Apenas Colegas de Apê escrita por Dreamy Girl


Capítulo 72
Fica, fica, fica!


Notas iniciais do capítulo

Oieee!
Fui rápida, viu?
Hahaha
Essa Rachel, tá fogo, viu..



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Hoje é véspera de Natal. A Dylan está louca, porque ontem o Peter já foi pra Santa Monica, alegando que ia guardar um quarto pra gente, porque a casa do Jason, o amigo gato dele, ia estar lotada. Ela tá morrendo de raiva porque vai passar o Natal sem ele.. e a Gabi também, porque o Liam foi junto. Então, o que tenho pra esse dia (e todos os outros até a véspera de ano novo), são duas amigas com raiva, duas super animadas, e eu mesma, sem nenhuma emoção.

Nós vamos pra uma festa, no clube perto do shopping, que a Anna conseguiu os convites. Ela e Liss são as animadas, óbvio. Dizem que essa festa vai ser muito boa, que só vai ter gatinho e tal..

Eu, particularmente, não gosto muito de Natal. Por algum motivo, acho uma data triste. Não tô empolgada, não tô com raiva, não tô feliz, não tô nada.

– Dyl, relaxa. O Liam disse que vai vigiar o Peter e o Steve. - Gabi fala, me despertando dos desvaneios.

– O Steve tá lá? - quase gritei. Essa é novidade pra mim.

– Ela não sabia, idiota! - Dylan jogou uma almofada nela.

– Como eu ia saber? E outra, qual o problema? Eles não tem nada, nem motivo pra não se olharem. - Gabi fala, pegando a almofada e sentando no sofá.

– Ela tem razão. - concordo. - Eu não tô brava com ele faz tempo.

– Só não tá preparada pra reencontrá-lo.. - Dylan fala.

Finjo que não ouvi e mudo de assunto.

– Já sabem com que roupa vão na festa?

– Vontade de ir de calça jeans e regata não falta. - Gabi revira os olhos.

Concordo com a cabeça.

– Eu não tô no pique de ir. - Dyl reclama.

– Nem eu. - falo.

– Só vou porque a Anna deu duro pra conseguir os convites..

– Ah, será que ela vai ficar brava se a gente não for? - pergunto.

– Eu acho que sim..

– A gente pode só passar a virada lá e depois voltar pra casa. - sugiro.

– Pode ser. A não ser que você encontre algum gatinho lá que te faça desistir de voltar pra casa.. - Gabi fala.

– Deus me livre. Não quero ninguém nos próximos 50 anos. - falo.

– Rachel, não tô falando pra você casar hoje. Tô falando pra você curtir.. duvido que você consegue ficar 5 dias sem beijar na boca, que dirá 50 anos..

– Eu tô há quase um mês sem ficar com ninguém, tá? - me defendo, rindo.

– Eu não sei como! Tô pensando em como vou sobreviver oito dias sem o Peter, e você aí, livre pra ficar com quantos quiser, e sem a menor vontade. - Dylan fala e eu dou risada.

– Vocês duas são desesperadas. Se o Jason estivesse nessa tal festa, eu até pensaria na possibilidade..

– O dono da casa de praia? - Gabi pergunta.

– É..

– Ah, o Peter me disse que ele só ia dia 26, porque tinha compromisso no Natal.

– Dá um jeito de saber se ele vai! - Gabi pede à Dyl.

– Pra quê, Gabriela? - pergunto.

– Ué, pra você ficar com ele. - fala, como se fosse óbvio.

– Que desespero é esse de arrumar alguém pra mim, pelo amor de Deus?

– Porque você tá muito sozinha desde que terminou com o Sam. - Dylan explica.

– Aliás, nem sei por que disso, né?- Gabi fala, sem acreditar. - O cara é um amor, gato, gostava pra caramba de você.. você é idiota.

– Ah, Gabi, jura que não sabe o motivo?

Ela parecia ter entendido, mas acho que viram minha cara de quem não queria falar daquele assunto e a Dylan, então, foi pegar o celular.

– Vou falar com o Jason.

Eu já ia protestar, mas percebi que não ia adiantar nada.

– Não acha muita cara de pau? - Gabi pergunta.

