InFamous: A Tirania de Rowe escrita por Thuler Teaholic


Capítulo 10
Condutor de tudo


Notas iniciais do capítulo

E, para a alegria geral da nação, eu estou de volta!!!!!! AEHOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!! *plateia bate palmas, grita freneticamente e faz uma ola*
Dizem que "O bom filho à casa torna" e eu estive longe de casa por um loooooongo tempo, mais de um mês.
Sendo sincero, não tenho um bom motivo para explicar essa ausência. Com tantas coisas acontecendo, eu não conseguia me focar na fic, mas cá estamos com essa porra!
Esse capítulo era pra ser bem maior, mas uma série de epifanias me convenceu a dividi-lo no esquema A-B-A, sendo B, um capítulo avulso que vai introduzir alguns novos personagens.
Antes de começar o capítulo mesmo, vou agradecer a todos vcs, leitores queridos do meu coração e pedir desculpas por essa demora.
Então, finalmente, sem mais delongas...



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Estava frio, de noite e ventava. A neve já havia caído, mas o calor que Marie sentia era opressivo. Locomover-se como som não era cansativo ou necessitava de muito esforço, porém a sensação era desconfortável, quente e sufocante. Ela preferia andar do jeito antigo.

Suas pegadas silvavam na neve fresca, levantando pequenas nuvens de vapor que se destacavam no frio e acabando com qualquer chance da garota de ser furtiva.

Sorte dela que não queria ser furtiva, e mesmo que quisesse, não conseguiria.

Depois de alguns minutos caminhando pelas ruas frias de Omaha, avistou uma fogueira na escuridão, circundada por duas silhuetas. Marie não conseguia identificá-las por estarem contra a luz. Entrou na pequena ilha de luz.

– Ah, olha só quem chegou. – A mais distante, um homem sentado coberto com um capuz preto e vermelho, a notou. – Olá, Marie.

Conforme se aproximava, os olhos se acostumavam à claridade – Olá, Ryan. – Sentou-se na neve semiderretida em volta do fogo. – Sentiram minha falta?

Ao dizer isso, alguém a abraçou pelo lado, colando o rosto a sua bochecha corada. – Eu senti. – Era uma garota, ruiva também com os cabelos alaranjados, deveria ter por volta de quinze anos. Marie a aninhou com carinho, numa tentativa de espantar o frio que começava a sentir.

– Como foi com o pai? – A pergunta veio de Ryan, que abraçava os próprios joelhos.

Marie suspirou. Os encontros que tinha com seu pai sempre eram muito estranhos. – Estranho... – Uma nuvem de condensação brotou de seus lábios. – Sabe como ele é.

–Na verdade não. – Disse preguiçosamente. – Não faço a menor idéia.

– Que vergonha pra você, Ry. – A ruivinha repreendeu divertida. – Ele é seu pai também, sabia?

– Não importa, não gosto dele e ele não gosta de mim. – Ergueu seus olhos castanhos e opacos, sempre sonolentos, para as irmãs. – E tem mais, a única que mantém contato com ele é a Marie, - apontou para a ruiva com o queixo. - todo mundo sabe que ela é a favorita.

Marie beliscou o nariz entre os olhos e suspirou. – De novo com essa merda de “filho rejeitado”? Achei que já tinha superado isso.

– Isso não é bem uma coisa que a gente supera. – Pelo tom de indiferença em que falou, ele não dava à mínima. – É uma dor cruel a qual a gente aprende a conviver... – Ryan jogou a cabeça para trás e começou a fitar as estrelas. Marie balançou a cabeça, um sorriso discreto nos lábios, ela gostava de todos os seus irmãos, mas tinha um apreço especial por Ryan e por Reena, a ruivinha. Ryan vivia em seu próprio mundo, ou melhor, seu próprio tempo, enquanto Reena era sempre tão carinhosa e afetiva. Nenhum deles possuía qualquer semelhança um com o outro ou com o pai que tinham. Ninguém sequer poderia adivinhar que eram irmãos.

– Então, mudando de assunto. Ree, – Dirigiu-se à irmã. – onde raios está todo mundo? – Olhou para ela, vendo como seu cabelo escarlate cascateava sobre o ruivo “ginger” da irmã, como um dégradé de cores quentes.

– Numa cidade a leste. – Ela começou. – Mais cedo, Croyd mandou um SOS requisitando uma ajudinha. Pelo que eu entendi, ele e toda a nossa “comitiva” foram emboscados por uns Rebeldes. – A garota fez alguns movimentos distraídos com as mãos e as chamas dançaram, acompanhando-a como à batuta de um maestro. – Todos morreram ou foram capturados, exceto o Croyd, que ficou bem machucado.

– Que merda, o pai não vai gostar nada disso. – Marie falou, o ânimo murchando.

– Mas essa não é nem a melhor parte. –Ryan falou sem desviar os olhos do céu. – Segundo nosso irmãozinho querido, eles foram derrotados por causa de um condutor em especial. Ah, você vai adorar saber quem foi.

– Mesmo? – A curiosidade cresceu nela. – E quem foi?

– Adivinhe. – Marie suspirou e olhou para a irmã que se limitou a dar de ombros.

