Juntos pelo acaso. escrita por Hermione Granger


Capítulo 11
A amizade vira algo mais.




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— Você e o papai brigaram? – perguntou Hugo durante o café da manhã. Seria difícil mentir para ele já que Ron não falava com Hermione desde a noite passada e mal se sentara pra tomar seu café da manhã.

— Não, querido. – mentiu ela. – O papai só está um pouco irritado com o trabalho.

Hugo continuou a comer o seu cereal de chocolate mergulhado em uma vasilha de iogurte de morango.

— Acho que papai não gosta do seu amigo – disse o menino pouco tempo depois.

— Ele disse isso? – perguntou Hermione. Hugo não a encarava, estava mais interessado no brinquedo surpresa que ganhara dentro da caixa de cereais.

— Não. – ele respondeu. – Mas eu ouvi quando ele disse que o nariz do seu amigo era tão grande e torto que virava a rua de casa antes dele.

Hugo era incrivelmente esperto e observador para uma criança de 5 anos. Hermione deixou soltar uma risada, mas se recompôs em seguida. Hugo não podia achar que esse tipo de comentário era engraçado.

— Não dê ouvidos ao seu pai, ele as vezes fala demais. Termine o seu cereal.

Durante toda manhã, Ron não falara com Hermione. Voltou a evita-la como na outra vez e não porque estava com raiva, e sim porque estava envergonhado. Ele precisava pensar. Sabia que estava sendo ridículo. Ele sabia que alguma coisa nele em relação a Hermione havia mudado. Agora até sentia falta dela, mesmo sabendo que ela a alguns cômodos de distância. Ele pensava em Vitor e se lembrava de quando Gina lhe disse que um dia, um cara com mais coragem do que ele, se aproximaria de Hermione. E se a irmã estivesse certa? Ela parecia estar.  Ele respirou fundo e esfregou as mãos no rosto como se quisesse limpar sua mente de pensamentos ruins. Ele iria falar com Hermione e pediria desculpas. Se Gina estava certa sobre os sentimentos dele por Hermione, brigar com ela só a levaria em direção a Vitor. Ele fez uma careta em reprovação ao próprio pensamento.

Ron se distraiu dos seus pensamentos quando Hugo entrou descontente na sala.

— O que foi, filhão? – pergunta quando o filho se senta ao seu lado.

— Era muito mais legal quando vocês dois eram amigos. – disse o menino de braços cruzados. Ron sabia que o filho se referia a ele e Hermione.

— Nós ainda somos amigos. – disse Ron.

— Não são não. Agora vocês são dois chatos. Por que não fazem as pazes?

— Você é muito jovem pra meter nos problemas dos adulto.

— Mas eu estou com fome. – disse o menino fazendo uma cara triste. Ron deu risada. Todos sempre diziam que Hugo era parecido com ele, mas ele adorava quando ele mesmo enxergava a semelhança.

— Você tem razão, campeão. – Ron deu um beijo na testa do filho.

 

 

Hermione ouviu duas batidas em sua porta enquanto tentava focar sua atenção em seu livro. Ela sabia quem era e, mesmo sem ela ter autorizado a entrada, pode ver a cabeça de Ron aparecer pela porta entreaberta.

— Posso? – perguntou ele. Ela apenas assentiu e ele entrou.

Ron caminhou pelo quarto dela por um tempo como se fosse um turista antes de falar alguma coisa. Ela já pensava em lhe perguntar quando ele falou.

— Sei que já tenho pedido isso muitas vezes esses últimos dias, mas... Sera que tem espaço pra mais um pedido de desculpas?

Ela aprendeu a detestar brigar com Ron, mas detestava mais ainda não conseguir sentir raiva dele por muito tempo. Ela queria dizer a ele que ele foi grosseiro e imaturo com ela e ela sentia raiva disso. Deveria dizer que ele não tinha o direito de se meter na vida dela e que ele precisava pagar por ter sido tão egoísta e injusto. Mas aquela situação toda a incomodava.

— Eu não consigo te entender Ron. Você é um cara legal e engraçado, mas as vezes age como um babaca. Não faça essa cara. – repreendeu ela ao ver que ele torcia o nariz.

— Ta eu sei. Me desculpe, acho que isso é por conta do trabalho e...

— Não, não é não Ron – cortou ela cruzando os braços na frente do corpo. – O que está acontecendo com você?

— Eu não sei. – disse ele se sentando na beira da cama de Hermione. Ele tomou o travesseiro dela nas mãos e começou a aperta-lo só para ter o que fazer e não precisar manter contato visual com ela.

— Você sabe sim. – ela insistiu.

Ele hesitou por um instante.

— Talvez eu saiba. – disse por fim. – Mas não é algo que eu queira conversar agora. Eu... preciso de um tempo pra isso.

— Esta bem.

— Desculpado? – perguntou agora encarando-a.

— Não adianta me pedir desculpas se for ficar estranho comigo daqui dois dias.

— Eu prometo que não vou ficar. – ele estendeu o dedo mindinho para ela como se quisesse selar a promessa e ela sorriu.

