DRAMIONE || Compreendendo o inimigo escrita por Corujinha


Capítulo 8
Ligação e dívida


Notas iniciais do capítulo

I'm back, guys!
Genteeeeeee, a fic recebeu sua primeira recomendação!! Yeah, isso mesmo! Foi a divíssima Eileen Ross que recomendou e eu quero agradecer muito a você, linda. Eu amei muuuuito mesmo o que você escreveu, sério, nem dá pra dizer o quanto. Eu fiquei toda boba aqui *----* kkkkkkk Capítulo todo seu, diva! Beijo *3*

Gente, obrigado pelos comentários no capítulo passado e boa leitura, pessoas lindas do meu coração. :3

Ps:
Glossário:
Tr = tradução



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POV HERMIONE

Eu fiquei maluca? Porque essa é a única explicação para ter ouvido de Draco Malfoy que a origem do meu sangue não lhe interessa. Depois de todas as vezes que ele me chamou de Sangue-Ruim (contado hoje), das vezes que disse que os nascidos trouxas são escória...

Eu não vou dizer que não acredito dessa vez, embora meu subconsciente ainda insista em duvidar um pouco, mas eu vi verdade nos olhos dele. E isso é bem novo pra mim.

Comecei a andar mais rápido e de braços cruzados até as escadas. Quando cheguei ao início delas vi que Luna vinha descendo. Assim que ela me notou começou a andar ainda mais rápido e percebi que ela queria falar comigo então nem tentei subir, afinal íamos acabar nos desencontrando com essas escadas.

– Mione... A Gina me contou... Tá tudo bem? - ela perguntou me analisando.

– Ah Luna, o que eu fiz foi horrível. - lamentei-me.

– Vem. Não está muito tarde ainda, vamos conversar. - Luna disse e segurou em seu braço guiando-a até a biblioteca.

– Deve estar quase fechando, Luna. Madame Pince vai brigar conosco. - eu disse.

– A biblioteca está fechando mais tarde, Mione, não sabia disso? - Luna me perguntou parecendo surpresa por eu realmente não saber.

– Não...

– Parece que os alunos estavam repletos de matéria e precisavam da biblioteca mais agora do que nunca. Minerva e Madame Pince concordaram em mantê-la a disposição dos alunos por duas horas a mais que o habitual. Minerva está mais satisfeita que nunca com o interesse dos alunos, mas Madame Pince e Filch, que agora tem que aturar os alunos até mais tarde estão bem chateados. - ela disse e nós rimos imaginando a cara que Filch fez ao saber da novidade.

Quando entramos na biblioteca ela estava repleta de alunos da Sonserina e da Corvinal. Eu parecia ter entrado lançando um Bombarda na porta da biblioteca porque todos os sonserinos do lugar olharam para mim. Eu senti que meu rosto ficou extremamente quente. Eles nem se davam ao trabalho de disfarçar, me encaravam com clara repreensão nos olhos.

– Luna - chamei-a – Eu acho melhor irmos para outro lugar.

– Mione, só não olha para eles. Vem vamos até aquela estante. - ela disse apontando mais ao fundo da biblioteca - Não tem ninguém e eu quero procurar um livro lá. - ela falou e pegou minha mão novamente me puxando até o corredor da tal estante.

Entramos e ela correu os olhos pela segunda prateleira da estante passando a mão sobre a lombada dos livros parecendo procurar algum título específico.

– Você estava na ala hospitalar? - ela perguntou.

– Sim. - respondi indo até a prateleira também e olhando os títulos. Não procurava nada em especial.

– Estava preocupada? - ela voltou a perguntar.

– Bem... Acho que sim... Afinal foi culpa minha. - eu disse meio confusa.

– Hum... - ela fez tirando um dos livros da estante e abrindo-o, só pra depois de cinco segundos fechá-lo novamente e guardá-lo na prateleira. Não devia ser aquele que ela estava procurando - Como está?

– Madame Promfrey cuidou dele, mas está com um corte profundo no braço que parece que ainda não está curado...

– Não Mione, como você está? - ela corrigiu sua pergunta.

– Eu? - perguntei estranhando - Não tem nada de errado comigo, Luna.

– Gina falou que você estava muito preocupada...

– Eu estava. Eu estava me sentindo culpada por isso fui até a ala hospitalar. - respondi.

– Só por isso?

