Separate Ways - Requiem escrita por WofWinchester


Capítulo 35
Isso não é sobre anjos


Notas iniciais do capítulo

Olá, babies! Não sei se vocês vão ficar felizes ou tristes com o capítulo, felizes pela atualização e tristes, talvez, por ser um capítulo triste.
Quero agradecer aos comentários (sempre, always) lindos, fico super feliz lendo cada um deles. Acho que quando acabar essa fanfic vou imprimir e encadernar com os comentários junto (vai ficar lindo ♥).
Mas então, sobre o capítulo: Eu demorei para postar pois se trata de um capítulo essencial e eu queria revisá-lo até estar digno. Peguem o lencinho e se preparem para o desfecho de Esthiel. É tudo ou nada, é oito ou oitenta. (Olha eu atiçando a curiosidade das leitoras)
PS: Vocês podem colocar a música "It is what it is", da banda Lifehouse pra tocar no final. Ela me inspirou pra escrever esse capítulo e também o descreve muito bem. Vale a pena.
Espero que gostem!



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Apesar de tudo que se sucedeu no meu sonho que acabou virando pesadelo, eu consegui dormir o suficiente para descansar um pouco. Logo que acordei senti um cheiro delicioso de bacon invadindo meu olfato, abri os olhos, notando o espaço vazio ao meu lado e constatando que Jimmy não estava ali. Provavelmente já deve estar na cozinha devorando o café da manhã, pensei comigo mesma. Rolei o corpo para ficar de barriga para cima, colocando a mão na testa e deslizando-a para ajeitar os cabelos para trás.

A conversa com Castiel tinha deixado minha mente nebulosa, eu não sabia que rumo ou direção tomar quanto aquilo. Será que o ciúmes tinha me cegado completamente e por isso eu via Elisabeth como uma ameaça constante? Essa era a dúvida que me corroía por dentro. Senti cócegas sob o meu pulso me tirarem dos meus pensamentos e muito displicentemente eu abaixei os olhos que vagueavam por respostas para fitar minha pele, levando um susto enorme ao dar de cara com uma aranha negra de aproximadamente vinte centímetros titubeando no meu braço.

— Você ainda pode ter algumas alucinações, mas as piores com certeza já passaram — pronunciou-se a voz de Lúcifer antes que eu pudesse fazer qualquer movimento, eu o encarei e o mesmo estava em frente à janela com os braços cruzados junto ao corpo, segurando os cotovelos. Franzi a testa por um momento, qual era a dos anjos com janelas? Parecia algum tipo de “atração fatal”. Desviei os olhos para o meu pulso novamente e o aracnídeo havia sumido.

— Eu achei que essa coisa tinha parado — murmurei com um suspiro, relaxando os músculos depois do susto.

— Mas vai parar — garantiu o anjo — Você está entrando no segundo estágio da profecia, que é quando o octeto é dispensável, seus poderes ficam mais fortes e nossa relação fica estável. — falou dando um sorriso irônico e uma piscadela.

— De quantos estágios estamos falando? — questionei me sentando na cama abruptamente, minha cabeça rodando de repente.

— Três. — respondeu e no mesmo instante eu tratei de escavar meu celular ao lado da cama, mas logo ele foi arrancado das minhas mãos. Encarei Lúcifer com um olhar mortal — O que está fazendo?

— Não é óbvio? — perguntei retórica tentando pegar o aparelho das mãos do anjo que estalou os dedos e o fez levitar próximo ao teto.

— Ah, claro. Vai ligar para o pelotão de fuzilamento Winchester. — Lúcifer revirou os olhos com um ar de tédio, esticando o dedo mindinho e o polegar para imitar um telefone, forçando uma voz feminina — “Alô, aqui é a chave da gaiola do capeta e eu acabei de descobrir que eu estou prestes a detonar o planeta inteiro. Como eu sei? O Satanás me contou enquanto a gente tomava um chá e assistia à novela das seis”.

