How to live? escrita por America Mellark


Capítulo 8
A vida tem que seguir, doendo ou não


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo eu pensei em fazer triste, mas na verdade eu aliviei muuuuuuuito, seria horrível ver vocês, queridos leitores, mal por causa de uma carga forte de dor e tristeza em um só capítulo. Enfim, espero que gostem dele e que comentem para me ajudar a melhorar qualquer erro ou critica no enredo em geral. Obrigada pela sua consideração. Laura.



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Meu coração simplesmente para de funcionar. Ainda posso sentir a pulsação do sangue de Peeta pela força que estou apertando seu pulso. É sempre assim, quando eu finalmente aprendo a amar algo a vida o tira de mim. As bênçãos se tornam maldições. O amor por alguém pode ser lindo e ao mesmo tempo assombroso. Eu pensei que seria bom ter um filho com Peeta e agora nada disso vai se realizar. Era uma menina, uma menina como Prim. Ela nem sequer sabia o nome do pai dela.
— Como você sabia que era uma menina? — pergunta Peeta.
— Eu a vi. Conversei com ela. — digo. — Eu estava em um lugar tão bonito e calmo, até que a encontrei, eu estava em paz, mas algo me fez voltar e sentir a mesma aflição de dias.
— Você sabe o que aconteceu com você?
— O que aconteceu comigo? — pergunto.
— Quando o doutor chegou, disse que deveríamos lhe internar e tentar salvar o bebê. Você passou por uma cirurgia e saiu de la precisando respirar por aparelhos, a trouxeram aqui. Há poucas horas eu pude entrar e vi que a máquina apitava rápido demais até ter um uníssono, seu coração parou por quase meia hora, os médicos fizeram vários processos. Você acordou pouco tempo depois de eu voltar do jantar.
— E os outros? Já sabem? — pergunto assombrando a sua resposta.
— Todos já sabem, o país inteiro. — ele fala. — Todos da Capital ficaram chocados, como da última vez, agora você precisa agir como se já tivesse passado por isso uma vez e essa é a pior das duas vezes.
— Certo... — concordo.
— Katniss, eu sei como deve se sentir, eu não estou te forçando a nada, só quero seu bem.
— Eu sei. — digo. — Você sempre quer meu bem, e eu agradeço, eu amo você por isso, por seu jeito e por tudo. Só que eu nunca pensei em ter filhos e quando eu finalmente concordo em aprender a amar isso e me agarro à esperança de ter uma nova vida aqui, eles tiram de mim.
— Eu me sinto péssimo. — diz ele. — Parte disso é culpa minha.
— Não. Você está errado. — digo. — Pense nisso, estamos casados, temos uma longa vida pela frente.
— Você tem razão, podemos ter outro filho.
— Não, você está errado de novo. — meu pranto se torna um pânico. As lágrimas são inevitáveis e minha pele se transforma em papel. — Eu preciso de espaço Peeta, não sei quanto tempo vai levar isso, eu desisti de voltar a ter bebês.
— Eu aceito seu tempo Katniss. — ele parece cuspir as palavras, achei que ele fosse retrucar ou algo assim, mas não, ele está sendo bom comigo.
Ouço batidas na porta do quarto do hospital. Peeta abre a porta e um médico todo coberto com tecidos brancos, sorri e diz:
— Logo lhe daremos alta senhora Mellark. — ele anuncia. — Mas quando voltar para sua casa terá que se consultar com um doutor diariamente até ele lhe dizer que está completamente bem. Até lá você terá que fazer o que ele receitar.
— O que ela tem doutor? — pergunta Peeta.
— Nada em especial, mas ela precisa ser examinada para que nada aconteça. — avisa ele.
As palavras não me comovem muito, já que tenho sido examinada há anos. Dia mais dia menos não faz diferença. A única coisa que me deixa mal é saber que a única vez que concordei em ter um filho, ele se foi antes de eu te-lo.