– Por que mais seria? - perguntei sem olhá-la.

– Não sei... Pensei que talvez pudessem ter... Sei lá sabe... Se aproximado, depois que vi vocês conversando. - ela disse voltando a olhar os livros.

– Mas é claro que não, Luna! - eu respondi nervosa - Aquilo foi só uma coincidência.

– Ah... Desculpe. - ela pediu.

– Não tem porque, Luna. Foi só um engano. - eu disse.

– É. Talvez. - ela disse eu teria respondido algo, mas enquanto olhava os títulos dos livros achei um exemplar do nosso livro de adivinhação e no mesmo momento me lembrei do que Parvati havia me dito mais cedo. "Depois dá uma olhada no capítulo 18 do seu livro de Adivinhações. Você vai entender o que a professora quis dizer com 'sinais'."

Parv adorava Adivinhação já que leu até o capítulo 18. Mas tudo bem, se ela me disse que lesse deve ser porque tem algo de interessante lá (mesmo eu mãos acreditando muito que alguma parte de Adivinhações possa ser interessante).

Eu tirei o livro da prateleira e o abri no capitulo 18. Tal capítulo chamava-se "Os segredos por trás da cartas". Havia vários subtítulos em negrito e um deles me chamou mais atenção. "Coincidências?".

Este subtítulo também tinha subdivisões e a primeira era "Cartas coincidentes".

Ah Merlin, aquela mulher não podia estar falando sério.

Bem, o texto começava assim:

Repare que ninguém é igual a ninguém, então o futuro que duas pessoas não pode ser exatamente igual.

As cartas nunca mostram o mesmo futuro para duas pessoas distintas.

Duas pessoas tirarem as mesmas cartas já é algo extremamente raro, mas raro não significa impossível.

Quando algo assim acontece, não significa que tais pessoas chegarão ao mesmo futuro, pois elas não são iguais, mas é muito claro que elas têm alguma relação.

Minha respiração ficou difícil agora. O oxigênio parecia não chegar aos meus pulmões. Isso significava que eu estava acreditando naquilo? Continuei a leitura:

Geralmente isso só acontece com pessoas com algum tipo de vínculo afetivo, pessoas que permanecerão juntas de algum jeito ou de outro, pois o futuro delas está enlaçado de alguma maneira. Isso fica claro quando tal futuro é tão parecido (mas nunca igual, como já mencionado) com o do outro. Destinos tão coincidentes geralmente andam de mãos dadas.

– Mione! Mione, você tá bem? Você ficou branca de repente. - ouvi Luna me chamar.

Tirei os olhos do livro e o fechei rapidamente colocando-o de novo em seu lugar.

– E-estou. - gaguejei - Luna eu vou pro meu quarto. Desculpa Lu, até depois. - eu disse e saí andando do corredor das estantes deixando uma Luna confusa para trás. Quando saí da biblioteca ainda senti o olha desagradável que os alunos sonserinos direcionavam a mim, mas não dei atenção dessa vez.

Subi o mais depressa que as escadas me permitiram e entrei no Salão Comunal afoita. Ele estava vazio excerto por Harry e Rony que estavam jogados em duas poltronas. Entre elas haviam um pequeno puff amarelo que sustentava um tabuleiro de xadrez de bruxo. Eles adoram mesmo esse jogo. Ao cruzar meu olhar com o de Rony lembrei-me do que havia lhe prometido esta manhã. Que conversaríamos quando voltássemos para o salão. Eu me senti culpada, mas não podia ser agora. Eu precisava fazer algo.

– Meninos - eu chamei e Harry também olhou para mim - Vocês viram a Parv?

– Boa noite, Hermione. - disse Harry e Rony deu alguns risinhos.

Eu revirei os olhos para mim mesma. Estava tão confusa e ansiosa que havia perdido as boas maneiras?

– Desculpe. Boa noite, meninos. Viram a Parv?

– Ela passou ainda pouco. Acho que ainda está no dormitório, você a viu descer? - Harry perguntou a Rony.

– Não. - o ruivo respondeu.

– Obrigada. - agradeci e saí correndo em direção as escadas que me levariam até o dormitório.

– Aconteceu alguma coisa, Mione?! - ouvi Rony gritar atrás de mim.

– Não! - gritei de volta e subi até chegar ao dormitório.

