– Katniss! Vem cá – Falo baixinho. Ela as aproxima e eu entrego o saco na mão dela.

– Peeta... não precisa...

– Por favor. Pegue. Divida com a sua família.

– Não. Peeta... eu não p...- Eu a interrompo.

– Leva. Por favor. Eu insisto.

– Ok. Obrigada – Um sorriso se forma em seu rosto.

Eu não sei porque mais eu a abraço. Ela não hesita e abraça de volta. Mas depois vai embora e eu volto pra dentro pensando nela.

Minha mãe realmente não viu eu dando o bolo para ela e provavelmente não percebeu que sumiu. O que era ótimo. Maravilhoso na verdade. Eu sabia que eu apanharia se ela visse. Da ultima vez eu tive que fingir queimar os pães para poder da-los pra ela. O bom é que agora eu fiquei mais esperto. Nossa família estava indo melhor do que o normal economicamente, o que resulta neles não percebendo quando três pedaços de bolo de chocolate somem.

Eu vou pra casa depois de mais algumas horas e durmo tranquilamente, tentando me dar o luxo de simplesmente não pensar em nada de tanto cansaço.

Acordo de manhã e tenho um plano. Aos sábados – como hoje – e aos domingos, a minha família não trabalhava. Eu normalmente saia pra pintar vistas nos sábados, mas é claro que não contava isso pra minha família. Falava que tinha uma pergunta para alguém da escola ou que queria correr um pouco. É claro que não importava a desculpa nada a ver que eu dava, já que obviamente ninguém nessa casa me escuta. Tomei banho e me troquei, mas hoje eu não ia pintar. Eu tenho um plano diferente. Por tanto não peguei meus cadernos nem meus gizes. Desci a escada e vi minha mãe na cozinha, meu pai na poltrona e alguns dos meus irmãos esparramados na sala. Eu dormia no mesmo quarto que o meu irmão que era meses mais novo que eu, Claud. Ele estava no sofá também. Simplesmente gritei para minha mãe assim:

– Eu vou lá tá? – Falei simplesmente sem especificar nada. Só para provar meu ponto.

– Tá tá – Ela diz sem ao menos olhar pra mim por um segundo se quer. Pronto. Provei meu ponto. Ninguém liga pra mim. Nem mesmo meu pai que estava sentado na poltrona.

No fundo, nem tão fundo assim, isso me machucava, eu não tinha ninguém para se preocupar comigo. Aprendi a me virar com o tempo, mas faz falta. Minha mãe só ligou pra mim até meus 4 anos. Eu acho que eu parei de ser fofo e comecei a ser outra boca para o meu pai alimentar.

Caminho para a cerca que separa a floresta do distrito 12. Eu nunca havia atravessado ela, porém eu já havia ido ali perto para pintar e observar a Katniss. Ela pulava da cerca e ia caçar com o Gale. E eu sabia que ela vinha hoje. Por esse motivo, vim aqui. Eu não acho que alguém da escola, além da Madge que a Katniss costuma vender morangos e o Gale, sabem disso.

Chego lá e espero ela, apoiado com as costas em uma parede de uma construção abandonada que ficava alguns metros da cerca (Pro lado de dentro do distrito, obvio) Vejo ela se aproximando. Ela não repara em mim, só se abaixa para atravessar a cerca. Mas eu a paro.

– Katniss – Digo assustando ela e fazendo ela parar de se mover. Ela vira pra trás e me encara, com a testa franzida. Linda.

– P... Peeta, o que você tá fazendo aqui? – Ela pergunta e se senta no chão, como se ela não tivesse se abaixado pra atravessar a cerca e sim para se sentar.

– Só estou andando por aí – minto – O que você está fazendo aqui?

– Eu... ahn... também.

Não pude evitar de rir – Claro, claro, obvio... eu já tinha te visto fazer isso antes sabia?