— Você faz parecer ridículo. — constatei apontando um dedo para ele e bufando, era inegável que o anjo tinha razão. Eu não podia contar algo tão grave sem ter um bom argumento para ter descoberto.

— Talvez seja. — sorriu sarcástico e então sua expressão se fechou — Ah, droga... O chatonildo acordou.

— Quem? — indaguei com a testa franzida.

— Miguel. — respondeu com um suspiro entediado — Com licença que eu vou botar o meu irmãozinho pra dormir por mais alguns dias. — e dizendo isso Lúcifer desapareceu, fazendo meu celular cair em cima da cama.

Levantei e usei o banheiro do quarto para ajeitar o cabelo e dar uma arrumada na cara de sono. Para falar a verdade tudo que eu queria agora era um banho quente, mas não queria abusar da hospitalidade de Dora. Desci as escadas e encontrei Jimmy com um prato enorme de bacon com ovos, enquanto a mulher servia-lhe mais suco de laranja e Jason conversava alegremente folheando o jornal.

— Bom dia, Esther — cumprimentou Stephany ao lado do pai, a mesma tinha um prato de plástico cor-de-rosa a sua frente e um ursinho de pelúcia no colo.

— Bom dia. — respondi com um sorriso amarelo, recebendo acenos de cabeça de todos no cômodo.

— Café? — ofereceu Dora, apontando a cadeira ao lado da filha que eu logo tratei de ocupar — Não ouse recusar.

— Seria bom. — agradeci. Já que Jimmy já fez o favor de aceitar dar um prejuízo enorme na despensa dos donos da casa, eu não ia fazer desfeita. Servi um copo de suco enquanto a mãe de Stephany servia seu prato e o meu. Assim que peguei os talheres, percebi um par de olhos castanhos me encarando com curiosidade.

— Papai diz que você precisa rezar antes de comer. — observou a garotinha logo ao meu lado, piscando algumas vezes.

— Stephany, você não sabe se ela reza, não pode impor. — repreendeu o pai gentilmente.

— Todo mundo reza. — ela deu de ombros sem fitá-lo e quando Jason abriu a boca para falar alguma coisa eu o interrompi.

— Tudo bem. — falei educadamente, apoiando os cotovelos na mesa e juntando as mãos.

— Quer que eu faça a prece? — questionou Stephany imitando minha posição, assenti com a cabeça e então ela começou — Querido Deus, queremos agradecer esses ovos com bacon que iremos comer e também esse suco de laranja, amém.

— Amém. — ecoamos todos e eu dei um cutucão em Jimmy que já estava avançando no prato novamente.

— Amém! — falou o nefilim de boca cheia.

— Agora a última — anunciou a garota quando eu já ia pegar os talheres.

— Ela reza para o anjo também — explicou Dora na cadeira a minha frente.

— Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina sempre me rege, me guarde, governe e ilumine. Proteja a mamãe e o papai, o vovô e a vovó, meus amigos, meu padrinho, minha gatinha, meus ursinhos, a minha nova amiga Esther e o irmão dela Jimmy. Amém — terminou com um sorriso infantil no rosto.

— Espero que o seu anjo nos proteja e não deixe chover hoje, se não seu uniforme não vai secar para amanhã — brincou Dora, puxando os talheres enquanto eu tomava um longo gole do suco de laranja.

— Castiel não falha. — devolveu a garota, me fazendo engasgar e começar uma crise de tosse — Você está bem, Esther?

— Sim, só fiquei surpresa com o nome. — respondi depois de me recompor, sob os olhares atentos e o risinho debochado de Jimmy.

— Castiel é o anjo da quinta-feira, então como eu nasci nesse dia, ele é o meu anjo da guarda. — esclareceu a pequena, dando uma olhadela para a mãe que assentiu a afirmação — É o seu também?

— Digamos que sim. — balancei a cabeça com um sorriso divertido.

Tomamos café e logo depois nos despedimos da família para voltarmos para Sioux Falls. O caminho de volta foi silencioso, fora algumas brincadeirinhas que Jimmy e eu fazíamos um com o outro de vez em quando.