– Magina, ele é super gente boa. - Dylan fala. Isso ele é mesmo. Lindo também. - "Oi, Jason. Então, hoje vai ter uma festa de Natal lá no clube, tá sabendo?" - ela fala devagar, conforme vai escrevendo. - Ele respondeu.

– O que ele disse? - pergunto.

– "Oi, Dylan. Tô sabendo sim, por quê?".

– O que vai falar agora? - Gabi pergunta.

– Calma, gente. "É que eu vou com umas amigas, só que a gente não sabe o horário que começa. Já que você sabe tudo desses grandes eventos, lembrei de você.. sabe que horas começa lá?" - fala, depois de digitar.

– Nossa, você é terrível. - falo, rindo.

– "Acho que lá pelas dez, viu.". Droga, não era pra ele ter respondido isso. Agora, se eu falar mais alguma coisa, vai parecer que tô interessada nele.

– Dá aqui. - Gabi pegou o celular de sua mão. - "Obrigada. A Rachel, minha cunhada, vai, sabia? Te encontramos lá?".

– Ah, que ótimo! Agora, vai parecer que eu estou interessada nele! - falei.

– Esse é objetivo! - Gabi fala. - Olha, respondeu: "Ahh, eu lembro dela.. nos encontramos lá, sim. Até mais tarde".

– Que bom! - Dyl comemora.

– "Legal, então. Ela tem uma coisa pra falar com você. Até!". - Gabi envia.

– O que eu tenho pra falar com ele? - pergunto, espantada.

– Sei lá, se vira.

– Vocês só me ferram, né? - elas riem e eu jogo uma almofada nelas, como a Dyl fez minutos antes.

***

Nós tres estamos prontas. Eu estou de vestido vermelho escuro de manga comprida, de renda, que vai até a metade da coxa, e minha mais nova aquisição, uma over the knee preta, aquelas botas que vão até em cima do joelho. Ondulei o meu cabelo, pra ficar bem natural, e não estou maquiada ainda.

A Dyl está de shorts branco, tricô largado bege e salto preto. Fez babyliss e também não se maquiou ainda.

A Gabi, está de macacão preto sandália preta e colocou um máxi colar com cores neon. Pegou duas mechinhas do cabelo e prendeu pra trás, contornando a cabeça.

Estávamos as três jantando, macarrão com queijo congelado... a gente, pra cozinhar, é melhor comendo.

Terminei primeiro e fui escovar os dentes pra fazer a maquiagem logo. Eu falei pras duas que não importava o quanto elas implorassem, elas não iam me maquiar.

Fiz, então, o que sempre faço: passei lápis de olho, máscara de cílios, blush e passei um batom vermelho não tão escuro.

– Querida, você vai mesmo beijar de batom vermelho? - Gabi pergunta.

– Eu não quero ficar com ninguém..

– Eu DU-VI-DO que você não vai ficar com o Jason. Não tô te empurrando pra ninguém, só quero que siga sua vida.

– A convivência com o Liam tá te vê fazendo falar igual a ele.

Ela riu.

– Se eu fosse você, tirava seu batom. Ele é bem convidativo, mas vão pensar duas vezes antes de beijar você. Sabe, né, fica tudo borrado.

Reviro os olhos.

– Se eu perceber que vai rolar, eu vou no banheiro e tiro.

– Mas, aí já vai ter cortado o clima.

– Ai, chata! É matte, satisfeita?

– Ah, espertinha. Tá bom, agora libera o espelho.

Dylan chegou bem na hora e começou a terminar (que linda frase) de se arrumar.

Quando eram 10:15, saímos de casa.

– Posso ir dirigindo? - peço.

– Da última vez que pegou no meu carro, ele quebrou. - Dyl falou.

– Ah, deu de acontecer comigo..

– Tá, vai, pelo menos sua carteira já sai mês que vem. - falou.

– Você, em compensação.. nem entrou ainda.

– Por que ela é lerda. - Gabi falou, entrando e sentando no banco do passageiro.

Sentei no banco do motorista e comecei a dirigir, rumo ao clube.

Chegamos lá por volta das dez e meia. Já estava começando a lotar, quando encontramos Anna e Liss paradas na entrada. Nos cumprimentamos, pegamos os convites e entramos no salão de festas do clube.

