— Vejo que a missão foi bem sucedida. — Fury falou através de um monitor que continha sua imagem.

— Não fale como se fosse o chefe dessa operação. — Stark tomou a iniciativa se aproximando do monitor. — Você mentiu como sempre faz. Nos deu informações falsas para eu poder financiar sua “equipe”.

Nick logo rebateu.

— Calma Stark. Admito que eu usei falsas informações com você e o Capitão, mas a possibilidade da HIDRA ter sua tecnologia pode ser real se você não se preparar. E como viram, uma base de treinamento da HIDRA pode ser perigosa. Até mesmo para Os Vingadores.

— E não é que você sabia disso também?! — Steve falou sério, se aproximando do monitor junto de Stark. — Se quisesse minha ajuda contra a HIDRA saiba que a tinha, porém nunca mais use o Bucky como desculpa para eu fazer isso. — Rogers se manteve calmo, mas era sério e direto nas palavras. Ele não tinha gostado nem um pouco da mentira de Fury.

O silencio e desconforto se instalaram a todos após as palavras do Capitão.

Nick esperou um pouco antes de responder.

— Peço desculpas a todos. — Ele era sincero ou apenas aparentava — Mas vocês têm que entender, a SHIELD está fora do ar e se erguendo lentamente. O mundo precisa de proteção e só vocês, os mais poderosos da terra, podem dar isso a eles. A HIDRA se ergue a passos alarmantes e ninguém pode para-la além de vocês. Viram o quão perigosa essa organização é, Capitão e agente Romanoff sabem bem disso.

Steve e Natasha se olharam rapidamente, pensando a mesma coisa sobre os eventos passados.

Fury prosseguiu.

— A equipe não é minha, mas sim de vocês. E vocês terão que tomar a decisão de continuar ou terminar por aqui. Eu apenas quis mostrar como é perigoso o inimigo que enfrentamos. Não havia garantias que todos aceitariam se não tivesse algo que os motivasse.

Silêncio.

— Bem, irei deixa-los a sós agora. Se precisarem, sabem onde me encontrar. — Fury encerrou a chamada.

Tony suspirou profundamente antes de quebrar o silêncio.

— Se vocês toparem, não terei problema em continuar patrocinando. — Disse indiferente soltando uma risada no final. — Bom com palavras aqui é você, Capitão, e não eu. — Seu olhar estava no soldado.

Steve olhou calmamente para todos os seus companheiros.

— Sabe nossas respostas, Capitão. — Thor se pronunciou pondo a mão no ombro de Banner e todos concordaram.

Seus olhos mais uma vez foram até Natasha e ela sorriu fraco o fazendo se lembrar da conversa mais cedo sobre lidera-los.

— Conte comigo. — Disse Barton.

Rogers não precisaria da resposta de Nat, pois ele já sabia qual era, mas notou algo estranho no olhar da mesma e se preocupou, porque ela não demonstrava facilmente seus sentimentos e estava daquela forma desde que voltaram da missão. Resolveu deixar pra lá por enquanto.

(...)

Já era noite e Natasha não havia subido para sala de estar desde que chegaram, ela treinou e até se arriscou a cochilar, mas não conseguiu.

Um bom banho era o melhor para tentar relaxar.

Perdeu as horas dentro da banheira e em seus pensamentos. Sua mente insistia em viajar em momentos que ela tanto queria esquecer.

Cansada de olhar para o teto resolveu deixar seu corpo cair até o fundo da banheira, ficando completamente submersa dentro da água. Ela fechou os olhos e viu a escuridão. Sua mente que antes estava tão calma voltou a ser barulhenta.

“Pelo o que estou lutando?”

“Esta preparada para que o mundo veja quem você é de verdade?”

“Você não é uma heroína, Romanoff. Esse não é seu lugar e sabe disso, não adianta negar seu passado.”

“— Cale a boca — Natasha gritou irritada. — Ártemis, eu achei que depois da KGB você iria tentar ter uma vida normal.

— Não existe vida normal — Ártemis cortou Natasha — Não existe, não importa pra onde vá todo seu passado vem atrás de você bailarina. Não há como fugir.”

