Unfinished Business escrita por Laís


Capítulo 13
Erro humano


Notas iniciais do capítulo

Ei, suas lindas! :3 Alguém aqui ainda lembra dessa defunta autora e não autora defunta? (primeira e última piada com Machado, prometo). Morri de saudades de vocês e já vou começar me desculpando pela demora. A vida ta uma correria só e quando você menos espera, leva uns socos básicos da rotina e acaba sem forças nenhuma pra escrever.
Eu, particularmente, tive muitos problemas com esse capítulo. Fiquei tanto tempo ser escrever que nem lembrava mais como juntar as sílabas, então me perdoem por repetições ou erros que escaparam.
Gostaria de dizer também que o destino da UB já está traçado, só falta ser convertido em palavras UEHEU ta quase lá, gente o/ (agradeço muito a srta. Zamperlini pela ajuda)
Sem mais delongas, aí vai o capítulo.
Vejo vocês lá embaixo.



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O diabo, quando quer aprontar alguma das suas, sabe como jogar a isca.

Daniel Defoe



–Nós vamos precisar de um plano. Um ótimo plano. - disse com a voz vaga e o olhar distante. Às vezes somos tomados por um desânimo tão genuíno em sua forma mais pura e integral que seguimos um modo automático, viramos máquinas pré-programadas para cumprir um curso e, nossa preguiça da vida nos impede de buscar um desvio. Naquele momento, eu não estava preocupada com o porquê da obsessão de Elle com aquele caso específico, com sua escolha de ter trazido a mim e Morgan até NYC ou a sensação incômoda em meu estômago.

Eu estava cansada e precisava de adrenalina circulando em meu sistema.

–Esse cara acredita que está fazendo uma limpeza ao matar estrangeiros. Talvez alguém que tenha perdido o emprego recentemente e culpe as pessoas que procuram por melhores oportunidades aqui - especulou Morgan.

–Mas ele mata sem-tetos, drogados e prostitutas. Essas pessoas não estão oferecendo exatamente uma concorrência no mercado de trabalho - rebateu Elle.

–Mas são alvos fáceis. O unsub pode estar somente redirecionando a raiva. Ele é um funcionário medíocre em um trabalho subalterno, provavelmente entre 30 e 40 anos, sente-se subjugado e não acha que recebe a atenção que merece. Uma demissão teria feito tudo isso entrar em ebulição. Ele não tem um físico impressionante, logo busca vítimas que não conseguiriam se defender e são domadas sem dificuldade.

–Talvez você esteja certa, Agnes. O único problema é que mais da metade da população de Nova York se enquadra nesse perfil.

–Ele nunca se destacou durante toda a vida - continuei falando como se Elle não houvesse interrompido meu monólogo - não é casado, possivelmente divorciado, mora sozinho e não tem perspectiva nenhuma de mudar sua rotina. Ele está desesperado por fazer algo em seu próprio nome. É sua única chance de destaque, de receber os créditos que merece. É seu legado, algo que permaneça mesmo depois que… - parei de falar abruptamente, continuei com a boca entreaberta e minha mão ficou suspensa no ar, em um meneio retido.

–Você vai querer um convite pra continuar? Vamos! O que foi? - pressionou Elle.

–Mesmo depois que ele tenha partido. - Morgan concluiu em meu lugar. Ele compreendera tudo que eu havia dito e, acima de tudo, o que eu não havia dito. Isso aconteceu por um motivo. Naquele instante, éramos a mesma pessoa, pensando da mesma forma. Éramos o unsub que fazia a limpeza em Nova Iorque. - Ele está morrendo. Isso reduz as coisas, não? - perguntou com uma sobrancelha arqueada.

–Mas tem uma coisa que não faz sentido. Se ele está tão desesperado por um legado, então por que…

–Por que ele está matando gente com o qual ninguém parece se importar? A minha teoria é que ele está tão frustrado com isso quanto nós. Ele quer um agradecimento, ser o herói e… Acho que vai planejar algo que obrigue mídia, polícia e população a olharem pra ele. - deduzi.