E no fim a viagem valeu à pena. Eu tinha vindo até aqui para me encontrar, buscar no fundo do meu ser aquela essência que me parecia perdida e a havia encontrado. Durante muito tempo eu me rotulei como uma completa medrosa, mas agora eu percebia o quanto isso nunca foi verdade. De todas as escolhas que fiz, inclusive a de seguir Liliy, ou Dona Mel, até o cemitério, nenhuma delas foi baseada no medo e sim na vontade de superá-lo. “Você é uma lutadora de uma forma mais ou menos corajosa”, as palavras que Daniel me dissera naquele último final de tarde ecoavam na minha cabeça como nunca, e eram a mais pura verdade.

Minhas metas, até então obscurecidas pela sequência de fatos bizarros, estavam mais claras do que nunca para mim agora. Eu precisava descobrir o verdadeiro significado da minha existência, e desistir não era uma opção. Eu lutaria até o fim pelos meus ideais e pelas pessoas que eu amo, eu lutaria até o fim para sobreviver a essa maldita profecia, a Raphael, a Lúcifer e a qualquer coisa que viesse, porque esse é o caminho que eu escolhi para mim.

Depois de parar em alguns postos de gasolina, chegamos à Sioux Falls aproximadamente umas duas horas da tarde. A conversa que eu tive com Castiel ainda martelava na minha cabeça, e eu estava decidida a dar um fim nisso ainda hoje, mas antes precisava fazer uma coisa. Assim que chegamos, Sam estava na soleira da porta com os braços cruzados e olhos estreitos.

— Eu achei que o papel do irmão ciumento e controlador fosse do Dean – brinquei ao chegar a sua frente. O moreno segurou a expressão séria e então eu soube que a coisa estava complicada.

— Onde você estava? — questionou com um suspiro.

— Nós fomos dar uma volta, relaxa — falou Jimmy num tom apaziguador, colocando as mãos entre nós e passando para dentro da casa.

— Fomos dar uma olhada na funerária. — acrescentei seguindo o nefilim. Dean estava recostado na parede ao lado da escada com os braços cruzados em frente ao corpo e Bobby estava sentado na poltrona com a expressão semelhante a do Winchester caçula.

— Sua antiga casa? — perguntou o velho Singer.

— Sim — assenti olhando brevemente para ele.

— Por que não atendeu quando eu liguei? — indagou o loiro, observando o teto.

— Desculpe... — franzi a testa, lembrando que eu não havia olhado para o telefone nenhuma vez desde que cheguei na casa. Tirei o aparelho do bolso e logo constatei que havia cerca de trinta ligações não atendidas — Eu não... Vi.

— Ótimo. — Dean deu de ombros. Seu comportamento era no mínimo estranho, eu não passei a viagem inteira me preparando para um sermão de duas horas seguido de alguns possíveis berros para chegar aqui e ele agir dessa forma.

Ótimo? — repeti em dúvida, me aproximando e o encarando com curiosidade — Você não vai xingar, espernear, gritar comigo?

— Você é quase adulta, sabe bem o que faz.

— Sério? — duvidei novamente, colocando uma mão na sua testa e ouvindo alguns risinhos abafados e Jimmy e Sam logo atrás de mim. O loiro afastou meu braço com um movimento rápido.

— Não, eu to mentindo. — disparou exaltado, virando-se para mim com a expressão furiosa. Agora ele havia voltado a ser o mesmo Dean de sempre — Caralho, Esther! Como você faz uma coisa dessas? Simplesmente sai e não avisa ninguém?! Nós achamos que tivesse sido sequestrada, que estivesse morta!

— Eu estou bem, ok? — abri os braços, balançando-os no ar — Jimmy estava comigo e o Castiel deu uma passada lá.

— Quando? — questionou Sam com uma careta.

— No meu sonho.

— Ah, o invasor de mentes. — o Winchester mais velho jogou as mãos para cima de modo sarcástico.

