Separate Ways - Requiem escrita por WofWinchester


Capítulo 39
Caçadores de Sombras


Notas iniciais do capítulo

Sobre o capítulo: Quando uma treta acaba, outra começa, porque em Separate Ways the treta never ends HAUSHAUSHU Nesse capítulo teremos a entrada de um novo e misterioso personagem, assim dando início a terceira etapa da estória.
Sem mais delongas, espero que gostem!

PS: Lúcifer e Esther no gif.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/508774/chapter/39

Eu simplesmente não fazia ideia do que era pior: A sensação de pânico causada por aquela visão distorcida da minha sombra, ou a força violenta e incontrolável que me impulsionava a ficar de pé mesmo sabendo que eu poderia desmaiar a qualquer instante. Meu corpo parecia estar fervendo por dentro, ao invés de sangue, era como se magma vulcânico corresse por minhas veias, fazendo com que eu arranhasse meus braços ferozmente, numa tentativa inconsciente e irracional de me livrar da dor.

A tempestade ainda lançava sua chuva raivosa e o contato da água gelada ensopando minhas roupas aliviava a sensação de queimação minimamente, mas eu ainda sentia que estava prestes a arrancar minha pele. Minha mente estava completamente preenchida, e no centro dela, como se estivesse sentado em um trono, estava Lúcifer. Mas diferente do que eu imaginava, ele não estava fazendo absolutamente nada, o controle do meu corpo ainda era meu e ele permanecia passivo. Porém eu conseguia sentir como se ele se divertisse com toda aquela sensação, quase podia ver o sorriso debochado em seu rosto.

— Esther? — indagou a voz surpresa de Castiel, me arrancando da profundidade emocional em que me encontrava. A inexpressividade em suas feições dava lugar para uma cara pavorosamente preocupada. Encarei-o respirando rápido pela boca, sem conseguir pensar em nada além daquilo que parecia me devorar por dentro. Uma tensão sufocante recaiu sobre nós naqueles breves segundos. Havia uma mistura de sentimentos que eu não conseguia decifrar, mas entre eles, principalmente, era visível um pedido de desculpas mortificante. Com movimentos vagarosos, o anjo deu passos na minha direção, os pés guinchando na terra.

— Tá doendo! — gritei levando as mãos a cabeça e ouvindo um som agudo cutucar meu cérebro tão forte que ele parecia estar derretendo dentro do crânio. Curvei-me para frente, apertando com mais força e caindo com um joelho apoiado no solo lamacento. — Faz parar! — pedi ensandecida. Ele caminhou até mim, parando rispidamente após algumas passadas, seus olhos fitando com terror um ponto iluminado em sua mão direita. Mesmo com a adrenalina do momento eu pude perceber o brilho dourado que emoldurava o metal da lâmina dos anjos. De imediato a mesma luz começou a surgir em seu braço, por baixo do sobretudo, no exato local onde ficava a marca do Guardião. Num movimento rápido eu me coloquei de pé com um tropeço vacilante, recuando instintivamente.

Se eu fosse você, começaria a correr. Murmurou Lúcifer dentro da minha cabeça, o tom sério combinado com a sensação de alarde me fazia ter certeza de que ele estava com receio do que viria a seguir.

Fitei os olhos azuis a minha frente com temor. Eu sabia o que aquilo significava, e também sabia que por mais que Castiel tivesse suas escolhas, elas não contavam agora. Não era algo que ele pudesse controlar.

Eu havia dito “sim” ao Diabo. Havia chegado mais perto de assolar o planeta do que em qualquer outra vida — mesmo que indiretamente, já que a iniciativa de tentar abrir as portas da jaula e tocar o terror na humanidade não foi minha —, e agora era a hora de a profecia se cumprir, era a hora do acerto de contas.

— Saia daqui o mais rápido que puder. — sentenciou de maneira urgente, dando um passo mecânico na minha direção. Continuei estática no mesmo lugar, embora cada célula dentro de mim gritasse loucamente para que eu acatasse suas ordens. Minha perna automaticamente recuou para trás, arrastando uma quantidade significativa de lama que atolou o calcanhar da minha sapatilha. Pela primeira vez Lúcifer estava tentando assumir o controle.

— Não! — exclamei ao vento tempestuoso, minha mão se erguendo em frente ao meu corpo voluntariamente, na tentativa inconsciente de me proteger do perigo iminente dentro e fora da minha mente. Senti uma descarga elétrica descer por ela, e no segundo seguinte uma barreira alta de labaredas de fogo havia se colocado entre nós. Eu estava tentando controlar meus movimentos, mas sabia que era questão de tempo até o Diabo estava procurando uma brecha para assumir. Era óbvio que ele não queria acabar com a diversão e faria de tudo para que Castiel não me alcançasse, inclusive machucá-lo. E eu estava tão assustada que seria fácil para ele achar uma maneira de escapar e acabar ferindo pessoas inocentes. Eu precisava sair daqui antes que fugisse totalmente do meu controle.

