Separate Ways - Requiem escrita por WofWinchester


Capítulo 40
O demônio conhecido


Notas iniciais do capítulo

[03/03]



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/508774/chapter/40

De duas, uma: Ou Brawian tinha muita confiança que sua magia não me deixaria fugir, ou ele estava me testando.

Pelo menos duas vezes por dia, o bruxo saia e me deixava completamente sozinha, e era nessas horas que eu aproveitava para vasculhar cada centímetro daquele apartamento em busca da minha jaqueta com o anel do cavaleiro. Mas como esperado, não tive nenhum sucesso.

Desci de cima do guarda-roupas, onde havia conseguido me empoleirar na procura do objeto e segurei a cadeira pelo recosto, arrastando-a de volta para a cozinha. Devo pensar que Brawian sabia exatamente o que era aquele anel e que o havia escondido em algum lugar que eu jamais alcançaria. Deixei um suspiro derrotado escapar por entre meus lábios. O cara era esperto, eu não podia negar.

O bruxo também havia conseguido roupas para mim, por solidariedade ou por não aguentar mais me ver com o mesmo vestido encardido de lama. Depois que eu tomei um banho quente, coloquei uma calça de física e uma camiseta regata branca, enfiando as peças sujas diretamente no lixo.

Há quantos dias eu estava aqui? Dois? Três? De qualquer forma, um pressentimento ruim me dizia que algo estava por vir e eu não poderia me dar ao luxo de estar sequestrada no momento. Talvez fosse o instinto de sobrevivência me alardeando para escapar antes do veredicto do conselho. Antes que eu perdesse a cabeça, literalmente falando.

Atravessei a porta do quarto e encolhi-me em um canto do colchonete enquanto uma vassoura dançava pela casa, limpando o chão e varrendo a sujeira para uma pá que se despejava sozinha na lata metálica de lixo. Estranhamente eu já estava acostumada demais a esses fenômenos bizarros que nem dava muita importância ao caso.

Senti uma presença ao meu lado eriçar os pelos da minha nuca e não precisei olhar para saber quem era.

— Olha quem resolveu aparecer. — debochei com o queixo apoiado nos joelhos, fitando um ponto invisível a minha frente. — Achei que como seu passe livre da gaiola já estivesse garantido e não precisasse mais de mim, não veria mais sua cara estúpida.

— Não vai se livrar de mim tão fácil. — apontou Lúcifer do canto obscurecido ao lado da cortina pesada.

— Que bom saber. — suspirei com sarcasmo.

— Seus amigos estão movendo céu e terra para te encontrar — contou pisoteando minha cama e vindo sentar-se ao meu lado, imitando minha posição. Uma sensação de felicidade ferroou meu peito ao saber daquilo, embora eu não quisesse ser encontrada por eles.

— Achei que só pudesse presenciar coisas a certa distância de mim. — murmurei depois de alguns segundos em silêncio.

— Já que a jaula está se rompendo, eu ganhei novas habilidades. — explicou o anjo rapidamente, aproximando-se conforme eu virava o corpo para longe dele — Mas acontece que, não que eu me importe, os Winchesters estão jogando um jogo perigoso, e o seu anjo Guardião é quem está dando as cartas.

— Castiel? — pisquei várias vezes, pensando o quão verídicas poderiam ser aquelas informações. Eu nunca imaginaria Castiel fazendo nada de perigoso envolvendo os rapazes, não seria ele.

— Digamos que Eve já foi para o saco e tem algo nada bom a caminho. — contou e eu o encarei em dúvida. A Mãe estava morta? Nós ficamos semanas sem ter uma única opção para sequer encontrá-la e de repente eles conseguem acabar com ela?

— Por que você fica falando meias palavras? Diga tudo de uma vez, isso é irritante! — vociferei para o sorriso irônico a minha frente.

— Saia daqui e descubra por si mesma. — desafiou.

