Zona B escrita por Bry Inside the Box


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez mais adiantada! Eu queria agradecer aos meus leitores que estão acompanhando a história por ainda lê-la. Obrigada por isso, vocês são fucking incríveis TuT



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Eram quase cinco horas da manhã quando Will acordou todos dentro do alojamento para que se trocassem e preparassem para ir ao leste novamente ter uma negociação com alguns homens de lá. Pegou duas canecas que usavam e começou a bater uma contra a outra, fazendo um barulho incômodo que forçou os garotos a se levantar.

Enquanto Charmin limpava algumas adagas sujas de sangue e terra, os demais colocavam as capas para esconder os rostos e arrumavam as armas nos cintos. A rapidez de todos era incrível, cinco minutos e já estavam preparados para o dever, não importasse quando ou aonde eles iriam.

– Muito bem. – Começou Will, chamando todos pra perto. – Da última vez Charmin e Josh foram pra lá pegar alguns desenhos e não deu muito certo. Não esperávamos que ninguém voltasse pra cá ferido.

– Então... Não seria mais fácil nós não irmos lá? – Perguntou James. – Evitaríamos mais conflitos e tiraríamos deles o melhor comprador e investidor.

– Mas não é assim que funciona, James. – Respondeu Kyle. – Querendo nós ou não, eles são os traficantes mais baratos e se algo não der certo não será tanto dinheiro gasto.

– Está dizendo que Charmin não é capaz de infiltrar-se na A? – Estreitou os olhos, aproximando-se. – Você sabe muito bem que ela tem maior chance que todos nós aqui.

Kyle afastou James com uma das mãos em seu peito e um olhar sério e calmo.

– Não coloque palavras em minha boca. Só estou dizendo que a fiscalização é dura e detecta qualquer falha.

– Então ela...

– CHEGA DISSO! – Gritou a garota, levantando-se com raiva. – Meu Deus! Um é implicante demais e o outro convencido demais! Vamos logo pegar a merda que o Will quer no leste e acabar logo com isso!

E saiu andando enquanto todos ainda a observavam pasmos e surpresos pelo gesto de Charmin. Já estava para subir a escada quando olhou pra trás e arqueou as sobrancelhas, perguntando se iriam mesmo ficar parados a observando andar. Os rapazes se entreolharam, confusos.

– Vocês vão ficar aí ou o quê?

– Já estamos indo, senhora. – Josh bateu continência e começou a andar para perto de Charmin. – Perdão, senhora.

– Me chame de senhora novamente e eu extinguirei sua possibilidade de ter filhos, Joshua.

– Isso não seria muito bom, seria? – Sorriu ao que a garota não correspondeu. – Você ainda está brava.

– Eu estou tentando não ficar. Então vamos logo com isso, por favor.

– Eu só não queria contar para que você não ficasse mais desconcertada do que estava.

– Hm... Acho que não deu certo. – Falou em ironia, abrindo o alçapão e pulando para fora. – Mas eu não sou de brigar, então vamos ficar assim até que as coisas se consertem sozinhas.

– É a minha única escolha?

Charmin olhou para trás e olhou para Josh. O rapaz estremeceu com o olhar e engoliu em seco.

– É a minha única escolha, Josh.

***

Minutos depois de andar até a zona leste, Charmin aproximou-se de Marc e Kyle, ficando entre os dois gêmeos. Agora que havia passado um mês e meio com os dois, pôde perceber várias diferenças entre eles.

Marc, apesar de tímido, era extrovertido e entusiasmado, sempre conseguia levar uma conversa por horas a fio e tinha a adorável característica de simplesmente conseguir fazer os outros se sentirem bem com o olhar.

Kyle era mais conservado, não falava e demonstrava muito, mas isso era duas de suas melhores qualidades. Costumava passar horas lendo e quando queria, entrava numa conversa com alguém. Possuía um perfeito contraste com o irmão, deixando uma simetria entre os dois que fazia com que a relação fosse boa.

E claro, havia aquela pintinha no próximo ao olho de Marc que parecia não existir toda vez que o garoto sorria de orelha a orelha. Um dos melhores sorrisos que alguém poderia ver.

– Então, o que te traz aqui, Charmin? – Perguntou Kyle, olhando de relance para a menina. – Ainda em dúvida sobre a A?

