Apenas Colegas de Apê escrita por Dreamy Girl


Capítulo 81
Se não se importa..


Notas iniciais do capítulo

Oeee!
Tivemos um pequeno incidente (ou crise de burrice da Dreamy, chamem como quiser) e eu excluí o capítulo prontinho, achando que já tinha postado 😢 tive que reescrever tudo, por isso demorei um pouco.. mas tá aí!
Vamoxxxxx



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Eu acordei meio perdida.

Não lembrava do que tinha acontecido, nos primeiros segundos, mas logo depois tive um choque de realidade.

Naquele lugar vazio, com uma mosca rondando o prato vazio de lasanha, e uma dor enorme no peito, eu lembrei de tudo, de detalhes..

Lá no fundo, eu torci pra que fosse tudo um sonho ruim. Mas eu sabia que não era. E mesmo com o povo dizendo que a esperança é a última que morre, eu não tinha esperança nenhuma. Ela já tinha morrido.

O que eu tinha mesmo, era fé.

Olhei no celular e vi que tinha dormido mais de dez horas. Eram três e quarenta da tarde.

Peguei a chave do carro, deduzindo que o Peter tinha ido lá levá-lo, um tablete de chiclete e fui correndo pro hospital.

No caminho, pedi mentalmente pra Deus que tudo desse certo.

Quando cheguei lá, o Peter estava deitado na cadeira em frente ao quarto do Steve, todo torto, dormindo.

Sentei do lado dele sem acordar, e fiquei esperando alguma coisa acontecer.

Um tempo depois, quando minha perna já estava ficando roxa por conta do ar-condicionado, o médico de ontem passou no corredor, e eu tive que interrompe-lo.

– Oi, doutor. Lembra de mim?

– Sim, claro. O Steve chamou por você essa noite. - sorriu.

– Ele tá bem? - sorrio junto.

– Sobrenaturalmente melhor. A cor voltou, a respiração está praticamente normal.. mas isso não quer dizer que ele está bem. Doente ele ainda está, e muito. Apesar de sua melhora, o tumor cresceu um pouco desde a última vez, e ele pode ter um novo "ataque" - fez aspas com as mãos - a qualquer momento. Por isso, estamos cogitando a possibilidade de fazer a remoção do tumor.

– Façam o mais rápido possível!

– Não é simples assim... como toda cirurgia, o paciente precisa ser preparado para isso, e não é assim de repente.

– Mas vocês podem trabalhar nisso, não é?

– Estamos fazendo o possível pra ele ficar bem. O garoto é forte. Ele está resistindo há muito tempo, já era pra ter morrido há meses. Parece que tem algo muito forte com ele, que não deixa nada de ruim acontecer.

– Eu sei que tem. - meus olhos encheram de lágrimas. - E pra esse algo, não existem coisas impossíveis. Se ele quiser, simplesmente vai acontecer.

– Se não se importa, preciso ir. Qualquer coisa, é só chamar uma enfermeira.

– Tudo bem. Muito obrigada pela atenção! - sorri pra ele, que continuou o caminho, e voltei a sentar ao lado do Peter, agora acordado.

– Era de Deus que você tava falando, né?

– Claro.. essa madrugada, eu orei, pedindo pra que, se tudo o que ouvi durante toda a minha vida fosse verdade, Ele curasse o Steve.

– E você crê nisso?

– Você não? - retruco.

– Eu tenho certeza. Nós somos a prova viva disso.. somos meio que um milagre, sabe?

– Por que?

– Olha pra trás. Pra toda a nossa história. Pra nossa infância. Pra nossa adolescência. Tudo demorou muito pra dar certo pra gente, né? - pergunta, e eu fiz que sim com a cabeça. - Então.. metade do mundo, se passasse por tudo o que a gente passou, não teria resistido, teria se matado, ou a vida teria tomado um rumo bem diferente. Poderiam entrar nas drogas, na prostituição.. mas a gente tá aqui. É como se o tempo todo Deus estivesse escrevendo uma história pra gente.. e agora, vamos ter a prova disso. Entendeu?

– Perfeitamente. E concordo com tudo.

– Não tive só você do meu lado durante todo o tempo. Tinha outra pessoa também.. - sorri.

Depois disso, nós ficamos em silêncio.