Chegando lá Parvati estava sozinha sentada à beira de sua cama com um livro no colo. Eu interrompi sua leitura com minha chegada abrupta, mas ela não pareceu se chatear. Cumprimentou-me e voltou a prestar atenção no livro.

Me aproximei dela e vi que o livro que ela lia era o de Adivinhação. Senti algo no meu estômago se revirar de nervosismo. Sentei-me ao seu lado.

– Você gosta mesmo dessa matéria, não é? - comecei.

– Sim. Eu adoro esse mistério que ronda a clarividência. - ela disse com aquele tom animado que as pessoas têm quando começam a falar de algo que gostam.

– Parv, eu... - disse com certa dificuldade - li aquele capítulo que me falou...

Sua expressão mudou para uma super interessada e ela fechou o livro pondo-o em cima da cama e virando-se para mim.

– E aí, o que achou? - ela perguntou olhando nos meus olhos.

– E-eu não sei... Não faz qualquer sentido. - eu disse.

– Mione, você leu. Duas pessoas não tiram as mesmas cartas se não tiverem futuros relacionados.

– Parvati, estamos falando de mim e Draco Malfoy. O que pode estar relacionado no nosso futuro? Quer dizer, supondo-se que possa mesmo ser possível ver o futuro naquela aula.

– Mione! - ela me disse quase como numa repreensão.

– Desculpa, Parv. Eu agradeço sua gentileza de ter tentado achar uma explicação pra isso, mas... É loucura demais pra eu acreditar. - eu disse desviando meu olhar do dela.

Ela respirou fundo e disse:

– Tudo bem, eu não posso forçá-la a acreditar. Mas talvez um dia, não é? - ela disse pondo-se de pé e recolhendo seu livro.

– Quem sabe... - eu disse mesmo não acreditando muito.

– Tenho que falar com a Padma. Até daqui a pouco. - ela despediu-se de mim saindo do quarto e eu fiquei sozinha lá.

Levantei-me e fui até a minha cama e me joguei nela. Fechei os olhos e tentei esquecer as coisas, mas não era possível. Se eu parasse os pensamentos me inundavam. E tantas coisas passavam pela minha cabeça agora.

O feitiço que eu lancei contra Malfoy, e a culpa que eu senti. Eu não gosto de pensar nisso, mas acho que eu senti algo diferente da culpa. Foi quase um desespero de pensar que eu poderia... Ter feito algo horrível com ele.

Depois minha ida até a ala hospitalar. Eu não consegui controlar mais esse sentimento estranho quando ele disse aquele "Veio terminar o serviço?", comecei a chorar. Tentei não deixá-lo perceber, mas obviamente falhei. Eu me senti ainda pior do que estava.

Em seguida a trégua. A trégua que eu pedi sem qualquer esperança de que ele aceitasse, claro. Mas ele fez exatamente o contrário, me surpreendendo totalmente como muito tem feito desde o início desse ano...

E agora essa das cartas. Olha, acreditar em clarividência é um pouco demais pra mim. Todo mundo sabe que eu nunca pus qualquer fé nas aulas da professora Trelawney, mas eu tenho feito todas as loucuras da aula dela, não é? Procurado futuro em cartas, interpretado sinais que não existem. Mas, por favor, acreditar que eu meu futuro está "enlaçado" ao de Malfoy é a gota d'água.

Nesse momento eu ouvi o barulho mais deslocado possível para aquele lugar. Uma música trouxa de um cantor pop que eu gostava quando era criança. Como era o nome dele mesmo? Decidi deixar para lembra-me disso depois porque na verdade a música estava muito próxima. O que era isso?

Levantei-me e tentei ir em direção ao som, mas quando me afastei de minha cama o som também se afastou, o que significava que eu estava próximo dele. Voltei para onde estava e olhei para o lado. Parecia vir... Da minha mesa de cabeceira?

Abri a gaveta e vi meu celular piscando e fazendo aquele barulho estridente. Eu nem me lembrava de tê-lo colocado ali, mas provavelmente joguei-o lá depois daquela tentativa falha de fazer uma ligação perto do lago.

Na tela aparecia novamente o nome "Elizabeth Jones". Eu o peguei depressa e atendi.

– Alô? - atendi receosa.

– Hermione? Ah querida, finalmente.

– Tia Elizabeth? - eu perguntei mesmo já tendo reconhecido a voz. Não fazia a menor ideia de como ela conseguira me ligar.

