How to live? escrita por America Mellark


Capítulo 5
Capítulo 5: Meu amor estrela cruzada


Notas iniciais do capítulo

Ontem eu reli e assisti A Culpa é das Estrelas então o capítulo foi inspirado nisso e provavelmente os próximos que tenham romance também serão. Provavelmente as meninas romancistas vão gostar mais desse aqui. Minha mãe leu e chorou, só que ela também chorou quando a Hazel disse para o Augustus que ela o amava então não sei se é capaz de chorar nesse capítulo. Espero mais uma vez que gostem dele. Obrigada pela consideração.



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Durante todo o jantar, Effie falou e falou sobre nossa viagem como se voltássemos a ser os vitoriosos do distrito 12, como se estivéssemos no tour dos vitoriosos. Ela até escreveu alguns rascunhos de discursos para todos, até Haymitch vai falar agora. Com certeza Johanna não vai nem ler o papéis. Dito e feito, ela mal olhou a delicada caligrafia de Effie e já mergulhou o papel no molho da carne. Pego o meu e leio.
"Povo de Panem. Meu nome é Katniss Everdeen. Tenho vinte e quatro anos. Estive em recuperação mental durante sete anos. Assim como eles estiveram em reforma. Nosso povo está crescendo, nossas regras mudando e sei que Paylor fará um trabalho maravilhoso com essa país. Ela foi boa desde o dia que a conheci. As novas regras serão justas para o povo e para a política. Nossa condenação se foi e estamos em um tempo de luz. É como se tudo estivesse novamente em seus conformes e ajustes. Nossa revolução teve sucesso. Estou orgulhosa de vocês, são todos heróis. Agradeço a todos, obrigada. Panem hoje. Panem amanhã. Panem sempre. "
— Isso não é o que eu diria nem em um milhão de anos. — retruco. — Não sou eu falando. Não estive louca. Não falo palavras como "condenação" ou " conformes".
— Escreva outro senhorita sabe tudo. — reclama Effie. — Você escreva seu discurso. Mas cuidado com o que diz, você ainda é um exemplo para eles.
— Eu nunca fui exemplo para ninguém. Nem nunca vou ser heroína. — digo.
Por uma fração de segundo pensei que estava sendo dura demais. Só que o pensamento não durou muito. Eu, pela primeira vez, resolvi escrever algo meu. Sei que mamãe ficará orgulhosa de ouvir a filha de verdade na televisão. Peeta provavelmente fará o mesmo já que ele pega um papel e uma caneta. Sai da sala e entra no quarto. Sem dizer uma palavra sequer. Não sei o que dizer. Não sei o que escrever. Não me imagino num palco falando na frente de milhares de pessoas. Essa não sou eu. Só que algumas vezes precisamos fazer coisas que não queremos. O mundo não é uma fábrica de realização de desejos. Como disse minha personagem de livro favorita. Devo ter lido o livro milhares de vezes. Até entender a real metáfora que é a vida.
A vida tem altos e baixos como uma montanha russa. Só que montanhas russas não vão só para cima. Como diz no livro. Tanto é que o personagem tem altos e baixos, até seu passeio acabar. Assim como a garota. Ninguém tem uma vida boa ou ruim o suficiente, nem é questão de sorte, é questão de escolha. Eu realmente acredito em alguma coisa. Somos todos de barro, do pó ao pó. Nada se perde, nada se constrói, tudo se transforma. E a única coisa que sabemos é que estamos condenados ao fim. Vivemos para morrer. O que é a vida sem a morte? E a aflição sem o prazer? A escuridão sem o luz? Nada existe sem seu lado ruim. Como saber se alguma comida é boa se nunca comemos nada ruim? E como sabemos se alguém está doente se não há alguém saudável? A questão é que nada disso é uma realidade, nem uma mentira. Só somos o que somos. Cada coisa que existe um dia não existirá mais, e talvez algum dia eu não seja mais importante para essa nação. Eu fui e vou ser lembrada por uns cem, duzentos anos. Só que um dia eu serei esquecida ou terei que ser mais uma matéria chata em história. Acontece que eu não ligo para isso. Um infinito meu acontece aqui e um dia algo vai acontecer que eu não serei mais o que sou e estarei em um vazio. Logo serei mais uma estrela no universo. Já que não existe escuridão sem luz. E como tudo tem um equilíbrio, por que não mais uma estrela no equilíbrio perfeito do universo?