— Já sei o que você quer! — levantei bruscamente do colchonete, caminhando a passos pesados pelo meio da sala/cozinha — Isso é um truque para me fazer fugir e assim salvar sua preciosa graça para quando você sair da gaiola. Não vai funcionar!

— Você acha que me conhece o bastante para afirmar o que eu quero, Esther? — questionou alcançando meu braço e me virando para ele, os olhos verdes faiscando nos meus. Havia algo que ele estava escondendo, eu conseguia sentir isso, mas não fazia ideia do que era.

— Você me dá nojo, Lúcifer. — cuspi as palavras sem dó nem piedade em sua cara.

— Agora eu estou definitivamente magoado — fingiu-se colocando a mão em frente ao peito e soltando meu braço — Só achei que devia saber que tem uma pessoa bastante mal intencionada e que sua família, é isso que você os chama, certo? Dane-se, todos vão acabar numa cova rasa. — advertiu em tom baixo e sério, apontando um dedo sugestivo. Expirei alto, parte de mim negando qualquer pingo de verdade naquelas palavras. Mas havia outra parte que estava tentada a acreditar.

— Certo, e o que você ganha me contando isso? — questionei arqueando uma sobrancelha — Você não se importa com eles.

— Talvez eu me importe com você. — devolveu Lúcifer com a expressão séria no rosto, mas em seguida um sorriso sarcástico se formou em seus lábios.

— Ou apenas com você.

— Talvez, Estherzinha. — ironizou dando alguns passos na minha direção e contornando meu corpo até colocar o rosto por cima do meu ombro — Todo feitiço, por mais poderoso que seja, tem uma brecha. — começou levantando uma mecha úmida do meu cabelo e sussurrando as palavras no meu ouvido — Você pode delimitar entradas, mas não pode delimitar todas as possíveis maneiras de entrar.

— Quem sabe você esteja sugerindo que eu cave um buraco para baixo? — me virei exasperada para ele, trincando os dentes e com o meu pescoço coçando por causa do contato dele com a minha pele.

— Seria um bom começo. — gesticulou o anjo, juntando as mãos — Boa sorte. — desejou desaparecendo no ar, como sempre fazia. Passei as mãos pelos cabelos de maneira irritada. Mas bem intencionado ou não, Lúcifer colocou uma escolha em minhas mãos. Eu podia pagar para ver e arriscar que algo realmente ruim acontecesse com os rapazes, o que eu nunca me perdoaria, ou podia averiguar a situação. Mas eu definitivamente não podia dar as caras, admito que estava receosa quanto as suas reações, então teria que dar um jeito que saber se o que o anjo contou era verdade, mas a distância.

Porém, primeiro eu teria que sair daqui. O que Lúcifer quis dizer com “delimitar todas as possíveis maneiras de entrar”? Ele não estava sugerindo que eu realmente cavasse um buraco, ou estava? Olhei ao redor por aproximadamente dez minutos, fritando meus miolos para achar uma falha no feitiço que me colocasse para fora, e foi então que uma ideia louca me passou pela cabeça.

Escancarei as cortinas pesadas, revelando uma bela vista de vários prédios iluminados com suas luzes acesas no escuro da noite. A julgar pelos carros passarem no tamanho de formigas lá embaixo, nós devíamos estar no vigésimo andar, ou mais.

Joguei uma almofada contra a janela e nada aconteceu, então eu arrisquei e tentei abri-la, mas a mesma estava fortemente trancada. Sem recursos a não ser destruir o patrimônio alheio, eu peguei uma frigideira e comecei a bater no vidro, trincando-o até despedaçar. Com cuidado, quebrei as pontas cortantes que podiam me ferir com o tecido da cortina e me esgueirei para fora, me equilibrando no parapeito e tentando não olhar para baixo. O vento frio e forte arrepiava minha pele e parecia me empurrar para os lados, e inevitavelmente, para o chão. Com passos curtos e temerosos, cheguei até o final e para meu completo horror, percebi uma distância de aproximadamente dois metros até a outra janela do apartamento vizinho. Eu teria que pular.

