Apenas Colegas de Apê escrita por Dreamy Girl


Capítulo 70
Droga!


Notas iniciais do capítulo

Menina rápida 👏👏👏👏
Boraa



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/509263/chapter/70

Rachel Simpson: Sam! O que aconteceu? Por que não me atende? Já te liguei cinco mil vezes e nada!

Aproveitei que ele estava online e mandei. Ele visualizou e não respondeu.

Rachel Simpson: É assim? Eu sei onde mora, estarei aí em vinte minutos.

Samuel White: Não tô em casa, quando chegar, aviso.

Responde, em seguida.

Suspirei aliviada.

Coloquei calça legging preta, moletom comprido e tênis, e peguei o carro. Não tirei minha carta, ainda estou trabalhando nisso. Mas eu sei dirigir, então.. o carro é da Dylan, que nem olhando na minha cara está. Mas, ela também não tem carteira de motorista.. Talvez ela fique - mais - brava, mas.. paciência.

O Steve ligou mais algumas vezes.. e eu continuo sem atender. Dói meu coração, mas eu realmente acho que é melhor assim.

Quando a mensagem do Sam chegou, eu saí de casa.

Achei o carro meio estranho. Estava fazendo uns barulhos e tal.. mas, consegui chegar viva na casa do Sam.

Estacionei na frente da garagem dele e apertei a campainha. Ele atendeu com uma cara fria.

– Sam.. o que foi?

– Sério que você ainda pergunta? - respondeu, meio sem paciência.

– Você ficou assim do nada.

– Tenho meu motivos, não acha? - gesticulou.

– ... não. Eu não entendo.. e se você não me explicar, vou continuar não entendendo. - ele saiu da frente da porta, como se me pedisse pra entrar, entrou e fechou a porta atrás da gente.

– Quer alguma coisa? Água, suco, sei lá.. - pergunta. Nem bravo comigo ele consegue deixar de cuidar de mim.

– Não, obrigada. Só quero que me fale o que aconteceu. - sentei na cadeira da cozinha.

– Ray, você é tão ingênua.. - passou o polegar de leve na minha bochecha, e falou com um leve sorriso. - Eu sou louco por você. Completamente louco. E eu sempre soube que você ainda amava o Steve, mas te ver toda derretidinha por ele..

– Sam, eu gosto de você.

– Não do jeito que eu gosto.

– Do jeito que você gosta. - rebati. - Eu gosto muito de você, de verdade. Mas..

– Tem que ter um "mas". - fala meio bravo, tirando a mão do meu rosto e se afastando.

– Mas eu amo o Steve. - ele ficou quieto - Eu queria muito amar você, queria ter esquecido ele.. mas não tem jeito. Meu coração é dele, vai ser sempre.

– Mano, o que esse cara tem? Eu fiz de tudo por você, cuidei, protegi, te fiz rir.. mas nada consegue tirar esse idiota da sua cabeça!

– Eu também queria saber. E eu te agradeço muito por todos esses meses. Você quase conseguiu preencher o vazio no meu peito. Mas, só quem pode fazer isso é aquele idiota.

– Quase consegui. - repete.

– Você merece alguém que te ame. Assim como eu amo o Steve.

– Assim como eu te amo. - essa me fez calar a boca.

Droga. Ele me ama. E eu amo outro.

Droga. Eu só me ferro, mesmo.

Droga!

– Sam..

– É.. é melhor você ir. - coloca a mão na cabeça.

– Por favor, eu não quero perder sua amizade. Você nem imagina o quanto é importante pra mim.

Ele deu um sorrisinho.

– E você acha que eu consigo ficar longe de você? - riu, meio sem graça e me abraçou. - Esqueceu que eu te amo? - fala no meu ouvido.

Sorri.

Fui embora de lá com o coração leve, mas um peso inestimável nas costas.

***

O carro continuava uma porcaria. Como um New Civic novo pode ficar tão lixo assim?

Os barulhos continuavam, e ele até morreu uma vez. E no farol.. ele não funcionou. Quando fui acelerar, depois do farol ter aberto, ele não teve nenhuma reação. Pisei no acelerador e ele fez um "Fuuuu" (super normal um carro fazer um barulho assim), e não saiu do lugar.

– Droga, droga, droga. - falei pra mim mesma, com o carro parado no meio da rua, enquanto os outros carros buzinavam. Coloquei o rosto pra fora.- O carro quebrou, o que esperam que eu faça, mágica pra ele voltar a funcionar? - falei. Os carros passaram, mas um deles estacionou atrás de mim. Vi pelo retrovisor um homem vindo até a janela. Ele estava de terno, gravata e tal..

– Entra no carro, eu resolvo isso pra você. - falou, me dando um susto e me fazendo olhar pro lado.

– Pai? Quer dizer, George?

– Entra lá, Rachel.

– De jeito nenhum.

– Prefere ficar parada no meio da rua? É perigoso.

Fiquei hesitante..

