Apenas Colegas de Apê escrita por Dreamy Girl


Capítulo 80
Minha oração


Notas iniciais do capítulo

Preparadas?
Esse é o penúltimo capítulo da fic.. vai ter o próximo, e depois epílogo. Pensam que eu tô bem? Não tô. Nada bem.
E nesse capítulo vocês vão sofrer um pouco. E também vai começar uma nova fase.. leiam, e nos vemos lá embaixo.



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– Lar doce lar.. - falei, abrindo a porta do Apê.

O Steve, que estava sentado, levantou sorrindo e me abraçou, tirando meus pés do chão e fazendo a mala cair.

– Seu maluco! - ri.

– Vamos re-estrear? - ele fala, depositando beijos no meu pescoço.

– Vamos re-estrear o fogão, porque eu tô morrendo de fome. - eu disse e ele fez uma cara decepcionada.

– Mas a fome pode esperar. - me puxa e começa os beijos de novo.

– O que pode esperar é sua safadeza. Se eu morresse, você ficaria com a consciência pesada o resto da vida. - ele ri.

– O seu drama me dá vontade de te bater. - dá um tapa na minha cabeça.

– Ai, ridículo. - eu ri.

Fui pra cozinha e peguei um pacote de bolacha. Voltei pra sala e encontrei o Steve deitado no sofá

– Não se esqueça que agora você não mora mais sozinho e precisa deixar espaço para a outra pessoa. - brinco, sentando por cima das pernas dele.

– A intenção é você deitar aqui junto comigo. - me puxa, fazendo eu me deitar com ele.

– Tá carente?

– Muito, não tenho ninguém pra me dar carinho..

– Oh, dó! Quem vê pensa que eu sou uma ogra, né?

– Você é minha Fiona, você sabe.

– Tá bom então, Shrek.

Ele ri e me dá um beijo na bochecha.

Abro o pacote da bolacha e começo a comer, assistindo Divergente com ele me abraçando.

Depois de umas três bolachas, eu resolvo oferecer, não que precise, pois se ele quisesse poderia perfeitamente já ter pego.

– Quer? - viro a embalagem pra ele.

– Vou pegar só pra não fazer desfeita. - ele fala, sorrindo cinicamente.

Balanço a cabeça de forma negativa e tiro uma bolacha pra dar pra ele.

– Que mão gelada, amor. - comento, quando nossas mãos se encostam enquanto eu entregava o biscoito.

– Normal..

– Você tá pálido.. tem certeza que tá bem? - olho pra ele. Ele coça a garganta e assente. Eu não engoli aquilo, mas fingi que sim.

Sentei, já que a posição estava me dando dor nas costas, ele começou a comer.

Quando olhei pro lado, ele começou a tossir, muito.

– Steve? - chamei, em meio a crise. - Amor, você tá bem? - pergunto. Ele não parava de tossir, estava ficando vermelho. Sentou, jogando a bolacha longe, e virou a cabeça pra baixo. - Steve, calma. - comecei a me desesperar.

Eu fiz de tudo. Pedi pra ele levantar os braços, bati nas suas costas, dei uma água que ele não conseguiu engolir.. mas era tarde demais. Quando me dei conta, sua crise estava rolando há mais de dez minutos, e ele estava praticamente sem conseguir respirar.

Corri pra pegar o celular e liguei para o Peter. Expliquei a situação da forma mais resumida possível e ele disse pra eu correr pro hospital com o Steve. Perguntei por que e ele disse apenas "Você sabe perfeitamente".

Eu não sabia. Mas fiquei pensando nisso durante todo o caminho, martelando isso na minha cabeça.. até que a resposta veio, quando ele entrou no quarto com as enfermeiras.

O câncer..

Eu lembro muito bem de quando ele me contou da sua doença. Ele disse que um dos sintomas que o fez procurar um médico, com o auxílio de sua tia, foi a dificuldade para engolir.