— Filha, nós ficamos realmente preocupados. Achamos que tinha acontecido alguma coisa. — disse Bobby com um suspiro, e para logo ele estar falando desse jeito, eu sabia que havia pisado na bola. Ok, tinha sido errado sair assim, mas no calor do momento eu não achei que ia causar tantos transtornos. Eu estava estressada e queria desesperadamente arejar.

— Certo, eu devia ter avisado. — fiz a cara mais “cachorro esfomeado em dia de chuva” que sabia — Me desculpem, eu prometo que não vai acontecer de novo.

— Ok, agora eu quero uma cerveja. — anunciou o velho Singer, levantando da poltrona e indo em direção a cozinha. Sam deu uma risada balançando a cabeça para os lados e Dean permaneceu intransponível. Parei a sua frente fazendo beicinho e ele me encarou por mais alguns segundos antes de começar a rir e enfiar a mão pelos meus cabelos, bagunçando-os.

Nunca mais faça isso de novo — avisou enquanto eu tentava arrumar as madeixas.

— Nós temos novidades, mas não é das boas. — começou o Winchester caçula, virando-se para mim — Depois de verificar toda a placa, nenhum dos anjos achou nada de útil nela, nada que pudesse ser usado. Sinto muito.

— Já era de se esperar. — dei de ombros com um suspiro derrotado, contornando-o e me jogando na poltrona — E a Elisabeth?

— O que tem ela? — indagou Dean, andando até a mesa e sentando-se sobre ela com os pés apoiados no braço do sofá onde eu estava. Dei um tapa no mesmo e ele deu um sorrisinho debochado antes de abaixar as pernas.

— Ela sabe de alguma coisa? — questionei novamente.

— Nós não a interrogamos ainda. — respondeu o moreno de maneira displicente.

— E por quê? — emendei com uma sobrancelha arqueada.

— Ótima pergunta... — o loiro acariciou o queixo pensativo.

— Vamos interrogá-la agora, e eu vou participar. — disparei imediatamente, espalmando os braços na poltrona e me impulsionando para levantar, recebendo olhares surpresos e duvidosos.

Alguns minutos depois, nós estávamos no porão. A chuva que ia e vinha sem parar havia deixado o cômodo pequeno e abarrotado de coisas com um cheiro de terra molhada. Elisabeth estava sentada numa cadeira de metal com as mãos sob as coxas e uma expressão de desconforto, o vestido azul marinho com detalhes de flores no busto combinava com a sandália da mesma cor.

— Não vejo qual o propósito disso, eu já disse tudo que eu sabia. — falou ela pela décima vez desde que chegamos, cruzando as pernas nervosamente.

— Procedimento padrão. — disse tentando não ser tão sarcástica quanto realmente fui. Ela me lançou um olhar incrédulo e então fitou os braços com uma careta.

— Eu preciso mesmo estar com as mãos amarradas? — indagou a garota, levantando os braços e mostrando a corda grossa que estava passada de maneira frouxa por seus pulsos, terminando num único nó sem força alguma. “Estar amarrada” era modo de falar, ela podia se livrar daquilo quando quisesse.

— Esther... — começou o Winchester mais velho, do canto do porão onde estava escorado. Ao que parece, Dean havia se tornado o defensor número um de Elisabeth nos últimos tempos, tanto que para convencê-lo a fazer isso, eu tive quase que bater nele.

— Calado. — apontei um dedo, o que o fez arquear um sobrancelha em resposta, e me voltei para o Winchester caçula, indicando para que começasse — Sam.

— Vamos seguir a linha de raciocínio. — iniciou o moreno, pegando uma pilha de papéis que estava sob uma caixa alta, todos eram pesquisas feitas sobre A Condessa de sangue, uma quantidade relativamente grande de perguntas me surgia à mente ao olhar aqueles arquivos. Eu ainda fico extremamente intrigada com o fato dos Winchester, e até mesmo Bobby, não terem interrogado a garota ainda. Digo, ela era uma “fonte de informação ambulante”, isso não era normal. — Desde quando você sentiu que era diferente?