Derrotada, ela arriscou. - Não sei, talvez o Sims? – Seu irmão balançou a cabeça em uma negativa.

– Nananinanão. De novo.

– Juliet Foster? – Juliet Foster era uma das líderes dos Rebeldes.

– Nope.

Ela massageou as têmporas. – Os Arcanjos? – Os Arcanjos eram cinco Rebeldes psicóticos que andavam por aí matando qualquer coisa em seu caminho.

– É, não.

Reena soltou uma risadinha tímida. Marie estava perdendo a paciência. – Ramsés? – Outro líder dos rebeldes, condutor de areia.

– Negativo.

– O Mímico?

– Não.

– Royce Dragon?

– Niet

– Hank Daughtry?

– Esse cara está muito morto, maninha. – Ryan comentou.

– Shazam?

–Não.

–Odin?

–Não

–Cole Macgrath?

–Não.

– Desisto! – Disse por fim, com raiva do sorriso presunçoso no rosto do irmão.

– Sabia que você não acertaria. – Disse metido. – Não foi ninguém. Pelo menos, ninguém tão famoso.

Marie correu os dedos pelo cabelo e respirou fundo, tentando se acalmar. – Então quem foi?

– Não quem foi, e sim, o que ele fazia, esse é o X da questão. – Disse de forma enigmática.

– Tá, e o que ele fazia. – Perguntou de um jeito arrastado, imitando Ryan.

Reena respondeu. – Segundo Croyd: fazia de tudo.

Uma resposta deveras insatisfatória. – Ceeeeeerto, então o que ele conduzia.

Ryan riu. – Essa é a parte boa. – Pegou um punhado de neve e jogou na fogueira, enchendo o ar com um longo silvo. – Ele conduzia tudo.

Ok, isso era, definitivamente, interessante. – Como assim?

– Croyd disse que o cara podia fazer tudo. – Puxou a faca e começou a limpar as unhas. - Por isso que todos foram dizimados, como se luta contra alguém que faz tudo? – Ryan deixou a pergunta no ar.

Marie pensou um pouco e chegou à conclusão. – Não faço a menor idéia... – Suspirou. – Espero que Croyd e Jack estejam bem. – Dito isso, seus ouvidos captaram um farfalhar crescente à sua frente. Sua visão sônica mapeou o eco e a imagem se formou clara.

Dois homens de mesmo tamanho, um apoiava o outro. Só podiam ser Jack e Croyd. – Lá vêm eles... – Disse. – O Croyd parece ferido, mas consegue ficar de pé e o Jack está bem, aparentemente.

Realmente, menos de um minuto se passou até que os irmãos adentrassem na pequena ilha de luz bruxuleante. Jack passava o braço pelos ombros de Croyd e o ajudava a ficar de pé. Jack era negro e, notado isso, não era muito alto, não passando de 1,80; os cabelos crespos eram mal aparados e despenteados, dando-lhe um ar desleixado. Os olhos amendoados não se fixavam em nada, passeando pelo ambiente; o sorriso que exibia era amistoso e caloroso. Vestia um longo sobretudo e trazia brincos no formato de um crânio de pássaro nas orelhas.

Croyd, em contraste, era extremamente sóbrio em sua aparência, com o cabelo loiro cortado rente e as vestes padrões de um Infame, todo de preto e vermelho, de jeans e jaqueta, exibia um corte longo e estreito no rosto, além de uma coleção de queimaduras no lado esquerdo do corpo, seu cabelo curto e escuro tinha as pontas chamuscadas. Marie suspeitava que sua perna esquerda estivesse machucada na altura do tornozelo pela forma que ele mancava.

Marie acenou para os irmãos discretamente – Tudo em cima?

Jack riu, aparentemente, achando muita graça. – Sim, tudo! – Riu novamente para desgosto de Croyd. A ruiva notou que o irmão sangrava muito pela perna, Ryan também percebeu e se aproximou, tocando o ponto ferido que começou a sangrar mais lentamente.

– De nada. – Falou sarcástico. - Então, como foi? Estávamos mortos de preocupação? – Croyd se sentou com certa dificuldade e subiu a barra da calça, revelando uma ferida fina e funda que provavelmente danificou o tendão de Aquiles.

– Péssimo, perdemos todos... – Disse entre dentes, cansado. – Encontramos uns Rebeldes e queríamos pegá-los de surpresa, mas não deu certo. – Começou a amarrar um torniquete na perna para diminuir a hemorragia. – Reena, me ajude com isso, estou trêmulo. – A garota se aproximou e inspecionou a ferida silenciosamente. Depois de um tempo, ergueu o indicador e o mesmo começou a incandescer, como se em chamas e, lentamente, o passou pelo comprimento do corte, cauterizando a ferida. Croyd secou o suor da testa e continuou. – Não esperávamos que eles fossem tão bons assim, na verdade, não esperávamos encontrá-los. E ainda tinha “aquele” cara... – Sua voz sumiu.

– O condutor de tudo? – Tyler perguntou, ainda limpando as unhas.

