How to live? escrita por America Mellark


Capítulo 6
Capítulo 6:A transformação




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Peeta me cutuca até eu levantar. Estamos na Capital. Teremos nossa entrevista e jantar de noivado. Faremos nossos discursos e passaremos por todos os distritos e reformas nos locais mais modificados. Não sei qualquer diferença se vamos passear por todo o distrito. Ele me entrega uma folha com minha caligrafia na primeira página. Lá está a foto de Taylor e escrito bem embaixo está: "Taylor é uma menina linda. Espero que Finnick tenha orgulho de sua filhinha. Ela será tão linda quanto a mãe quando crescer, espero vê-la nessa idade."
— Eu disse que seria necessário que eu o trouxesse. — diz ele.
— O.K. Em primeiro lugar: foi bom você trazer o livro. Em segundo lugar: você não disse nada seu metido. — retruco.
— Carrancuda. — provoca.
— Bobo. — respondo.
— Purinha. — continua.
— Chega com isso. Não vou mais responder que você é um chato e irritante. Sem falar que é um besta. — digo.
— Não vou dizer que você não achou isso ontem. — termina ele.
Minhas bochechas coram mais uma vez. Como ele pode fazer isso comigo? Eu nunca fui tão criancinha.
— Enfim. Olha o que me deram para vestir.
O que ele tem que vestir é só um paletó de algodão engomado azul escuro por cima de uma camiseta social branca e uma calça da mesma cor que o paletó, mas a gravata vermelha lisa e os sapatos de couro preto.
— Está lindo. — digo.
Balanço meu cabelo para cima e para baixo. Sorrio e dou um beijo rápido nele.
— Isso é para você. — diz ele estendendo um vestido. — Não vista agora, você tem que se encontrar com sua equipe de preparação.
Ah a minha velha equipe de preparação. Nem sei o que dizer sobre eles, Octavia, Flavius e Vênia. Os meus amigos esquisitos da Capital. Aqueles que cuidaram de mim e que derramaram litros d'água no Massacre. Os que foram presos e torturados por minha culpa. Pensei que estivessem mortos. Por um bom tempo pensei desse jeito. Mas agora eles estão aqui.
Coloco uma calça e uma regata para o café. Peeta tira o terno e toda parafernália quês estava vestindo e coloca uma bermuda e uma camisa. Sentados à mesa estão Haymitch, Johanna, Effie, Vênia, Octavia, Flavius e por fim uma estilista que nunca vi na vida.
— Olhem eles aí. — apresenta Effie.
— Bom dia. — digo.
— Agora que estão aqui vamos lhes dizer as mudanças. — começa Effie. — Vênia, Octavia e Flavius vão cuidar de ambos, como Peeta não precisa de tantos cuidados como Katniss, por exemplo o cabelo longo, Peeta receberá cuidados apenas de Flavius. Essa é Reyna, a estilista mais jovem e mais talentosa da Capital. Ela fará a roupa dos dois. Bem, aqui estão os horários de vocês, espero que sejam pontuais.
Depois de todo falatório de Effie, Vênia e Octavia começam a cochichar coisas uma para outra e logo todos eles estão cochichando sobre Peeta e eu, é claro. Sempre falaram e parecem falar cada vez mais. Risinhos e alguns olhares circulam pela sala. Como minhas torradas e meu creme de milho e vou com Vênia e Octavia para o salão de tratamento.
— Ah Katniss você está linda! Como cresceu! — diz Vênia.
A pele de ambas parece estar normal, Vênia é morena como Cinna, já Octavia é mais branca que folha de papel e tem algumas pintinhas escuras no rosto. Sejas olhos são verdes e os cabelos estão escuros com as pontas coloridas em roxo e azul. Vênia tem o cabelo e os olhos castanhos, mas seu cabelo está cheio de mechas louras. Parecem mais humanas agora, não sei se foi pelo corte do orçamento na beleza ou se foi pelo que elas passaram.