Rapidamente, encontramos o Jason no balcão de bebidas. Nós o vimos, mas ele não nos viu. Anna e Liss, completamente desinformadas, avisaram que iam ao banheiro e que, qualquer coisa, nos procuravam.

– Vamos, Rach! Você tem que falar com ele! - Dylan encorajou.

– Mas eu não tenho o que falar com ele. - andei pra trás.

– Tem sim! E, no caso da falta de palavras, só partir pro beijo. - Gabi fala.

– Ai, gente! Se acontecer de encontrar com ele, okay. Mas não vou lá me oferecer!

Elas bufaram e já iam começar a falar mais alguma coisa, quando Dylan abriu um sorriso.

– Oi, Jay! - run, que intimidade..

– Oi, Dyl. Rachel! Você.. cresceu. - falou, me medindo. Ele e Peter se conhecem há oito anos. Ou seja, quando ele me viu da primeira vez,eu tinha onze anos. Agora, tenho dezenove e ele vinte e três.

– Oi, quanto tempo. - falo, completamente sem graça. Ele me cumprimenta com um rápido abraço e olho pra cara da Dylan como quem quer matá-lá.

– Você queria falar comigo? - ele pergunta. Fico um tempo sem entender, mas aí lembro do que a Gabi falou pra ele mais cedo, e tento inventar alguma coisa.

– É... - gaguejei. - O.. Peter, te mandou feliz Natal. Tentou falar com você hoje e não conseguiu.

– Ah, tá. Eu também não consegui falar com ele hoje. - suspirei, aliviada. Eu olhei em volta, e as meninas não estavam mais lá. Cachorras.

– Na verdade, ele falou pra Dylan te falar.. mas ela é idiota. - desconversei. Tipo, como o Peter sabia que eu ia encontrar ele? Já a Dyl, tem o número do Jason.. faz mais sentido.

Ele riu.

– Quer beber alguma coisa? - me pergunta.

– Um suco, pode ser. Vamos lá? - ele assentiu e colocou o braço sobre meus ombros, enquanto a gente caminhava até o bar.

Pedi um suco de abacaxi, e ele whisky. Ficamos uns dois minutos esperando em silêncio, até o carinha entregar o pedido. Jason, então, falou:

– Vamos lá fora? Aqui tá um barulhão, nem dá pra conversar direito. - droga. Eu queria ficar em um lugar bem público, para ele não pensar que tem o direito de me beijar.

Dessa vez, passou o braço pela minha cintura e foi me guiando. Passamos pela entrada da piscina e ele disse para ficarmos por lá.

– Faz bastante tempo que a gente não se vê, né? - fala, encostando na rede da quadra de futsal, ficando de frente para a piscina.

– Faz, desde que saí da casa do George, não tive mais notícias suas.

– E como você tá?

– Eu tô bem. E você?

– Também. Você vai lá pra Santa Monica, né?

– Vou só no dia 31. - respondi.

– Ah, que pena.

– Por que?

– Dia 31 vai lotar, lá. Antes disso, vai ter bem pouca gente.. só o Peter, o Steve, uns amigos da faculdade..

– Ah. - falei, meio desconfortável em falar no Steve.

– Ele é seu ex, né? - pergunta.

– É, sim. Mas, sem mágoas, a gente já teve tempo pra conversar sobre isso e ficamos numa boa. - falei.

– Acho ele louco por deixar uma menina como você escapar. Livre, assim.

Não falei nada, apenas dei um sorrisinho.

– Vem comigo. - pegou na minha mão e me puxou pra dentro da quadra.

Estava vazia. Não tinha ninguém, mesmo. Na área da piscina, tinha pouca gente.

– Espera aí, vou pegar um negócio.- avisa. Ele entra numa cabine e eu vou me sentar na arquibancada. Vejo as meninas passando pelo lado de fora e chamo.

– Gabi. Dyl. - falo, baixo.

– Cadê ele? - perguntam, quando chegam perto.

– Foi lá dentro.

– Ah. E aí? - Gabi pergunta.

– A gente tá conversando..

– Amiga! Fica com ele! Eles é lindo e parece ser super legal.