– Sim, ele mesmo. – Disse a contragosto, coçando a ferida cauterizada. – Aquele filho da puta simplesmente criava paredes invisíveis que desviavam tudo que nós lançávamos, nuvens de gelo que congelavam tudo em segundos, tufões que estouravam vidros e viravam carros, e um olhar que fazia as coisas pegarem fogo.

Marie assoviou, impressionada.

– Mas ele estava sozinho? – Reena questionou.

– Não. – Respondeu. – Mas não faria diferença alguma, ele iria acabar conosco com a mesma facilidade.

Marie ficou um tanto curiosa. – Será que ele era tipo o pai?

Ryan suspirou. – O pai não consegue conduzir mais de uma coisa ao mesmo tempo. Seja lá o que esse cara for, não como nada que já vimos antes.

Dito isso, um silêncio pesado e pensativo caiu sobre o grupo. Todos encaravam as chamas esperando por respostas. Quem é ele? Como ele faz isso? Se a fogueira sabia, não contou.

A ruiva só percebeu que havia dormido quando acordou, notando no leste um tênue, quase imperceptível, esmaecer no nanquim da noite. Deveria ter dormido umas quatro horas, no mínimo. Alguém havia jogado um cobertor sobre ela e Reena, feito que ela agradeceu, pois o frio ainda assim a alfinetava pelas camadas de tecido.

A fogueira ainda brilhava de forma tímida, iluminando os irmãos da ruiva. Reena havia caído no sono com a cabeça em seu colo, os cabelos alaranjados espalhando-se como um halo; Croyd estava enrolado em uma manta, dormindo pesado, Ryan estava exatamente como ela lembrava, joelhos junto do corpo, capuz cobrindo o rosto; não viu sinal de Jack, que deveria estar de guarda em algum prédio.

Em sua mente, o estranho condutor estava em evidência. Várias hipóteses passavam em sua cabeça, porém nenhuma delas fazia qualquer sentido.

Como alguém poderia conduzir mais de uma coisa ao mesmo? Pelo que ela havia aprendido, condutores manipulavam energia em praticamente todas as formas. Por conta disso, ninguém conduzia duas coisas ao mesmo tempo pelo fato de forças iguais em oposição se anularem. E, a menos que Newton estivesse errado, tal coisa era impossível.

Por mais que tentasse, ela não compreendia do ponto de vista lógico, então tentou o ponto de vista prático.

“Ele criava paredes invisíveis que desviavam tudo que nós lançávamos...” Paredes invisíveis não lhe seriam um empecilho, paredes não param o som.

“Nuvens de gelo que congelavam em segundos...” Nuvens de gelo não lhe eram perigosas, não se pode congelar o som.

“Tufões que estouravam vidros e viravam carros...” Tufões não lhe seriam incômodos, o vento não pode derrubar o som.

“E um olhar capaz de incendiar as coisas.” Marie não temia olhares, não se podia incendiar o som.

Afastou Reena delicadamente de seu colo e tirou a jaqueta, dobrando-a como um travesseiro e pousando a cabeça da irmã sobre este.

Ela realmente iria atrás de um Rebelde que fizera seu irmão e mais dez soldados de palhaços? Não, ela não faria isso, podia não ser a mais ponderada da família, mas tinha o bom senso de não comprar uma briga com um inimigo tão poderoso.

Não, não, não, não! Ela não se arriscaria a troco de nada, era esperta demais para se deixar levar pela curiosidade. Ela havia se decidido, ficaria com os irmãos e esqueceria isso, tomar qualquer outra decisão seria estúpido.

Mas então, por que ela caminhava a passos firmes para o leste?

Se perguntava a mesma coisa quando um enorme vulto pousou espalhafatosamente a sua frente, os cabelos ruivos sendo soprados para trás.

– Onde a senhorita está indo? – Jack inquiriu de forma acusatória, erguendo uma sobrancelha.

– Vou dar uma volta. – Respondeu. – Bater o terreno. Ou o senhor planeja me impedir.

Ele riu. – Não, seja o que você quiser fazer, é problema seu. – O tom amistoso a encorajou, o que não era exatamente bom. “Porra, você é meu irmão! Deveria me convencer a ficar, seu inútil!” – Só tente voltar inteira, porque se não, vai ser problema meu também, Ok?

A indiferença quase a magoou, quase. – Ok.

Jack assentiu feliz com a cooperação, e saltou, deixando o vento lhe carregar para longe. A ruiva viu o irmão se afastar rapidamente em direção ao céu escuro. Girou nos calcanhares, encarando a ampla avenida que corria ao oriente.

Marie não queria fazer nada além de saciar sua curiosidade, ver com os próprios olhos esse condutor tão quimérico. Lutar não estava em seus planos, mas caso viesse a acontecer, ela conseguiria se virar ou, no mínimo, fugir.

Quando se afastou o bastante do acampamento, começou a correr como o som, pegando carona nas curtas ondas inaudíveis.


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Notas finais do capítulo

A pergunta que não quer calar, quando será lançado o próximo?
Sinceramente, não sei. Só posso pedir para vocês terem um pouco mais de paciência.
Sinto muito, novamente, por ter levado tanto tempo.
Até a próxima



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