Juntos pelo acaso. escrita por Hermione Granger


Capítulo 12
O bolo de aniversário de Hugo




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Ron combinou de levar Hugo para a casa de Gina de noite. O aniversário de Hugo era no dia seguinte e Ron pretendia preparar algo para o filho como a mãe de Hugo fazia, ainda que ele não se lembrasse de nada. Hugo ainda era muito pequeno, não decorara a data de aniversário ou aprendera os meses do ano para ansiar a chegada da festa, o que dava a Ron a vantagem de preparar alguma surpresa.

Gina parecia já esta pronta para atendê-los quando Ron tocou a campainha.

— O sobrinho mais lindo da titia chegou. – disse Gina pegando Hugo no colo para dar um beijo. – não conte isso aos seus primos, nosso segredo. Oi, Ron. Veio sozinho?

— Vim com Hugo. – respondeu Ron.

— Você é muito engraçado. Onde está a Hermione?

— Ela saiu com o amigo narigudo que o papai não gosta depois que o papai brigou com ela. – disse Hugo.

— Amigo narigudo? – perguntou Gina olhando Hugo e voltando-se para encarar o irmão com um olhar de reprovação.

— Filho, porque não vai dar oi pro tio Harry e o James. – sugeriu Ron. Hugo entrou correndo pela casa e Ron viu que Gina ainda o encarava da mesma forma, encostada no batente da porta.

— Deu pra ficarem brigando na frente dele agora, Ron? Ele é uma criança, se forem ficar com briguinhas de casal, que não seja quando ele estiver por perto.

— Nos não brigamos, foi um desentendimento – tentou amenizar. – Já passou de qualquer forma.

— Quem é o cara?

Ron esperou um tempo antes de responder. Não gostava nem de pensar em Vitor.

— O ex-namoradinho dela

Gina, que a pouco estava olhando para irmão com o mesmo olhar de sua mãe quando estava preste a dar uma bronca, agora deixava escapar um sorrisinho que Ron não soube dizer se era de deboche ou compaixão, mas que o fez se sentir um garotinho.

— O que é agora?

— Vai assumir agora ou continua querendo fugir?

— Não vou fugir Gina. –  disse ele jurando ver um brilho diferente nos olhos de Gina. Ela tinha o olhar de uma criança que estava a ponto de ganhar o melhor presente de natal. – Sim, eu gosto dela. Satisfeita?

— Não exatamente. Como você deixa sua garota sair com o ex-namorado num sábado à noite?

— Gina, já está bem ruim lembrar isso o tempo todo, sabe?

— Me desculpe, mas é difícil entender.

— Não ha o que entender. Eu só quis evitar uma briga, ela ia de qualquer forma. Só preciso impedir que isso se repita. Bom, eu busco ele amanha. –  Ron deu um beijo em Gina e voltou para seu carro.

Gina ainda esperou ele virar a esquina da rua antes de entrar em casa. Gina era assim. Era do tipo que te esperava na porta de casa e pedia para que ele ligasse avisando que chegou bem. Ron e ela eram cão e gato e Gina era sua melhor amiga. Ele sabia que a irmã mal conseguia ter controle da própria língua, mas quando o assunto era serio, quando Ron realmente precisava de um colo e sua mãe não estava por perto, era ela que estava. Ele amava incontestavelmente a irmã.

Passou no mercado antes de ir para casa para comprar alguns ingredientes para o bolo de Hugo e logo chegou a sua casa agora vazia.·.

O encontro de Hermione e Vitor foi breve como ela havia planejado. Não que não gostasse da companhia de Vitor, mas ela apenas aceitou o convite com a intenção de deixar claro para ele que ela não tinha pretensão de que eles voltassem a namorar. Vitor até havia sugerido um jantar em um belo restaurante da capital Britânica, mas Hermione insistiu em comerem algo simples em algum fast food. Quanto mais simples e menos romântico fosse aquele passeio, melhor.

— É por cause daquele ruivo? – perguntou Vitor.

— Ron? Ron não tem nada a ver com isso, Vitor. É uma decisão minha.

— Ele parrece gostarr de você.

Hermione não quis entrar em discussão. Bastava Ron achar que todos os caras eram apaixonados por ela, agora Vitor também?

Vitor não pareceu estar convencido após a conversa com Hermione, mas ainda assim, depois de duas horas, já estava novamente na porta de Ron se despedindo dela.

Hermione notou a casa muito silenciosa quando entrou. Chegou a pensar que não havia ninguém em casa, mas a luz da cozinha estava acessa e ela ouvia um barulho vindo de lá. Assustou-se com a bagunça que encontrou quando entrou.

— Santo Deus, o que está fazendo? Onde está o Hugo? – perguntou Hermione entrando na cozinha e vendo toda bagunça espalhada pela bancada como se Ron tivesse decidido de ultima hora que tiraria tudo que estivesse no armário e despejaria pela cozinha como forma de divertimento.