– Meu amor, finalmente conseguimos nos falar. - ela respondeu.

– Mas... Como a senhora conseguiu me ligar? - perguntei.

– Ah, essa história é longa, mon cher, vamos pulá-la. - ela falou e eu estranhei esse "mon cher" - Cat, quando tempo tenho para falar? - ela perguntou à alguém que não era eu e eu ouvi um "Je ne sais pas (Tr: Eu não sei), seja rápida!" que ela recebeu como resposta. Afinal onde ela estava? - Hermione, eu tentei me comunicar com você assim que tive a notícia de seus pais, mas não conseguia. Está no colégio?

Tive aquela sensação ruim que sempre tenho quando alguém cita a morte dos meus pais, mas tentei ignorar isso.

– Estou...

Mon Cher, eu quero conversar com você. Quando tem permissão para sair? - ela perguntou.

– Bom, é bem raro. Só nas visitas ao povoado aqui perto, Hogsmeade, e no natal. - respondi.

– Ah não, tem que ser antes do natal. Quando é a visita a esse povoado?

– Não foi dito ainda, mas deve ser mês que vem ou o mais tardar no outro.

– Me faça um favor, sim? - ela pediu.

– Sim, tia Elizabeth, o que é? - perguntei.

– Assim que souber quando pode sair, pode ser o dia da visita a esse tal povoado, me mande uma coruja dizendo um local em Londres que podemos nos encontrar.

– U-uma coruja? - gaguejei. Tia Elizabeth era trouxa, como ela estava me pedindo para que eu lhe mandasse uma coruja? Será que ela sabia que eu era bruxa? Mas se sim, como ela poderia ter descoberto?

– Sim. Por favor, quero muito vê-la. Quero conversar com você. Faça isso, mon cher.

– Sim, tia. - eu respondi - Mas, tia Elizabeth... - comecei e ouvi aqueles três barulhinhos que significam que a ligação caiu.

Encarei o celular por alguns segundos de boca aberta.

"Me mande uma coruja", "Mon cher", "Je ne sais pas"... O que aconteceu eu com minha tia? Se não fosse a voz eu com certeza diria que não era ela. E esse palavreado? Onde ela estava? Na França?

Minha cabeça que já estava a mil, só ficou ainda mais lotada de perguntas.


POV DRACO

Eu não morri com aquele feitiço, mas eu com certeza morreria de tédio nessa enfermaria.

Madame Pomfrey entrou na ala hospitalar logo depois que ela saiu, olhando os lados provavelmente checando se a Granger havia cumprido sua ordem. Ela pôs uns panos em cima da cama ao lado da minha e veio falar comigo:

– Como se sente?

– Ótimo, posso ir? – perguntei já tentando me por de pé.

– Não, não. Vai ficar até amanhã. E eu vou fazer um curativo no seu braço.

– O que!? Eu vou que passar a noite aqui?

– Sim. - ela respondeu paciente.

– E porque você não faz um feitiço do meu braço? - perguntei irritado.

– Não posso. - ela respondeu simplesmente.

– Por que não?

– Porque não, Senhor Malfoy! E fique quieto. - ela disse e me deixou. Depois de um tempo voltou com todas aquelas coisas de curativos. Eu não entendo, porque ela simplesmente não pode fazer um feitiço?

Ela passou um tempo enrolando meu pulso naquelas ataduras e depois disse que eu dormisse e foi embora novamente.

Okay, falar é fácil. Mas eu não tinha qualquer sono, nem podia fazer qualquer coisa porque não estava no meu dormitório.

Levei minha mão ao rosto tampando os olhos. Da próxima vez eu acabaria com aquela garota e...

Espera. Merda! Eu disse trégua, não é? Legal Draco, sem vingança, sem diversão. Bom, não totalmente sem diversão, não é? Eu vou pensar em algo...

Ainda não entendi o que ela veio fazer aqui. Até porque a Granger é tão orgulhosa que eu fiquei surpreso de vê-la chorando na minha frente. E olha, ela não é de me surpreender, ela é totalmente típica. Absolutamente previsível.

Sempre faz o que é correto e quando não, fica se martirizando como uma condenada. Parece que vai ter um troço sempre que não sabe o que fazer. Fica como se alguém tivesse desligado-a quando tenta entender algo e sorri bobamente quando consegue o que quer como quando concordamos com uma trégua.