“Apenas não tente ser como eles, você é suja, não pense em ter uma vida normal. Seja como você é uma assassina fria e solitária, e você vivera se não... Enfrentara as consequências”.

“Está exposta”

Sua mente foi atacada por milhões de pensamentos e vozes que, como em seu sonho, voltavam a falar sobre seus erros no passado.

Eram gritos e mais gritos.

Choro.

Tiros.

Explosões.

“Sua conta esta no vermelho”

E em meio a tanto tormento ela escutou uma voz infantil mais uma vez ao fundo.

— Vem comigo?!

Ela despertou rapidamente do transe e se levanta do fundo da banheira para tomar folego. Sua face estava assustada e até atormentada. Nunca imaginaria estar daquela forma. Massageava sua face enquanto respirava profundamente.

Ouviu leves toques em sua porta.

— É o Capitão Rogers, agente Romanoff. — Jarvis avisou.

— Obrigada Jarvis. — Ela agradeceu ainda confusa e se pôs a caminhar até sua toalha.

Enrolada na toalha ela caminhou até a porta de seu quarto e abriu, revelando um Steve pensativo inicialmente, mas que aos poucos ficando sem jeito ao notar as vestimentas da companheira.

— Steve? O que está fazendo aqui? — O soldado foi despertado de seu transe ao escutar a voz da ruiva, ela estava parada a sua frente e apoiada no vão da porta enquanto o observava com um olhar curioso. — Está tudo bem Capitão? — Voltou a questioná-lo.

Natasha estava inquieta com o silêncio do soldado.

Ele respirou fundo para falar, sem conseguir deixar de gaguejar.

— Bem... Eu estava... É que você... Então achei que... Mas então resolvi que... Ver se você...

Romanoff ergueu uma sobrancelha sem entender e o mesmo resolveu calar a boca e respirar fundo. Steve voltou a falar olhando acima de Natasha para um ponto aleatório de seu quarto.

— É que eu não a vi desde que chegamos da missão, notei que você estava meio estanha, então imagino que deva ter acontecido algo. Eu fiquei preocupado e quis me certificar.

— Quer um relatório? — Ela perguntou incisiva.

— Na verdade não vim como líder e sim como um amigo. Queria saber se está bem. — Ele a encarou, mas Natasha abaixou o olhar, tentando assimilar as palavras de Rogers.

— Você está bem? — Ele voltou a falar — Não quer subir comigo? O Thor trouxe a Jane, eles tão fazendo uma espécie de festinha lá em cima. — Steve soltou uma pequena risada.

— Estou, só que encontrei alguém que já conhecia. Apenas preciso descansar minha cabeça em um lugar calmo e as festinhas do Stark não entram nessa lista.

— Então o que acha de sair comigo, quer dizer... Ir para um lugar mais calmo, deve ser melhor do que ficar trancada sozinha nesse quarto. — O loiro voltou a ficar nervoso, mas não perdeu a postura.

Ela se surpreendeu com o convite, mas se recuperou de imediato.

— Achei que eu tivesse pedido a você, para convidar a enfermeira e não eu. — A ruiva brincou.

— Ela não é enfermeira.

— E você não é um agente da SHIELD. — Ela rebateu.

— Nem você...

— É... — Ela se desencostou da porta — Tem certeza disso? Não acha que está tarde?

— Nat — Ele a interrompeu —, são apenas 7 horas da noite, e você ainda nem comeu nada. Vamos comer alguma coisa, conversar. Aliais, você me deve uma conversa e um passeio.

— Parece um encontro... — Natasha falou, e ficou pensativa.

Rogers, porém, ficou constrangido mas não deixou de insistir.

— Nat, por favor, vem comigo.

Ela o olhou apreensiva.

— Você realmente quer estar aqui... comigo? — Sua voz era baixa — Ou apenas está cuidando dos seus companheiros como um líder faz? Porque se for isso...

Rogers mas uma vez a interrompeu.

