Filhos de Ta'hoe escrita por Magnosouza


Capítulo 3
Capítulo 3 - A cidade sem sol


Notas iniciais do capítulo

"Dos vales profundos de picos longínquos
de escamas e garras e dentes famintos
com chifres ossudos e asas ao vento
com olhos ferozes e ao fundo lamentos
um demônio de couraça ,com fogo ou gelo
das trevas encarna sem pena e sem medo
ao som do alaude dessa musica branda
se curve a vontade de quem te comanda
se mostre de carne, sem chifre ou asa
sem fogo sem gelo, sem escama ou garra
sem força sem raio sem trevas sem nada!"



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Pela manhã Roan havia comido bem pouco, a ansiedade parecia ter tirado toda a sua fome. Ele seguiu pela estrada tranquilamente tentando manter-se atento para todo ou qualquer perigo, o que não demorou muito para acontecer.
Roan ouviu resmungos vindos do bosque, e no meio deles um grito de uma mulher, rapidamente se escondeu atrás de uma das árvores. Não entedia nenhuma palavra sequer do que era dito, resolveu esperar as vozes se distanciarem e então as seguiu, não quis manter os olhos nas figuras curiosas por medo de ser descoberto, mas logo ouviu que elas pararam e resolveu se arriscar. Assim que deu uma espiada, ele viu alguém descendo próximo a uma colina de rochas carregando alguém nas costas. Roan esperou ali por um tempo e então foi se esgueirando ate uma das pedras. Ao circulá-la viu uma fissura pequena que descia para dentro da colina, era fundo e um pouco escuro. A curiosidade o convenceu e ele resolveu entrar.

Lá em baixo ele acendeu a esfera de luz que ganhou de Eolin e viu que era uma caverna que seguia em frente por alguns metros até chegar a um parapeito largo e rústico onde areia, pedregulhos e ossos de pequenos animais recobriam o solo. Uma escada talhada nas pedras serpenteava pela lateral do parapeito, descendo em direção as trevas. Roan respirou fundo tomando coragem e seguindo em um ritmo lento e cauteloso, pois não queria cair, não fazia a mínima ideia de que altura estava do solo firme. Após vários minutos de caminhada, ele viu uma fortaleza entre a escuridão. A cidadela subterrânea embora estivesse ainda um pouco bela, parecia esquecida há anos. As janelas sem luz, muros rachadas e torre tombadas restando apenas uma pilha de escombros. Tudo estava silencioso, e uma brisa fria soprava trazendo consigo o cheiro de poeira e um tênue aroma de podridão.

As escadas terminam em um pátio, aparentemente o topo de uma antiga muralha, que agora esta no nível do solo da caverna, os escombros se espalhavam por todos os lados. Roan caminhou com cuidado por ali, até ver um rápido lampejo de luz. Ouviu o som de uma porta se fechar, aguardou uns minutos, com medo de ter sido visto. Quando nada aconteceu continuou a seguir. Ele viu uma torre ainda intacta mais a frente e nela uma porta de madeira, até agora a única possível entrada daquele lugar. Roan tenta seguir o caminho sem fazer muito barulho, desviando de madeiras e pedras, tomando ainda mais cuidado ao se aproximar da porta, mas antes mesmo de chegar lá, ele escuta um pequeno estalo vindo de baixo. Pensando que pisou em um graveto ele olha, mas para sua surpresa era uma armadilha. Um alçapão se abre embaixo de seus pés e o derruba em um fosso, o deixando um pouco atordoado, mas logo se recupera. Ele faz um exame rápido em si mesmo, quando não vê nenhum ferimento, ele olha pra cima. Devia ter uns 3 metros, não era muita coisa. Ele olhou em volta e recuperou sua esfera de luz no mesmo momento que reparou nos ossos ali. Era um esqueleto humano, devia estar ali por anos, sentiu uma fraca dor de cabeça seguida por uma sensação de estar ouvindo sussurros dentro da sua cabeça, pedindo para que pega-se o que havia ali, ele vasculhou o que sobrou das vestes dele, encontrando umas moedas em um bolso e um pingente negro com um símbolo em vermelho. Não sabendo do que se tratava o colocou na mochila, encontrou também uma espada curta, já um pouco enferrujada, mas resolveu assim mesmo leva-la consigo.