— Ta né. – disse selando a promessa.

Ele já se levantara para se retirar do quarto de Hermione, mas antes de sair voltou-se para ela novamente.

— Hugo e eu iremos assistir a maratona de O rei leão no Disney Channel e temos uma vaga sobrando no sofá. – brincou ele. – Quer assistir com a gente?

Hermione riu.

— Eu não perderia o retorno de Simba por nada. Desço em um minuto.

Ron sorriu para ela e saiu.

— Pronto, Filhão. Nossa tarde de O rei leão está a salvo. – disse Ron para Hugo quando viu Hermione entrar na sala algum tempo depois. – Convenci Hermione a assistir com a gente e agora já temos alguém para fazer a pipoca.

Hermione jogou uma almofada que acertou a cabeça de Ron.

— Você é um interesseiro, Ronald. Farei só para nós dois, Hugo.

— Bom, mas quem é que comprou o milho para estourar? –perguntou com ar de triunfo.

— Ótimo, coma o milho se quiser. Mas farei pipoca para mim e Hugo apenas. Que tal pipoca doce, querido? – perguntou Hermione para Hugo.

— Você se tornou um ser humano horrível, Hermione.

Ela riu e Hugo ficou feliz por eles terem feito as pazes. Ron ajudou Hermione fazendo lanches enquanto ela fazia pipoca e foram para a sala quando o filme começou.

Nala nem teve tempo de encontrar Simba quando Ron sentiu um peso sair em seu ombro. Estava na segunda metade do filme e a cabeça de Hermione caíra acidentalmente sobre os ombros de Ron, adormecida. Ele virou-se lentamente para olha-la e viu que Hugo também pegara no sono no colo dela. Deu um sorriso abafado. Belas companhias, pensou ele.

Apoiou a cabeça de Hermione em uma de duas mãos e tentou se levantar lentamente sem acorda-la. Colocou uma almofada no lugar onde ele estava sentado antes, deitou a cabeça de Hermione com cuidado no travesseiro e cobriu Hugo e ela com a manta que deixava no sofá. Ele achou que ela iria acordar quando a viu fazer uma careta, mas percebeu que era por causa de uma mecha de cabelo que caíra desleixada sobre o rosto dela, fazendo o nariz dela coçar. Ele então afastou delicadamente a mecha do rosto de Hermione e a prendeu por trás da orelha dela deixando seu rosto a mostra. Ele ficou olhando o rosto dela por um longo tempo, ou talvez nem tao longo assim, ele não estava perdendo tempo contado. Tampouco controlou o seus pensamentos que o levou para um mundo onde Hermione não morava com eles por conta de um trabalho. Onde ela não estava ali só pra cuidar de Hugo e onde a estadia dela não tinha de prazo de validade. Ele nunca gostou de pensar em vê-la ir embora e isso não mudou, mas agora ele queria que ela ficasse alí não por Hugo, mas por ele também. Ele se pegou sorrindo para ela e brincou com a mecha do cabelo dela mais de uma vez.

— Eu to ferrado. – disse ele para si mesmo.

— Papai? - ele não viu quando Hugo acordara. Olhou surpreso para o filho se perguntando se ele acordara a muito tempo. Esperava que tivesse sido exatamente naquele momento. Antes que pudesse perguntar, ouviu o som da campainha.


— Aish! – exclamou Ron ao abrir a porta.

Hermioni-ni estarr?

— Não tem nenhuma Hermioni-ni aqui nao. – disse imitando a voz de Vitor.

Vitor fez uma cara de poucos amigos para Ron, mas não precisou esperar muito, pois logo pode ver a cabeça de uma Hermione sonolenta, e que acordara com o barulho, atrás de Ron.

— Vitor. – Ron ouviu a voz de Hermione atras de si e revirou os olhos quando viu um sorriso de triunfo no rosto de Vitor. – meu Deus, que horas são? Eu me esqueci. Volto em um segundo.

Ron a viu correr para o andar de cima e continuou parado e debruçado no batente da porta como se quisesse impedir vitor de entrar. Ele não ia permitir que Vitor o fizesse se irritar com ela. Não gostava da ideia, mas ia fingir que aquilo não o afetava.

Hermione de fato não demorou e logo estava parada ao lado de Ron. Ela não era do tipo que exagerava com maquiagens ou perdia horas alisando o cabelo. Ela era rápida e não precisava fazer nada para estar linda. Ron percebeu que estava sorrindo para ela de novo quando Vitor soltou um pigarro.

— Eu não demoro. – disse ela para Ron. Ele desejou que não demorasse.

— Eu vou estar acordado. E você – disse voltando-se para Vitor. – Vê se não sai por ai andando feito um louco naquela coisa. – Ron apontou para a moto.

Antes que eles partissem, Ron deu um beijo na testa de Hermione para se despedir, deixando-a surpresa, e devolveu o sorriso de triunfo para Vitor. Se aquilo era uma espécie de disputa, ele queria que Vitor soubesse que ele acabara de entrar no jogo.


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