Ruína escrita por Aislyn


Capítulo 6
Dádiva da Vida




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Eu estive ali o tempo todo, era como se minha alma tivesse se desprendido de meu corpo enquanto Konayuki tentava me salvar e eu assistisse a tudo sem poder fazer nada! Juro que lutei para voltar, abrir os olhos e fazer com que ela visse que havia conseguido me salvar antes de ser atacada. Pude ouvir os pensamentos dela, creio que por nossa conexão estranha... Em momento algum ela pensou em outra coisa senão fechar minhas feridas e fazer meu coração voltar a ter forças. Eu causei a sua ruína e não me perdoaria.
Quando consegui finalmente acordar daquele torpor, vi a minha salvadora caída no tapete, mais uma vez ao meu lado. Eu a segurei em meu colo com uma força que veio do fundo da minha alma e a levei para o sofá. Não queria verificar as batidas do coração dela, temia pelo pior. Rapidamente o tecido branco do sofá ficou vermelho por causa do sangue que saía das suas costas, eu não conseguia suportar aquilo!

– Você não pode morrer... Por favor, Konayuki!

Gritei antes de encostar meus lábios nos dela. Naquele instante, uma luz dourada envolveu todo o seu corpo e eu me afastei... Sendo ela um anjo, talvez fosse o momento em que seu corpo desapareceria dali. Eu não podia lutar contra algo que eu não compreendia, então, fiquei apenas olhando enquanto chorava silenciosamente.
Quando a luz desapareceu, reparei que a pele dela não parecia mais tão brilhante quanto era antes, nem mesmo seus cabelos. Sua espada que ainda estava no chão havia se tornado luz diante dos meus olhos e aquela luz foi em direção ao peito dela, penetrando-a. Ouvi um ruído estranho, parecia um sopro e um sussurro que disse “Donum Vitae”.
Ao me aproximar, pude ver que ela estava respirando... Incrédulo, virei seu corpo com cuidado e eu não acreditei quando vi que as feridas haviam desaparecido. Toquei seu peito, o coração batia fortemente, ela parecia estar apenas dormindo.

– Será que... – Antes que eu terminasse de falar, ela abriu os olhos, estava assustada. Sua respiração tornou-se forte, ofegante. Desnorteada, Konayuki olhava para todos os lados ates de fixar a visão em mim. – Calma... Está tudo bem agora.

Ela sorriu e ergueu a mão para tocar meu rosto, sua mão quente me acariciou suavemente. Ela estava viva... Como era possível? Para mim, aquilo era surreal demais, se eu não estivesse lúcido, poderia jurar que estava sob efeito de drogas.

– Seiji – chamou baixinho. – Você está bem? Não sente dor?

– Estou bem, graças a você! Eu queria entender o que aconteceu aqui... Suas asas...

– Minhas asas se foram – ela levantou-se devagar e tocou suas costas. – Isso significa que perdi meus poderes, só que eu deveria ter morrido.

– O que é “Donum Vitae”? – Me sentei ao lado dela e peguei em sua mão, não queria soltá-la nunca mais. – Sua espada se desfez em luz e aquilo penetrou em seu peito... Ouvi uma voz aveludada dizendo isso.

– Donum Vitae... – Murmurou Konayuki pensativa. – Nossas armas possuem vida própria... Durante os anos, dependendo da relação entre celestial e arma, uma ligação forte vai se fazendo. Normalmente quando o celestial morre, a alma que reside na arma volta para o Reino dos Céus para escolher e servir a um outro guerreiro. Só que raras vezes, o laço entre ambas as almas é tão forte, que se extinguem juntas... Havia uma lenda entre Arcanjos guerreiros, que uma arma pode adquirir um poder tão imenso, que ela é capaz de ter consciência e transferir sua vida para seu portador. Em séculos eu nunca vi isso acontecer... Eu sei que minha amada espada tinha um laço forte comigo, mas nunca imaginei que ela poderia fazer isso por mim! Ela me deu a dádiva da vida...

– Mas se você perdeu seus poderes, – eu não sabia se estava entendendo – como voltará para sua casa?

– Seiji, – ela me olhou com os olhos marejados – a Terra é minha casa agora... Eu me tornei tão mortal quanto você. Não posso voltar para o Reino dos Céus.

– Não... – Eu a puxei para meus braços. – Aqui é sua casa agora... Ao meu lado, Konayuki. Juro que vou tentar entender o que aconteceu, mas agora não quero pensar nisso. Só quero saber se você realmente não vai sair daqui nunca mais...

– É claro que não... Não vou sair do seu lado nunca mais. Vou protege-lo para sempre.

– Hey! – Eu a olhei seriamente fingindo estar bravo. – Quem vai proteger você daqui por diante sou eu! Vou cuidar de você, Konayuki... Até o fim.


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