Ouvi passos na soleira da porta, e ao me virar, constatei que Dean, Bobby e Maison estavam mais a frente, enquanto Sam chegava amparando Jimmy contra si. Ambos tinham expressões confusas e atônitas, provavelmente haviam acabado de voltar à consciência. O Winchester mais velho foi o primeiro a dar um passo até mim, mas na mesma hora outra barreira de fogo se ergueu a sua frente, delineando uma meia lua que me separava de todos. Ele olhou estupefato para o empecilho, e eu logo lhe lancei um olhar de triste.

— Me desculpem. — murmurei desviando minha atenção para Castiel, seus olhos azuis implorando silenciosamente para que eu desaparecesse dali o mais rápido possível.

Corri de lá, trilhando caminho em meio à tempestade pelas ruas vazias e mal exploradas de Sioux Falls e ouvindo gritos tentando me atrair de volta para o lugar que eu tinha quase certeza que nunca mais iria retornar. Eu tinha que ficar o mais longe possível daqueles que eu queria proteger. Por medo de ser tratada como um monstro sanguinário que eu sempre fui predestinada a ser, embora merecesse. Por vergonha de ter decepcionado todas as esperanças, e principalmente por estar decepcionada comigo mesma.

Mas o que eu poderia fazer? Mesmo que explicasse que fiz tudo para salvá-los, a primeira coisa que — possivelmente Dean ou Bobby — iriam esbravejar era que eu os deveria ter deixado morrer. Eu fiz minha escolha, e mesmo que quisesse voltar atrás e acertas as contas com o destino, o modo como meus pés batiam no chão automaticamente eram a prova óbvia de que Lúcifer não iria me deixar dar meia volta sem brigar ferozmente. Aliás, ele estava repudiando aos quatro ventos todos os pensamentos nessa linha desde o primeiro que eu tive.

Tampei os ouvidos de repente quando mais sons estridentes se enfiaram dentro da minha mente como agulhadas violentas. Era como se um rádio com defeito estivesse ligado no volume máximo, chiando de maneira irritante.

Alguém está sintonizando a rádio angelical, comentou com sarcasmo e eu dei um grito de raiva que ecoou pela rua vazia em resposta. Fazia todo o sentido. Se eu tinha a graça e um anjo dentro de mim, juntando as duas peças, formava uma só. Mas algo estava errado, muito errado. Segundo a profecia, no momento em que eles se juntassem, o caos tomaria conta da terra, mas ao invés disso, o caos estava tomando conta da minha sanidade. Talvez isso se devesse ao fato da jaula estar fechado e Lúcifer não estar “realmente” comigo, não na terra, pelo menos. Nossa ligação psíquica era forte ao ponto de uma possessão, mas insuficiente para tirá-lo de lá sozinha. E isso também explicaria o porquê de ele não ter pleno controle sobre mim, já que quando Castiel me possui para nos salvar, ele conseguia assumir completamente sem esforço algum.

Isso era confuso demais e a minha cabeça não parava de latejar.

Raios estouravam ao meu redor perigosamente, acertando árvores e postes de luz durante a minha corrida que logo se transformou em uma caminhada solitária e vagarosa. A chuva resolveu dar uma trégua, deixando para trás ruas destruídas e minhas roupas completamente ensopadas grudando na pele. Alguns veículos começavam a entrar no meu campo de visão após minutos andando sem rumo, conforme eu me aproximava do centro da cidade. O vento passava por mim cortando, me fazendo estremecer de frio e bater o queixo. Depois de tudo, seria um tanto hilário se eu morresse de hipotermia na beira da estrada. Para onde eu iria agora? Eu não tinha ninguém a quem recorrer, nenhum lugar para me esconder e estava sendo caçada por todo o tipo de criatura sobrenatural. Sem contar que meus dotes como caçadora eram limitados, o que fazia um alvo fácil. Eu estava pateticamente indefesa e pronta para o abate.

De repente ouvi uma buzina as minhas costas e logo me virei, meus olhos se estreitando dolorosamente com a luz dos faróis da caminhonete vermelha. Reconheci uma figura feminina com uma cara impaciente no banco do motorista e o nariz torcido. Encarei-a fixamente por longos segundos, feito uma retardada, e quando ela bufou, provavelmente prestes a descer e me chutar dali, comecei a contornar o veículo dando passagem. Então o carro buzinou mais uma vez, ressoando nos meus tímpanos sensíveis e castigados, acelerando um pouco para frente e batendo no meu joelho. Espalmei a mão sobre o capô por instinto, trincando os dentes e a observando xingar alguma coisa em alto e bom tom. Com um urro de raiva, a caminhonete capotou de lado como se um vento forte a tivesse atingido por baixo, rolando para fora da estrada e explodindo pelos ares.