— Ah, eu o levei para casa da Gina. – explicou Ron parecendo um pouco perdido na própria cozinha. – Amanhã é o aniversário dele, eu estava tentando fazer um... Bolo. Jane sempre fazia.

— Ela também fazia toda essa bagunça? – perguntou Hermione rindo.

— Ah eu estava tentando encontrar os ingredientes que diz nessa coisa. – ele disse apontando para um livro de receitas quase submerso na bagunça.

— Melhor eu te ajudar com isso antes que você destrua a casa. – Hermione deixou as sacolas que segurava sobre o pequeno espaço que encontrou sobre a mesa e se aproximou de Ron. – Certo, me diga o que precisa e eu pego.

— Ótima ideia. Achei que eu conhecesse minha própria casa, mas não sei onde está nada. E a cozinha sempre foi o meu lugar favorito.

— Para comer. Mas garanto que não deve saber nem ferve um leite.

— Isso é um insulto Hermione. – ele disse rindo.

Ron foi lendo os ingredientes escritos no livro enquanto Hermione os pegava (sem dificuldade nenhuma de encontra-los) e os colocava na bancada diante de Ron.

— Só isso? – ela disse quando ele terminou de ler. – O que estava tão difícil a ponto de você fazer tanta bagunça?

— Não seja convencida, você só os encontrou porque foi você mesma quem os guardou.

— Pois bem, pratique. A partir de hoje, será uma vez de cada para organizar as coisas.

— As vezes você manda mais nessa casa do que eu. Mas eu não vou discutir isso. – disse voltando novamente a atenção para o livro. – Okay, agora é só misturar tudo?

— Não necessariamente. – Hermione tomou o livro das mãos dele. – Vamos usar essa vasilha. Primeiro os ingredientes secos. Duzentos e cinquenta gramas de farinha.

Ron olhou de Hermione para a farinha e da farinha para a vasilha como se estivesse diante de um enigma dificílimo.

— E quanto é 250g ? Um copo, um saco?

— Francamente Ronald. – disse ela colocando as mãos na cintura. – Olhe, esse copo – disse indicando o copo ao lado da vasilha. – Chama-se copo medidor. As linhas desenhadas em volta não são decorações. Procure a faixa que indique ‘grama’ e encha-o com farinha até a linha em que marca 250.

Ron revirou o copo pelo menos umas cinco vezes antes de encontrar as indicações que Hermione falara. Quando encontrou, encheu o copo com farinha e despejou na tigela.

— Certo. Farinha. O que mais?

— Hum!  Açúcar. A mesma medida.

— Açúcar... mesma medida. – repetia ele conforme obedecia as ordens. – Certo.

E assim foram acrescentando os ingredientes até terem todos corretamente misturados.

— Veja, tem que ficar desse jeito. – dizia Hermione indicando a textura da massa.

— Até que não é tão difícil. Agora basta jogar nesta forma e...

— Não! – exclamou Hermione fazendo Ron se assustar. – Tem que untar primeiro.

— Juntar o que?

— UNTAR Ronald. Para que o bolo não grude na forma enquanto assa.

— E como é que se faz isso? – perguntou ele confuso. – Algum tipo de ritual de magia negra?

Hermione riu revirando os olhos. Pegou a tigela das mãos de Ron e pediu para que ele pegasse a forma.

— Pronto. Passe um pouco de manteiga pela forma. – instruiu ela. – Em seguida quando cobrir toda extensão da forma polvilhe com a farinha.

— Essa farinha aqui? – quando Hermione se virou para olhar o que ele indicava, Ron soprou um bocado de farinha em seu rosto, deixando-a tão branca quanto uma assombração.

— RONALD! Porque diabos você fez isso? – perguntou ela de olhos fechados para evitar que a farinha lhe caísse sobre os olhos.

— Exagerou na maquiagem, gata. – brincou ele tirando o acumulo de farinha dos olhos dela para que ela pudesse abri-los.

— Você parece um garoto de 13 anos. – disse ela fingindo-se de brava.

— Chatinha. – Ron pegou mais um punhado de farinha, mas desta vez ele apenas tacou na forma como ela havia mandado anteriormente. – Pronto, posso por a massa agora.

—Tire o excesso.

— Pra que? É farinha. É só deixa-la se misturar com a massa.

— Tire o excesso. – repetiu Hermione e Ron mais uma vez obedeceu. – Agora sim, a massa.

— Ufa! – suspirou Ron terminando de despejar a massa e deixando uma quantidade considerável no fundo da tigela.

— Não vai colocar o resto? – perguntou Hermione.

— Ta brincando? Esse restinho é para mim.

— Você vai comer isso daí? – Hermione parecia incrédula.