— Estou cuidando de você como um amigo faz. Sem relatórios, sem explicações sobre o que ocorreu, nada disso. Apenas quero estar com você. — Ele percebeu o quão estranho aquilo soou, mas resolveu ignorar, envergonhado.

Romanoff ficou sem saber o que dizer, mas resolveu então aceitar a proposta de Steve, pois imaginou que ele não desistiria tão fácil e além de tudo ela realmente precisaria sair pra relaxar, já não fazia aquilo há muito tempo.

— Tudo bem. — Ela sorriu pra ele enquanto voltava para dentro do quarto — Me espere na garagem.

Ele assentiu.

Quando a porta a sua frente foi fechada ele continuou parado, no momento não sabia o que fazer, mas logo balançou a cabeça e resolveu seguir para seu quarto, onde trocou a blusa, colocou sua jaqueta, ajeitou o cabelo e pegou a chave da moto. Achando melhor não avisar os outros, desceu no elevador até a garagem, onde ficou esperando a agente.

Ele estava ansioso para sair com ela, mas logo a ficha caiu.

Aquilo realmente parecia um encontro.

Não!

Eles apenas iriam se divertir. Precisavam disso. Mas porque não poderia ser um encontro? Sam já tinha comentado muitas vezes sobre ele sair com a ruiva e ela mesma já tinha dito que seria bom para ele sair com alguém. Porque não poderia ser ela?

“Não! Vocês são amigos, Rogers”.

Espera, aquilo era um encontro... O primeiro encontro dele? Não pode ser.

Aquilo era a gota que faltava para o loiro transbordar de nervosismo, ele nunca saiu a sós com uma garota para se divertir.

— Rogers? — A ruiva o tirou de seus conflitos internos.

— Natasha — Steve ficou admirado com a roupa da viúva —, você está linda.

Nunca a tinha visto assim.

— Obrigada, você também não está nada mal para sua idade. — A viúva brincou com o Capitão. — Vamos?

Eles subiram na moto e partiram em meio à imensa cidade de Nova York.

A cidade estava calma e com um raro e pequeno movimento de carros. Aproveitando isso, Natasha provocou Steve perguntando se a velocidade que estavam era o máximo que sua moto fazia. Rogers se sentindo desafiado resolveu acelerar, enquanto estavam em uma pista limpa. A ruiva ao sentir o solavanco da moto pôs seus braços contra o peito de Rogers, o abraçando.

Ela pode sentir cada musculo dele através da camiseta que vestia. E reparou em como ele enrijeceu os músculos com o toque, estava com toda certeza muito nervoso. Ele não esperava por aquilo tão de repente.

— Tome cuidado Steve, eu ainda estou aqui atrás. — Romanoff disse nervosa, mas sem deixar Steve perceber isso.

— Desculpe-me.

Eles pararam em frente a um restaurante, mas ambos concordaram que seria complicado conversar calmamente, sendo que o restaurante estava lotado. E correriam o risco de serem descobertos.

Mas Steve teve uma ideia e Natasha concordou.

Romanoff entrou no restaurante enquanto Steve esperava do outro lado, ela fez o pedido. Uma pizza e dois sucos grandes.

Em menos de 15 minutos a pizza estava pronta e Romanoff a trazia.

— Você foi esperto, pagou o jantar no primeiro encontro. — A ruiva novamente brincou, fazendo o Capitão se constranger por voltar à questão de seu primeiro encontro.

— Estou brincando. Mas bem, já que o restaurante está lotado, vamos ter que comer na torre mesmo.

— Não exatamente. — Steve disse com um sorriso nos lábios a deixando totalmente confusa.

(...)

E lá estavam eles, acabando de comer a pizza.

Sentados na escadaria de um museu, com a rua totalmente deserta.

Eles se olhavam e sorriam. Aquilo com certeza nunca passariam na cabeça da ruiva, mas ela gostou. Comeram ao ar livre e totalmente a sós.

Foi uma experiência divertida e única.

— O que está olhando? — A ruiva questiona incomodada com o olhar de Rogers para si.

— Nada.

Ambos tomam seus sucos.

Steve pensa por um tempo, mas finalmente se decide.

— Posso te fazer uma pergunta?