Aí você pensa: Uma pessoa previsível assim não pode surpreender ninguém, certo? Pois é, errado.


(----)


POV HERMIONE

Eu acordei com a sensação de que algo havia caído em cima do meu rosto. É, exatamente. Então a minha primeira reação foi levar a mão a face. Abri os olhos e vi que meus dedos encontraram um pedaço de pergaminho enrolado e amarrado com um laço.

Ouvi um barulho vindo da janela. Olhei-a e vi uma coruja (que obviamente viera me entregar aquela mensagem) sair voando apressada.

Sentei-me na cama e quando minha visão entrou em foco eu li o recado escrito no pergaminho.

" Srta. Hermione Jean Granger, peço que compareça a minha sala o rápido possível.

Atenciosamente,

Minerva McGonagall."

Ps: Senha: Poção da Sorte Líquida

Caí de novo na cama levando as mãos ao rosto. Ah, claro que sabia o porquê de ter que ir ver McGonagall e sinceramente não estava chateada em ter que cumprir detenção ou qualquer outra punição que ela me desse, era justo. O problema é que Minerva é totalmente imparcial e tenho certeza que ela não veria qualquer problema em tirar uma quantidade descomunal de pontos da Grifinória. Eu estava ferrada.


(----)


– Já vai descer? - perguntou Gina que penteava o cabelo sentada em sua cama. Eu já havia me arrumado e estava indo em direção a saída do dormitório.

– Sim. - respondi à minha amiga - Minerva me mandou um bilhete para que eu fosse a sala dela.

– Por causa de ontem?

– Ela não especificou, mas não há outro motivo. A professora disse que eu seria punida, não é? - perguntei desanimada.

Gina veio até mim e me deu um abraço.

– Vai dar tudo certo. - ela me disse e me soltou. Eu só fiz um sinal afirmativo com a cabeça. Não, não acreditava nem um pouquinho que as coisas podiam dar certo.

Desci até o salão comunal e ele estava vazio. Passei direto e saí pela passagem da Mulher Gorda. De um tempos para cá a mulher do retrato parece me ignorar, acho que ela está chateada comigo. Ar... Quem se importa? Já tenho problemas suficientes.

Desci as escadas e andei pelos corredores devagar. Estava nervosa, mas mesmo assim eu procrastinava o momento. Andando mais lentamente ainda, passei perto da ala hospitalar.

Um pensamento rapidamente me ocorreu (e internamente eu sabia que serveria para adiar o encontro com Minerva). Será que Madame Pomfrey brigaria comigo se eu pedisse de novo para entrar. Não que eu quisesse vê-lo. Só me certificar de que estava mesmo... Sabe... Inteiro. Era o mínimo que eu podia fazer, certo?

Parei em frente a porta da enfermaria, numa dúvida cruel. Entrar ou não?

Algumas vezes eu levei minha mão até a maçaneta e recolhi-a novamente pensando "Melhor não", mas por fim acabei decidindo que não podia fazer tão mal assim e direcionei-me para a porta.

Só que antes de eu empurrar a porta, alguém a puxou abrindo-a antes de mim e me fazendo dar dois passos para trás.

Sim, e quem mais poderia ser? Malfoy, o próprio.

Quando seus olhos encontraram os meus, eu pude até "ver" o raciocínio se formando em sua mente. Ele rapidamente entendeu o que eu estava fazendo ali e abriu aquele sorriso sarcástico. Eu senti meu rosto ficar levemente quente e me senti extremamente idiota.

– Ia fazer uma outra visitinha? - ele perguntou irônico.

– Ãr... C-claro que não - eu disse sem qualquer tipo de confiança na voz então tentei parecer mais firme - Eu não ia na enfermaria. - menti descaradamente.

– Arã. - ele respondeu mostrando claramente que não acreditava em mim.

Revirei os olhos e depois olhei-o rapidamente. Ele parecia muito bem, excerto por alguns curativos no pulso direito.

– Como está? - perguntei a contragosto.

– Muito bem. Só a Madame Promfrey que não fez o favor de fazer um feitiço no meu braço e colocou essas coisas. Ela disse que não podia fazê-lo. - ele disse a última frase com certo deboche e eu ri meio amargamente. Sério, porque ele não tenta entender as coisas antes de achar que é o dono da razão?