Levei a mão até a boca, incrédula quanto ao que eu havia acabado de fazer. Observei a cena, tremendo de frio e descrença, mas antes que eu pudesse sair do meu estado de choque, gritar ou mesmo socorrer a pobre mulher que foi vitima da minha falta de controle, senti dedos na minha cabeça e uma voz masculina recitar palavras numa língua antiga que se parecia com grego. Uma dor infernal começou a borbulhar dentro do meu peito, como se alguém estivesse cavando um buraco e depois jogando ácido por cima, ela subia, passando pela minha garganta e deixando o gosto amargo de sangue na minha boca. E tudo que eu me lembro depois disso foi ceder ao chão, inconsciente.

Antes mesmo de abrir os olhos, pude ouvir o barulho de algo metálico se mover conforme eu me mexia. O cheiro de bife com batata frita no ar se misturava com colônia masculina e incensos, despertando meu olfato e meu estômago, que parecia acordado e pronto para devorar um dinossauro ao molho madeira. Minha cabeça latejava com uma dor feroz de dentro para fora, como uma ferida aberta e recente. Senti meus pulsos e tornozelos envoltos por aquele metal barulhento, que mesmo sem ver eu deduzi se tratar de correntes, e em seguida as imagens de tudo que aconteceu voltavam para minha mente, cada uma agindo da mesma forma como se me jogassem um tijolo na cara.

Eu queria que tudo não passasse de um pesadelo, mas como eu estava amarrada em algum lugar que eu não fazia ideia de onde era, já podia imaginar que tudo fora a mais pura realidade. Apertei as pálpebras, com um medo irracional de abri-las e constatar verdade por completo. Ouvi passos silenciosos ressoarem no chão, o que indicava que eu estava diretamente sobre ele, então houve um arrastar e em seguida sons de talheres.

— Quanto tempo você vai fingir que ainda está dormindo? — perguntou a voz masculina, num tom calmo e sério. Imediatamente eu abri os olhos, encarando a figura de cabelos loiros, displicentemente sentada à mesa e concentrada em um prato. Ele usava uma camiseta preta e uma calça social da mesma cor, trajes aparentemente comuns.

— Onde eu estou? — questionei escaneando o local rapidamente, era um apartamento aparentemente pequeno com divisórias rebocadas e móveis baratos. Eu estava num colchonete fino sobre o chão da sala que era junto com a cozinha, as correntes que me prendiam se ligavam a prensas de aço colocadas nas paredes. A cortina bege cobria uma janela ao meu lado, a luz do sol completamente abafada no tecido pesado.

Senti o tecido úmido do vestido grudando na minha pele e o encarei rapidamente, a roupa ainda molhada e suja. Meus pés estavam descalços e ao constatar meus braços desnudos, imediatamente lembrei do anel do cavaleiro que havia colocado no bolso da jaqueta jeans, que não estava comigo e em nenhum lugar à vista. Que ótimo, só o que resta é eu perder um dos anéis.

— Na minha casa. — respondeu cortando um pedaço de bife e colocando na boca. Pisquei algumas vezes, controlando o impulso de dar um grunhido de ironia. Busquei em minha mente a memória da noite passada, no exato momento em que eu caí por causa da pessoa que me atacou por trás. O tom de voz sem dúvida era o mesmo, esse era o cara. Busquei novamente e não encontrei mais nada, nenhum sinal de Lúcifer zanzando dentro da minha cabeça.

— E por que eu estou na sua casa? E quem é você? — insisti puxando os braços e sentindo o aperto de metal me impedir continuar o movimento. Meus músculos rangeram com isso, era como se eu tivesse sido atropelada por um caminhão. Esse homem com certeza não era nenhum universitário comum que passava por uma estrada e então viu uma garota que decidiu levar para casa e prender na sala como um objeto de adorno, eu lembrava perfeitamente que ele havia recitado palavras estranhas, provavelmente um ritual que fez algo comigo.

— Alguém que não é bonzinho e muito menos seu amigo. — falou novamente, o tom calmo me transmitindo uma afirmação contrária. Mas aparências enganam. Apertei os olhos e mexi as correntes de novo.

— Você me sequestrou. — constatei a coisa mais óbvia até então. Tudo que eu precisava agora era de um sequestrador exigindo recompensas para a família que eu não tinha. Quem bateria primeiro na porta para torcer o pescoço desse cara sem prévio aviso e me levar de passagem expressa para o fim do mundo? Raphael? Lúcifer? Os demônios? O loiro me encarou pela primeira vez, os olhos castanhos sérios tinham uma pontada ameaçadora que fez com que eu me encolhesse.

