CORALLYN

Tsuka kashira. Tsuka. Moto. Yoko. Tsume. Monouchi. Saki. O sai era uma arma usada em alguns estilos de wushu, mas era principalmente correlacionado a uma arte marcial nativa de Oquinaua, o kobudo. Era um tanto incomum alguém saber usar aquilo, mas Corallyn sabia. E as usava perfeitamente bem.

Na verdade, era meio assustador. Corallyn segurava as armas com confiança e calma, e as manejava tão bem que não parecia ser real. Parecia mais um daqueles personagens de vídeo game de luta, se parasse para olhar bem.

Estava extremamente cedo, parecia não passar das seis horas da manhã, mas Corallyn não conseguia dormir. Ela sentia uma certa inquietação e o único modo de se distrair que havia encontrado era treinar com os sais. Todos ali estavam dormindo, Leddie, Mary, Sammy, Matthew e... Espera, onde Carlinhos estava? Ah, que se dane. No momento, a única coisa que Corallyn Black queria era treinar com suas armas, o resto que se explodisse.

Foi exatamente aquilo que ela fez, treinou, mas por apenas alguns minutos antes de alguém interrompe-la.

– Tenho pena do pobre coitado que te irritar. – Carlinhos comentou aparecendo.

– Sente pena de si mesmo? – Coral respondeu, levantando uma das sobrancelhas, mas sem parar a sequência de golpes no ar – Onde estava?

– Se importa comigo tanto assim?

– Claro, eu preciso saber o que você faz a cada cinco segundos senão morro – Era impossível não notar o sarcasmo nas palavras de Corallyn, mas enquanto falava ela sorriu um pouco. A maioria das conversar entre ela e Carlinhos eram assim, mas era fácil continuar o diálogo. Coral não sabia exatamente como agir com pessoas, ela sempre ficava em casa – sua prisão particular, como pode ser chamada – e até mesmo estudava lá, mas aquilo não parecia importar, já que quase todos ali eram assim.

– Ah, disso eu já sei. – Carlinhos se sentou, ou melhor, se jogou no chão – Eu sou tipo o sol, ninguém consegue viver sem a minha pessoa.

– Vampiros não se importam com o sol, a menos que eles sejam imortais suicidas.

– Mas os vampiros precisam de sangue para se alimentar e quem ajuda a manter as coisas com sangue vivas? O sol. Pronto, o sol ganha.

– Coisas com sangue? Sério? – Corallyn sussurrou para si mesma. Ela parou a sequência de golpes que estava fazendo e se virou para Carlinhos. – Por que mesmo eu falo com você...?

– Porque eu sou como o sol, já disse.

Corallyn não disse nada. Apenas fez mais algumas sequências de golpes com os sais no ar e no fim, guardou as armas. Ela se jogou no chão sem se importar e fechou os olhos, respirando pesadamente.

– Me passe... A mochila. – Coral disse respirando fundo no meio da frase e se sentando. Carlinhos a entregou a mochila e depois sorriu.

– Sabe, é como eu disse, as pessoas não aguentam viver sem a minha pessoa.

– Idiota. – ela comentou enquanto abria sua garrafa – e praguejava por perceber que estava quase sem água -, mas ela também riu olhando para o “sol”. Carlinhos era mesmo um idiota.