O menino com os cabelos castanhos pensava encostado na sua cama e fitando o teto branco de seu quarto, o que o Destino lhe aguardava, se realmente existe essa coisa chamada "destino". Mas algo ele tinha certeza: as coisas não acontecem por um acaso. Alguns preferem dizer que foi obra de Deus, outros acham que esta relacionada com Teoria do Caos, porém a verdade é que Eric não tinha ideia alguma. Ele só queria respostas, algo quase impossível de se conseguir naquele momento.

O tempo passou rápido e Eric foi acordado de seus devaneios pelo despertar do relógio. Era seu primeiro dia de aula do último ano do colégio, algo considerado muito importante para alguns, mas aquele garoto também estava transbordando de alegria, mas por outros motivos do que os demais: teria que ficar apenas mais um ano naquele lugar.

Era considerado um problema para os adultos a sua volta, porém os jovens desejavam ter seu potencial. Ir bem aos estudos e ainda ser um dos meninos mais "maneiros" era algo inovador e peculiar. Mas Eric não ligava para isso, apenas queria ter um bom tempo, antes que a vida acabasse.

Não demorou muito para chegar ao colégio, mesmo estando sem pressa alguma, queria era mesmo chegar atrasado à primeira aula, pois era o último lugar onde desejava estar. Eric era diferente de seus amigos, sempre que alguém de sua turma pedia por ajuda nos estudos, ele dava toda atenção possível. Quando os valentões brigavam com os menores, ele estava lá para ajudar. Mas ele tinha seu lado pegador e muitas vezes chegava chapado em casa, pelo o efeito das drogas em sua veia.

Eric era um garoto dividido: perto de adultos era mal morado e fazia de tudo para conseguir uma suspensão, porém seu lado mudava quando as pessoas de sua idade, ou menores, estavam ao seu lado. Era inexplicável os seus atos. Havia todo um mistério atrás desse garoto dos cabelos castanhos e olhos marrons, algo bonito de se ver e considerado "gostoso" na visão das meninas. Com os anos as pessoas se acostumaram, mas a curiosidade era difícil de ir embora.

Bateu algumas vezes na porta, até ouvir a permissão para poder entrar. Os olhos de todos miravam no garoto que passava diante deles. O novo professor de Eric o fitava enfurecido, pois se atrasar no primeiro dia de aula era algo inesquecível. Mas ele não pareceu se importa e sentou no seu lugar ao fundo da sala perto de seus amigos.

–Chegar atrasado é um bom começo- o professor falou com deboche.

–Me desculpe. Tinha coisas mais importantes para fazer- retrucou o comentário desagradável da mesma forma.

–Tenho certeza, senhor...- olhou na lista, procurando o nome do rapaz mau educado, através de seus olhares- Eric!

–Isso mesmos professor- concordou com o homem com os cabelos brancos a sua frente e mandou com apenas um olho uma piscada, o que aumentou raiva do senhor e fez os amigos de Eric rir.

Depois da discussão, a aula prosseguiu normalmente. Todos ali já eram familiarizados para Eric, mas figura de uma garota o chamou a atenção. Não tinha uma beleza extravagante, mas sua presença o intrigou. A classe tinha uma aluna nova! E o professor logo a chamou para se apresentar na frente de todos.

Com um grande esforço e timidez a garota com os cabelos negros e pele pálida- muito mais do que o normal- foi para frente de todos. Era tortura os professores sempre obrigarem os novatos a fazerem isso. A insegurança já era grande e assim só aumentava o desconforto da pessoa. A menina deu um longo suspiro e prosseguiu.

–Meu nome é Christine- fez uma longa pausa, tentando formular uma frase direito para falar- Vivo com meu pai em uma casa não muito longe daqui e acabamos de mudar para cidade- disse fracamente. Ao término da frase olhou para o homem dos cabelos brancos e ele agradeceu mandando-a se sentar. Sem dizer mais nada, ela se acomodou em sua cadeira com um suspiro e o rosto aliviado.

Por algum motivo, não muito bem definido, Eric não tirava os olhos da aluna nova. Tentava prestar atenção no que os professores diziam na aula, mas a única coisa que sua visão focava era nela. Seus amigos tentavam puxar assunto, mas ele respondia coisas rápidas, terminando a conversa logo. Era como uma droga, diferente das que ele já havia experimentado, porém estava lhe dando um vício muito maior. Apenas quando o sinal do recreio ecoou na sala, foi que o garoto se despertou.

Saindo para o corredor, ficou a procura da garota e logo a encontrou tentando abrir seu armário. Christine puxa o fecho, mas de nada adiantava. Eric viu a oportunidade perfeita para conhecer melhor aquela menina que o moveu tanto por dentro. Correu até ela, com delicadeza a afastou e deu uma leve batida, fazendo com que abrisse.

–Obrigada- a menina impressionada pelo o ato do garoto disse.

–Sem problemas,...- fez uma pequena pausa e articulou as mãos, com um gesto que estivesse pensando- Christine, certo?

Eric tentou não pareceu tão interessado, mas a pura verdade era que não conseguiu tirar aquele nome da cabeça. Era como uma música que não sai do nosso pensamento e ficamos cantando, mesmo que baixinho, ou um vídeo cassete quebrado que repete sempre a mesma estrofe.

–Certo- concordou e fez um curto aceno com a cabeça e logo colocou seu material dentro do armário.

–Então Christine, gostou da cidade?- Eric tentou começar uma conversa.

–Gostei- a menina disse desinteressada.

–Vai na festa do começo das aulas?- disse quando andava ao seu lado no corredor.

–E o que seria isso?- Christine responde com outra pergunta e parou de caminhar.

–Uma festa que os alunos sempre dão no começo das aulas, é como se fosse uma despedida das férias- o garoto parou seus movimentos também para poder acompanha-la.

–Parece ser legal- ela disse ainda sem animo.

–Então, você vai? É nesta sexta- ele disse esperançoso.

–Nesta sexta, não vou poder- Christine demonstra estar realmente despontada.

–Mas ainda podemos combinar de sair?

–Pode ser- ela responde com incerteza, pois era estranho um garoto que nunca tinha visto perguntar isso para ela.

–Nos vemos por ai- ele diz dando um curto beijo na bochecha macia da garota.

Com um espanto muito maior Christine disse: -Nós vemos.

Eric já caminhava para longe, mas antes disso Christine lembrou-se de algo e eleva um pouco a voz para ele poder ouvir: -Eu não sei seu nome!

O menino se vira e grita de volta: -Eric!- logo que termina a frase sorriu simpaticamente. E Christine não deixa de esboçar um sorriso em seus lábios também.