How to live? escrita por America Mellark


Capítulo 4
Capítulo 4: A viagem está só começando


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi reescrito milhares de vezes, por isso demorei para postar. Com certeza eu não tive inspiração nenhuma para ele. Se pudesse já adiantaria tudo, sou péssima para enrolar num capítulo. Quero as informações logo, então eu me adianto muito nas coisas. Esse aqui não está tão grande quanto eu queria, mas logo vou fazer capítulos maiores, já que no começo não posso contar tudo logo de uma vez. Obrigada pela atenção de vocês e espero que gostem!



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Na porta de casa, Peeta, eu, Jahonna e mamãe nos apresentamos para as câmeras. Peeta me segurando pela cintura e eu o abraçando.
— Olha eles aí! — diz o eterno apresentador Caesar. — Os amantes desafortunados do distrito 12! Como estão depois de tanto tempo?
— Nunca estivemos tão bem. — responde Peeta. — Agora nos estamos prestes a nos casar e eu sinto que ela finalmente se sente melhor depois de tantas tormentas.
— E quanto a você Katniss?
— Ah, Caesar, me sinto tão feliz! — digo. — Nem posso imaginar como viveria sem ele. Pensar que vou ser para sempre a senhora Mellark me faz acordar cada dia mais feliz.
— Olhem como eles são bonitinhos. — diz Caesar se voltando para a platéia do estúdio. — E quando pensam em se casar?
— Talvez no próximo mês, não é Katniss? — diz ele.
— Seria um sonho. — digo.
— Então será no próximo mês Caesar. — afirma ele.
Caesar começa a falar e falar sobre nosso casamento e como a Capital estaria honrada em nos receber como noivos do ano e realizar nosso casamento. Depois se vira para minha mãe e para Johanna. Paro de prestar atenção aí. As câmeras se vão e Peeta e eu temos que fazer nossas malas para passar o mês pelos distritos, vendo reformas, gravando takes do Tordo completando sua missão de renovação.
Entramos no meu quarto. Eu pego alguns cabides com roupas e Peeta escolhe se devo ou não colocar na mala. Acabamos caindo na gargalhada. Cada roupa indesejada ele faz uma careta e faz um som engraçado. Peeta se aproxima de mim. Seus olhos parecem as ondas do mar, brilham, suas pupilas arredondadas ficam maiores centradas em mim. Algo nos seus olhos me dizem que está precisando de um pouco de carinho. Passo meus dedos por seus cachos louros enquanto ele desliza seu nariz no meu rosto e pescoço. A respiração dele aquece meu corpo.
— Peeta... — sussurro. — Precisamos arrumar sua mala.
— Tudo bem... Vai descendo que eu vou descer com a sua. — responde ele.
Seus lábios tocam minha testa sem a pressionar. Sinto que Peeta, desde a noite passada, está estranho, um pouco mais maduro quanto ao seu jeito de falar, olhar, até as declarações que ele diz para mim. Ele não é mais aquele garoto louco de amor, não tem mais aquele olhar hipnotizado por mim e parece demonstrar seu amor mais e de outras maneiras, não sou só eu que percebo, todos o vêem.
Chegamos à seu quarto. Não havia percebido muitas coisas de diferentes, mas há um mural cheio de fotos. Sua cama fica encostada na parede em um canto à direita, ao lado vejo um criado mudo repleto de globos de neve com desenhos diferentes. Ele tem cinco estantes cheias de livros só dele.
— Peeta seu quarto é enorme! — tapo a boca de surpresa.
— Eu estive muito tempo sozinho aqui, então fiz algumas coisas. Deixei como se fosse meu mundo. E é claro que dentro dele tem que ter você.
Minhas bochechas coram de tão lisonjeada. Peeta empurra uma manivela atrás de uma poltrona e lá está um baú com sua mala, bem escondida. Mexo em seus livros, ele tem muitas histórias diferentes. Imagino quantos dias ele deve ter ficado aqui lendo esperando para se recuperar, mentalmente eu digo. Peeta deve ter ficado muito tempo aqui, sozinho. Sua família inteira morreu e seus amigos sobreviventes se espalharam por toda Panem. Alguns de seus livros estão sujos e amassados nas beiradas. Em um canto da ultima prateleira vejo um livro de capa dura, marrom, fechado com uma fivela de couro. As folhas são finas e amareladas. Está trancada com uma chave. Mas não preciso ler para perceber que o livro é da minha família. Aqueles detalhes arredondados nas capas lembrando flores, os pássaros voando e as linhas finas formando suas margens.
No mural de fotos tem algumas imagens da campina. Imagens de seus irmãos e pais. Vejo os cachos de Delly cobrindo o pescoço de Peeta. Seus rostos estão bem próximos, a não ser pela diferença de altura eu diria que estariam com bochechas coladas. A maior parte delas são minhas, sendo ele quem as tirou ou alguém que tirou por ele. Uma em que estou sentada na campina observando o pôr do sol. Outra que estou pendurada em um galho e ele está logo abaixo. E muitas outras que eu nem sabia que estava sendo fotografada.
— Queria juntar mais delas para o nosso casamento. — sussurra em meu ouvido.
— Como você tirou todas elas?
— Pedi para tirarem ou eu mesmo as tirei quando você estava distraída.
Peeta pega o livro e o coloca dentro da mala, não acho que ele vai ter tempo para isso, mas se ele levar será melhor. Faz tempo que não observo os desenhos e tudo que escrevi. Peeta diz que vai ficar tudo bem, temos o livro e um ao outro, logo será isso sempre. Temos muito o que enfrentar, mas muito pouco com o que lutar. Algumas vezes penso se foi melhor assim, perder minha irmã, deixar a família dele morrer, quase perdê-lo. Me apaixonar por ele. Só que quando vejo o sorriso de Peeta, seus olhos e todo o amor que ele demonstra sentir, esses pensamentos vão embora.