–E a polícia não vai começar a se importar com esse cara até que isso aconteça - Derek completou.

–Por isso chamei vocês - Elle tinha um sorriso torto pintado na face, equivalente a uma expressão travessa de criança - e sim, nós precisaremos de um ótimo plano. Esse cara pega suas vítimas em zonas marginalizadas específicas e tem feito isso sem um cronograma exato. Vamos torcer para que ele esteja se sentindo heroico essa noite. Ah, aliás - disse enquanto levantava - uma coisa que a polícia nunca aprendeu: dar ouvidos aos mudos. Vários moradores de rua que eu consegui que falassem comigo disseram ter visto uma caminhonete vermelha levando duas das vítimas e elas nunca mais foram vistas com vida novamente, isso deve significar algo, não?



Quantico - Virginia

Spencer Reid equilibrava quatro embalagens de café ainda tampadas nas mãos e braços, apoiando-os contra o peito e empurrando portas com o pé até chegar na sala de conferência, onde o restante da equipe aguardava. Repousou sua carga na mesa em frente ao assentos de J.J, Rossi e Hotchner, finalmente podendo tomar seu próprio café. Contudo algo estava errado, somente Garcia e Aaron estavam presentes.

–Onde estão J.J e Rossi? - questionou com o cenho franzido.

–Patrulhando - Hotch respondeu secamente, enquanto checava algo no celular. - Jack tinha um jogo hoje.

Ele falou quase sem notar que o fazia, uma pequena rachadura na armadura de Aaron Hotchner.

–Droga! - Garcia deixou escapar uma maldição exasperada - Eu ainda não achei nada, nada… Nada! Vocês não têm noção do quanto isso é frustrante! - cerrava os punhos em seu jeito completamente exagerado de ser.

A imagem de um sujeito de tom pálido e olhos extremamente azuis apareceu na imagem do retroprojetor. Usava óculos de aros grossos e diversas rugas partiam da região de seus olhos. Sua aparência era cansada e desgrenhada, porém com uma beleza sutil.

Reid não pôde evitar uma expressão embasbacada que, felizmente, ninguém presente percebeu. Levantou-se atrapalhadamente e dirigiu-se para o corredor, discou um número e aguardou que o atendessem, contudo a espera foi vã e resolveu deixar uma mensagem na caixa postal.

–Agnes, é o Spencer. Lembra aquele seu irmão? Então, ele está sendo investigado nesse exato momento. Garcia está escavando a vida dele, J.J e Rossi o estão seguindo e, pelo o amor de deus, eu tenho um QI de 180, você realmente acha que consegue me enganar? Foi uma escolha sua, eu respeitei, mas se há alguma coisa que eu precise saber, acho melhor me contar logo. Em quê você se meteu dessa vez?



NYC - Nova York



–Então? - questionou com um olhar inquisidor.

–O que foi, Elle?

–Você sabe o que eu quero perguntar.

Um vento gélido bagunçou seus cabelos e simultaneamente fez com que eu me encolhesse. Ambas estávamos vestindo shorts, camiseta e um sobretudo velho, que nem de longe era o suficiente para remediar a noite fria, por cima. Conseguimos as roupas por alguns trocados e Derek nos dava cobertura do outro lado da rua, onde tinha um bom campo de visão nosso.

–Vamos torcer para que nossa aparência latina tente o unsub - cochichei.

–Não mude de assunto tão facilmente, Weston. Que diabos você está fazendo na BAU?

Suspirei e acabei me engasgando com a atmosfera pesada repleta da fumaça de cigarros. O burburinho ao redor era perturbador. Carros paravam ocasionalmente e garotas caminhavam até a janela, discutiam por um momento e entravam no veículo. Mais adiante, alguns moradores de rua se encolhiam no canto da entrada de um beco e tentavam dormir. As vozes pareciam opacas e sem significado para mim, senti minha cabeça rodopiar e tudo aquilo pareceu me sufocar. Franzi o cenho e, sem ao menos perceber o que estava fazendo, comecei a falar.