— Desde pequena, eu sempre fui muito doente, às vezes via coisas, vultos nas paredes. — relatou Elisabeth calmamente, brincando com a barra do vestido.

— Alucinações? — questionei com a testa franzida.

— Não. — Sam balançou a cabeça para os lados algumas vezes — Acho que a graça tem diferentes modos de se manifestar nessa idade, em Elisabeth afetava sua saúde, já na Esther, era o medo e a sensação de nervosismo. — ponderou, gesticulando para nós duas. Assenti vagarosamente, realmente era verdade. Dean caminhou até nós, passando por trás da garota e puxando os papéis para si.

— Você era descrita pelos aldeões como uma moça boa e generosa, incapaz de tais atrocidades. — falou o loiro, passando o dedo pela pilha de anotações — Sentiu alguma diferença no seu modo de sentir conforme o tempo?

— Isso é uma pergunta um pouco idiota, todos mudam suas maneiras de sentir com o tempo. — disse ela com uma expressão confusa — Mas se você está perguntando se eu senti o poder dentro de mim influir conforme eu via o mundo exterior, não, eu não senti.

— E como foi depois disso? — indagou seriamente, sem tirar os olhos dos arquivos.

— Eu já disse que eu não lembro. — bufou impaciente — Tudo para mim relacionado aos acontecimentos depois do meu casamento são como uma nuvem de fumaça na minha cabeça, eu simplesmente não consigo me lembrar de nada até o momento em que eu morri.

— Mas você matou seu filho antes do seu casamento, segundo a história, você fugiu para que não descobrissem. — observei andando alguns passos para me colocar ao seu lado e ela girou o rosto para me encarar. Nós trocamos olhares duros por vários segundos, e por mim ela deu um grunhido de irritação.

— Eu lembro ok! — admitiu contragosto.

— Então se tudo que foi ocasionado pela graça dentro do seu corpo foi apagado da sua mente... — comecei tentando conter o tom triunfante na minha voz — Você não estava sob influência quando matou o bebê?

— Sim... Não! — exclamou olhando para os lados — Eu não sei. As coisas eram muito diferentes de agora. Eu estava grávida de algo que não era humano, sozinha e com medo. — terminou com um suspiro baixo, seguido por um soluço. Então eu percebi que Elisabeth estava chorando. Desviei o olhar, um sentimento de remorso me invadindo de repente.

— Então você não se arrepende? — insisti de maneira mais calma e amigável. Não era como se eu estivesse me divertindo com o sofrimento alheio, mas eu precisava fazer essas perguntas, elas inclusive me ajudariam a medir o tamanho dos estragos que a graça podia fazer em mim, e quem sabe assim eu pudesse tentar controlá-los.

— A cada minuto da minha vida. — murmurou com a voz embargada, o rosto virado para o lado oposto a nós. Dei uma pausa, trocando olhares com Dean e Sam, que pareciam incomodados com aquilo.

— Certo, e quando... — comecei novamente, mas o irmão caçula me interrompeu.

— Chega. — disse firme, porém calmo.

— Eu ainda não terminei. — ressaltei com um dedo levantado.

— Ela não sabe de nada, é inútil. — falou tirando facilmente a corda dos pulsos de Elisabeth e jogando para um canto do porão. O objeto ricocheteou contra uma caixa e bateu no chão, levantando uma pequena nuvem de poeira.

— Não é não. — rebati determinada — Por que os demônios a trariam de volta, porque se dariam ao trabalho se ela é tão inútil assim como você diz?

— O ritual deles deu errado. — observou Dean ao meu lado.

— Mesmo assim...

— O que você quer provar, Esther? — questionou a garota, ficando de pé e virando-se para mim de maneira defensiva.

— Como é? — perguntei atônita.