Olhei para baixo e logo uma vertigem me desequilibrou, fechei os olhos instintivamente, me concentrando na sensação da pedra fria e áspera contra meus pés descalços. Aquilo parecia ainda mais alto agora.

Respirei fundo, juntando coragem e rezando para que as minhas mãos suadas agarrassem firme quando eu chegasse ao outro lado, então abri as pálpebras, me preparei e pulei.

Por muito pouco eu não decorei a rua com meus miolos e tripas, meus dedos chegaram a deslizar, porém eu consegui me agarrar a tempo. Agachei-me contra a janela, segurando com uma mão no parapeito e a outra forçando a mesma para abrir, me esgueirando para dentro do apartamento escuro. Caminhei na ponta dos pés até a porta da frente, passando pelo quarto, de onde vinham gemidos baixos. Pelo menos alguém estava se divertindo fazendo algo bom e saudável, e não pulando de prédios.

Passei a mão em um sobretudo vermelho que estava embolado no recosto do sofá, enfiando-o rapidamente por cima das roupas e calçando um par de botas salto agulha. Quem quer que fosse a mulher gemendo no cômodo ao lado, eu daria um jeito de devolver o empréstimo um dia. Também aproveitei para pegar um pedaço de pizza dentro da caixa sobre a mesa. Afinal, viver de cereal e água não era lá a dieta mais balanceada do mundo. Destranquei a porta silenciosamente e alcancei o corredor.

Sai do prédio o mais calmamente possível, disfarçando ao máximo o meu nervosismo que achava que o barulho desnecessário que o salto fazia no piso iria me entregar a qualquer minuto. Ao sair para a rua, me senti momentaneamente perdida. O movimento de pessoas na calçada quase levava você com elas, as placas enormes, o barulho, os carros. Mas eu não podia ficar aqui perdendo tempo, precisava tomar dianteira, pois sabia que não demoraria para que Brawian voltasse e percebesse que eu não estava lá.

Aproximei-me de um táxi, curvando-me na janela do passageiro para enxergar um homem gordo com uma boina escura na cabeça.

— Para onde, moça? — questionou prontamente.

— Onde eu estou? — perguntei enfiando as mãos dentro dos bolsos do sobretudo para que as mesmas não congelassem devido ao frio.

— Nova Iorque. — respondeu o homem com uma sobrancelha arqueada, como se aquela fosse a pergunta mais estúpida do mundo. Olhei ao redor por vários instantes, novamente me sentindo perdida, absurdamente longe de casa. Eu não estava com pretensão nenhuma de pegar um táxi, pois não tinha um mísero trocado, mas a julgar pelas circunstâncias, eu tinha que dar um jeito de voltar e não importava como.

— Me leve para o mais próximo de Dakota do Sul que puder. — pedi abrindo a porta e me sentando no banco do carona, ainda tentando martelar alguma maneira de sair da enrascada que havia acabado de me meter com o motorista. Não que eu soubesse muito sobre calotes, mas sair correndo quando chegasse seria uma opção.

Foram várias horas de viagem, meu traseiro estava dolorido de ficar sentada e já estava noite escura quando nós cruzamos a fronteira de outra cidade. Segundo o taxista, ainda faltavam cerca de duas ou três até chegarmos, e o visor do taxímetro me assustava conforme subia o valor que eu teria que pagar sem ter dinheiro.

Tinha sido uma péssima ideia fazer uma coisa tão precipitada.

Encarei a janela, estreitando os olhos para ver melhor na escuridão. De repente minha cabeça latejou de dentro para fora e a imagem de uma placa se formou, seguida de uma cerca elétrica enferrujada e uma ladeira numa rua vazia. Respirei fundo e encarei minhas mãos, o que diabos foi aquilo?