— Mais para “impedi que você capotasse mais carros com pessoas inocentes”. — corrigiu me fitando por dois segundos e então largou os talheres sobre o prato, levantando a cadeira e pegando um sobretudo negro que estava embolado na poltrona perto da porta. — E só para você saber, aquela garota morreu na hora. O nome dela era Rosana, tinha dois filhos pequenos e estava indo para uma cirurgia de emergência no hospital público. Tecnicamente você matou mais alguém que ficou sem médico. — o homem deu um sorriso sarcástico e forçado na minha direção enquanto trocava a camiseta por outra de mangas compridas. Comprimi os lábios, sentindo um sufoco momentâneo ao me lembrar da mulher da caminhonete. Era ótimo saber que eu matei uma pessoa por impulso, um paciente da maneira indireta e ainda interferi na vida de duas crianças que ficaram sem mãe. Se o que ele queria era esfregar isso na minha cara, conseguiu perfeitamente.

— Se você sabe o que eu sou, sabe que tem muitas pessoas atrás de mim. — comecei, estreitando os olhos para uma tatuagem que preenchia toda a lateral do seu corpo. Um dragão alado coberto por chamas negras, mas o que me instigou mesmo foi o escudo que o animal estava segurando, nele estava desenhado um sol com uma estrela dentro. Idêntica a minha tatuagem antipossessão. Agora não havia dúvidas, ele com certeza era um caçador. — Você pode até não ser humano, mas deveria ficar longe de mim. Não é seguro. — acrescentei enquanto ele terminava de se vestir.

— Está com fome? — indagou pegando uma batata frita com os dedos e enfiando dentro da boca, ignorando completamente o meu aviso. Ou ele era muito idiota ou se achava muito esperto.

— O quê? — perguntei com uma careta.

— Perguntei se você tem fome? — repetiu displicente, balançando a comida no ar como se falasse com um cachorro. Meu estômago se sobressaltou, roncando alto em vontade própria.

— Sim. — admiti um tanto constrangida.

— Que pena. — lamentou-se com sarcasmo, saindo pela porta. Suspirei com uma risada sem graça alguma, em um dia eu estava às portas do inferno na terra e no outro estava sequestrada por sabe-se-lá-quem e passando fome. O mundo realmente dá voltas.

Quando o meu misterioso carcereiro voltou, eu já havia contado todas as rachaduras das paredes e teto umas cem vezes, inclusive começando a achar formas similares e interessantes entre elas. E a julgar pelo contraste da luz na cortina, o sol estava se pondo e logo ficaria escuro. O loiro entrou, fechando a porta com o pé e largando sacola em cima da mesa, de onde tirou rapidamente uma caixa de cereal e uma garrafa de água, jogando para mim em cima do colchonete. Imediatamente alcancei a caixa, rasgando a parte de cima com os dedos e enfiando punhados do cereal crocante e doce na boca, mastigando algumas vezes antes de lançar para o meu estômago faminto. No começo eu estava com tanta fome que nem me importava com os olhos curiosos do homem em mim, mas assim que essa sensação passou, eu comecei a me sentir desconfortável. Não era o tipo de olhar amigável, estava mais para alguém que analisava um animal na jaula do zoológico.

Quando me dei por satisfeita, extinguindo até o último farelo do meu alimento, parti para a garrafa de água. Estava quente, mas a meu ver, parecia a melhor coisa que eu já havia tomado.

O estranho recolheu o prato que havia deixado ali antes de sair e o enfiou na pilha de louça suja dentro da pia.

— Você é um caçador? — questionei, tentando puxar algum assunto amigável. E conforme ele me ignorou completamente, eu acrescentei — Eu não pude deixar de não ver a sua tatuagem. É parecida com a minha. — indiquei para uma das mãos amarradas, onde estava a marca, chacoalhando a corrente de forma irritante para ele me notar. Esperei mais alguns segundos, enquanto ele pegava um livro perto do balcão e lia, virando a página, fazendo o mesmo e partindo para uma próxima — Você ao menos podia falar comigo.

— Você ao menos podia me dar o prazer de não ouvir a sua voz. — devolveu rispidamente, largando o objeto sob a superfície da pia e colocando uma panela no fogão. Acompanhei seus passos se dirigirem para a geladeira e pegarem uma seleta de legumes, o homem colocou cenouras e batatas em cima de uma tábua de cortar e então puxou uma faca, deixando-a ao lado e indo se sentar na cadeira mais próxima com o livro em mãos novamente.

Franzi a testa em confusão, quando de repente o barulho do metal cortante contra os alimentos despertou minha atenção. A faca estava descascando uma batata com a maestria de um chef e picando-a, a torneira ligou-se sozinha, enquanto os pratos se esfregavam contra esponjas até ficarem impecavelmente limpos, e os pedaços dos alimentos trilhavam um caminho imaginário pelo ar até a panela sob o fogão.

— Você é um bruxo. — constatei embasbacada e de boca aberta.

— Não me diga. — ironizou sem despregar os olhos do que lia. Então algo me passou pela cabeça de repente, algo que se fosse verdade me colocava em maus lençóis.

