Antes de Um Infinito escrita por Larissa Waters Mayhem


Capítulo 2
Capítulo 2 - O Começando a Jornada


Notas iniciais do capítulo

Bom pessoa, desculpem a demora, vou postar outra fic além de A Culpa é Minha e das Metáforas, que se chama Deixe a Vida Acontecer.



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– Gus acorda! – minha mãe batia na porta do meu esconderijo favorito, o meu quarto/porão. Levantei-me andei como uma lesma até a porta e abri, minha mãe estava com um sorriso enorme no rosto e estava segurando uma bandeja com sanduíches e um copo de leite. Ela adentrou no quarto e colocou a bandeja sobre a minha escrivaninha. Eu ainda estava parado na porta dormindo em pé, na noite anterior fiquei até as duas da madrugada jogando Street Fighter.

– Então Gus, animado? – perguntou minha mãe.

Me virei e olhei para o calendário, aí percebi que tinha um dia com uma caveira desenhada por cima, lembrei-me o porquê da felicidade da minha mãe, o dia dos servos voltarem a escravidão, o primeiro dia de aula depois de férias deliciosamente perfeitas. Me sentei na cama e olhei para minha mãe com cara de “Tenha piedade mulher”.

– Não vai comer? – perguntou mamãe.

– Se eu comer, vou poder faltar na escola? – pergunto.

Minha mãe faz cara de deboche e responde:

– Claro que não.

Me sento na cama novamente e digo:

– Então não comerei.

– Então vá sem comer.

– Então prefere que seu filho vá pra escola morrendo de fome?

– Gus, por favor, vá se arrumar.

Fui direto para o banho (até que era legal, ter duas pernas e não precisar se apoiar em uma barra de ferro) depois me troquei. Subi para a cozinha tomar café. Meu pai estava sentado lendo a coluna de esportes, minha mãe lendo a coluna das novelas.

– Vai tentar entrar para o time esse ano Gus? – perguntou meu pai.

Fiz uma careta, meu pai sempre me achou um jogador de basquete de mão cheia. Mas eu realmente não gostava muito, mas me acostumei com esse esporte ligeiramente inútil para os avanços da humanidade. O que ganhamos jogando aquilo na escola? Garotas, nota e daí? Não preciso disso, sério. Faz um tempo que desistir dessas garotas fúteis... Mas voltando ao meu pai, respondi.

– Sim, claro que vou.

Meu pai sorriu, minha mãe olhou no relógio e disse:

– Rápido Gus! Vai perder o ônibus!

– Ai é verdade! – levantei-me e dei um beijo em minha mãe depois um tapa nas costas do meu pai e saí praticamente correndo (correr, isso era maneiro).

O ônibus já estava andando, só tinhas duas opções, correr atrás dele ou andar seis quilômetros até a escola.

Quanto mais eu corria mais o maldito do motorista corria mais ainda. Finalmente ele parou no sinal vermelho em um farol, bati na porta o mesmo abriu e disse:

– Não vou parar para garotos vagabundos que não acordam na hora exata!

Ignorei e fui para frente do ônibus e gritei:

– Bom, eu posso ver que de longe que o senhor não teve uma boa noite, faz seis anos que o senhor não para o ônibus pra mim e eu digo uma coisa, ou deixe-me entrar ou passe por cima de mim!

Todos os alunos colocaram suas cabeças para fora da janela e começaram a gritar:

– Passa por cima! Passa por cima!

O motorista fez uma careta e por fim abriu a porta. Assim que entrei ele disse:

– Melhor colocar o celular pra despertar Waters.

– Pode deixar meu chapa.

Os lugares estavam quase cheios, mas meu amigo de infância Isaac ( vocês já conhecem ele, claro. Olho de vidro e tal.) guardou um lugar pra mim. Sentei-me ao seu lado e disse:

– Eu te vi com a cabeça pra fora da janela gritando para passarem em cima de mim.

– Eu entrei na vibe Gus.

Dei de ombros.

– Gus, viu aquela menina ali? – disse Isaac.

– Sim, a Marrie, o que tem? – perguntei.

– O que tem? Ela tem duas coisas gigantescas na frente.

– Espinhas? – falei.

– Não idiota! Os peitos!

Fiquei quieto.

– Gus! Ei cara, nem eu que tenho um olho só deixo essas coisas passarem despercebido, porque não larga a mão de ser um porre e vai ficar com as garotas. – falou.

– Eu sei o que você tem Isaac. – disse levantando o indicador pra ele.

– O que? – perguntou.

– A puberdade meu caro, seus bigodes ralos crescendo, suas espinhas horrendas, sua intensa mania por peitos. – falei.

