– Regina? – chamou a loira, entrando na sala.

– Vai embora – respondeu Regina, pausadamente, tentando esconder o seu estado.

– Eu não vou a lugar algum.

– Na hora da briga e de acordar as meninas você não pensou isso, simplesmente me deixou aqui sozinha – disse a rainha, com os olhos, mesmo que cheio de lágrimas, cintilando fúria e rancor.

– Eu me conheço e sei que se eu ficar em um lugar com uma pessoa que estou com raiva vou acabar falando muita merda, então o melhor é sair, espairecer.

– Você fez a mesma coisa quando descobrimos que eu estava grávida, me abandonou, simplesmente fugiu, e é isso que eu mais odeio, você não pode fugir dos problemas pra sempre Emma! Aprenda a encará-los!

– Você está certa. Eu nunca tive coragem de enfrentar crises, sempre que elas vinham eu fugia ou as ignorava, por isso que eu nunca morei muito tempo em um lugar só, não queria me apegar, não queria enfrentar as coisas, eu queria viver uma vida supostamente sem problemas então só corria deles. Eu vejo agora Gina e não vou mais correr das tempestades, eu preciso mudar mas você também precisa, por favor me ouve – a xerife segurou os braços da rainha e a fez sentar-se ao seu lado no sofá – eu sei que você sempre foi uma cavaleira solitária, pelo menos na maior parte da sua vida, mas tente entender. Você é uma mulher forte, e está dando conta de duas bebês recém-nascidas e isso é esplêndido, mas você está esquecendo de alguns detalhes. Você possui uma mulher e um filho também e como você não é de ferro, não é um robô, é impossível você cuidar e dar atenção a todos somente com 24 horas no dia e essa mulher e este filho precisam muito de você, te amam demais e não receber o seu carinho está acabando com eles. Você precisa de ajuda, não por que é fraca e sim por que é humana, entende?

– Acho que sim.

– Então você me perdoa?

– Ei! Não pense que será tão fácil, você me feriu com as suas palavras, não dá pra perdoar assim tão rápido, você me magoou feio Swan.

– O que você quer de mim então?

– Eu não sei, é você que está querendo o perdão por aqui.

– Eu estou esgotada e totalmente sem argumentos e se continuarmos com o barulho vamos acordar nossos filhos. Que tal se a gente ligasse para uma babá ficar com as crianças, tenho certeza que Ruby poderia ajudá-la, e saíssemos para comer, pegássemos um cinema e nos acertássemos?

– Deixar as meninas com alguém? Elas são muito novas Emma, precisam mamar, e eu não sei se quero passear com você.

– Você pode deixar mamadeiras pra elas, ora vamos, você não vai querer continuar com essa briga pra sempre, vai? Precisamos conversar, e faz tempo que não saímos só nós duas, por favor – disse a loira, fazendo biquinho e passando sua mão pelo rosto da morena.

– Ok – respondeu a rainha, tirando a mão de Emma do seu rosto – mas ainda não estamos acertadas, então hoje você dorme no quarto de hóspedes.

– Ah não Gina, por favor, por favor.

– Nem vem com graça, se preferir a sala pode ir. Vou dormir, você pode arrumar o Henry amanhã? Preciso dormir, se as garotas deixarem.

– Ok Gina, boa noite.

Emma não conseguiu dormir direito aquela noite, sua cabeça estava cheia demais. Levantou-se, arrumou e levou Henry para a escola e foi para a delegacia onde passou todo o seu dia, não houve nenhuma ocorrência, o dia estava tedioso. No final do expediente despediu-se de David, que era seu assistente, pegou seu filho na escola e foi para casa, ansiosa pelo passeio com a rainha.

– Eu passei o dia todo conversando com babás e chamei a que pareceu mais decente. Você já falou com a Ruby? Quero alguém de confiança com as crianças também – disse a morena.

– Já conversei com ela, daqui uns vinte minutos ela deve estar chegando, vamos nos arrumar por favor?

– Pode ir na frente, ainda tenho que alimentar Giullia e Anna.

Emma decidiu que precisava seduzir sua rainha. Tomou um banho e vestiu um vestido preto bem colado ao corpo que ela nunca havia usado, passou bastante perfume, se maquiou e deixou os cabelos soltos. Estava estonteante e usaria tudo isso para tentar a morena. Estava acabando de se arrumar quando Regina entrou no quarto, não conseguindo disfarçar sua expressão de surpresa.

– Você? De vestido? – perguntou a morena, perdida na linda imagem a sua frente.

– Você mesma disse que eu preciso mudar, estou fazendo isso.

Regina também não deixou barato e colocou um vestido salmão que ficou espetacular, realçava lindamente cada curva de seu corpo. Se produziu tanto quanto a loira e desceu as escadas, a loira se deslumbrou com a imagem de sua rainha. A babá e Ruby já estavam uma com cada bebê e Henry jogava vídeo game.

– Vocês não precisam ter pressa alguma, eu posso até passar a noite com as crianças se vocês quiserem – disse a babá – estou à disposição de vocês.

– Eu também posso ficar por aqui a noite toda sem problemas, seria um prazer – falou a loba.

– Não será necessário – disse Regina.

– Não tenha tanta certeza – respondeu a loira, puxando a rainha pela mão e a guiando para seu fusquinha.

– Eu não quero ir nessa lata velha, vamos no meu carro.

– Sem essa, você nunca reclamou e nós vamos com ele, ele é meu amuleto e eu estou vendo que vou precisar de sorte esta noite, vamos entre – disse Emma, ligando o carro e dando a partida, Regina quebrou o silencio no carro após alguns minutos.

– Então Swan, onde você está me levando?

– Não me chame de Swan, isso é tão impessoal, para com isso.

– É a mesma coisa quando você me chama de Regina.

– Eu sei, mas eu não faço isso com tanta frequência.

– Ok ok, agora me diga, onde vamos comer?

– Calma, a gente nunca foi lá mas é bem pertinho, logo você vai saber.

Emma estacionou o carro bem perto do porto de Storybrooke e a morena se sentia perdida. Só havia um iate lá, e nem uma viva alma passando.

– O que você pensa que vai fazer Emma?

– Nós só vamos passear.

– Você disse que a gente comeria num restaurante e pegaríamos um cinema, não concordei com passeio em alto mar.

– É claro que eu não ia sugerir um passeio de barco, você não iria aceitar. Agora me diz que você não quer ir, o céu está lindo, o mar calmo, e eu toda linda aqui pra você. Por favor, diz que sim.

– Eu não concordei com isso, vamos embora – respondeu a morena, entrando no carro. Emma colocou a cabeça na janela.

– Vamos Gina, diga que não quer isso – disse a loira, segurando a cabeça de sua rainha e dando uma suave mordida em seu lóbulo – e isso – Emma foi plantando beijos pelo pescoço da morena.

– Para Emma – respondeu Regina, já ofegante – eu não vou por causa disso, eu não quero nada com você.

– Então está bem Gina, eu juro solenemente que não farei nada que você não queira – brincou a loira, levantando a mão direita.