Ruína escrita por Aislyn


Capítulo 7
Itsumademo




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Seiji prometeu que seguiria em frente, então, limpamos seu apartamento e tiramos tudo o que pudesse tenta-lo. Alguns dias depois, ele iniciou um tratamento e procurou uma clínica onde ficou internado por um mês a princípio. Durante o início de sua recuperação, ele escreveu músicas, as gravou e continuou fazendo alguns shows. Seu sucesso é claro, foi estrondoso como outrora. A maioria de suas canções emplacaram nas rádios e caíram no gosto popular, ele falava de amor, de saudade, também sobre a juventude no Japão, rebeldia e sobre sua relação com drogas... Ele tinha música para tudo!
Aos vinte e seis anos, decidiu que encerraria a sua carreira, assim, teria tempo para se dedicar a ajudar pessoas que tivessem passando pelos mesmos problemas que ele. Também decidiu que continuaria compondo e os direitos autorais de suas canções iriam para filantropia.
Não vou dizer que foi fácil conviver com ele enquanto estava em tratamento, afinal, eu ainda não sabia lidar com sentimentos tão bem... O amor que eu sentia por ele precisava de tempo para amadurecer e enquanto isso, a paixão nos manteve juntos.
Ele escrevia muitas canções sobre nosso amor, principalmente após suas explosões que durante os primeiros meses de nossa convivência eram diárias. O demônio que o tentava eu realmente havia destruído, entretanto, somente ele poderia lutar e destruir seus demônios internos.
Perdi as contas de quantas vezes eu chegava em casa e ele estava caído no chão, confesso que por muitas vezes eu quis desistir, mas aquilo que nos uniam era como correntes invisíveis que não podiam ser destruídas. Eu sempre o amparava e o levava para a cama, lá, nos abraçávamos fortemente e ele me dizia que tudo passaria. Ficávamos sonhando com uma vida a dois, fazendo planos... A cada dia que passava, mesmo querendo desistir, nosso amor ficava mais resistente. Enquanto eu chorava sozinha no quarto nas noites em que ele desaparecia, minhas preces eram somente para que ele voltasse a salvo. Por fim, o tratamento começou a fazer efeito, Seiji já não saia mais para saciar seu vício e finalmente havia chegado o dia em que ele conseguiu se controlar.

Dois anos depois – 25 de Janeiro... para a eternidade.