Não era como anteriormente, quando eu tinha visões por causa da graça dentro do meu corpo, era como se algo estivesse sendo forçado contra mim. Como se alguém estivesse enviando imagens para o meu cérebro.

E antes que eu pudesse formar alguma teoria sobre aquilo, observei o carro se movimentar numa rua cercada por árvores de um lado e uma placa escrito “Não jogue lixo, preserve o meio ambiente” na cor vermelha, idêntica a que eu havia visto na minha mente.

— Pare aqui. — falei instintivamente, as palavras saindo de maneira automática pela minha boca. Senti o carro estacionar reto ao meio fio e o motorista me lançar um olhar de dúvida.

— Mas não tem nada aqui. — comentou olhando ao redor, para o monte de lixo embrenhado no mato alto. O homem então suspirou e parou o taxímetro. Senti uma agulhada contra o meu cérebro novamente, dessa vez a imagem veio e antes que eu pudesse visualizá-la, desapareceu. — Certo, você que sabe. São oitocentos e trinta dólares. — disse virando-se para mim de maneira apressada.

— Espere um pouco... — pedi, tentando me concentrar para tentar ver o que era, e uma parte pequena da minha mente tentava bolar um plano de emergência para que eu me livrasse do taxista. Respirei fundo e outra agulhada veio e foi, me deixando sem nada e irritada com aquilo.

— Garota, eu não tenho o dia todo... — insistiu o motorista. Então eu senti uma mão pesada deslizar do meu joelho até o alto da minha coxa, me pegando desprevenida — Sabe, se não tiver dinheiro, pode me pagar com outra coisa. — sugeriu com um sorriso amarelo. Arregalei os olhos, incrédula quanto aquela ousadia. E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, minha mão se moveu no ar, agarrando sua nuca e fazendo sua cabeça bater contra o volante do carro.

Eu tinha plena consciência de que aquele impulso não era bom. Desde que havia começado o segundo estágio da profecia, meus poderes estavam aumentando e meu controle emocional estava precário, sem contar naquela raiva que eu sentia a maioria do tempo. Observei que o homem ainda tinha pulso, provavelmente só ficaria desacordado alguns minutos, e isso amenizava a sensação de culpa.

— Você vai sobreviver, idiota. — murmurei abrindo a porta e escapulindo do táxi. Andei até o final da rua e me deparei com uma cerca elétrica logo à frente, a imagem pulsando na minha mente de novo. Aproximei-me da mesma, tocando o metal enferrujado com os dedos e franzindo a testa. Logo depois dela havia uma rua de ladeira. Por que eu estava tendo visões de lugares desconhecidos sem nenhuma razão aparente?

Comecei a seguir o caminho indicado durante minutos, passando por placas, bancos, casas, árvores. Tudo parecia uma grande trilha de migalhas, e eu tinha receio do que pudesse encontrar no final dela.

Aos poucos foi surgindo postes de luz, iluminando meu caminho, e em seguida movimento de carros e algumas poucas pessoas transitando. Entrei em um parque de diversões seguindo direto para uma grande cabeça de palhaço, uma espécie de casa de espelhos. Embora o brinquedo estivesse vazio, eu tinha a sensação de estar sendo vigiada. Meus reflexos distorcidos de várias maneiras diferentes e a pouca iluminação me causavam sustos toda vez que eu me virava.

Ouvi o som de passos e imediatamente busquei a direção que meus ouvidos apontavam com os olhos, dessa vez os espelhos mostravam uma garota de cabelo negro e sobretudo vermelho com um homem de terno preto e expressão divertida logo atrás dela.

— É um prazer revê-la, Esther. — disse o mesmo e eu permaneci estática. Pisquei várias vezes, encarando os reflexos com total descrença.

— Não pode ser... Crowley. — murmurei atônita, virando-me para o mesmo para fitá-lo cara a cara — Você está morto, eu vi quando Castiel queimou seus ossos.