— Bem, agora você precisa ficar muito mais bonita para a Capital e principalmente para Peeta. Agora sim está tudo certo, não é? — pergunta Octavia me cutucando.
— É, devo dizer que Peeta me pegou como um coelho numa arapuca. Não imagino minha vida sem ele.
— Essa foi a melhor coisa que você já podia ter dito. — afirma Vênia. — Vamos passar você num tratamento numa clínica e fazer exames de saúde para ver que produtos você não está apta a usar. Temos que ver se você está bem depois de tudo.
— Estou bem. Juro. – digo.
— Vamos fazê-los e deixá-la bonita com pouco até os exames saírem daqui duas semanas. — insiste Octavia. — Melhor prevenir que remediar Katniss.
— Isso mesmo. Agora você precisa tirar isso e se colocar naquela máquina ali. — diz Vênia apontando para o canto da sala.
Na direção de seu dedo indicador está uma máquina gigante apenas fechada poro um vidro grosso e várias placas luminosas que preenchem o compartimento interno. Octavia toca em algumas palavras confusas no painel que dá as ordens ao equipamento. Vênia me ajuda a desabotoar a calça e tirar o resto da roupa, só me deixando com a roupa de baixo.
— Parece que alguém se machucou aqui. — Vênia toca meu quadril, onde percebo que tenho um cortinho de algum metal.
—Nem percebi. — digo.
Entro no compartimento da máquina. Não ouço nada de fora, só os zumbidos das funções apertadas para a máquina fazer e alguns lazeres. Vejo algumas luzes e um raio-X sendo tirado de mim, algumas picadas nos braços e depois algum gel que fez meu corpo pinicar. Depois disso eu não sinto mais nada, nem mesmo os outro milhares de exames que estão sendo feitos, sei que ainda estou nessa máquina e sendo checada. Só penso em o que devem estar fazendo com Peeta.
A máquina começa a enviar os exames para o laboratório e recebo uma pílula laranja para me prevenir de reações alérgicas ou inchaços. Devo ter demorado horas com todo o processo. E logo estamos Octavia Vênia e eu no salão trabalhando. Elas arrancam meus pelos por todo corpo, me deixando lisa como uma maçã. Recortam minhas sobrancelhas, aumentam meus cílios e fazem minhas unhas das mãos e pés. Finalmente chegam ao meu cabelo, repicando passando cremes e loções, selando a cor do meu cabelo, deixando com mais brilho, mais leve e com cachos naturais.
Quando termina tudo, eu estou parecendo de porcelana, minha pele está delicada e macia como um pêssego, lisa e meu rosto tem manchinhas como o de Octavia, mas um pouco menos chamativas. Os meus olhos brilham um cinza mais azulado, e meu cabelo parece seda, os dentes então, parecem pérolas. Estou como uma princesa. Nunca fui tratada assim, provavelmente nem mesmo Peeta vai me reconhecer assim.
Elas me deixam com o roupão na sala branca, esperando minha estilista Reyna. Reyna tem aqueles cabelos cacheados e ruivos, olhos azuis e parece ter muito em comum com Peeta até o jeito que eles conversavam no café era compatível. Não tenho dúvidas de que eles são parecidos. Ela estava até agora com ele, ela deve tê-lo visto do mesmo jeito que eu. Tirou suas medidas e tudo mais, e isso faz minha cabeça começar a doer. Ela é mais nova, uns vinte e um anos. É bonita e sabe desenhar.
— Senhorita Everdeen? — diz a garota ruiva.
— Sim.
— Sou Reyna sua nova estilista. Sei que nunca serei como Cinna e que ele foi muito importante para você, mas eu tentarei lhe agradar. — diz ela.
— Certo. — digo com indiferença.
— Bem, você poderia por favor me deixar analisá-la? — diz ela me levantando.
Subo numa plataforma e tiro o roupão. Minha vista é clara, uma garota sem pelos, de unhas e sobrancelhas feitas e um corpo de esquilo. Duas cicatrizes na pele pouco acima do quadril e logo ao lado do pescoço.
Reyna toca algumas vezes minha barriga e a cintura.