Ele estava comendo deitado, gelado e pálido.. ficou sem conseguir respirar e nem engolir o pedaço da bolacha que mordeu.

Fazia tempo que ele não ficava mal.. algumas vezes ele tinha uns probleminhas pequenos e tal, mas sempre passava rápido. Pelo menos comigo, isso de engasgar feio nunca aconteceu.

Comecei a associar todos os fatos e sem nem perceber, uma lágrima escorregou do meu olho. E com ela, uma dor que eu tinha desaprendido a sentir.

O Peter chegou lá, sozinho, e logo sentou do meu lado.

– Oh, maninha. - me abraça.

Quando ele me abraçou, outras várias lágrimas começaram a cair.

Ele me pedia calma, dizia que ficaria tudo bem, mas eu sinceramente não sabia.

Não entendo nada sobre isso, e meu conhecimentos sobre a doença não são mais do que o que está escrito em A Culpa é das Estrelas e Um Amor para Recordar.. mas algo dentro mim, um sexto sentido talvez , me dizia que não ficaria tudo bem..

– Isso já aconteceu antes? - pergunto, em meio as lágrimas.

– ... já. - responde, hesitante.

– E no que deu?

– Ele veio pro hospital, e o médico disse que daquela vez ele é tinha escapado.. mas.. numa próxima, poderia nao ter essa sorte. - quando ele terminou de dizer isso, fiquei estática.

– Isso quer dizer.. - comecei a formular a frase, mas não consegui terminar.

– Não, não é certo. Ele disse que talvez ele poderia não ter a mesma sorte.. mas.. talvez não é certeza. Talvez é tão vazio, uma besteira. Fica calma, Ray.

– Será que eu posso ver ele? - peço.

– Acho que não..

Nesse momento, vejo o médico que estava cuidando dele. Ele se aproxima da gente.

– São os acompanhantes de Steve Waters?

– Eu sou o melhor amigo, ela é a namorada. - Peter responde, vendo que eu não seria capaz de falar nada.

– Bom, o estado dele não é nada bom. - o médico fala, com uma cara preocupada.

– O que aconteceu, doutor? Ele estava tão bem, e de repente começou a ficar branco e gelado, e teve aquela crise.. foi tudo tão rápido.. - falo, com a voz que me restava.

– Pelo que me foi passado, ele estava deitado e comendo, não é mesmo? - concordei com a cabeça. - Bem, o seu nódulo é na região da garganta. Comer deitado já é perigoso, mas comer deitado com câncer de tireóide, é quase suicídio. - explica. - E sobre a palidez e a pele gelada, pedi uns exames de raio-X e o nódulo estava inflamado. Provavelmente ele teria febre e poderia desmaiar, mas já cuidei disso e ele já foi medicado. O maior dos problemas realmente foi o paciente ter engasgado. O biscoito ficou entalado no nódulo e a crise dele ainda volta de vez em quando pela irritação que isso causa na garganta. E ele também está tendo uns problemas para respirar.. estamos pensando em induzi-lo ao coma. Só precisamos da autorização. - finaliza.

– Vai ficar tudo bem? - Peter pergunta, meio tenso.

– Estamos fazendo o possível para que sim.

– Faça o que for necessário para salvá-lo. Por favor. - peço, voltando a chorar.

***

Já eram três da manhã. Eu já estava há mais de doze horas naquele hospital, esperando por uma notícia boa, mas nada acontecia. Nada bom, nada ruim. Nada.

Eu estava verde de fome, mas me recusava a comer. Estava com a garganta completamente seca, mas não levantava para beber água. Passando mal de calor, mas não queria de jeito nenhum sair dali, sendo que a qualquer momento poderia acontecer alguma coisa boa, ou ruim. Mas nada acontecia. Nada.

– Rachel, é sério. Você tá com uma cara péssima.. daqui a pouco, você realmente vai ter que ficar no hospital, mas não por opção. - o Peter falava.