– Aproveita, Rach. Imagina, lá na praia, vocês dois juntos.. - Dyl fala.

– Fica, fica, fica! - cantarolam. Reviro os olhos rindo.

– Acham mesmo que vou ter coragem de ficar com alguém na frente do Steve?

– Ai, tenho raiva desse menino sem nem mesmo conhecer. - Gabi fala. - Ele tá vindo, tchau. - fala, saindo.

– Boa sorte! - Dylan deseja, saindo atrás.

– Elas são doidinhas, né? - Jason pergunta, rindo e sentando do meu lado. Ele sorrindo ficava...

Reparei que ele segurava uma bola nas mãos. Ri e perguntei :

– Pra quê isso?

– Pra gente jogar.

Dou uma risada.

– Não vai rolar. Tô de vestido e de salto.

– E tá linda. Mas, vamos jogar.

Ele ajoelhou e começou a tirar minha bota.

– Em pleno natal, tô desfazendo minha produção pra jogar futsal. A que ponto eu cheguei.

Ele riu. Tirou os dois pés e desceu da arquibancada, me levando pela mão.

– Vai. - pede.

– Eu sou muito ruim, Jason. - ri.

Colocou a bola na minha frente e me mandou chutar. Fiz, e ele foi atrás.

– Viu, não é tão ruim assim. - falou, brincando com a bola. Mostrei a língua pra ele.

Começou a tocar uma música lenta, que reconheci ser Name, do Boyce Avenue.

– Então vem dançar. - eu ri, mas aceitei. Melhor do que jogar.

Jason pegou na minha cintura e na minha mão esquerda e começou a dançar. Eu não conseguia olhar ele, que por sua vez, não tirava os olhos de mim.

Ele me virou de brincadeira, o que quase me fez cair, mas ele me segurou. Rimos e ele começou a aproximar o rosto do meu.

O que eu faço?

Droga, droga, droga, droga, droga.

Eu não devo nada a ninguém.. mas, por dentro, eu sinto que devo. A mim mesma.

Virei o rosto, assim que senti a boca dele na minha.

– O que foi? - perguntou.

– Desculpa. - respondi, sem me soltar dos braços dele.

– .. relaxa. - sussurra. Coloca a mão no meu rosto e me beija.

Eu nem sei o que falar..

O beijo dele é leve, calmo, mas ao mesmo tempo, conseguiu me deixar arrepiada com a força dele na minha cintura. E fora o jeito que ele tava segurando o meu rosto, com a mão por trás do cabelo.. meu maior ponto fraco!

Ficamos uns sete minutos nesse beijo, sem brincadeira. Nos separamos quando ouvimos os fogos e a gritaria das meninas, que cessou assim que viram o beijo.

– Feliz Natal. - desejaram, sem graça. Rimos e falamos o mesmo pra elas.

– Vou no banheiro, rapidinho, tá? - avisei ele. Segurou meu rosto com as duas mãos e me deu um selinho.

Fui no banheiro com as meninas, que me olharam orgulhosas.

– 11! - Gabi falou, e entendi que eram treze meninos, no total, que eu tinha ficado, a vida toda. Tivemos essa conversa alguns dias antes, e elas me disseram que era pra eu ter vergonha na cara, que meninas de doze anos já tinham ficado com mais do que eu. Mas eu não me incomodo nem um pouquinho com esse número.

Apoiei os cotovelos na pia e cobri meu rosto com as mãos.

– O que foi? - Dyl pergunta.

– Por que eu tô com a consciência pesada? - perguntei, me virando pra elas.

– Por que você beijou um, pensando em outro. - responde. Eu sabia que era isso.

– Que merda, será que isso não vai passar nunca? - pergunto, novamente, quase chorando.

– Quando ama é assim.. - Gabi fala.

– Eu não quero amar assim! Quero liberdade, não aguento mais isso.

– Já tá na hora de você decidir se quer se livrar de vez desse amor, ou se quer seguir em frente com ele, porque sabe que se não quiser, tem gente pra ocupar novamente seu coração. - fala, provavelmente do Jason.

– E se quiser, quem tá ocupando vai achar uma ótima ideia continuar de onde pararam.. - Dylan completa.


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