–Elle, você já me viu criar laços com as vítimas? Todos esses anos, mesmo longe da BAU, eu nunca fui esse tipo de agente. Gideon costumava dizer que para ser um membro da equipe, você precisa ter uma base sólida porque, uma hora ou outra, de alguma maneira, as consequências desse trabalho te alcançam. Ele mantinha uma agenda com os nomes das pessoas que salvou só para lembrar o porquê de continuar na equipe. Esse trabalho realmente molda e afeta uma pessoa de uma forma inexplicável. Isso nunca se aplicou a mim. “Horrível” nem começa a descrever a BAU e eu me sinto péssima por dizer isso, mas o espírito humano é atraído pela tragédia e... Nunca foram as vítimas, Elle. Sempre foram os carrascos. Sempre foi para entendê-los e persegui-los. Por isso eu continuei. Isso é o que eu sou.

–Isso é o que você faz. - consertou.

–O que… - comecei a protestar, mas fui interrompida.

–Você se reduziu à BAU, deixou que isso resumisse toda sua vida. Eu sei que é tentador acreditar que eles são, acima de tudo, sua família, mas não são. Agnes, eles não são - enfatizou. - Nunca me senti tão solitária quanto nos meus últimos dias com a equipe. Eu também me considerava um membro da família, mas não é bem assim que funciona. Todos eles têm uma vida fora do trabalho, sabia? Essa é uma das coisas que também não se aplica ao seu caso. Você não tem nada fora da BAU e parece se esforçar para que as coisas continuem assim.

Conservei uma expressão vazia no rosto, porém a verdade é que eu não tinha como contestar o que Elle dissera. Aliás, ela não estava mentindo. Eu não possuía perspectiva de futuro nenhum além do meu trabalho. Nenhum plano de casar novamente ou construir algo sólido em que me apoiar. Era sempre só a Unidade de Análise Comportamental.

–Vou checar o Morgan - disse por fim.

–Seja convincente, não estrague nosso disfarce - aconselhou e eu respondi com um leve aceno.

Caminhei até o carro do outro lado da rua seguindo os padrões da linguagem corporal que vira em outras mulheres durante a noite inteira e me curvei na janela do carona.

–Desculpa, baby girl, mas não foi o suficiente para me tentar - ele zombou lançando um de seus sorrisos galanteadores.

–O que será que aconteceria se Garcia recebesse uma ligação anônima relatando que você acabou de usar o codinome dela com outra pessoa?

–Com o acesso que ela tem a tudo e qualquer coisa? Eu seria só pó de chocolate em instantes.

–Não, Morgan. Você é o mais próximo de um herói que nós temos e, você sabe, os caras bons não morrem tão facilmente - dei uma piscadela.

Ele sorriu e inclinou-se mais para perto.

–A Elle já digeriu melhor a situação?

–Não tocou no assunto nesse tempo em que estamos plantadas esperando por um maníaco que, até onde sabemos, pode estar atacando alguém em outro lugar - resmunguei. Ele se referia à briga que tivemos mais cedo sobre quem deveria ser a isca. Elle, devido ao seu histórico, não tinha grandes pontos de confiança com Morgan e, para falar a verdade, nem comigo. De imediato, ela se prontificara em atrair o unsub e, na teoria, era nossa melhor chance. Porém o plano era procurar pela caminhonete vermelha e conversar com o possível assassino, eu me ofereceria para ir e, caso ele insistisse muito em ter a companhia de Elle, nenhuma de nós iria e daríamos o sinal para Morgan segui-lo.

Parecia um bom plano. Não era.

–Sua falta de fé é perturbadora.

–Você citar Star Wars em momento como este é mais ainda.

Continuamos falando sobre amenidades por alguns minutos, distraídos a ponto de não perceber a aproximação de uma caminhonete vermelha. Só quando Morgan olhou novamente e não enxergou Elle, ligamos os pontos.

