Eu estava no playground sentado na caixa de areia e me perguntando quando vou poder voltar para casa e jogar no meu Dynavision novinho? Até que vi uns garotos remelentos de dez anos de idade batendo em um garoto mongo com a mesma idade que eu tinha, sete. Eram três garotos, um ruivo gordinho cheio de sardas, o outro era loiro e magrelo, e o outro tinha cabelos castanhos e parecia um rato. Eles batiam no garoto por que ele era estranho sabe? Meio feio para os padrões de crianças de sete anos de idade que moravam em Indiana, usava óculos fundo de garrafa e tinha cabelos loiros caídos no rosto. Eu sempre achei covardia bater em uma pessoa com óculos, o mais ético é pedir educadamente Ei pode tirar o óculos, por favor, só pra te dar umas porradas.

Levantei-me da caixa de areia e fui atrás dos garotos, eles batiam no garotinho esquisito atrás do escorregador. Cheguei muito simpático e muito inteligente para a minha idade e disse:

– Vocês, estão cometendo uma injustiça sabiam?

Os gordão ruivo e sardento começou a rir de mim, os outros como pau mandado começaram a rir também.

– Olha quem é, o esquisitinho da primeira série. – disse o ruivo.

– Aquele que fez xixi no meio da sala? – perguntou o magrelo.

– Ele mesmo! – respondeu o ruivo.

– Ei vocês, eu estava apertado e além do mais não consegui segurar. – disse.

– Maycon, vamos dar uma surra nesses dois e cair fora! – disse o cara de rato.

Então o gordão veio e me deu um soco, nem me lembro onde foi, só sei que tinha desmaiado. Acordei com a professora Sarah e todas as crianças da lada ao meu redor.

– Será que ele morreu? – disse uma garotinha.

– Não, só está inconsciente. – respondeu a professora.

Abri os olhos e me levantei.

– O que aconteceu? – perguntei.

– Alguns garotos da quarta série te nocautearam. – disse o garoto feinho que apanhou – Valeu mesmo por tentar me ajudar, depois que te bateram me jogaram na caçamba de lixo. – disse o garoto ironicamente.

– Tudo bem pessoal, o sinal já vai bater e todos você vão guardar seus materiais. – disse a professora a todos os alunos, depois de voltou para mim com o indicador levantado.

– Augustus Waters, isso foi muito errado mocinho!

– Mas eles estavam batendo naquele feioso ali. – apontei pro feioso que tentei ajudar.

– Acho que se você não me tivesse “salvado” eu teria apanhado menos! – disse o garoto.

– Isaac, tem que aprender a ser grato! – exclamou a professora.

– Tudo bem – disse Isaac.

– Agora um aperto de mão – disse a professora.

Então apertamos as mãos, Isaac me olhava com aqueles olhos gigantescos o que me fez dar uma risadinha de leve e depois fomos embora.