— Você é a única pessoa aqui que me vê como uma ameaça! Eu nunca fiz nada a você, nós duas somos vítimas da mesma coisa e mesmo assim você insiste em me culpar por tudo isso. — chiou Elisabeth com os braços abertos, então sua expressão se tornou sarcástica — Mas eu já sei qual é o problema, não é a profecia, não é o que eu fiz ou deixei de fazer, isso tudo é sobre o Castiel.

— Você está errada. — disparei seriamente. Minhas especulações eram muito mais que isso, eu simplesmente não conseguia confiar nela, porque cada célula do meu corpo estremecia de uma maneira estranha quando olhava para aquela garota.

— Você está apaixonada por ele e não suporta o fato de que é a mim que ele ama, não você! — atirou de boca cheia. O modo como ela falava demonstrava total arrogância, encarei Sam e Dean e eles estavam retraídos perante a cena, minha vontade era gritar “Estão vendo isso?”.

— Então a Barbie de barro resolveu colocar as asinhas de fora. — debochei com uma risada de escárnio.

— Apenas cansei de tentar ser sua amiga. — devolveu seriamente, me apontando um dedo de forma acusadora. Então ela desviou os olhos, limpando as lágrimas que começavam a escorrer novamente e voltando-se para encarar os Winchester com um meio sorriso — Tudo bem rapazes, eu estou bem. — tranquilizou como se alguém aqui se preocupasse, mas obviamente eles se preocupavam. Senti meu sangue esquentar e minhas mãos coçarem tamanha era a vontade de sair distribuindo socos por todos os lados.

— Nem viva você está, como pode chorar tão bem? — questionei com os dentes trincados. Ela passou as mãos por baixo dos olhos e se aproximou até ficar cara a cara comigo.

— Isso não parece ser nenhum problema, embora eu não respire, ele ainda consegue tirar o meu fôlego quando me beija. — rebateu Elisabeth com um sorriso vitorioso e provocativo. Então eu fiquei com tanta raiva que apenas senti meu braço no momento em que ele desceu, e no segundo seguinte foi de encontro ao rosto dela ao mesmo tempo em que a lâmpada do porão piscou, nos deixando no escuro por um longo segundo. Um momento de silêncio e tensão se estabeleceu no ar, eu não estava propriamente arrependida do que fiz, mas não me orgulho de ter perdido a cabeça desse jeito. — Você me bateu?! — gritou incrédula, com a mão sob a face esquerda.

Antes que eu pudesse ter qualquer pensamento, a garota moveu o braço no ar, descendo-o na minha direção num milésimo de segundo para desferir um tapa, que eu quase não consegui desviar a tempo. Segurei seu pulso gélido na tentativa de contê-la, mas Elisabeth agarrou meu cabelo com força e me desequilibrou, nos fazendo rolar no chão, montando em cima de mim e distribuindo vários tabefes no meu rosto. Eu ouvi a lâmpada estourar acima de nós e os Winchester tentando inutilmente nos separar. Senti a raiva aumentar dentro de mim e dei uma cabeçada na garota, deixando-a desnorteada e com isso consegui derrubá-la com vários socos enquanto puxava os cachos totalmente desgrenhados e deixava marcas de unha na sua pele.

Senti mãos me segurarem pelos braços, mas eu me debatia tentando avançar em cima de Elisabeth novamente. Eu não tinha dado nem metade da surra que queria dar naquela desgraçada. O aperto contra os meus músculos ficou mais forte, me puxando com força para trás no mesmo instante que Dean segurava a minha adversária que também não parecia nada feliz. Nós estávamos praticamente no escuro, mas eu conseguia ver seu rosto retorcido de ódio.

— Ele nunca vai amar você, sua garotinha sem sal! — exclamou tentando escapulir dos braços do loiro, que tentava em vão segurar suas mãos.

— Me solta, Sam! — rosnei tentando me desvencilhar de qualquer forma do moreno para dar mais uns tapas naquela garota.