Me sento, com meus pensamentos girando em minha mente, segurando um papel e uma caneta na mão. Peeta está empenhado em seu discurso. Provavelmente falando sobre o distrito e como tudo foi difícil para todos nós. Colocando tudo em ordem começo a escrever:
"Povo de Panem, estou aqui, com um enorme orgulho e alívio de nossa revolução bem sucedida, para lhes agradecer por cada esforço feito, cada vítima, cada ente querido perdido. Todos foram importantes. Não pensem que não perdi pessoas que eu amava só por eu ter sido a cabeça disso tudo. Não fui poupada de nada disso, nem se importaram comigo, com meu estado de saúde depois disso. Perdi minha família, meus amigos, meus aliados, gente que amei, gente que deu a vida para que eu vivesse e que pudesse estar aqui este dia agradecendo pelo esforço de vocês. Para que construíssemos essa nova era. E um dia pudermos contar isso à nossos filhos e netos. Tive amigos, tive família, tive dinheiro. Perdi tudo. Mas eu não me arrependo. Não podemos escolher se seremos machucados ou não. Só podemos escolher quem vai nos machucar. E muitas vezes não sabemos dessa capacidade. Perdemos o controle da situação. Mas eu aceito as minhas falhas, aceito minhas escolhas, aceito meu destino e o abraço. Dói me lembrar disso. Dói saber que um dia eu vou me olhar no espelho e vou me ver com minha irmã e com meus pais, que não estão mais aqui, e me lembrar de como fui feliz sendo pobre, sem ter quase o que comer. Mas eu era feliz assim. E aqui estamos nós, reconstruindo nossas vidas com grande buraco cavado no coração. Mas um pessoa muito especial me ensinou que a cada lágrima que cai dos nossos rostos,há o dobro de sorrisos plantados no meio da multidão. Eu agradeço as minhas escolhas. Agradeço cada dia que vivo, cada batida do meu coração. Agora eu entendo aquela expressão que li em um livro: alguns infinitos são maiores que outros. Já que algumas infinidades de segundos que respiramos são nossas, tudo convertido em pó novamente, e essa infinidade será de outro. Quando morremos, nosso pequeno infinito acaba. Mas os outros infinitos que continuam são maiores que os nossos. E eu agradeço pelo pequeno infinito dos meus entes queridos. Obrigada por lutarem até o fim dos seus infinitos. Os que deram sua vida pela revolução são heróis. Finnick Odair é um herói. Jackson é uma heroína. Boggs é um herói. E Peeta Mellark. Aquele de dezesseis anos, com quem foi meu primeiro beijo estrela cruzada na minha vida, ele é um herói. Mas esse Peeta Mellark é meu pequeno conjunto infinito de amor. Esse é uma estrela caída do céu. Obrigada por tudo. Panem sempre. Vocês são guerreiros. Sofreram a aflição. O que seria da dor sem o alívio. Da aflição sem o prazer. Da escuridão sem a luz? A verdade é que vivemos para morrer. É um ciclo doloroso e repetitivo. Chorar por eles é um grito no vazio. O universo é feito de equilíbrio e sem a escuridão no universo não há equilíbrio. Um dia completaremos um. Mas por agora, só continuem lutando e agradecendo o conjunto de vocês. Fiquem vivos. Katniss Everdeen, a heroína de vocês, não é uma heroína, é só um pedaço desse infinito. Obrigada pela sua consideração."
Demoro um pouco para levantar a cabeça. Já são onze e meia. Amanhã de manhã estaremos ditando isso para milhares de pessoas. Só depois de um tempo percebo que Peeta não está no quarto. Deve ter acabado seu discurso e resolveu mostrar para Effie e saber se está tudo em seus "conformes", Peeta é tão bom, eu não teria essa manha de mostrar à ela. Não estou nem aí para os conformes. Eles que se danem, não quero ser igual a eles. Se fosse assim Peeta estaria morto e eu seria uma vitoriosa solitária e feliz. Mesmo estando feliz tendo quebrado as regras, matado Coin, matado Snow de algum jeito indiretamente, perdendo quase todos que eu amava, mas ganhado o amor que nenhum nunca completou no meu coração. Gritar em um quarto vazio e ser respondido é a melhor coisa que eu poderia pedir.