– Tá, vai. - ele sorriu, como quem diz "ganhei", e se afastou para que eu pudesse abrir a porta.

Peguei minhas coisas e desci do carro. Entrei meio relutante e sentei no banco do passageiro. Ele estava do lado do meu carro (que na verdade não é meu), falando no telefone. Acho que estava pedido um guincho..

Caramba, o que eu tô fazendo aqui?

Por um lado, acho legal ele estar me ajudando.. por outro, lembro de tudo o que ele já fez e falou pra mim e Tenho vontade de passar por cima dele com o carro.. então, esse é mais um dos momentos em que fico toda perdida.

Mas, talvez, essa fosse a minha chance, a oportunidade de reconciliação com o meu pai.

Resolvi arriscar e ficar. Se der tudo errado, não tem problema, eu só me ferro mesmo. Uma coisa a mais na vida, nem vai fazer diferença.

O grande problema é que o assunto "pai" ainda mexe comigo. Eu queria ter um pai de verdade. E saber que ele não estava nem aí pra mim, é tenso. Sério, é uma das coisas que mais me chateia na vida.

– Liguei pra um amigo que sempre arruma os meus carros e pedi pra ele vim buscar seu carro com um guincho. Ele vai ver o que aconteceu e arrumar tudo pra você. - ele explica, enquanto entra e coloca o cinto.

– Na verdade, o carro não é meu. - falo, normal. Coloco o cinto.

– É da Dylan?

– É, sim. E ela nem sabe que eu peguei. Já tá brava comigo, quando ficar sabendo, aí é que ela me mata.

Ele dá uma risadinha.

– É.. foi mal a pergunta, mas pra onde tá me levando?

– Pra casa. Pra nossa casa.

Reviro os olhos.

– Sua casa, George. Não moro mais lá há um tempão, caso ainda não tenha percebido.

Ele não respondeu e o resto do caminho foi silencioso.

Quando chegamos na casa dele, ele estacionou e me pediu pra descer.

Eu desci e fiquei parada na porta.

– Por que me trouxe aqui? - perguntei, sem entender mesmo.

– Queria que te deixasse na rua? Rachel, pelo amor de Deus, eu sou o seu pai. - falou, abrindo a porta. Olhar aquele lugar me traz uma enorme nostalgia. Mas ignorei todas elas.

– Se for olhar na identidade, é sim. - falei, baixo.

– Eu ouvi o que disse.

– Eu disse a verdade. E não ouse falar o contrário.

Ele deu um longo suspiro, mas não abriu a boca.

– Eu vou ver o Peter. - avisei.

– Ele não está.

– O Luke, então.

– A gente nunca mais vai conseguir ter uma conversa descente?

– E tem como? Tem assunto? Tem motivo? - retruquei. - Por que depois de tantos anos, agora que já sou uma mulher, você resolve que quer ter uma conversa descente comigo? - falei, já sentindo meus olhos arderem.

Droga. Eu não vou chorar.

– Nunca é tarde pra tentar. Eu quero mudar, quero uma nova chance. Mas, você não coopera de maneira alguma, né?

– Ah, vai jogar a culpa em mim? George, não. Você nunca cooperou, nunca foi um pai. Resolveu fazer isso agora?

– Como já disse, nunca é tarde pra tentar.

– É sim. Comigo é.

– Você é muito...

– Vocês dois não conseguem não brigar, né? - Luke interrompe.

O silêncio seguiu.

– Vem comigo, Rach. - ele me chama e começa a subir a escada. O sigo, sem pensar duas vezes. Meu irmão mais novo abriu a porta do seu quarto, e é extremamente inevitável não sentir falta de morar junto com ele, com Peter..

– Ei. Esse era o meu quarto. - digo, percebendo.

– Era, sim. Mas, há alguns meses, a gente fez uma reforma e queriam transformar esse quarto em um depósito. Sabe, eu.. ainda tenho esperança de você voltar a morar aqui com a gente. - fala, meio sem graça.

– Oh, meu pirralho. - abraço o "pirralho" que tá mais alto que eu.

– Você some da minha vida, não é? Quanto tempo faz que a gente não se vê? Você só liga pro Peter.

– Ah, ciúmes não! Por favor, Luke, meu amor por vocês é igual. Só que, pela proximidade da idade, eu tenho uma proximidade maior com o Pet, consequentemente.

– Você só é três anos mais velha que eu. - resmunga.

– E você é muito ciumento. Já sei! Que tal você dormir lá em casa qualquer dia?

– Quando quiser. - se anima.

– Mas, calma, deixa só eu me acertar com a Dylan e a gente combina.

– Tá. Tá sabendo que ela e o Peter voltaram?

– Se eu te falar que brigamos basicamente por isso, você acredita? - sentei na cama.

– Ah, jura? Que palhaçada. Vocês, mulheres, complicam demais as coisas.

– Sou obrigada a concordar com você.