A noite caiu há quase duas horas e eu ainda não consegui absorver a perda. Durante meu banho eu tive que me olhar no espelho várias vezes para aceitar a nova cicatriz no ventre. Peeta me ajudou a me vestir. Ele tem sido muito gentil, talvez porque ele saiba que eu posso voltar ao período vegetativo novamente. Nem jantei com os outros naquela noite, talvez eu não quisesse saber como eles reagiram, talvez eu não quisesse sua pena, ou não quisesse aceitar que eles fazem parte dessa realidade. Algumas vidas nem chegam e se vão, algumas ficam, sem mérito, até o fim de sua velhice.
Peeta chega perto de mim um pouco hesitante, me beija na testa e se deita ao meu lado. Mesmo com toda seu peso e sua importância eu sinto que ele está frio. Seu coração está batendo um pouco mais lentamente. Como se tivéssemos placas de gelo sobre nossos corpos. Se eu realmente sou uma heroína de onde esses demônios vêm?
Quero me libertar disso, eu sempre soube dessa dor. Eu fui tão tola, amei demais, desejei demais, e se um dia isso acontecer com Peeta? Com certeza ficarei paralisada, ou morrerei também. Me lembro da frase de Gale. "Ela vai escolher quem não consegue sobreviver sem." E ele tinha razão, eu não sobrevivo sem Peeta, me machuca pensar em um mundo sem ele. Tem alguém que me completa, sem ele as engrenagens não funcionam e não tem sentido.
— Peeta, chega mais perto. — sussurro.
Ele não diz nada, só se aproxima, pouco a pouco. Foi um jeito sutil de dizer "eu preciso de você." Seus lábios tocam meu pescoço, permanecendo lá por um longo tempo. Sinto aquilo, sempre a mesma coisa, já decida estar cansada, mas não estou, nunca vou ficar. Como se as placas de gelo simplesmente derretessem e se convertessem em fogo. Beijo-o até não poder mais segurar e ter que respirar. Suas mãos vão até meus pulsos. Meu corpo inteiro treme de emoção.
— Katniss, nós acabamos de perder um filho. — diz Peeta.
— Eu preciso de você Peeta. Agora, eu não sei o que faria sem você, eu vou morrer. — digo voltando a beija-lo.
Suas mãos deslizam por minhas costas tão rápido, como se estivesse queimando por dentro. Com Peeta é assim, sempre tão dócil, sempre tão bom, não preciso fazer nada para ele me amar, só dizer o que eu sinto. Ele tem uma grande personalidade. A camisola já está toda amassada. Peeta sobre suas mãos puxando minha roupa junto delas.
— Eu não quero te perder. — sussurro.
— Eu também não quero te perder. — diz ele.
Minhas mãos pairam sobre seu peito, observando cada detalhe seu, os cachos louros, as manchinhas de sol, as marcas dos seus músculos. Tudo que eu consigo ver em meia luz. Me concentro em seu rosto, os pelos do queixo, das linhas do rosto, os cachos louros de seu cabelo. Ele é especial. Peeta tira sua prótese de silicone, tem um pontinho de cicatriz e termina arredondada na metade da coxa. Descrever os detalhes não seria tão interessante, não é lindo, mas não é horrendo. Ele me coloca debaixo de si com apenas um giro. Consigo formar um sorriso. Seus beijos marcam meu pescoço, minhas orelhas, meu rosto, minha boca, minhas bochechas, meus ombros e assim por diante, suas mãos passam por meus braços, minha cintura, enfim, por meu corpo. Ouço vagamente os passos de alguém no corredor, paramos por um minuto, mas logo voltamos ao ouvir a porta do fundo bater. A única cura para a dor é a própria dor, sem senti-la nós nunca seriamos nós. Mas quando temos alguém para nos ajudar e para amar tudo fica mais fácil. Peeta sabe como me fazer sentir melhor, não no sentido malicioso, mas no mais inocente. Enfim, ele é o motivo da minha vida.


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