Fecho a porta do quarto sem fazer barulho. Peeta está no sofá da sala ditando seu discurso para todos, que por sua vez, prestam atenção em suas palavras. Não quero atrapalhar entrando na sala, por isso fico de espreita atrás da porta.
— As coisas estão mudando radicalmente no país. Todos estamos orgulhosos por tudo que está acontecendo. Finalmente algo que eu e Katniss planejamos e quisemos por tanto tempo se concretizou. Não me importo se ela é mais forte e inteligente que eu. Sei que ela é. Mas é tão linda e maravilhosa, nunca vou me cansar de amar aquela magricela carrancuda. Eu escolhi ela para ser meu centro das atenções. Geralmente eu sou aterrorizado com a ideia de perdê-la, mas quando percebo que ela está tão perto de mim sempre, simplesmente elas são destruídas. Não quero machuca-la ainda mais, como já fiz. Só quero que ela seja feliz comigo. Todos vocês são responsáveis. Isso é tudo. Obrigado.
— Oh, Peeta. Está perfeito. — suspira Effie. — Sempre tão bom com as palavras.
— Katniss estava escrevendo seu discurso logo a minha frente. Eu comecei a olhar para ela e rescrevi tudo. Ela estava tão empenhada no que escrevia que nem percebeu. — diz ele.
Entro na sala logo que ele acaba. Todos me observam entrar e me sentar ao seu lado.
— Katniss querida não vai querer ditar o que escreveu?
— Não acabei. Vou terminar amanhã. — minto. — Não tenho muita imaginação. Estou um pouco cansada, vim aqui ouvir o discurso do Peeta, mas parece que cheguei um pouco atrasada.
— Eu digo para você mais tarde. Bem, vou dormir. Você vem?
— Claro. — seguro a mão de Peeta para me levantar.
Damos boa noite a todos.
— Você não está com seu discurso incompleto não é? — pergunta.
— Eu não quis falar. Quero dizer ele completamente novo, sem ninguém saber o que eu escrevi. Não consigo mentir para você. — respondo.
Peeta sorri. Sua cabeça está baixa, como se estivesse envergonhado. Cruzo o braços por baixo do peito e fico esperando alguma resposta. Sem êxito. Ele não diz um "a". Haymitch passa por nós observando cada segundo até chegar em seu quarto. Quando ouvimos o estalo da porta Peeta me levanta do chão e me beija.
— Sem essas ceninhas em público. — retruco.
Seus olhos dão um ar de confusão, mas seu sorriso torto mostra só uma alegria boba. O puxo para dentro do quarto. Deixo meu papel debaixo do abajur no criado mudo enquanto o dele fica dentro da gaveta. Seus lábios tocam os meus em um fração de segundo. Empurro Peeta para deitar. Ele cai como um patinho. Literalmente "cai". Ele me puxa junto dele, um pouco agressivo, mas eu gosto quando ele faz isso, sem me machucar, é claro. Ele tenta tirar minha blusa e acaba se enrolando com meu cabelo e com a corrente e até meus braços ficam enroscados.
— Ah eu não sei fazer isso. — reclama ele.
Coloco a blusa de volta, rindo. Ele tenta tirá-la de novo, e desiste, segura duas partes da blusa e a divide em dois. Só agora eu percebo que não usei meu sutiã direito o dia todo, só um top, que virou retalho também. Não deixo que ele faça o mesmo com minha calça jeans, eu mesma a tiro. Preferimos nós mesmos tirarmos nossas roupas mais rápido. Tudo foi diferente hoje. Não foi tão lento e apaixonante, não que não foi apaixonante, só que foi rápido. Acho que nunca pensei que estava carente, achava que só pelo fato de estar com Peeta já era bom, mas desse jeito é ainda melhor. Peeta me ama e eu o amo. Eu sou dele e ele é meu. Não há palavras que descrevam o que somos e como somos. Digamos que ele é o meu amor estrela cruzada.
— Acho que preciso para de te machucar. — digo encostada na cabeceira da cama, vendo os arranhões que fiz nas costas e braços de Peeta.
— Tudo bem. Pelo menos os motivos deles não são ruins. — diz ele com um sorriso malicioso no rosto.
— Ah, cala a boca. — digo corando.
— Pura uma vez, pura sempre. — implica ele.
— Não tanto bebê. — digo.
Beijo seu pescoço e deito. Meus sonhos não foram pesadelos, não foram sonhos, foram apenas uma revisão da realidade. Peeta e eu juntos. Agora nos somos um só. Ele não é mais um garoto. Assim como eu não sou mais uma garota. Ele é homem e eu mulher. Mas juntos somos um ser humano completo.


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