Não havia nada mais sublime do que ser mortal e viver entre os homens, lá eu realmente podia me sentir viva e realizar sonhos que eu via através dos corações humanos, mas que não estavam ao alcance de celestiais. O sol estava se pondo no ocaso, o céu começava a ser colorido pelas cores do crepúsculo e uma brisa típica de inverno acariciava meu rosto gentilmente. Eu estava caminhando pela grama verde, sobre um tapete feito de pétalas de rosas brancas e vermelhas, trajando um vestido de um branco imaculado. Ele era longo com rendas, requintado e romântico ao mesmo tempo, com alguns pontos de luz. Na cabeça eu usava uma tiara delicada e um véu sobre os cabelos soltos. Como buquê, rosas brancas que para mim simbolizavam a pureza. Já o homem da minha vida me esperava diante do altar naquele belo jardim projetado somente para a realização daquele sonho que ele me fez mergulhar completamente. Seiji estava maravilhoso trajando um terno de um tom de cinza claro, mas quem se importaria com o que ele vestia quando ostentava seu sorriso perfeito? E aqueles olhos... Eu podia ver seu brilho de longe, era o olhar mais sincero e doce do mundo, tudo o que eu precisava naquele momento.
Eu só conseguia olhar para ele e nem me esforçava para sorrir de tão fácil que era, os convidados estavam em pé, pessoas do convívio dele, amigos, família e jovens que ele ajudava. Seiji segurou minha mão com força quando parei diante dele, beijou minha testa e esperamos até que todas as bênçãos estivessem terminadas e os papéis devidamente assinados. Após a troca de alianças, selamos nosso compromisso com um beijo apaixonado.
Não sei se aquele era um sinal, mas alguns flocos pequenos de neve começaram a cair do céu, ele apontou com surpresa e olhou para cima, fechando os olhos por instantes. Notei que sentia-se livre, leve e feliz... Eu podia sentir a sua aura, tranquila! Parecia que parte dos meus poderes haviam voltado naquele momento, era claro em minha mente toda a alegria que ele sentia, assim como a sinceridade do amor que devotava a mim. E era recíproco... Eu estava tão feliz que aquilo não cabia dentro do meu ser.
Ficamos contemplando a neve, aproveitamos um pouco a festa e fomos para o nosso novo lar. Ele havia comprado uma bela casa com uma pequena torre, lá dizia que realizaria todos os meus sonhos e desejos, e seria onde passaríamos nossos melhores momentos.
O quarto imenso estava decorado com velas, flores e exalava um aroma maravilhoso do perfume das roupas de cama e cortinas de seda. Ele me levou da entrada até lá no segundo andar em seus braços, em seguida, me colocou gentilmente sobre a cama e deitou-se ao meu lado. Eu o contemplei em silêncio por alguns instantes, sabia o que aquele momento significava para um casal, contudo, só o que lia em livros. Eu não fazia a menor ideia de como iniciar, mas ele me tirou tal peso quando começou a me beijar... Eu já havia me acostumado com as nuances de seus beijos, ele era doce, apaixonado, intenso, e naquele momento o senti ardente também como nunca antes. Seiji sempre respeitou um limite que ele mesmo fazia questão de impor até que nos uníssemos em matrimônio, pois dizia que eu merecia aquilo.
Ele me deixou sem fôlego e eu me desfiz nos braços dele, sentia meu coração começando a bater mais rápido, principalmente quando seus dedos deslizaram para as minhas costas, abrindo os botões do vestido. Eu fiquei tão hipnotizada por suas carícias, beijos e palavras doces ao pé do meus ouvido, que sequer reparei o momento em que ele me despiu.
Senti minhas bochechas queimarem um pouco, deveria estar ruborizada por conta do olhar que ele lançou quando me viu apenas de lingerie. Confesso que parte do rubor também foi por vê-lo sem roupas, curiosa, toquei seu peito macio e liso, sentindo então a vibração de seus músculos. Não foi fácil ficar dois anos alheia àquele sentimento que começava a se abrasar dentro de mim, entretanto, a situação que vivíamos anteriormente não permitia que nos entregássemos de corpo e alma antes do pesadelo que o assolava acabar de vez... Agora finalmente eu podia me entregar, deixar com que aquele calor me envolvesse por inteira.
O brilho dos olhos dele eram ternos e cúmplices, e com ternura, ele disse algo que eu tanto ansiava ouvir.

– Amo você, com todas as minhas forças...

– Você nunca me disse isso – toquei nos cabelos dele e os afastei de seus olhos. – Amo você também, Seiji, de toda a minha alma.

– Eu nunca disse - ele aproximou os lábios nos meus – mas, pensava nisso todos os dias desde que a vi pela primeira vez.

Seiji agarrou meu rosto com suas mãos e tornou a me beijar, com doçura e sensualidade, absorvendo-me por inteira. Meu corpo estava cada vez mais atraído pelo dele e eu já não conseguia mais negar aquele desejo estranho que me deixava quase fora de mim. Fechei os olhos e deixei com que ele se deitasse sobre mim, suas carícias me faziam vibrar e eu tentava corresponder, ainda que um pouco insegura.
Meu coração pulsou de forma desenfreada, o que era aquilo que eu havia sentido? Ele lentamente deslizou para dentro de mim, com um cuidado supremo, e eu tive a nítida sensação de que éramos um só ser naquele instante, compartilhando da mesma alma e essência. Fiquei ofegante, tentando sentir de todas as formas aquela ligação estranha e ao mesmo tempo maravilhosa... Será que era o ápice do amor?
Ficamos nos amando por um longo tempo, dedicando cada segundo um ao outro, até que ele me fez sentir um prazer indescritível. Eu senti o corpo amolecer, e antes, foi como se uma explosão tivesse acontecido dentro de mim... Difícil explicar. Também ouvi o coração dele batendo freneticamente, como o meu, até que ele desmontou em cima de mim e deitou em meu peito. Mil perguntas ecoavam na minha mente, todavia, sabia que aprenderia as respostas com o tempo. Só queria aproveitar aquele momento, abraça-lo com força para que ele jamais saísse de perto de mim... Acariciar seus cabelos, seu rosto, fazer com que ele sentisse que meu corpo poderia ser seu templo e refúgio para todo o sempre.


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