— Você por acaso conhecia alguém chamado Alfred? — perguntei um tanto temerosa, afinal eu havia pregado, literalmente, aquele bruxo na parede da casa de Bobby sem pestanejar. Fazia todo o sentido que um familiar inconformado viesse me confrontar em busca de explicações, ou me prender e torturar em um apartamento sujo para aliviar a dor do luto.

— Eu não sou um parente com sede de vingança, se é o que você está pensando. — descartou a minha mais recente teoria imediatamente, me deixando no zero de novo. Que ele era um caçador, era óbvio, e que ele sabia sobre mim, estava na cara também. Mas o que eu não entendia era o porquê dele não ter me matado, por que me deixar viver? Não fazia sentido. A não ser que quisesse algo, ou que esperasse algo.

— O que você quer comigo? — indaguei de supetão, após mais alguns minutos em silêncio. Ele fechou o livro com um baque rápido, voltando os olhos castanhos na minha direção. Em seguida levantou-se num único movimento e largou o objeto sobre a mesa, dando passos até mim e se agachando a minha frente. Encolhi-me com a súbita aproximação e cara de poucos amigos, e então o loiro puxou um dos meus braços com força, enfiando uma chave na algema de metal e soltando meu pulso, logo fazendo o mesmo com o outro.

— Vá ao banheiro, não quero surpresas no meu colchonete. — ordenou gesticulando para a porta que ficava no final da cozinha. Esfreguei minha pele, na parte que estava presa, sentindo como se a mesma estivesse queimada pelo metal. Observei o homem se afastar até o fogão e levantei, minhas pernas estavam totalmente molengas, devido ao tempo deitada. Passei por trás dele e girei a maçaneta, revelando um quarto do tamanho do outro cômodo. A cama de casal possuía pilares até o teto, de onde descia uma espécie de véu negro e transparente. A janela era coberta por uma cortina vermelha e o chão era todo vestido de um carpete de veludo na cor bordô. O guarda-roupa de mogno possuía toda a frente espelhada, combinando com a cômoda e a estante repleta de livros. Era um local impecável.

Do lado contrário à janela tinha outra porta, que eu logo suspeitei se tratar do banheiro. Entrei na mesma e as paredes de azulejo azul-marinho imediatamente chamaram minha atenção, juntamente com a banheira e os tapetes bordados. Ele tinha bom gosto, isso era inquestionável.

Assim que terminei minhas necessidades, lavei o rosto com a água morna que saía de uma das duas torneiras da pia, optando por secá-lo na minha camisa e não ousar tocar na toalha imaculada ao meu lado. Logo que voltei para a outra parte do apartamento, a que era livre de requintes e luxos, não vi sinal do meu sequestrador, apenas o som da colher de pau mexendo um ensopado de legumes e o último prato sendo enxugado por um pano e guardando-se sozinho no armário. Não era o tipo de magia que eu achava que um bruxo faria, mas vendo pelo lado prático, por que não aproveitar um dom desses para realizar tarefas domésticas sem qualquer esforço físico?

Encarei a porta ligeiramente encostada por um minuto, minha mente desenrolando um plano de fuga de última hora. Mas antes que ele pudesse se firmar e ganhar algum crédito, eu logo tratei de descartá-lo. O que eu faria lá fora além de ser caçada, inclusive por meus amigos e o homem que eu amava? Sem contar que o meu carcereiro tinha poderes místicos, o que provavelmente queria dizer que havia algum encantamento naquela porta. Quando você sequestra alguém, o mínimo que deve se certificar é que essa pessoa não tenha meios de fugir. E além do mais, o fato de eu estar presa aqui significava que eu estaria bem longe dos rapazes e principalmente de Castiel, e essa era a única forma de protegê-los e continuar viva. Se bem que essa última questão não era tão primordial.

Eu já não me importava tanto comigo mesma. Não depois de ter matado aquela garota, não depois de ter dito “sim”. Não depois de fraquejar perante tudo aquilo que eu acreditava ser. Eu deveria ter deixado que Castiel me matasse quando tive a chance, seria a única forma de me assegurar que ele não morreria caso algo me acontecesse por meio de um terceiro.

Arrastei os pés de forma derrotada para me sentar em uma cadeira, mas logo parei, voltando meu caminho para o colchonete. A julgar que meu anfitrião do calabouço não gostava de sequer ouvir o som da minha voz, chegar e me ver sentada em uma das suas cadeiras poderia fazê-lo voar no meu pescoço e eu não pretendia arriscar. Encurvei-me de lado na superfície plana e desconfortável, colocando as mãos abaixo do rosto e fechando os olhos. Esse seria o momento exato para chorar, mas eu sentia-me tão exausta e tão decepcionada comigo mesmo que só queria deixar minha mente vagar pelo vazio até finalmente adormecer.