Isaac fechou a cara. Chegamos à escola, todos desceram do ônibus. Menos eu e Isaac e a Marrie. Isaac soava frio.

– O que vai fazer?- perguntei.

– Chegar nela. – respondeu.

Isaac tinha 15 anos, um olho, seis espinhas e três fios de bigode, e um beijo bem dado em uma garota chamada Suzi Campbell.

– Hey, Marrie! – falei. Ela olhou para trás e disse:

– Eu?

– Sim você mesma. Espere-nos perto aos armários no recreio.

Ela concordou. Isaac cerrou os dentes para mim.

– O que você fez seu cretino!

– Te ajudei imbecil. – falei.

Descemos do ônibus, Isaac ainda me olhava com desprezo.

– Você sempre tem o dom de estragar tudo Gus.

– Isaac meu chapa, sim eu tenho o dom de estragar tudo e mais, fazer a sua vida, somente a sua um grande inferno! – falei.

Entramos da escola North Central, conhecida por abrigar centenas de garotos gordos, garotas loiras, depressivos, garotos populares os devidamente normais, eu e Isaac. Entramos na escola, e eu tinha notado que havia deixado minha mochila em casa e horário estava lá. Decidi acompanhar Isaac em sua primeira aula, já que não tinha o meu horário. O sinal tocou, e todos deviam entrar em suas respectivas salas. Eu e Isaac entramos da sala vinte e dois e era aula de Filosofia, as carteiras estavam em círculos e a maioria dos alunos já haviam se sentado, tinha apenas dois lugares vagos e foi o que eu e Isaac nos sentamos.

Uma professora estranha com feições de rato entrou e fechou a porta, não carregava nenhum tipo de material, estava com as mãos vazias, a mesma entrou no circulo e ficou parada no meio.

– Meu nome é Judith Van Field, professora de filosofia,35 anos, livros românticos e filmes clichês, anarquista até um certo ponto, e Blues. – apresentou-se a professora. Logo depois se virou e apontou para Isaac. – Você garoto de expressões curiosas, apresente-se para a sala.

– Isso é brincadeira né? – falou Isaac. Judith se inclinou e ficou de cara com Isaac, com seu nariz encostado ao dele e disse:

– Eu pareço estar brincando meu jovem? – Depois se afastou Isaac levantou-se e disse:

– Isaac, 15 anos, sustentado pela mãe, um olho só, câncer ocular, seios, vide-game, nada de filosofia. – logo depois se sentou novamente. A professora fez uma cara que eu não consigo descrever, acho que Isaac arranjou uma inimiga, em seguida a professora mandou a garota que estava ao lado de Isaac se apresentar:

– Elizabeth, 15 anos, normal, livros, filmes e ficção científica.

Depois de dez alunos chegou a minha vez. Levantei-me e fui até o centro da roda.

– Augustus, 15 anos, um pensador extremamente atraente e sedutor, preza a família e amigos e o melhor de tudo um mentiroso de mão cheia. – sorri para professora, que de longe não tinha ido com a minha cara também, todos da roda começaram a dar risada e vi que a professora não estava gostando, dei meia volta e fui para a minha cadeira.

A professora começou a contar a história da filosofia, o quanto ela interfere na nossa vida e uma ladainha sem fim. Isaac não prestava atenção no que a professora dizia, só olhava para os seios da Elizabeth, ele estava em transe, a garota percebeu e ficou meio constrangida. Dei uma cotovelada nele.

– Aí! – falou Isaac.

– Algum problema Isaac? – perguntou a professora.

– Não, nenhum. – respondeu Isaac, em seguida se virou para mim e disse:

– Para de estragar minha vibe!

– Estou te poupando de ser linchado lá fora. – sussurrei.

– Porque linchado? – perguntou.

– Você não para de olhar para os seios dela! - falei.

Ele deu de ombros, o sinal do término da aula tocou.

– Vamos para qual aula agora? – perguntei.

– Trigonometria. – respondeu Isaac.

Levantei-me e saímos da sala, a escola estava repleta, os corredores estavam apertados demais.

– Sabe qual é o melhor da história – comentou Isaac – eu encosto-me às garotas e tecnicamente elas não podem reclamar.

Olhei para Isaac enojado.

– Dá para acalmar esses hormônios aí?

– Cara, tenho quinze anos, estou doido para ficar com alguma menina.

Dei de ombros, porque fala sério, Isaac sempre foi assim bem tarado pra idade dele, eu não sou assim, sério (mais ou menos). Eu sei me conter, não fico como um leão à procura de uma caça. Depois de andar um pouco entramos na sala de Trigonometria, o professor usava óculos e uma blusa escrita “Eu não sou um Jedi”.

Sentamos nas carteiras próximas a lousa.


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