–Droga. Droga. Droga! - esbravejei e saí correndo. - Aquela moça que estava aqui… Com quem ela saiu? - perguntava para todos os que estavam próximos e recebia alguns muxoxos em resposta - Uma mulher morena, ela estava vestindo um… Você viu aquela moça que estava aqui?

–Ela saiu com um cara de uma caminhonete - um homem maltrapilho foi o único de alguma ajuda.

–E o senhor viu em qual direção eles foram?

Indicou a via que levava mais adentro no bairro com o dedo e eu agradeci. Corri na direção de Morgan, que também tentava conseguir informações, e dirigimos na coordenada indicada.

–Droga, Elle! - ele dirigia usando só uma mão enquanto esfregava a outra na testa impacientemente, em sinal de preocupação.

–Como nós vamos encontrar a droga do caminho?

Passávamos por ruas escuras e desertas com punhados de casas fechadas e nenhum sinal da caminhonete. Estava quase sem esperanças quando ouvi meu celular tocar uma pequena notificação de alerta.

–Meu deus - minha voz era somente um fio.

–O que foi? - Não consegui achar as palavras para responder de imediato. - Porra, Weston! O que foi?

–Eu acabei de receber uma mensagem da Elle. Um endereço.

Ditei o local e seguimos, chegando, por fim, em uma casa grande e decrépita circundada por uma cerca de madeira e arames.

–Você dá a volta por aí e eu vou por aqui - indicou Morgan. Ambos já empunhávamos armas.

Andei na direção designada em busca de luzes acesas ou qualquer movimentação e retornei.

–Nada - anunciei.

–Ele estacionou a caminhonete desse lado e encontrei uma porta de fundos, além do que parece ser a entrada para um alçapão.

–Eu verifico a casa e você o alçapão, ele provavelmente deve estar lá. Mas por questões de segurança…

–Por questões de segurança, nós não deveríamos nos separar - repreendeu.

–Morgan, esse cara não fica muito tempo com as vítimas e a Elle está em algum lugar por aqui. Precisamos ser rápidos.

À contra gosto, pulamos a cerca e cada um seguiu para sua porta. Chequei se a minha estava trancada e, mesmo não querendo alardear nossa presença presença, fui obrigada a derrubá-la.

Esperei um pouco antes de entrar, com a arma em punhos me precedendo. Dei um passo e verifiquei ambos os lados antes de dar outro. Estava escuro e eu não portava lanterna, então precisei de mais cautela ainda.

O chão rangeu sob meu peso e detive a passada seguinte. Girei o corpo e não tive tempo para gritar ou ficar em choque quando senti uma pancada forte na cabeça e a reconfortante sensação gélida do cano da arma escapuliu da minha mão.

–x-

Minha cabeça latejava e eu precisei de um tempo para recordar os eventos anteriores. Tateei no escuro e encontrei o lugar para o qual minha arma escorregara, estranhando o fato dela ainda estar ali. Talvez eu tivesse apagado por menos tempo do que esperava.

Ouvi uns ruídos e me encolhi atrás de algo que eu presumi ser um armário. As passadas foram ficando cada vez mais altas até que cessaram. Ele estava alguns passos atrás da minha posição.

Virei e atirei.

O som de duas balas entrecortou o silêncio daquela noite onde tudo estava fadado a dar errado.



Quantico - Virginia

–É o agente Hotchner falando. O que? Agnes Weston presa? Mas… Tem certeza disso?

Aaron engoliu em seco e deixou-se despencar na cama, estupefato.

–Estou indo para Nova York.


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Notas finais do capítulo

CRIMINAL MINDS IS BACK ON BUSINESS!
Todo mundo matando a saudade. Menos eu, que ainda não tive tempo :(
O que vocês acharam? Algum pitaco? Eu amo pitacos.
To sentindo tanta falta de algumas carinhas por aqui e, inclusive, de umas fantasmas amiguinhas que ainda não disseram 'oláá', eu sou legal, até vou depositar dinheiro na conta de vocês quando ficar rica UHEUHE
Beijão, pessoal! Até a próxima, andem pela sombra, tia Laís ama vocês.