— Pode me explicar o que estamos fazendo aqui? — questionou uma voz irritantemente conhecida. Virei-me para o lado oposto ao que estava, contemplando a visão de Lúcifer deitado do meu lado no colchonete com as mãos atrás da cabeça.

— Eu não posso nem ser sequestrada em paz? — rosnei com os dentes trincados.

— Não! — apontou um dedo acusador na minha direção como se eu tivesse culpa por estar nesse cativeiro, virei as costas, decidida a ignorá-lo. — E para falar a verdade eu estou muito irritado! — exclamou sentando-se bruscamente num movimento rápido.

— Dá para parar de gritar na minha orelha? — esbravejei me voltando para ele novamente, o anjo já havia conseguido me irritar de qualquer forma. Só que no fundo eu sabia que eu estava procurando alguém para culpar, Lúcifer não me obrigou a nada, quem fez tudo errado fui eu, porém meu subconsciente o via como a origem do problema — O que houve com você?

— Desde quando se importa? — questionou com uma careta cínica.

— Eu não disse que me importo, só quero conversar e meu carcereiro não é muito tagarela. — esclareci sarcástica, me colocando de joelhos e tentando puxar meu colchonete para o lado, numa ação inconsciente e infantil que dizia abertamente “Não somos amigos, tire o seu traseiro de cima da minha cama improvisada!”. — Aliás, porque você está fora da minha mente? Nós não estávamos tipo... — tentei empurrá-lo com o pé, mas o anjo continuava com a expressão irritada e o olhar cético para mim, sem mover um músculo sequer — A fusão de Dragon Ball? — bufei fazendo referência a técnica que os personagens do anime usavam para se fundirem em um corpo só e assim lutar contra as forças inimigas.

— Esse cara não é um bruxo qualquer, ele nos desconectou com um ritualzinho de merda! — revelou algo que eu já sabia, levantando de repente e me fazendo cair para trás, tamanha a força que eu estava fazendo para puxar o colchonete — Em um minuto eu estava lá e no outro fui sugado de volta para fora, ou melhor, para baixo. E Miguel estava bem irritado, parece que ele não gostou muito de sacudir na jaula enquanto tentavam abri-la. — disse com ironia, andando apressado pelo cômodo limitado e olhando os legumes na panela com uma cara de desgosto. Franzi a testa, era a primeira vez que eu o via tão irado com alguma coisa. Geralmente Lúcifer nunca tirava o sorriso debochado ou as piadas inapropriadas das suas ações rotineiras, o que significava que o meu sequestrador o tirava do sério, e se ele o tirava do sério significava que era um bruxo poderoso o suficiente para amedrontá-lo.

Eu precisava saber exatamente quem era esse homem.

— Eu lembro que ele colocou as mãos na minha cabeça e eu apaguei com uma dor horrível. Só um bruxo poderoso é capaz disso. — contei mordiscando o dedo na boca enquanto me lembrava da cena — E preciso agradecê-lo também, eu estava quase morrendo! — lembrei com sarcasmo e Lúcifer bufou de raiva, encarando a parede como se estivesse imerso em pensamentos.

— Por que você não estava pronta. — elucidou com um pouco mais de calma ao se voltar para mim.

— O que quer dizer com isso?

— Polaridades opostas se retraem. — explicou abrindo os braços e gesticulando com as mãos opostas, aproximando-as e quando estava prestes a juntá-las, ele as separou bruscamente. — Também há fatores externos que podem retrair um anjo na possessão, como a tensão, o medo, a raiva. Mas isso não importa agora, o que importa é que você tem que sair daqui, esse cara não é boa coisa. — finalizou apontando ao redor e em seguida para a porta.

— Não é você que quer salvar seu traseiro? — debochei comprimindo as pálpebras — Se eu colocar os pés lá fora, o Cass vai ter que me matar. A profecia foi ativada. — falei com uma pontada rouca de tristeza na voz.

— Quando eu estava no seu corpo! — disse com o tom exigente, como se tivesse explicado algo dez vezes. Digeri a informação por um instante, e ela até fazia algum sentido. No momento em que Lúcifer estava no meu corpo, a lâmina brilhou, mas o bruxo conseguiu nos separar, então... Mas no momento em que Castiel matou Elisabeth, vulgo eu, na outra vida, o Diabo não a havia possuído. Senti minha mente dar um nó, ao mesmo tempo em que um pingo de esperança crescia — Agora coloque essa mente privilegiada para pensar e arrume um jeito de sair daqui por conta própria, o lugar aparentemente não é ligado com a rádio angelical. Nenhum anjo vai ouvir suas orações, nem mesmo o Cassie. — ordenou com o deboche peculiar, olhando ao redor com desprezo.

— Talvez eu devesse ficar. — suspirei repousando a cabeça entre as mão e me curvando em uma bola patética de auto piedade.

— E morrer? — Lúcifer arqueou uma sobrancelha, parando logo a minha frente e eu ergui o rosto para encará-lo.

