Eu estava completamente aflita. Mesmo eu o “odiando”, eu me preocupava bastante com ele. Mesmo depois daquela briga de ontem, eu sabia que alguma coisa podia ter acontecido ao garoto que eu mais amava neste mundo.

E só de pensar que, se a culpa fosse minha… Eu jamais me iria perdoar.

****

–Bubu… -Murmurei, sentada no chão, encostada a uma parede da Dreamyard completamente desfeita- ...Acha que ele está bem?

–Tepig Tep!! -Ela afirmou um sim, porém, a resposta era óbvia: Não.

Fazia quase duas horas que o procurava na Dreamyard. Com certeza, ele não está aqui. Depois de duas longas horas de desespero, gritando o nome do garoto, só me consegui sentar naquele local, morta de cansaço e de dor na voz, de tanto gritas.

No fundo, algo me fez arrepiar. O facto de pensar que havia alguém que estava a machucá- lo, podia ser o pior. Eu sempre suspeitava de N, sendo que, mal ele voltou, Black volta e desaparece? E ele jamais ficaria sem seus Pokémons certo? Existe coisas que não batem certo!!

Existe muitas perguntas sem repostas agora, e, o que mais me preocupa, e não saber de que lado está o N.

A minha linda Tepig decidiu dar mais uma vista de olhos pelo local, embora, como sempre, foi inútil, pois nem uma pista ou pegada do garoto.

–TEP TEPIG!! -Um berro da minha Pokémon me fez acordar. Desviei o olhar dos meus pensamentos para a Tepig, a uns 7 metros de distância. Suspirei forçadamente para retirar aquela pequena pontinha de dor no meu coração, e aquele aperto no estômago de preocupação. Porém, fora inútil, pois voltou novamente.

–O que foi? -Levantei- me lentamente, completamente perdida em pensamentos. Eu nem ligava muito para o que a Bubu estava pedindo, ou dizendo. Ela deve ter achado alguma árvore com Berry’s deliciosas, e queira algumas para comer.

–TEPIG TEP! -Continuou a berrar a Pokémon. Ao chegar lá, ela apontava para uma parede escondida, que me fez arregalar os olhos, onde caíam, automaticamente, as lágrimas. Senti o chão se afundar, e os meus pensamentos, e perguntar, foram automaticamente respondidos, e levados, pelo que os meus olhos observaram. Era algo que eu jamais acharia que iria ver, ou que, jamais queria ver.

–BLACK!–Foi tudo o que consegui berrar, ao observar aquela cena, sem acreditar nos meus próprios olhos.

****

Onde… Eu estou…?

Não consigo… Ver nada.

Está frio. Está escuro. Apenas consigo observar a luz da lua cheia que invade a noite estrelada.

E consigo sentir mais a dor dos ferimentos que N e o seu Eelektross estão a dar- me. Apenas isso. Mesmo assim, eu já não consigo lutar mais.

Acabou. Fim da história.

Como Rosa me havia mostrado antes, eu não sou nada sem os meus Pokémons. Não passo que um campeão que acha que pode ganhar a todos simplesmente porque é o mais forte de toda a Sinnoh e Unova. Sou, como podem ver, uma pessoa totalmente normal. Sem Pokémons, sou fraco e inútil.

A Team Plasma apenas me ataca quando não os tenho (Pois né, se enfrentassem o meu Costa, o meu War ou o meu Embo, as coisas seriam um pouco diferentes). Até parece que eu vou ter a força para enfrentar uma Serperior Like a Boss ou um Eelektross super foda né?

E pronto. Fui deixado ao abandono neste local, quando N se fartou de me machucar.

E, agora, nem sei o que estou a falar. Ou a pensar, sem lá. Já nem sei o que estou a dizer, nem consigo me concentrar nas palavras

Estou a perder os sentidos… Talvez venha a morrer, quem sabe.

Por isso, existe apenas uma coisa que me está a preocupar nesta história.

–N-Não… -Murmurei, fazendo N parar de andar, seguido do seu Eelektross. A dor só de falar percorria todo meu corpo- V-Vou… -Fiz de tudo para me levantar, porém, fora inútil. Apenas consegui tossir mais sangue e sentir mais dor- Desis… Tir. -Fiz uma grande pausa, tentando respirar. - N...Nem.... S-Se atreva... -Voltei a tentar por inúmeras vezes me levantar, mas o resultado foi sempre igual- A machucar... A W-White....

–Ainda não morreu? -Perguntou me olhando e falando em tom de desprezo. Ele andou lentamente até mim, chutando a minha cara com força- Você está a irritar- me seriamente Black! - Ele olhou para baixo, fintando o sangue à minha volta. Com isto, não precisei de olhar para saber que um sorriso malicioso invadiu os seus lábios- Pense assim… Quando desmaiar, ou morrer, eu estarei com a White… -Ele falou em tom malicioso, mordendo o lábio, abafando um pouco a sua voz- Estarei fazendo de tudo com ela…

–Des… -Tossi novamente, levantando, uma última vez, o meu olhar de nojo para ele- ...G-Grassado…

–Morra.–Murmurou friamente, apontando para mim.

E com isto, apenas senti um Thunderbolt nas minhas costas, que me fez perder a noção de tudo à minha volta.

****

Paredes, chão… Tudo em sangue!!

Corri para Black, deitado no chão. Coloquei a sua cabeça nas minhas pernas, observando o rosto dele. Com certeza, ver aquela cena me fez bastante mal. Eu nunca havia visto alguém tão… Mal.

O olhos estava negro, e o outro inchado; Sangue por todo o rosto, com o mesmo a sair da própria boca; o seu corpo estava cheio de machucados e sangue novamente.

Resumindo, foi só isto que eu consigo descrever, pois não tenho coragem para descrever o resto. Eu não tenho palavras para o que senti; Não existem palavras para a dor que está dentro de mim. Nem sei se existe a própria palavra que define esse sentimento.

Talvez exista: Medo.

Exatamente: Medo. Medo de o perder; Medo de ele morrer; Medo de ficar novamente sozinha; Medo de não o ter perdoado, e, por minha culpa, ele ter vindo para Dreamyard de noite; Medo de eu não poder ver mais aqueles olhos e aquele sorriso...; Medo de tudo.

Além de medo, sinto que algo irá acontecer. Algo que não quero sequer acreditar, mas, no fundo, sei que irá acontecer.

–BUBU CHAME A ENFERMEIRA POR FAVOR!! -Berrei em lágrimas, tentando acordar Black. A minha Bubu correu, em desespero, para o Centro Pokémon, deixando- me ali, a chorar, com Black completamente ferido.- P-Por favor Reshiram… Imploro Zekrom…

Tentei sentir a respiração dele, que era nula. Assustada, coloquei a mão no coração dele, sem sentir nenhuma pulsação. Gelei, sentindo um suor frio escorrer pelo meu corpo.

E tudo o que vi, foi uma ambulância a entrar por ali, levando Black o mais rápido possível para o Centro Pokémon.

...Eu tenho medo de não dizer que te amava Black.

****

Mas… Mal eu sabia…

Que, enquanto eu estava a chorar, com Black nos meus braços…

Que um “alguém”, que causara aquilo, estava atrás daquela parede cheia de sangue, rindo do sofrimento de nós dois.

–Este jogo… Mal começou. -Murmurou, saíndo do local, penetrando a densa floresta de Dreamyard, seguido do seu fiel Eelektross.

Esse alguém... Era nem mais nem menos que N!!