– Há quanto tempo, Raven.

Ao se libertar das mãos do desconhecido, Raven virou-se para encará-lo. O rapaz era alto, pouco musculoso e de cabelos brancos e compridos, a franja escondia seu olho direito. A jaqueta cinza com um capuz de chifres aberta escondia os poucos músculos que tinha, as calças jeans que usava eram folgadas, e os tênis possuíam alguns espinhos.

– Ran.

– Oh, você ainda me reconhece. – sorriu. – Achei que havia se esquecido de mim, depois de tantos anos sem me ver.

– Tantos anos? Você só passou as férias fora daqui, estava na China visitando sua família. – o moreno deu de ombros. – Eu não poderia me esquecer do meu irritante stalker.

– Stalker é a avó. Eu sou seu adversário.

Ran passou a estralar os dedos, sorrindo malicioso. Raven apenas suspirou e cruzou os braços.

– Foi só você voltar que os meus dias têm sido bem agitados. Quando você vai parar de me perseguir?

– Só no dia em que você deixar de ser um ótimo adversário. Temos dez empates, dez vitórias e dez derrotas. – colocou o capuz.

– E o que tem? – suspirou novamente, irritando-se. – Isso prova que nós dois estamos no mesmo nível, não prova?

– Exato, por isso me interessei. Você é o único que consegue empatar comigo, tem o direito de ser meu rival!

O albino, sem avisos, avançou no outro, socando-lhe a barriga. Raven, apesar de desprevenido, bloqueou o ataque antes, e lhe deu uma rasteira. Ran teria caído se não tivesse se agarrado à camiseta do moreno. Ao recuperar o equilíbrio, Ran socou-lhe o rosto, sem querer arranhando-lhe com força a bochecha.

– Ai, porra! – reclamou Raven, dando uma joelhada no estômago do adversário. – Isso vai ficar marcado, desgraçado!

– Ugh... Hehe, considere isso como uma marca de rivalidade. – riu, mesmo após a joelhada.

Irritado, o moreno jogou-se em cima do rival, rolando com ele para o centro do beco. Ran foi jogado de costas no chão, permitindo que Raven ficasse por cima dele para desferir-lhe vários socos. Mais afundo, haviam mais pessoas, a maioria usando capuzes e observando a luta de longe. Raven logo sentiu um incômodo entre as pernas. Era a ereção que as carícias de Elesis havia provocado. Ainda estava lá, firme e dolorosa. Ao perceber, Ran começou a gargalhar.

– Peraí, Raven, tá de pau duro, é? – debochou. – Tava com a sua namorada de novo ou será que esse pau duro é por causa de mim?

Rangeu os dentes. Raven nunca foi um bom exemplo de pessoa calma. Enraivado por causa do deboche, o moreno bofetou-lhe o rosto, fazendo questão de usar as unhas para marcar Ran. O albino apenas grunhiu de dor, e lambeu o lábio inferior ao perceber que as unhas de Raven haviam cortado-o. Seu sorriso cresceu.

– Não importa o quanto você tente manter a calma, Raven, nós dois sabemos que você sempre será esse cabeça quente que não consegue se controlar.

– Não te bati o suficiente para você parar de gracinha, Ran?!

– Uma simples provocaçãozinha já te deixa puto... Por isso é tão divertido brincar com você.

Ainda deitado no chão, Ran chutou o estômago do rival com o impulso dos dois pés, jogando-o contra a parede do beco. Não tardou e correu até Raven, trocando chutes e socos com ele. A camiseta do albino começou a rasgar na região da barriga, deixando seu tronco pálido e pouco definido amostra. As mulheres presentes no beco gritaram elogios sobre o físico de Ran, como se quisessem devorá-lo vivo.

– Parece que o seu pau duro está te dando problemas para lutar, não é, Raven? – mostrou a língua.

– Você parece muito interessado nele, Ran. – respondeu Raven, querendo responder à altura.

– Eu? Você é quem se excitou por mim, tenho certeza.

Rangendo os dentes, Raven pegou-o pelo pescoço com o braço esquerdo, batendo-o várias vezes contra a parede. Apesar da força que usava, Ran não parecia estar incomodado com a dor. Não urrava, só gargalhava mais alto, o que irritava o moreno ainda mais.

– Desiste, Raven, você nunca vai conseguir me irritar! Eu só me divirto com as nossas lutas! – gritava enquanto ria, insano.

– Desgraçado, eu vou te fazer em pedaços!

Depois de alguns minutos, Raven parou, ofegante, e soltou o albino. Este também ofegava, cansado, mas ainda sorria e ria baixinho por estar rouco. Tirou o capuz e passou a mão pelo crânio, estava sangrando. Jogou-se no chão, forçando-se a falar alto para que o moreno o escutasse.

– Sabia que seu braço esquerdo é muito forte, Raven? É estranhamente mais forte do que qualquer outra parte do seu corpo.

– Sim, Ran, obrigado. – ofegou em resposta. – Bom, parece que eu venci desta vez. Onze vitórias para mim.

– Amanhã eu venço para igualarmos, hehe.

– Vai sonhando, vai.

– Você não tem cara de Veteran Commander, sabe... Acho que você merece outro título.

– Eu recebi o título Veteran Commander graças à minha habilidade dentro do clube de luta, Ran. Não vou me desfazer dele.

– Sei, mas e aqui, nas ruas? – riu. – Como rei das lutas de rua, eu lhe titulo como Reckless Fist.

Raven fitou-o.

– Que tipo de título é esse?

– Em homenagem ao seu braço, e é mais a sua cara, cabeleira. Até amanhã, esteja pronto para sua surra.