— Eu mereço morrer.

— Você não...! — começou com a voz subindo algumas oitavas, tamanha a irritação, seu braço se moveu inconscientemente pela superfície da mesa que ficava próxima a nós, derrubando o livro sobre ela. Observamos com confusão o objeto bater na parede com violência e se esconder num canto perto da cortina empoeirada.

— Isso deveria acontecer? — questionei atônita, me colocando de pé para refazer o caminho que o livro fez mentalmente — Você está na minha mente, não pode interagir com o mundo real dessa maneira. O que está acontecendo? — elucidei para mim mesma, me virando para o anjo que tinha a expressão um tanto perplexa, mas logo um sorriso triunfante cresceu no seu rosto juvenil.

— A jaula está rompendo. — falou com euforia contida. Engasguei de repente, sacudindo a cabeça e processando a informação com pavor.

— O quê?!

— Quando o Alfred, vulgo bruxo maravilha, tentou abrir, o feitiço chegou até a metade e então você explodiu o amuleto dentro dele. A força do impacto de energia deve ter afetado a estrutura da gaiola e agora ela está se desfazendo, e com isso... — começou rapidamente, andando de um lado para o outro e parou novamente a minha frente, dessa vez mais perto.

— Você sai livre. — sussurrei transtornada. Era uma tragédia declarada. — Isso não pode acontecer.

— Definitivamente pode. — afirmou com um sorriso mordaz — Em breve tio Lú estará de volta para brincar. — disse colocando uma mecha bagunçada do meu cabelo no lugar, ao mesmo tempo em que dava uma piscadela divertida.

— Eu não vou deixar. — prometi esquivando o rosto do seu toque, ainda um tanto petrificada com a notícia de que, novamente, o apocalipse estava mais perto do que imaginávamos.

— Não era você quem estava nessa vida de sofrer e aceitar a morte nesse chiqueiro? — reiterou rolando os olhos com tédio — Faça como quiser. — o anjo deu de ombros e desapareceu no ar.

— Lúcifer! — chamei para o nada, dando uma volta de trezentos e sessenta graus no meio da sala e chiando de raiva — Droga!

A porta bateu com força proposital alguns segundos depois, virei na direção da mesma e dei de cara com o homem e sua expressão curiosa, os lábios curvados levemente para cima.

— Eu precisei sair para comprar especiarias. Você é bem esperta. — comentou retirando uma garrafa de vinho e um saquinho plástico, amassando a sacola de papel pardo vazia em uma bola e jogando-a para trás, a mesma bateu contra uma espécie de barreira imaginária e imediatamente entrou em combustão, chegando ao piso em cinzas. Arregalei os olhos, imaginando meu trágico destino se tentasse passar por ali.

— Eu supus algo parecido. — murmurei com um suspiro, recolhendo-me para o meu canto que ia da parede do canto até o final do meu fino colchonete. Observei que ele fitava o livro caído com uma sobrancelha arqueada, mas ao contrário do que eu imaginava, não disse uma palavra sequer sobre.

— Ou tem medo de algo lá fora. — considerou guardando a garrafa na geladeira e abrindo o plástico para colocar algumas pitadas de um tempero seco dentro da panela que fumegava. O cheiro de agrião chegou até o meu olfato, despertando meu estômago novamente. — Meu nome é Brawian Wolvestone, sou bruxo e caçador. — apresentou-se depois de alguns minutos, recostado em frente a pia com os braços cruzados.

— Eu devo desconfiar dessa sua suposta iniciativa para uma conversa civilizada como um último gesto de bondade para alguém que está prestes a morrer? — desconfiei imediatamente, encolhendo-me mais com o pensamento de que ele pudesse colocar fogo em mim e observar enquanto eu me desfazia em cinzas.

— Talvez. — disse com um leve sorriso divertido. Franzi a testa por alguns instantes, já que meu sequestrador aparentemente estava de bom humor, seria a hora apropriada para investigá-lo mais afundo. Se ele era tão poderoso a ponto de amedrontar o Diabo, podia ser de grande ajuda, caso eu não morresse antes disso.

— Pode me contar o que quer comigo? — pedi educadamente e ele ficou em silêncio, a expressão tornando-se séria novamente. Já vi que desse mato não sai coelho, pensei derrotada. Brawian virou-se para o fogão, provando o conteúdo da panela, que pelo cheiro e textura devia se tratar de sopa, e colocando mais tempero.

— Era uma vez... — começou inesperadamente e eu o fitei um tanto descrente. Ele ia começar uma história? Quem ele achava que eu era? Uma garotinha de quatro anos?

— Sério? — questionei com uma risada sem graça.