– Eu não vou sair daqui. - falei.

– Tá, agora vou ser um irmão mais velho. Vai pra casa agora. Come alguma coisa, toma um banho, e volta depois. É uma ordem. - falou, nervoso.

Ele nunca tinha falado daquele jeito comigo, e por nunca tê-lo visto tão nervoso comigo, resolvi aceitar. Vendo minha cara de quem pretendia ceder, ele pegou a carteira do bolso.

– Toma, pega um táxi e vai poro Apê. Me desculpa por ter sido grosso. É que esse realmente não é um bom momento pra você ficar doente. - falou, mais calmo, me entregando a carteira e dando um abraço. - Vai com Deus e fica bem.- deposita um delicado beijo no topo da minha cabeça e eu vou andando.

O táxi veio rápido, apesar do horário. Era mesmo melhor eu não ir sozinha.. no estado que estou, era capaz de capotar o carro, então agradeci por existirem esses 24 horas.

No táxi, eu fiquei quietinha, sem chorar, apenas tentando mentalizar coisas boas e positivas.. não que eu faça o tipo otimista, mas de vez em quando a gente deve mudar, só pra tentar ficar bem..

Quando cheguei em casa, tomei um banho demorado, coloquei shorts jeans branco e a camiseta do Batman do Steve, e fui comer.

Coloquei uma lasanha congelada no microondas e um flashback veio na minha cabeça, de um dia de anos atrás, quando esse Apê ainda era um lugar praticamente desconhecido por mim..

"- E a minha?

– Tenho cara de empregada?

– Pra falar a verdade, tem. Mas é sério, eu tô com fome.

– Pega a porcaria da lasanha, põe na porcaria do microondas e espera cinco minutos.

– Depois que eu chamo de marrentinha acha ruim - murmurou.

– Eu ouvi isso.

– O que eu faço depois de colocar no microondas?

– Liga. "

Naquela época, não imaginávamos o que viveríamos juntos, não tínhamos noção do que aconteceria..

Voltei a chorar depois de lembrar isso, e quando o microondas avisou que a lasanha estava pronta, eu fui pra sala.

Em prantos, comecei uma oração.

– Senhor, sei perfeitamente dos meus erros, e sei que tenho ido muito ao contrário da Sua palavra há alguns anos.. então, antes de tudo, eu quero te pedir perdão. Eu te prometo, Deus, que se ouvir essa minha oração, eu vou mudar. Por favor.. eu te imploro. Não tira o Steve de mim. Só o Senhor sabe o que eu sinto por ele, o quanto eu amo.. eu não teria forças pra continuar sem ele. Sei que quem o colocou na minha vida foi você, e da mesmo forma pode tirar. Mas tivemos tão pouco juntos.. eu quero a vida inteira ao lado dele. Sinto que o que vivemos até hoje não foi o suficiente, e te peço que o ajude, o dê a saúde e a força necessárias para continuar. Ele é tão novo, tem tanto pela frente. Ele não merece isso, e sei que se alguém pode tirá-lo dessa situação, esse alguém é o Senhor! Meu Deus.. por favor. Tira ele dessa. Seguirei a Tua palavra e a Tua vontade, aquilo que o Senhor quer pra mim, e levarei o Steve junto comigo nessa. Mas eu preciso de uma prova. Preciso saber se está mesmo aí, se aquilo que tanto ouvi quando era criança é verdade. Eu creio que é. Eu acredito que está me ouvindo. E abro o meu coração pra que o Senhor faça as mudanças necessárias. Me ajuda.. e ajuda ele, por favor. Amém.

Terminei.

E sem perceber, eu dormi.


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Notas finais do capítulo

Gostaramm? Comentemmmm!
Prometo tentar não ficar triste, e não pensar no fim, mas sim numa tarefa cumprida e num sonho realizado: graças a vocês ❤
Beijoos



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