O trem já está parado na estação há algum tempo. É idêntico ao trem que nos transportou no massacre, largo, feito com placas de metal, vidros temperados, estofados macios e cinzentos, mesas para café, jantar e qualquer coisa que queira chamar durante vinte e três horas por dia de alimentos disponíveis. Haymitch, Johanna e Effie estão nos vagões 12, 7 e C. Respectivamente, como seus distritos ou Capital. Todos devem estar lá para a reunião dos vitoriosos. Effie é nossa acompanhante, conselheira, enfim, nossa amiga e ajudante. Seria uma desfeita não tê-la conosco. O quarto que consigo é enorme, provavelmente do tamanho do quarto de Peeta. Há duas janelas e uma cortina grossa para apagar a luz refletida pelos vidros, uma cama coberta de tecidos macios e aconchegantes, tapetes de cores diferenciadas e, é claro, um banheiro com chuveiro e banheira, duas vezes maior que as que eu tinha visto. No canto da parede há um painel com botões coloridos e letrinhas minúsculas explicando suas funções.
— Acho que não tenho quarto. — Peeta abre a porta com sua mala e com cara de cachorro perdido.
— Como não? — pergunto.
Cruzo os braços abaixo do peito e dobro um joelho indicando indignação.
— Olha, no corredor temos dois ou três quartos. Só que todos eles estão com a luz vermelha acesa. — diz ele apontando as lâmpadas acima das portas.
— Ah... —'suspiro. — Tá, você pode ficar aqui. — digo revirando os olhos.
— Obrigado, Katniss. — diz ele me beijando em cada centímetro do rosto. — Eu te amo.
— Eu sei. — retruco.
Dou uns tapinhas em seu ombro e volto para minha mala. Arrumamos as roupas nos cabides do armário, o lado esquerdo é meu e o direito dele. Temos que nos acostumar, logo será assim em nossa casa.
Depois de arrumar tudo, Peeta e eu vamos para a sala de jantar onde nos deparamos com Haymitch, Effie e Johanna na mesa prontos para o almoço. Annie com certeza não virá, ela nunca vem. Nem estará presente na reunião, já que não se sente bem com isso. Lá estão os vitoriosos sentados envolta da mesa.
— Então, como foi que as crianças se viraram no mesmo quarto? — diz Haymitch.
— Sem brincadeiras Haymitch. — repreende Peeta. — Ela só está divino o quarto comigo porque não tem um para mim.
— Ah, tá sei.
Peeta lança um olhar para ele que faz com que tudo fique em silêncio novamente.
Uma empregada da Capital nos traz um prato individual de legumes e verduras temperados com molho de ervas e queijos. Devoro cada folha e cada pedaço do prato. Nunca comi um salada tão boa, não vence o cozido de cordeiro, já que é meu favorito, só chega bem perto. O próximo prato é um risoto de queijo com frango e molho branco cozido e frito com ameixas e tomates secos. Um filé de carne grossa, cogumelos ao molho escuro recheado com creme de azeitonas pretas e alguns grãos salpicados no creme de palmito é colocado à minha frente. Devoro tudo, nem preciso fazer esforço para mastigar a carne. Está tudo tão bom que chega uma hora que eu roubo alguns pedacinho do prato de Peeta. Ele desiste de tentar impedir. Ao invés de resistir, ele corta uns pedaços e leva à minha boca.
Do nada um assunto sobre famílias e filhos surgiu na mesa:
— Ah, mas eu não pretendo ter filhos, eu até gosto de crianças, mas quando elas são das outras pessoas. — diz Johanna.
— Eu não tenho mais tempo para ouvir choro de bebê. — diz Haymitch.
Peeta e eu nos entreolhamos. Sei que Peeta sempre adorou crianças e adoraria ter as suas. Não sei se estou pronta para algo desse tamanho. Odeio mudanças, as vezes penso que vou morrer antes de mudar algo. Se eu pudesse, nunca mudaria minha vida. Não que eu não ame minha vida agora, não amo ela em si, amo Peeta e como estamos agora. Mas não tenho certeza sobre os filhos. Peeta sabe bem minha posição. Não quero tê-los, não estou preparada, nem sei se vou algum dia imaginar minha casa com crianças correndo por aí. Como vou explicar a eles sobre os Jogos? Como vou responder suas perguntas? Como vou contar todas as histórias e explicar à eles o porque disso tudo? Não, não. Acho que nunca estarei pronta para ter meus filhos.


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