– Eu decidi que não vou mais esquentar com isso. –Respondeu, sorrindo. – Eu só estou cansada de ficar ali, no meio de todas as mentiras.

Repentinamente parou, segurando o ombro de cada um dos ruivos.

– Por favor, me digam que vocês não me conhecem.

Marc virou-se e colocou uma das mãos no cabelo de Charmin, afagando-o.

– Eu sou horrível com mentiras. – Declarou, em seguida apontando para Kyle. – E ele não sabe guardar segredos.

– Se conhecêssemos você, Charmin, teríamos contado num dos primeiros dias com você aqui. – Assegurou Kyle, sorrindo com o canto direito da boca. – Confie em nós.

Charmin assentiu e então voltou a andar entre os dois, conversando sobre a A e algumas das máquinas de lá. Os dois deram informações sobre o incrível funcionamento das casas em comando de voz e toque, algumas máquinas que curavam doenças raras ou até ferimentos dos mais graves, robôs que atuavam como empregados nos domicílios e eram usados para as mais distintas funções, como domésticas ou babás.

– Certa vez, enquanto ia numa feira perto de um dos portões da A, eu pude ver um desses robôs. – Contou Kyle. – Era como um ser humano, mas era possível ver os fios pela pele transparente e os olhos possuíam um brilho assustador, assim como a voz monótona e pausada.

Incrível, pensou a garota, enquanto tentava imaginar sendo ajudada por um daqueles robôs. Logo, um desses fará comida pra mim e aprontará minhas roupas.

– Provavelmente existe um na casa do seu futuro hospedeiro. – Disse Marc, sorrindo para ela. – Fará comida para você, lavará suas roupas e ajudará você a se adaptar com a população da A.

– Pela primeira vez eu estou achando que entrar na A será uma boa.

– Bem, eu sinto por você não poder ficar muito tempo. – Continuou o gêmeo. – Você terá que pegar somente algumas coisas, fazer negociações e então voltará para o alojamento para ajudar no nosso plano.

Charmin deu de ombros e suspirou enquanto chutava algumas folhas e pedras pelo caminho.

– Eu gosto da B, por incrível que pareça. Eu gosto do jeito antigo e robusto dela, gosto de não ser paparicada pelo rei e não precisar seguir sua política maluca. – Falou, enquanto apoiava um dos braços no ombro de Marc. – Eu gosto do alojamento e gosto de quem mora lá. Apesar de eu ter saudades do Col, eu já me acostumei a ficar sem ouvir a voz dele e agora vocês são meus irmãos.

– Eu sempre quis uma irmã mais nova para ensinar sobre robótica e montar sistemas com ela. – Disse Marc com ar esperançoso. A garota riu. – Eu sei. Isso é muito estranho, mas é verdade. Kyle sabe disso.

Charmin negou enquanto sorria. – Não. É fofo.

O garoto enrubesceu e os outros dois começaram a rir da repentina vergonha de Marc, que segundos depois começou a rir também. Nick juntou-se a eles ao ver a cena e passou um dos braços pela cintura de Charmin. A menina repreendeu-o e sentiu-se envergonhada na frente dos gêmeos ao receber o comentário de Kyle, constatando que os dois mais novos pareciam mesmo um casal.

Nick concordou com o gêmeo e aproximou-a mais de si com um sorriso bobo no rosto.

***

Alguns passos atrás Josh e Will caminhavam juntos, planejando sobre como entrar no armazém e como roubar os moldes para dar a algum artesão da B para fazer a pulseira que Charmin usaria.

– Nós podemos pôr o James, a Charmin e o Nícolas de guarda fora do armazém, escondidos em algum lugar enquanto nós dois e os gêmeos entramos para roubar as informações e as fôrmas. Não deve ser tão difícil entrar lá. – Disse Josh enquanto rodava um dardo nos dedos. – Ou nós chegamos e metemos um desses em cada um.

– Eu não gosto de resolver as coisas com violência. Você sabe disso.

– Mas algumas vezes essa é a única solução, Will.

O mais velho encarou Josh, sério. Realmente não era uma opção, nunca precisaram realmente usar violência para conseguir as coisas, não era daquele jeito que as coisas eram e não seriam. Lembrava-se de todas as negociações que tivera de pagar mais caro para não ter nenhum dos meninos machucados. E não seria agora que começaria a usar a violência só por ter mais gente para defender.