— Detalhes sempre podem ser alterados. — apontou o demônio que mantinha as mãos nos bolsos da calça — Admito que assistir a todo esse espetáculo de camarote foi muito emocionante. Graça de Lúcifer? Eu me sentiria lisonjeado.

— O que você quer comigo? — disparei.

— Um trato. — propôs o rei do inferno com um sorriso audacioso.

— Minha alma não pode ser vendida, babaca. — devolvi com sarcasmo e ele estreitou os olhos.

— Estava pensando em algo menos sujo. Não quero ter um pedaço de outro Diabo, é nojento. — comentou com uma careta, dando uma pequena pausa para continuar — O que você sabe sobre as almas?

— Que são uma poderosa fonte de poder. A Moira mencionou algo parecido, mas... — perdi as palavras no minuto em que a ficha caiu.

Com tudo que aconteceu eu havia esquecido totalmente do episódio que Balthazar resolveu salvar o Titanic a mando de Castiel, e assim fabricar cinquenta mil pessoas para uma máquina de guerra. Com tudo que se sucedeu, eu havia deixado passar que ele não deveria estar sozinho nessa, mas nunca poderia imaginar que iria tão baixo a ponto de se aliar com o Crowley.

— Ao que parece, você não é tão burra quanto eu pensava. — falou o demônio enquanto eu processava aquela informação na minha mente.

— Por que você e Castiel estão ligados nisso? — indaguei me voltando para ele.

— Por que nós estamos procurando o purgatório juntos. — respondeu e eu dei uma risada de escárnio, isso era uma loucura que eu não podia conceber. Por que ele iria querer o purgatório? Não fazia sentido.

— Você está mentindo. Ele é um anjo, nunca se juntaria com alguém da sua laia. — disse exasperada, no fundo eu achava que ao ouvir aquelas palavras saindo da minha boca, elas se fizessem verdade.

— Acho que você não o conhece tão bem quanto acha. — começou, dando alguns passos ao meu redor e gesticulando com uma das mãos — Mas, ultimamente eu tenho tido algumas discordâncias com meu sócio, então estou expandindo meus horizontes para novos meios de conseguir o que eu quero.

— Por que você quer o purgatório?

— É grande, quente, perto do inferno e eu quero. — Crowley deu uma risada divertida — Não tem a ver com o lugar, tem a ver com as almas. Você já imaginou o poder que milhares delas possuem? — questionou com os olhos faiscando de ambição.

— Você é um cretino que faria qualquer coisa suja para conseguir mais poder, mas porque Castiel quer achar o purgatório? — devolvi apontando para ele.

— Já parou para pensar que ele esteja tão obcecado com Raphael que faria qualquer coisa, inclusive ser pior do que eu? — ponderou o demônio com o tom de voz calmo e baixo.

— Ele não é assim. — balancei a cabeça para os lados, não querendo admitir para mim mesma que fazia total sentido. Eu não conseguia vê-lo trabalhando com o Crowley, era demais, inconcebível.

— Mesmo depois de ele deixar claro que você não passa de um fardo e te trocar em pestanejar pela sua antecessora genocida, você ainda o defende? Esse amor vai acabar te matando, garota. — ele assoviou, virando-se para o espelho e ajeitando alguns fios de cabelo.

— Onde eu entro no seu plano idiota? — perguntei me colocando entre ele e o seu reflexo. O mesmo me encarou por dois segundos antes de responder.

— Eve saiu direto de lá, e era a aposta mais alta para descobrirmos o caminho. Mas então os Winchesters metidos detonaram a minha chave do purgatório e agora eu estou possesso. E já que Castiel não me deixa matá-los, decidi extravasar minha raiva em outra abordagem. — respondeu rapidamente, então me fitou de maneira mais séria e quase... Selvagem. — Eu quero o vampiro Alfa, e você vai trazê-lo para mim.