Eu sempre acreditei que a vida tomava os rumos que queria, que ela fazia tudo sozinha, e tal.. mas, depois disso que o Peter falou, eu cheguei à conclusão que tudo acontece com a permissão de Deus. Nós já temos a história escrita, mas temos também o livre arbítrio. Cabe a ninguém além de nós mesmos escolher o caminho que queremos seguir.

– Você acha que estaria pronta, caso o pior acontecesse?

– Eu tenho certeza que não. Você sabe, seria como se uma parte de mim fosse embora com ele.

– Mas, como diz o pai da Hazel, não seria um privilégio ter amado o Steve?

– Com certeza, sim. Mas eu prefiro ser previlegiada com ele por aqui, mesmo. - ele ri.

– Você sempre comparou muito sua vida com A Culpa é Das Estrelas. Já pensou que tem medo do final?

– Sim, pra caramba. E, calma aí, a jornalista aqui não sou eu?

– Eu sei que eu estava com perguntas de jornalista.. era só pra tornar o assunto menos desconfortável..

– Vamos fazer assim, então: não falamos sobre isso. Esse assunto realmente não é agradável..

– Tudo bem.

– O pessoal tá sabendo?

– Eu avisei pros três, mas pedi pra ninguém vir. Gente demais no hospital causa muito estresse.

– Aprendeu isso na faculdade, doutor Peter?

– Não, com a vida mesmo. - ele ri. - Outra coisa estressante é faculdade de medicina. Senhor!

– Eu gosto da minha faculdade.. é tranquila e eu curto as aulas, as matérias..

– Fico feliz por você. Só faço faculdade pela Dyl.. ela quer porque quer casar logo. - dá um suspiro.

– Quer casar logo e você faz medicina, que são cinco anos? Me escuta, Pet, essa faculdade é perda de tempo. Além de você não gostar, é mais tempo do que você tá disposto a fazer. Tranca, e faz alguma coisa que tenha mais a ver contigo..

– Tipo?

– Sei lá, você é super comunicativo e criativo.. se daria bem com publicidade, eu acho.

– Vou pensar nisso, valeu.

Uma enfermeira saiu do quarto do Steve e interrompeu a nossa conversa.

– Rachel?

– Sou eu, por quê?

– O paciente quer te ver.

Sorri e levantei.

Acompanhei a enfermeira, que abriu a porta pra mim. Dentro daquela imensidão branca, eu o vi.

Com os olhos mais profundos do que nunca, a carinha cansada, pálido, e com a boca branquinha.

– Oh, amor. - falei, baixinho, entrando no quarto. - Como você tá?

– Melhor. Me desculpa por isso, por favor.

– Você não tem que se desculpar. Ninguém tem culpa disso, a gente não pode escolher esse tipo de coisa.

– Não queria que você precisasse passar por isso.

– Mas eu não preciso. É uma opção minha. Já não te disse que vou estar com você até o fim?

– Obrigado, na moral. Nem sei o que seria sem você. - a voz dele estava tão fraquinha.. sorri pra ele.- Você tá sozinha?

– Não, o Pet tá comigo.. precisei ir pra casa, tava morta. E aconteceu uma coisa que preciso te contar..

Comecei a falar tudo o que tinha acontecido. Sobre a minha oração, minha certeza, e sobre o que eu tinha prometido.

– Se eu sair dessa, eu entro nessa com você. - ele diz.

– Mesmo?

– Claro. Olha a minha situação..

– E você acredita que vai dar tudo certo?

– Acredito. E vou fazer minha parte. Eu prometo.

– Obrigada.. eu amo você. - falei, sorrindo. Meus olhos estavam cheios.

– Eu te amo mais. E vou fazer o possível pra ficar por aqui e te encher o saco por mais muito, muito tempo.

– Moça, se não se importa, eu preciso dar um remédio pra ele dormir, descansar.. - uma outra enfermeira diz, suavemente.

– Tudo bem. Tchau, amor. - dei um beijo na testa dele e saí, sem protestar.

E eu tinha certeza, mais do que isso, fé, de que tudo daria certo.

– Leiam as notas finais, Dreamy que ama muito vocês ❤ -


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Notas finais do capítulo

O outro estava melhor, e sabem que quando eu perco texto, perco junto a coragem de escrever



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