Mas situações difíceis pedem medidas desesperadas, então...

– Se eles resolverem usar violência, você contra-ataca. Mas só nesse caso.

– Ótimo. Vou adorar meter uns dardos naqueles babacas.

***

O armazém continuava o mesmo. A mesma estrutura podre e velha, o mesmo portão enorme com a mesma marca da bandeira riscada por um X. Dessa vez havia mais homens, inclusive aquele que Charmin colocara a faca na garganta e depois fraquejou.

Sabia que havia sido um erro afrouxar a faca da garganta do homem e deixar-se levar pelo pânico e medo nos olhos, poderia muito bem ser uma atuação. Ele poderia ter-se levantado e jogado-a no chão, apoiando a mesma faca no pescoço dela, e ela poderia ter sido morta.

Mas não aconteceu, e não haveria chances de acontecer novamente.

– Charmin, James e Nícolas, vocês serão os guardas. – Falou Will, reunindo todos. – Quero um naquela árvore, um na porta de trás e um nessa porta.

– Mas olha quanta gente, Will. – Apontou a garota, sacando uma adaga. – Eu não consigo pegar cinco ao mesmo tempo.

– Você consegue, sim. E sabe muito bem disso.

Dito isso, partiu com Josh e os gêmeos para o portão, começando a negociar com quem parecia ser o chefe do lugar. Olhou para James, aflita, e o mesmo sorriu para ela, garantindo que nada sairia errado. Apontou para a árvore e tocou o ombro dos dois mais novos.

– Eu vou pra árvore. – Falou James, piscando para Charmin e sorrindo. – Boa sorte.

– Pra você também. – Respondeu, acenando. – Vê se não cai dessa árvore e me envergonha.

James fez um sinal positivo e começou a escalar a árvore, enquanto Nick aproximou-se de Charmin e colocou a mão em seu ombro. A garota virou-se e ao ver que era o moreno, sorriu.

– Você quer o portão da frente ou o de trás? – Perguntou a ela. – Acho que no de trás há mais gente, então se quiser eu posso...

– Não, tudo bem. – Interrompeu tirando do cinto outra adaga, posicionando uma em cada mão. – Eu consigo me virar.

– Tem certeza? – Olhou para ela, preocupado. Imaginava o caos que seria se a garota se machucasse.

Charmin assentiu e caminhou entre os arbustos até a parte de trás do armazém, assim como Nick agachou-se entre outros, vigiando a entrada. Passaram-se alguns minutos e os dois ainda estavam negociando, provavelmente não estava nada bom. Até que um deles entrou no armazém e voltou com uma caixa de papelão, abriu-a e mostrou para Will, que sorriu após ver o que tinha dentro.

Mas após algumas palavras do negociador, o sorriso sumiu e Josh empunhou uma faca. Mais homens surgiram de dentro do armazém, todos com armas e facas na mão. Nícolas conseguia ver James apontando para o local, perguntando o que estava acontecendo e Nick deu de ombros: Nem mesmo ele sabia o que estava acontecendo.

Um homem sacou uma arma e agarrou o pescoço de Josh, apoiando a pistola na cabeça do mesmo. Nick levantou-se e saiu dos arbustos, indo em direção ao portão para tentar pegar a arma do homem e talvez salvar Josh, ainda estava ponderando aquela decisão. Outro homem surgiu atrás de Will e prendeu o braço do mesmo, impossibilitando o movimento. Agacharam ambos no chão e colocaram uma pistola em cada cabeça. Marc e Kyle estavam amarrados em algum tipo de corrente, sendo segurados por um guarda perto da porta do armazém.

Nícolas olhou para a parte de trás do armazém e pôde ver Charmin depositando chutes no peito de um homem, enquanto virava para trás e socava o pescoço de outro, impossibilitando a respiração. Em seguida, cravou a faca na jugular do mesmo e o matou. Fez o mesmo com o outro e limpou a faca. O garoto arregalou os olhos quando viu os atos de Charmin e decidiu voltar sua atenção para à frente, ela estava mesmo se virando.

– Eu quis fazer isso da última vez, com aquela cadelinha e o seu irmão. – Falou o líder. – Mas agora só tem vocês quatro, e um de vocês não pegou armas tão boas assim.