Soltei uma risada alta de deboche.

— Você é estúpido assim sempre ou só em parques de diversão? — abri os braços, esperando o desfecho da piada que não veio — Eu não sou uma caçadora e Eve queria me matar, ou seja, se eu chegar perto de qualquer criatura sobrenatural que tenha ouvido o chamado da Mãe, eles me cortam ao meio.

— Eu sei que você teve umas aulas com o Alce e o Esquilo, sem contar algumas atividades extracurriculares. — apontou o rei do inferno — Alguém que exorciza dezenas de demônios de uma vez consegue dar conta de um vampiro velhote.

— Por que não pede ao Castiel? Já que vocês estão tão amiguinhos ultimamente. — enfatizei com ironia — Acho que um anjo daria conta sem qualquer esforço.

— Eu pediria. — começou calmamente, mas a medida que continuava falando, seu tom subia até ele quase gritar — Mas meu sócio anda mais preocupado procurando você pelos quatro cantos do planeta que nem se preocupa em dar as caras para mim! E veja bem, eu não arriscaria meu pescoço com o Alfa e não posso mandar meus demônios que já estão nervosos demais com a ameaça do antigo chefão ressurgir da gaiola! — finalizou estupefato, apontando o dedo contra o meu peito — Sobrou você.

— Vá se ferrar. — falei entre dentes, passando ao seu lado e indo diretamente para a saída daquele brinquedo.

— E em troca eu te dou o meio de parar a profecia. — disse Crowley, me fazendo parar bruscamente.

— Isso não existe. Nós tentamos de todos os jeitos. — murmurei de maneira firme.

— Seus pais biológicos. Mesmo você, que tem que reencarnar diversas vezes para se tornar uma assassina, tem que nascer de algum lugar, não tem? Não é como se você fosse criada em um repolho. — revelou o demônio e eu fiquei em silêncio. Para mim, minha única família tinha sido Marina, Jimmy e meus tios. Mas Marina não era minha mãe, era apenas minha Guardiã, e meus tios não tinha meu sangue, apenas memórias plantadas para pensarem ser da minha família. Poucas vezes aquilo tinha passado pela minha cabeça, quem seriam meus pais? De qualquer forma, sempre que eu pensava nessa possibilidade, vinha na minha mente que eles já deveriam estar mortos, sendo que nunca ouvi uma palavra sequer sobre eles.

E agora eu me sentia completamente confusa.

— Como você...

— Eu sou Crowley, o rei da encruzilhada e do inferno. — enfatizou, o som dos sapatos ecoando no chão enquanto ele se aproximava — É só pedir com jeitinho. Tenho muitas cartas na manga.

— Por que faria isso? — me voltei para o mesmo com a expressão de dúvida.

— Nós queremos a mesma coisa: Lúcifer na gaiola, e longe do meu inferno. Você me ajuda e eu te ajudo. Seus pais biológicos são a chave, acredite. — garantiu inclinando a cabeça para o lado levemente, os olhos com um brilho triunfante — Tire um tempo para pensar, não que você tenha muitas opções ao seu favor para considerar. — sugeriu próximo ao meu ouvido, enquanto andava para a saída.

Fiquei vários minutos parada na mesma posição, minha mente martelava toda aquela conversa sem saber o que fazer. A cada dia eu via mais e mais portas de fecharem para mim, o relógio estava prestes a fazer sua contagem regressiva. Ele tinha razão, eu não tinha muitas escolhas a fazer. Mas eu estava tão desesperada ao ponto de me aliar ao Crowley?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Crowley, o Diabão mais lindo de todos os tempos regressou cheio dos mistérios. Castiel está trabalhando com ele para achar o purgatório? OMG. Mas isso não é novidade para quem já assistiu a sexta temporada, não é?
O que será que os pais biológicos da Esther tem de tão especial? Hmmm...
Próximo capítulo em breve! Um beijão!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Separate Ways - Requiem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.