— Ótimo. — diz ela. Depois de fitas e números. — Obrigada, pode se sentar. O vestido que recebeu essa manhã será usado hoje, mas amanhã já estará usando um vestido feito por mim.
— E quanto a Peeta? — tomo um rumo completamente diferente da história.
— O que tem Peeta?
— Você foi lá antes, o que ele disse?
— Ah, Katniss, ele só disse que queria ficar elegante como você. — responde ela. — Ele é uma pessoa incrível.
Pessoa incrível? Sério? Eu sei disso, ele é meu namorado. Claro que ele é incrível! Maravilhoso! Por que você está dizendo isso?
O que eu estou pensando afinal? Sinto um pouco de raiva e muita vontade de dar uns tapas nela.
— Peeta será um bom marido, ele é muito talentoso e te ama muito. — diz ela.
— É. Eu sei. — respondo.
Me seguro para não cruzar os braços abaixo do peito e fazer um questionário à ela.
Minutos depois sou chamada e passo por uma sessão de cabeleireiro. Acabo fazendo a trança composta e cachos cheios de volume. Visto o vestido. É um tipo branco azul e vermelho. Longo até os pés e cheio de curvas em dois babados. Duas fitas vermelhas no vestido todo branco, alguns detalhes azul escuro e pérolas com safiras e rubis. Tudo perfeitamente combinado com o paletó de Peeta.

Durante a espera para subir ao palco, fico observando Peeta entrar na sala nos seus últimos minutos de descanso. Ele está lindamente arrumado, cachos louros e de barba feita, se bem que prefiro ele com barba. A calça e o paletó combinam com ele, na verdade a roupa cai muito bem em Peeta. Mas ele parece encantado com meu visual. Sua boca está aberta e os olhos brilham como estrelas. Suas mãos deslizam sobre meus ombros e chagam aos meus pulsos, a fim de segurar minhas mãos. Ele as beija e depois me beija de verdade na boca. Ouço um estalo e as palmas de Effie e nossa produção, Johanna e Haymitch só sorriem e levantam as sobrancelhas.
Subimos ao palco, nossas mãos não hesitam em se grudar e entrelaçar entre si.
— Nossos noivos do distrito 12! — diz Caesar.
— Não sabe nossa alegria de estar aqui. Finalmente estaremos juntos oficialmente e teremos nossa família.
— Finalmente Peeta, depois da perda de vocês. — diz Caesar realmente se sentindo mal por nossa "perda". Ele aponta para meu abdômen como se um dia eu estivesse grávida.
— Doeu muito saber disso quando reencontrei Katniss, Caesar, mas tudo se resolveu. — afirma Peeta.
— É um dor grande, mas eu sei que as estrelas guardam nosso filho. — digo. — Olhem, algum dia as luzes do céu vão nos guri de volta para casa e que nós encontraremos Caesar. Temos uma vida a nossa frente.
— Isso foi lindo Katniss. — diz Caesar.
— Foi por isso que eu segurei a mão dela pela primeira vez e me apaixonei. — se declara Peeta. — Sabe, Katniss, mesmo que o céu sangre, ele nunca vai nos separar, e as estrelas vão nos desenhar e toda nossa história, eu amo você e isso está escrito e não será esquecido.
Tudo cai no silêncio. Minhas lágrimas começam a escorrer, meu sorriso fica maior e minha primeira atitude é abraçá-lo. A verdade é que não preciso de ouro nem prata, nem preciso ter medo de perdê-lo para outra, ele é só meu, sempre foi, ele é a luz que vou seguir. Ele é quem tira minha escuridão. Ele é minha auréola de anjo. Tudo que me completa. Nada vai nos separar.
— E assim nós nos despedimos essa noite dos nosso noivos favoritos. — despede-se Caesar.
Eu nunca mais vou ouvir nada tão vazio e ver tanta sinceridade nos olhos de Caesar quanto naquela noite. Nunca seremos tão duros e vazios como seres viventes, ele se mostrou humano.


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