sakai, este é seu nome completo, como se sente sendo filho e herdeiro de Ryuu Sakai?

Eu podia imaginar Dennis respondendo: Não sinto nada. Mas na revista tinha outra coisa.

Dennis Sakai: Me sinto sortudo, não são todos que têm essa sorte, tenho um futuro garantido, mesmo tendo que batalhar muito para chegar à altura.

Sério, eu não consigo imaginar Dennis respondendo isso.

CM: E como é sua relação com a sua irmã, ela se sente enciumada por, mesmo sendo a mais velha, não podendo ser a herdeira?

DS: Não, o sonho de Lynn não tem nada a ver com o que a empresa faz, ela é uma garota, tem sonhos diferentes que os meus.

CM: Então quer dizer que seu sonho é dar continuidade à empresa de seu pai?

Eu quase podia vê-lo gritando: Não.

DS: Sim, um sonho que estou próximo de realizar.

CM: Mas você é muito jovem, planeja fazer isso após terminar o ensino médio?

DS: Creio que terei que fazer uma boa faculdade para isso, mas administrarei o negócio com certeza.

CM: Mudando um pouco de assunto, qual seu relacionamento com Ellie Christine, atualmente? Vocês se conhecem desde crianças, mas agora sempre estão juntos.

DS: Ellie é uma boa pessoa, sim estamos muito próximos, mas somos apenas bons amigos.

Bons amigos? Ah, não, isso não.

CM: Então, diga-me, Dennis... Ellie Christine faz o seu tipo?

DS: Não. (curto e grosso, tenho que admitir que imaginei Dennis dizendo isso com o maior sorriso no rosto... Isso sim é comédia!)

CM: E qual é seu tipo de garota perfeita?

DS: Prefiro baixinhas com nomes esquisitos... (isso foi óbvio demais, Sakai, tente novamente depois do bip)

CM: Então, seu fetiche é por garotas baixas?

DS: Não, não tenho fetiches por garotas baixas, e sim por uma em particular.

CM: Sério? E quem é ela?

DS: Só posso dizer que é bem mais baixa que eu. (risos)

CM: E quanto você mede?

DS: Um metro e setenta e cinco.

CM: É bem alto para a idade, garotas com um metro e sessenta podem ser consideradas do seu tipo.

DS: Espero que não esteja tentando me arranjar pretendentes (risos)

CM: Por que não? Por acaso essa garota que você falou é sua namorada?

DS: Próxima pergunta, por favor. (risos)

CM: Poderia nos dizer?

DS: Quem sabe numa outra ocasião...

E logo depois vinham os créditos de quem entrevistou e uma série de fotos menores rodeando... Eu não posso acreditar...

Não posso acreditar... Não sei como consegui ler tudo isso sem meu cérebro derreter. Como alguém pode ler isso?

– Você comprou! – Lukas entra no meu quarto, pega a revista e o pôster da Ellie, deixando Dennis de lado em cima da minha cama.

Eu preciso falar com ele. Mas... Já está de noite.

Não sei o que vim fazer aqui... Estou quase tocando a campainha, quando a porta abre. Dennis está lá.

– É estranho quando uma pessoa fica na porta da sua casa, à noite por mais de meia hora... – ele fala, friamente.

– Como sabe...?

– Câmeras de segurança – ele aponta para os cantos – O que veio fazer aqui?

– Anna! – Hanna surge, empurrando Dennis para o lado. – É óbvio que ela veio para a minha festa do pijama!

– Você disse que era amanhã! – Dennis diz.

– E é! Mas Anna veio fazer um teste drive... – ela diz.

– Obrigada, Hanna – murmuro e ela pisca.

Passamos a noite fazendo besteiras, como criticando alguns famosos, falando mal dos números e xingando a letra D.

Terça-Feira/1º de Abril

As coisas estão meio agitadas, e desde àquela noite na mansão Sakai, Dennis não fala comigo, ele vai à escola, observa tudo de longe, mas não se aproxima, agora eu sempre volto pra casa sozinha, sempre ando na rua sozinha, e não tenho aquela sensação de que estou sendo seguida, tudo por quê Dennis deixou de ser meu stalker idiota!

O festival vai começar no dia três de maio, temos um mês e as coisas já estão melhorando, Beatrice já fez metade dos vestidos, mas ela só me deixou ver um terno, e a roupa parece a de um mordomo muito chique, como o mordomo dos Sakai, ele é um cara bem estiloso.

Estou tão ocupada que não dá tempo nem escrever direito... Sim, estou sendo responsável, eu estou fazendo a lista do cardápio e eu que vou ajudar na decoração dois dias antes.

Sábado/12 de Abril

Enfim podemos descansar um pouco, está tudo pronto, só falta mesmo arrumar a sala e resolver as roupas, mas Beatrice disse que só está finalizando os vestidos, e temos tempo de sobra, estou indo pra Mansão Sakai pra uma festa do pijama... Hanna anda fazendo muito isso ultimamente, mas hoje ela disse que seria para comemorar.

E é o mesmo grupo de sempre, Eu, Hanna, Mandy, Ellie, Gabriel e Dennis.

Dennis está cada vez mais esquisito. Eu não aguento mais isso! Volte a ser aquele Dennis sarcástico e bobão! Aquele Dennis pervertido que disse no meio de todo mundo que me ama! Quero dizer... que também não me odeia como esse novo Dennis parece odiar.

Bom, todos estão vendo um filme de terror, mas Dennis não está aqui, ele disse que ia ao banheiro, posso tentar descobrir onde é o quarto dele.

Não... Abri a primeira porta que me apareceu e é o quarto de Dennis, nem se compara ao de Hanna, é muito maior, a cama é muito maior, tem meia dúzia de portas, quero saber o que ter detrás de cada uma...

– Ninguém nunca te disse pra bater à porta antes de invadir o quarto de outra pessoa...?