O Fosso não era tão fundo porem era bastante escorregadio e quase sempre que encontrava um apoio ele sedia a seu peso, gastou algum tempo e muito esforço para conseguir sair . Seguiu com ainda mais cuidado em direção à porta, abrindo o suficiente para dar uma espiada. O lugar estava um pouco iluminado por dentro por algumas tochas. Guardou sua esfera de luz e manteve em mãos a espada velha que havia achado no chão. Entrou devagar e voltou a fechar a porta para não deixar suspeitas. Seguiu com cautela até uma sala pequena e circular, recoberta por granito rachado. Uma pequena estátua estava entalhada na parede à esquerda. Roan caminhou até ela, estava destruída, rachada e coberta por um pouco de poeira, mas nela havia o mesmo símbolo do pingente. Ele soprou e limpou com a mão a poeira de cima da estátua, percebendo um pequeno local com formato circular, ele novamente sentia como se sussurrassem em seu ouvido que ele deveria unir os dois, posicionou o pingente ali, ao ser encaixado o símbolo se iluminou brevemente e a estátua e parede se tornaram pó em segundos, abrindo uma entrada que levava até uma sala pequena fria e úmida. Na sala a sua frente havia uma porta de madeira escura e na parede havia várias armas penduradas, ele pensou em procurar por ali uma arma melhor, mas escutou um som vindo da porta da frente. Seguiu em direção à porta, e se encostou tentando ouvir o que havia do outro lado. Novamente ele escutou uma língua que não conhecia, um som pesado e ruidoso veio, e em seguida, uma batida na parede. Ele abriu a porta e olhou encontrando a sala vazia. Resolveu entrar e fechou a porta, que para sua surpresa, tinha desaparecido.

Estava em um salão grande, de paredes douradas com inúmeros símbolos e desenhos, quatro pilares sustentavam o teto e na parede norte uma escultura de dragão talhada em mármore branco com diversas veias avermelhados. Roan se aproximou para examinar a escultura e para sua surpresa ele ouviu uma voz rosnada

_Surgimos na noite sem ninguém nos chamar, desaparecemos no dia sem ninguém nos roubar...

Roan foi pego desprevenido e recuou alguns passos olhando em volta assustado, mas ninguém além dele estava ali, então a estátua repetiu:

_Surgimos na noite sem ninguém nos chamar, desaparecemos no dia sem ninguém nos roubar...

Roan parou para pensar, olhou em volta e viu as inúmeras pinturas por todo local, e uma lhe chamou a atenção mais do que todas.

_Estrelas.

Roan falou com receio, quase sussurrando. A estátua ficou em silencio, mas ao seu lado, uma porta escondida na parede se abriu revelando um corredor cavernoso. Ele seguiu rapidamente para lá podendo ouvir os sons lá em baixo, ele teve certeza que era lá que estava o que ele procurava. Por rápidos minutos ele desceu a caverna circular, até que chegou a um grande salão aberto. Várias tochas iluminavam o lugar, o que parecia ser os ossos de um grande dragão estava posicionado no fundo da caverna em volta de uma árvore de madeira negra, de folhas vermelhas e frutos dourados.

Roan admirou com o lugar, mas aquilo não era nada. Inúmeros lagartos humanoides estavam lá, prostrados em frente àquela árvore. Um deles estava de pé, tinha pinturas no corpo e se destacava entre eles. Sobre uma pedra retangular a sua frente estava amarrada uma jovem, de cabelos ruivos e pele clara. As criaturas cantavam um tipo de música estranha. O líder deles pegou o que parecia ser uma espada feita de ossos e parou próximo a menina, provavelmente era um ritual, um sacrifício. Roan sentiu um aperto forte no peito e no momento em que a menina abriu os olhos, eram purpuras , iguais aos dele. Alguma coisa tomou o coração dele o fazendo ter um ato corajoso ou idiota. Levantou-se, saindo de seu esconderijo e gritou:

_NÃO TOQUEM NELA!


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado a todos que leram e estão me acompanhando nessa aventura !!!



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