–Agente Hotchner?

Preparei-me para alcançá-lo pensando que o agente não tivesse escutado meu chamado em meio ao burburinho da área de corrida e caminhada, contudo aquele homem de rosto impassível fazia parte da categoria dos que percebem tudo a seu redor.

–Agnes Weston - sua voz não indicava aborrecimento ou surpresa, não indicava nada. Parou de correr e lançou um olhar gélido em minha direção, demorou até que eu lembrasse que não era nada pessoal, Aaron simplesmente não parecia ser muito amistoso com ninguém, mas era uma boa pessoa e, acima de tudo, um bom agente. - Sei por que você está aqui. Desculpe, não há nada que eu possa fazer.

–Aaron, por favor - desviei de um ciclista e pedi que Hotchner me acompanhasse até a calçada longe de todo o movimento. Eu sabia os horários que ele geralmente caminhava, não fora surpresa encontrá-lo. - Você sabe que eu posso fazer isso. Por favor. Eu só preciso de mais uma chance.

–E já teve duas no FBI e ambas mostraram que você não foi feita para esse trabalho.

Não é nada pessoal, repeti mentalmente como um mantra. Nada pessoal.

–Um caso, só um caso e você me diz se eu posso voltar para a equipe. Meu lugar não é na Narcóticos, Aaron.

–Você nunca se recuperou do que aconteceu, talvez deva seguir em frente. Continue dando aulas. Siga em frente - repetiu, dando mais ênfase ainda naquelas três palavras que eu tanto ouvira nos últimos anos.

–Não, Aaron. Você viu seu trabalho matar a sua mulher e não desistiu, ou melhor, seguiu em frente. Então por que eu deveria? - logo que terminei de falar, soube que passara dos limites. Respirei fundo e esfreguei as mãos uma na outra. - Ah, me desculpe, eu disse sem pensar. Sinto muito, Hotch.

–Essa é minha palavra final. Não há uma vaga para você na BAU. Sinto muito.

–E quanto à saída da agente Alex Blake? Pelo o que eu sei há sim uma vaga na BAU.

–Sim, mas não para você.

Hotchner deu às costas e continuou correndo. Fiquei parada na sombra de uma árvore e o observei enquanto sumia entre os outros corredores e levava minha única oportunidade de ter, depois de 5 anos, meu emprego de volta.

Contudo…

Peguei o telefone e disquei uma sequência de números que eu já sabia decorada.

–Rossi? Sou eu, Agnes… Não desliga. Por favor. Preciso da sua ajuda.