— Era uma vez uma cidade cheia de criaturas sobrenaturais. — continuou calmamente, sem se importar com a minha interrupção — Elas conviveram em paz durante muito tempo, mas chegou um dia em que algumas quiseram mandar mais que as outras, causando uma guerra interminável pelo poder. Foram milhares de mortos, a maioria deles humanos que acabaram entrando no meio dessa briga. — o bruxo deu uma pausa para puxar uma cadeira e sentar-se a minha frente. Então continuou — Os mais velhos de cada espécie se reuniram e criaram um conselho para instituir ordem entre nós e garantir que pudéssemos conviver em paz, ou mais ou menos isso. Para erradicar o exército rebelde, eles uniram seus poderes em um sacrifício, ressuscitando Shadow, uma criatura mitológica que zela pela justiça no mundo. O grande dragão branco atacou e despedaçou cada ser sobrenatural corrompido pela maldade que andava sobre a terra, e dizem que naquele tempo, pela primeira vez, houve um curto período de paz. E para mantê-la, a criatura lançou um feitiço, distribuindo seus poderes numa linhagem que se chama “Caçadores das Sombras”, e toda vez que algo ameaça o mundo, essa linhagem é despertada.

— Eles voltaram por causa do apocalipse. — constatei com os olhos fixos em um ponto imaginário, minha mente vagava para um tempo distante, montando as cenas em que o grande e terrível dragão branco assolava as criaturas sobrenaturais na terra. Instintivamente me peguei fitando Brawian, no exato local onde havia visto a tatuagem da criatura. — Você é um caçador das sombras.

Shadow juntou quatro sobrenaturais do conselho, uma bruxa, um vampiro, um lobisomem e um nefilim, lançando uma maldição em sua linhagem, ou seja, seus descendentes diretos. — ele apontou com o polegar para si mesmo — E no momento em que algo ameaçar o mundo no qual vivemos, o último de sua linhagem será acordado e destinado a lutar contra o mal. — revelou gesticulando de leve para o local onde tinha a marca do dragão branco, e quando eu percebi, estava de boca aberta. Imaginei de repente acordar e perceber fazia parte de algo tão mitológico e importante, sem contar tão... Surreal.

Apoiei-me com uma mão no colchonete, erguendo os olhos para Brawian e ele suspirou.

— Mas aí tem os anjos e demônios, eles acham que estão acima de qualquer coisa e não ligam muito para nossas regras. Então quando um suposto rei do inferno quer ascender ao trono, precisamos impedir. — elucidou comprimindo os lábios.

— E eu sou o meio dele voltar, e por isso vocês vão me matar. — constatei novamente, dessa vez com uma risada nervosa. E quando eu achava que o mundo sobrenatural não podia ficar mais estranho e complicado, me aparecia isso.

— O conselho foi fundado com o intuito de manter a justiça, e seria contra e qualquer regra nossa acabar com a vida de uma pessoa inocente. Nós temos consciência do que isso envolve, da profecia, do Guardião e quem você é, Esther, por isso seu caso está em votação. — falou, usando meu nome pela primeira vez.

— Mas eu não entendo. — balancei a cabeça para os lados rapidamente — Um apocalipse quase aconteceu há mais de um ano atrás, onde vocês estavam naquilo? — gesticulei fazendo referência a quando Sam teve que pular em uma jaula com o Diabo, pois achavam que era o único modo de salvar a humanidade.

— Acredite, se Sam não tivesse pulado naquele buraco, nós teríamos dado nosso jeito quando chegasse a hora. — afirmou Brawian com a expressão séria.

— E esse jeito seria...? — ele de um meio sorriso, desviando o olhar. Não precisou de mais nada para que eu soubesse do que se tratava. Em uma última cartada na manga, eles chegariam ao extremo de trazer Shadow de volta à vida para erradicar o mal da terra novamente.

— Vamos fazer uma reunião nos próximos dias para decidir seu destino. — revelou apoiando as mãos nos joelhos e levantando-se da cadeira, enquanto eu continuava embasbacada, imaginando a cena de um dragão branco sobrevoando o céu — Mas eu não teria muitas esperanças.

Esperança. Uma palavra tão pequena e com um apelo tão forte. Se havia um meio de impedir que Lúcifer andasse pela terra, esse meio deveria ser aproveitado. Eu poderia conviver com o fato de ficar presa em um cativeiro para sempre, ou mesmo trancada no fundo de uma masmorra por um conselho sobrenatural milenar, mas não poderia conviver com o fato de morrer pelas mãos de um terceiro. Se isso acontecesse, Castiel morreria comigo.

Eu poderia conviver com o fato de não existir em um mundo, mas não poderia conceber a ideia de um mundo sem ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

OMG, como se a coisa já não estivesse complicada agora querem reviver o Shen Long -q, só que não para fazer pedidos e sim para estraçalhar metade do mundo. E esse Brawian? Será que ele será um amigo ou inimigo da Esther? E a jaula tá se desfazendo, ou seja, apocalipse declarado.
E agora, Esther?

[02/03]



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Separate Ways - Requiem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.