– Experiência própria. - sussurra.

– Oi? Eu ouvi. - falei.

– Esquece.

– Não esqueço, não. Quem é a garota que tá mexendo com esse coraçãozinho? - brinco.

– Não quero falar sobre isso.

– Ah, Luke, qual é? Me fala.

– Já basta o Peter, você também, não. Dois me zoando já é demais.

– Depois eu que só ligo pro Peter, né?

– O problema é que eu deixei escapar nas duas situações. Tenho que aprender a segurar a língua. - senta na cadeira da mesa do computador.

– Tem que aprender a confiar em mim.

– Cadê a loira mais linda desse mundo? - Peter fala, abrindo a porta.

– Ahn.. acho que sou eu. - falo.

– Não, trouxa, é a Angel, tô procurando ela.

– Ridículo - dou risada e jogo um travesseiro que estava em cima da cama nele.

– Preciso falar com você. - ele diz, se escorando na porta.

– Vamos, você pelo menos me conta as coisas, diferente de pessoas.. - falo, levantando e mandando indireta pro Luke, que me mostra a língua. Rio e saio do quarto com o Peter.

– Ele não quer te falar da Nicole? - pergunta, entrando no quarto atrás de mim e fechando a porta em seguida.

– O nome da piranha é esse, então? - brinco. Ele ri.

– Não fala assim dela. Ela é gente boa.

– Já a conhece?

– Ela vive aqui, você tá muito desinformada. - dou uma risada triste.

– Eu queria participar dessa etapa dele, sério.

– Ele sente tanto a sua falta, Ray. Você nem imagina.

– Não quero falar sobre isso, vou ficar deprimida.

– Você é exagerada, né? - ele ri.

– Sobre o que queria falar comigo?

– Devolvendo perguntas, Rachel?

– Você também. Agora vai direto ao assunto. - rio.

– Vamos passar o Ano Novo em Santa Monica?

– Hm.. pode ser uma boa.

– Eu preciso da sua ajuda. Quero fazer uma surpresa pra Dyl lá.

– Ih.. ela nem tá olhando na minha cara, se quer saber.

– Eu já tô sabendo. Ela me contou e disse que não tá brava contigo, e tá arrependida por não ter te contado.

– É, eu vou falar com ela hoje.

– Mas, e aí, você vai?

– Vou sim. Se me adiantar a surpresa..

– Curiosa. - passa o dedo na ponta do meu nariz. - Eu quero pedir a mão dela.

– Casamento?

– Não, páscoa.

– Idiota. - dou um tapa nele.

– Pode levar a Gabi, se quiser.

– É óbvio, né, não acho que eu fosse ficar segurando vela pra vocês dois?

– E se ela quiser levar o Liam?

– Aí eu arranjo um gato pra mim lá no Santa Monica Pier.

– Leva o Steve.

– Ah.. é... por que eu.. levaria o Steve? - gaguejei.

– Nem tente mentir pra mim. Eu já sei de tudo.

– Cachorro. - xingo o Steve.

– Por que não tá falando com ele?

– Melhor assim.. - me ajeito na cama, completamente desconfortável com o assunto.

– Vocês quem sabem. - dá de ombros.

– Quero ir embora.

Ele diz que vai ver com o "nosso pai" se o carro já está pronto e desce.

Fiquei observando seu quarto.

Já tem muito tempo desde minha última visita aqui. Sinceramente, nem me lembro de quando foi. Aconteceram mudanças ,não só no quarto de Luke ou de Peter, mas em todos os cômodos que já vi até agora. No quarto que antes era meu, tudo mudou. No de Peter, a parede antes azul, se tornou branca e com um mural de fotos (me procurei nelas e fiquei feliz ao encontrar umas três em que eu estava presente). A sala de estar ganhou um tapete novo e o lustre que ficava na entrada, não existe mais.

Não posso negar que sinto falta desse lugar. Não me vejo mais aqui, mas ainda consigo chamar de "casa".

– Ele me pediu pra te levar pra casa.

Acordei dos pensamentos e me levantei subitamente, até dando um sustinho nele. Ignoramos e saímos de lá.

***

– Amiga, me desculpa.

– Já sei de tudo e até te dou razão por não ter me contado.. situação difícil. - ela diz.

– Nem imagina quanto. - sentei no sofá. - Tive que escolher entre a calmaria e a agitação.. escolhi a calmaria. - suspirei.

– Eu te entendo. Realmente ele traz muito problema. Mas, as alegrias não conseguem passar por cima, completar?

– Sei lá, cara. Eu tô tão confusa.

– Sabe.. eu escolheria a agitação. Muito melhor ter problemas, mas alguém do lado, do que sem problemas e sem ninguém.

– Ai, droga, eu tô cada vez mais confusa. - coloquei as mãos na cabeça.

– Tô começando a achar que na calmaria também tem problema..

Obrigada.

Estou mais confusa ainda.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Apenas Colegas de Apê" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.