O homem depositou alguns chutes no estômago de cada um. Ambos começaram a tossir um pouco de sangue e dobraram-se, tentando amenizar a dor. Josh cuspiu o sangue no sapato do traficante e o mesmo chutou-o outra vez, dessa vez mais forte, Nick observou e em seguida bateu a mão contra a testa. Josh sempre tentava ser o herói nas horas mais erradas e desnecessárias.

– Não me enganam mais.

O som dos gatilhos sendo empurrados foi-se ouvido e a mira mudou para a testa. O líder apontou para Josh, mandando que o matassem primeiro. Por alguns segundos, Nick pôde ver que o garoto sorria e olhou para o lado de relance.

– Atire. – Comandou.

O homem endireitou a pistola enquanto ria de Josh, que ainda não havia tirado o sorriso do rosto. Comprimiu o gatilho e...

Uma flecha acertou a cabeça do atirador, matando-o. Olhou para o lado e pôde ver James, sorrindo vitorioso. Will olhou para a árvore, surpreendido e espantado, logo após olhou para a frente e sorriu.

Uma adaga precisa enterrou nas costas do atirador que estava apontando para Will, acertando a coluna vertebral e paralisando-o. Charmin apareceu na visão dos dois em alguns metros de distância, a camisa completamente ensanguentada e o capuz meio rasgado. Will e Josh levantaram-se e assentiram para Charmin, agradecendo. A menina os cumprimentou e apontou com a cabeça para Nick.

Hora de ajudar. Nick correu até onde estavam os homens e com uma faca em cada mão, acertou os dois braços de um homem e chutou as pernas do mesmo para que caísse no chão. Rasgou a barriga de outro e o empurrou contra o portão, deixando uma marca de sangue na pintura branca e no símbolo da bandeira. Josh e Will pegaram as armas que minutos atrás estavam em suas cabeças e guardaram-nas, empunhando facas e ajudando Nick que estava sangrando no braço por alguma faca que não vira. O sangue já escorria por todo o braço e o ardor era agonizante, resolveu olhar para o ferimento e arrependera-se instantaneamente ao perceber o quão fundo o corte estava.

Alguns homens entraram novamente no armazém, levando os moldes e as informações. Marc e Kyle também estavam lá.

Segundos depois Charmin apareceu de trás do local e agachou-se para dar a rasteira em um homem que estava tentando entrar no armazém. Cravou uma faca em seu ombro e a retirou, enxugando o sangue em sua blusa. O homem deitou no chão e ficou completamente imóvel enquanto Charmin retirava os trapos que sobraram do capuz e os jogava no chão.

– Você acertou todos lá atrás? – Perguntou Will, tirando um pouco de sangue e terra de sua faca. Um sorriso de adrenalina em seu rosto.

– Dardos dormentes e umas facas afiadas. – Respondeu, aproximando-se. – Ninguém ali consegue mover a boca para pedir ajuda. E alguns não vão sequer poder pedir ajuda.

– Ótimo. – Piscou e em seguida virou-se para Josh. – Vamos pegar os gêmeos e nossos moldes. Eu não saio sem pelo menos um deles.

– Eu vou recolher esses aqui e amontoar num canto. – Falou a garota, guardando as facas. – Tirem Marc e Kyle dali.

Will assentiu e pôde ver Josh olhando-a, a garota sorriu e direcionou a cabeça para a porta. O rosto dele iluminou-se e rapidamente puxou Will. Entendeu que ela o perdoara mesmo estando sentimentalmente machucada, e isso melhorou seu humor e o deixou mais animado ainda.

– Vamos logo!

***

– Eu não vou lavar essa roupa toda, pessoal. – Gritou Charmin ao ver a pilha de roupas ao lado de sua cama. – Eu vou pegar essas roupas e jogar na rua.

– Não! Nícolas te ajuda! – Will, do outro lado do alojamento, virou-se para a garota com o olhar assustado. – Essas roupas são muito caras para você sair jogando em algum lugar.

– Então parem de ser preguiçosos!

Bufou e então saiu, pegando uma toalha e o pijama de James. Sinalizou um quinze com as duas mãos para Josh e o garoto devolveu um cinco, sorrindo. Entrou no banheiro e ligou o chuveiro, a água gelada percorria todo seu corpo e levava junto de si terra e um pouco de sangue.