— Qual o problema? Você nunca raspou tigelas de bolo?

— É claro que não, porque eu faria isso?

— Porque é gostoso. – explicou ele. – Experimente.

Ron pegou um pouco de massa com a colher de madeira e fez uma espécie de “aviãozinho” em direção à boca de Hermione.

— Nem pensar. – ela disse se afastando. – Isso deve dar dor de barriga.

— Não seja fresca, é gostoso. Confie em mim. Se a massa não fosse boa, o bolo também não seria.

Ela hesitou um momento, mas acabou cedendo. Abriu a boca apenas um pouco sem permitir que a colher entrasse, e sugou a massa como se sugasse uma sopa. Degustou movimentando os lábios rapidamente como faziam aqueles críticos de restaurantes ao provarem o vinho.

— Então?

Ela abriu um sorriso.

— É gostoso. – confessou ela.

— Viu encrenca. – Ron colocou a forma dentro do formo aquecido, pegou outra colher e estendeu-a na frente de Hermione. – Eu ia comer sozinho, mas sou bonzinho o suficiente para dividir com você como um agradecimento ao fato de ter me ajudado.

— Quanta gentileza. – disse ela apanhando a colher e mergulhando-a na possa de massa crua.

Hermione estava recostada à mesa como se estivesse decidindo entre sentar-se sobre ela ou continuar de pé. Seu rosto ainda com vestígios de farinha a minutos tacada por Ron e algumas mechas de seu cabelo preso em um coque feito de má vontade, caia-lhe sobre os olhos sempre que ela abaixava a cabeça em direção a tigela. A colher que Ron lhe dera era muito maior que sua boca, o que acabara resultando em uma boa quantidade de massa espalhadas pelo seu rosto. E ali estava ela. Completamente salpicada com farinha dos pés a cabeça, cabelos despenteados e o queixo melado com massa. Ele não soube dizer exatamente o que aconteceu naquele momento. Parecia que todo mundo havia ficado em um silencio combinado e a única coisa que ele podia ouvir era a risada dela. Uma risada distante, ou será que quem estava distante era ele? A essa altura já não sabia o que dizer, só conseguia olhar para ela. Ron não soube dizer quanto tempo passou a observá-la, mas talvez não fora tanto, pois ela não parecia notar ou ao menos se importar com seu olhar. Muito pelo contrario, continuava a devorar a massa crua de bolo como se fosse uma criança.

— Mamãe nunca me deixou comer isso. – ele a ouviu dizer, mas ainda assim continuava olha-la. – Ela dizia algo sobre o fermento do bolo fazer com que minha barriga inchasse sem parar. Esta me ouvindo?

— Sim, sim. – se apressou em dizer.

— Se ela me visse agora, me daria sermões como se eu fosse uma menina.

—Está tão suja e descabelada quanto uma. – disse Ron rindo.

Hermione levantou o olhar sério e olhou o próprio reflexo destorcido no verso da colher. Antes que ela pudesse dizer algo em sua defesa ou pelo menos se alinhar, Ron se aproximou, posicionando-se de frente a ela e colocando as mexas de cabelo rebelde por detrás das orelhas de Hermione. Ela sentiu o coração descompassado com a proximidade, mas não se afastou e nem poderia, pois estava presa entre Ron e a mesa.  

— Já vi Hugo comendo massa milhares de vezes e juro que nunca o vi tão sujo quanto você. – disse Ron sorrindo para ela. Hermione sustentava um olhar serio enquanto Ron, com um guardanapo, limpava vestígios de bolo da sua bochecha. 

Ele mantinha o olhar fixo no dela olhando apenas algumas vezes para o local que limpava. Parou por um segundo antes de amassar o guardanapo e coloca-lo sobre a mesa, mas ainda não havia terminado. Colocou ambas as mãos sobre o rosto de Hermione, passando o polegar suavemente pelo canto de sua boca, livrando-se de qualquer vestígio que ali tivesse. Hermione tentou ao máximo ficar totalmente indiferente ao toque de Ronald, mas seus olhos pareciam querer se fechar sozinhos e as pernas já não oferecia toda sustentabilidade necessária. Não saberia dizer se era impressão sua, mas parecia agora que Ron estava mais próximo. E de fato estava, ela pode concluir isso ao sentir a respiração quente do rapaz colidindo com seu rosto enquanto ele encostava o nariz no dela. Ela não se afastou. Nem ao menos tentou. Muito menos pediu ou desejou que ele o fizesse. Ele agia com cautela, ela teria todo tempo que quisesse para pará-lo. Ela se pegava pedindo inconscientemente que ele não parasse. Rendeu-se as exigências de seu corpo e permitiu que seus olhos se fechassem enquanto sentia os quentes e macios lábios de Ronald sobre os seus.


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