– Não é que ela não possa, ela não sabe. - informei-o.

– O que... - ele começou, mas segurei seu braço com minha mão e o aproximei de mim. Ele me olhou como se eu fosse maluca, o que não era nada incomum vindo de Malfoy.

Peguei minha varinha e apontei para as ataduras.

– Difindo.

As ataduras caíram cortadas.

Eu não sabia o que havia dado errado em meu contra feitiço, mas aquele corte estava bem ruim em seu pulso.

– São cortes de Sectumsempra. - eu voltei a explicar e vi suas sobrancelhas se unirem numa expressão confusa - Só são curados pelo contra feitiço e não por qualquer magia curativa. Esse feitiço era quase completamente desconhecido... Até ontem. Ela não sabia que magia fazer, Malfoy. - eu disse e voltei a apontar minha varinha para seu braço. Tentei me concentrar na magia para que funcionasse agora.

– Vulnera Sanentur. - eu disse.

Primeiro nada aconteceu e eu fiquei frustrada. Depois Malfoy ficou com uma expressão estranha e com a mão esquerda cobriu o pulso.

– O que foi... - eu disse dirigindo-me à ele, mas ele fez um sinal negativo com a cabeça e eu me afastei involuntariamente.

Algum tempo depois que eu não tenho a menor ideia se foi pouco ou muito, ele parou e tirou a mão do pulso que estava normal. Como se não tivesse havido corte. Eu sorri satisfeita comigo mesma e guardei a varinha.

– Que feitiço era esse? - ele perguntou.

– Não faz diferença. - eu disse desconversando. Esperava que fosse a última vez que precisasse usá-lo. - Não há de quê. – dessa vez eu fui a irônica.

Ele ficou calado. Eu respirei fundo e dei-lhe as costas continuando o caminho até a sala de Minerva. Mas ouvi passos atrás de mim. Não aumentei nem diminui a velocidade de meus passos e em alguns minutos ele estava ao meu lado, de novo com seu típico sorriso de canto, como se não tivéssemos acabado de nos falar e como se ele quisesse só me irritar para variar.

– O que quer? – perguntei.

– Aonde vai? – ele respondeu com outra pergunta.

– Não te inte... – Trégua, trégua, trégua, Hermione. Foi você quem pediu lembra? Se você provocar uma briga irá deixa-lo muito satisfeito – Minerva quer falar comigo. Provavelmente sobre o que eu fiz a você. Agora com licença. – eu disse, mas ele continuou a andar ao meu lado com aquele sorriso sarcástico. Ah aquele sorriso é o que me dá raiva. – O que quer afinal? – eu disse parando de andar, mas ele não.

– Também tenho umas coisinhas para falar para a diretora. – ele olhou para trás – Vai ficar aí parada como se estivesse petrificada?

– Grr... – gunhi de raiva.


(----)


Chegamos à gárgula que mostrava a passagem para a sala da diretora. Eu andava de braços cruzados mostrando minha insatisfação. O que é? Não bastava eu ter que ser punida, ter vários pontos tirados da minha casa e o Malfoy ainda ia piorar as coisas? Isso é castigo? Porque eu acho que está meio pesado, não?

– Poção da Sorte Líquida. – eu disse a senha e a escada surgiu para que fossemos até a sala de Minerva. Subimos e eu bati na porta ouvindo um “Pode entrar” uns três segundos depois. Olhei de relance para Malfoy e para minha infelicidade ele não parecia pensar em desistir. Que maravilha...

Entramos na sala e eu vi Minerva sentada à mesa. Parecia estranho vê-la ali e não Dumbledore. Entrar ali era como voltar à época que Dumbledore estava vivo...

– Com licença, professora.

– Claro Srta. Granger... Sr. Malfoy? – ela ergueu uma sobrancelha desconfiada – O que faz aqui? – ela perguntou.

Eu o olhei também como se perguntasse “Exatamente, o que você está fazendo aqui?” e ele me lançou um olhar como se respondesse minha pergunta com aquele tom irônico de “Espera pra ver”. Esses entendimentos malucos são insuportáveis.

– Professora Minerva, eu queria lhe falar algo sobre o acidente de ontem. – O que? Malfoy era capaz de ser educado assim? Essa era nova! Mas isso não mudava o fato de eu estar ferrada.