Pela primeira vez que esteve ali pôde sentir a adrenalina de entrar em uma briga. O aceleramento do batimento cardíaco ao levantar e cravar a faca em alguém, depois retirá-la e preparar-se para outro. Parecia um tipo de droga que percorria no sangue durante o momento de ação.

Não se sentia bem pelo que havia feito. Muito pelo contrário, ela havia matado pessoas e isso era horrível. Mas não continha culpa dentro de si ao saber que matara todos eles, eram maus e havia quase sequestrado dois de seus amigos.

Charmin passou a mão pelos cabelos e sentiu um pedaço de pano enrolar no meio de seus dedos. Olhou para a mão com o trapo e riu, concluindo que tudo aquilo havia mesmo acontecido e não estava somente em sua imaginação. Ela havia sim matado pessoas e as envenenado; Entrado em brigas mais sérias do que pensava que teria em toda a vida e defendera pessoas que nunca pensou encontrar até a própria morte.

Vinte minutos depois saiu do chuveiro puxando as mangas compridas da camisa de James e enrolando o cabelo na toalha até que secasse. Olhou para Marc e Kyle e fez um sinal positivo com a mão, perguntando se tudo correu bem. Os dois sinalizaram de volta e então Charmin voltou a andar em direção à sua cama. Sentou-se e olhou para Nick, depois para o braço do mesmo e experimentou a dor que o rapaz deveria estar sentindo no momento. O garoto sorriu para ela e deu de ombros.

– Eu vou dormir um pouco. – Olhou para James que limpava o arco e algumas flechas. – Me acorde daqui algumas horas, ok?

– Bons sonhos, Char.

James virou-se para ela e assentiu, em seguida sorrindo. Deu a ela o travesseiro para que o abraçasse e Charmin agradeceu.

– Você sabe que eu não terei.

Charmin fechou os olhos e pôde ver: Os mesmos sons da água a puxando cada vez mais para o fundo; Os gritos desesperados que tentava soltar e os goles de água cada vez maiores que engolia ao fazer isso; Os chamados altos por seu nome em um tom distante; Os cabelos diferentes dos seus e o toque de uma mão em seu braço.

Charmin sabia que estava sonhando e que tudo aquilo acabaria na mesma cena: Um abraço e um agradecimento a um desconhecido. Então sempre se deixava levar pelo pânico e pelo medo até a sensação de alívio ao ser traga de volta para a superfície.

Esperou que o par de mãos achasse seu corpo e assim que os sentiu, começou a ser puxada para fora de alguns escombros. Agora reconhecia um garoto de regata branca, os cabelos tampavam o rosto e ele não sabia se a puxava para cima ou se puxava a si mesmo. Então sentiu o ar entrar pelos pulmões com a boca do garoto contra a sua e ao tossir e vomitar um pouco de água, o rapaz a abraçou desesperadamente.

Pelo toque familiar, Charmin tinha quase certeza de que era Collin a salvando. Mas quando o rapaz se afastou e olhou para seu rosto com um ar preocupado, a única coisa que a garota conseguiu fazer foi afastar o cabelo dele dos olhos e os puxar para cima, revelando quem era. Enquanto o rapaz murmurava agradecimentos a Deus e puxava-a para perto de si novamente, Charmin conseguia ouvir cada vez menos as coisas e repentinamente acordou. James não estava mais sobre a cama e provavelmente tomava banho. Encolheu-se na cama e cobriu com a coberta a cabeça, parando para respirar e realinhar os pensamentos.

Aquilo não era possível! Não era real! Eram só os sentimentos misturando-se aos sonhos, tinha certeza disso. Sabia que aquilo era por causa do possível sentimento que estava começando a ter pelo rapaz! Ele não a salvaria, não a conhecia até meses atrás. Riu fraco em nervoso ao lembrar-se de levantar a mão no sonho e enxergar os olhos que tanto a fissuravam e colocou na cabeça que aquilo era nada mais que uma confusão de sentimentos. Mesmo que tudo havia parecido tão real e familiar e verdadeiro, não era o certo. Nícolas não era seu salvador.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo, gente :3! Vejo vocês na quarta e enquanto isso, fiquem bem.
Não esqueçam de comentar e me deixar um "oi" básico.



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