– Bom, pelo que a professora Rey me contou não pareceu exatamente um acidente, Sr. Malfoy – ela disse e eu me encolhi envergonhada – Mas se tem algo para dizer, pode dizer.

– Exatamente, mas foi um completo acidente. – ele disse me olhando de esguelha e eu fiquei paralisada – Aquele livro que achamos, não é Hermione? Testou o feitiço na hora mais inapropriada, Sabe-Tudo. – eu estava de queixo caído com a surpresa e também com o modo como ele mentia descaradamente. Ele era um verdadeiro ator ali, até me chamou pelo primeiro nome.

– Vocês acharam um livro com aquele feitiço? Onde? – Minerva perguntou.

– Biblioteca. – ele respondeu. – Deixamos lá, não foi? – ele disse olhando para mim, mas eu novamente não respondi e ele voltou-se novamente para Minerva – Não sabíamos do que se tratava. E ela testou no duelo – ele disse revirando os olhos como se eu fosse uma criança que tivesse feito besteira – Como eu disse, um acidente.

Eu estou vendo isso mesmo? Malfoy está mentindo para me livrar de uma roubada? Merlin, quando eu ia imaginar... Mas... Por quê? Ele tinha tudo pra me ferrar, não faz qualquer sentido.

– É verdade, Srta. Granger? – Minerva me perguntou.

Mentir para a diretora? Isso era terrivelmente errado! Muito, muito, errado! E a atitude de Draco, óbvio que tem algo errado aí, mas... Ela vai tirar muito da Grifinória, eu sei. E também sei que no nosso último ano seria ótimo ganhar a Taça das Casas. O que ela vai tirar de mim vai ser um desfalque...

– Sim. – eu disse sentido minha respiração pesada.

Ela respirou fundo e pareceu nos analisar. Malfoy mentia como se isso fosse uma especialidade dele (e talvez fosse), mas isso não era do meu feitio.

– Bom, se essa é a verdade... – ela começou – Srta. Granger ainda foi uma imprudência da senhorita usar um feitiço que não conhecia, mas como a situação foi explicada e o Sr. Malfoy parece em ótimo estado – ela olhou-o e ele assentiu – somente 15 pontos serão tirados de Grifinória.

Não era muito e era só isso. Não dava para acreditar. E também não dava para crer que eu devia isso a Malfoy.

– Estão dispensados.

– Eu peço desculpas, professora. Sinceramente. – eu disse e ela assentiu. Direcionamos-nos para a saída.

– E... – ela disse e nós dois nos viramos novamente para ela – Fico feliz que pareçam ter... Esquecido as diferenças. Foi muito educado de sua parte esclarecer as coisas, Sr. Malfoy. Agradeço sua atitude. E a Srta. Granger também agradecerá. – ela disse olhando em meus olhos e eu ouvi Malfoy dizer um “claro” com aquele tom de quem ganhou daquela vez.

Saí dali o mais rápido possível e senti Malfoy em meu encalço. Não diminui o passo até estarmos longe da sala de Minerva.

Quando estávamos perto da ala hospitalar novamente parei e fiquei de frente para ele.

– Você não fez isso por educação, o que quer? – perguntei direta.

Ele riu.

– Você me deve um agradecimento. – disse Malfoy provavelmente lembrando dos dizeres de Minerva.

– Diz logo, o que quer? – insisti.

– Digamos que... É bom começar essa trégua com você me devendo uma, Hermione. – ele disse aproximando-se mais que o comum de mim o que fez que desconfortavelmente minha respiração ficasse entrecortada e me chamando pela segunda vez pelo primeiro nome o que me fez olhar em seus olhos e procurar algum esclarecimento.

Em seguida Malfoy foi embora me deixando completamente confusa. De novo.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Por que acham que nosso lindo Draco fez isso?

Gente, eu queria fazer uma observação que a "tia" da Mione se chama Elizabeth JONES e não Granger como eu havia dito no capítulo 2. Ela é uma personagem de minha autoria e como já foi explicado ela era melhor amiga da mãe da Mione, tipo irmãs (por isso Hermione a considera uma tia), mas elas não eram da mesma família, por isso ela não é uma Granger.
Aí a esperta aqui se confundiu, mas eu já editei lá no capítulo 2 e estou explicando aqui para vocês, okay? Desculpa pela minha confusão. T_T

Um beijo no coraçãozinho de vocês e deixem reviews pra tia, por favor!