— O que está acontecendo aqui?! — perguntou Castiel, aparecendo de repente completamente atônito enquanto olhava de uma para a outra sem entender absolutamente nada. Sam e Dean também pareciam estáticos, ambos se entreolhando com uma típica expressão de pânico.

— Conta pra ele, Esther! — incentivou Elisabeth com uma risada debochada, levando um aperto mais forte do Winchester mais velho, que a fez encará-lo com cara de poucos amigos. Por um momento eu desaprendi a respirar, e a vontade que eu tinha era de gritar e começar a arremessar tudo contra as paredes, mas não o fiz. Cerrei os punhos e os lábios e apenas sai silenciosamente, marchando com passos pesados pela sala e indo até o lado de fora da oficina.

Tudo que eu queria era extravasar aquela raiva, e num impulso chutei sonoramente a carcaça de um dos veículos que se desmontava em ferrugem ali. E vendo que isso me ajudava, eu catei uma das marretas da oficina e comecei a golpear o capô do carro repetidas vezes, até que meus músculos cansados não aguentaram mais e deixaram o objeto cair por terra. Ofeguei, tentando recuperar o ar para meus pulmões, e então a raiva havia sumido. Apoiei as costas na lateral do veículo vandalizado e deixei meu corpo cair no chão, me curvando como uma bola e abraçando meus joelhos.

Tudo que eu fiz foi chorar. E no momento era tudo o que eu queria fazer, pois doía e sangrava por dentro. Quem me dera ter algo para ouvir uma música triste e desgraçar tudo de vez, mas isso talvez não fosse preciso, pois meus olhos ardiam e deixavam escorrer lágrimas grossas e quentes pelo meu rosto sem o mínimo esforço. O misto de sentimentos dentro do meu peito parecia um furacão devastador, cada um puxando para um lado, me dividindo em pedaços.

Eu estava cansada daquilo, cansada de mentir para mim mesma, cansada de tentar ser racional. Aquilo era tão cruel, tão injusto, ele nunca seria meu embora eu o amasse com cada gota do meu sangue. Sim, eu o amava. E cada vez que essa frase passava pela minha cabeça era como uma facada direto no meu coração, porque doía da mesma forma, talvez mais, pois era uma dor constante que eu tinha que conviver a cada minuto.

Meus ouvidos captaram um som familiar e então eu senti alguém passar os dedos pelo meu rosto, afastando algumas mechas de cabelo negro que estavam grudadas na minha testa. Com a visão embaçada, percebi que Castiel estava ali, ajoelhado a minha frente com uma expressão preocupada. Escondi a face entre os joelhos, começando a chorar mais alto. Por que ele tinha que vir ver a minha total humilhação? Já não bastasse Sam e Dean presenciarem a minha cena patética e descontrolada de minutos atrás. O fato dele me ver desse jeito, totalmente destruída, só dificultava mais as coisas.

— Vá embora! — pedi entre soluços, me amaldiçoando por não conseguir controlar nem o meu tom de voz derrotado nesse momento.

— O que aconteceu com você? — perguntou se inclinando na minha direção, eu podia sentir o calor das suas mãos que agora repousavam sob meus joelhos dobrados.

— Não é nada. — menti de olhos fechados e com a cara enterrada entre os braços, rezando para que isso soasse convincente e ele fosse embora logo.

— É tudo. — discordou negando a minha afirmação anterior — Nós somos ligados, eu poderia sentir a sua dor se estivesse do outro lado do planeta. — O anjo buscou meu olhar, tateando em busca do meu rosto, apoiando as pontas dos dedos abaixo do meu queixo e fazendo com que eu o encarasse. — O que aconteceu, Esther?

— Eu já disse que não aconteceu nada, me solta Castiel. – repeti balançando a cabeça para me esquivar do seu toque, mas então ele me surpreendeu segurando minha cintura e me erguendo em sua direção como se eu fosse uma boneca de pano, de modo que ficássemos de joelhos um em frente ao outro.

— Você é uma péssima mentirosa. — disse me prendendo firme em suas mãos.

— Você realmente quer saber o que houve? Ótimo, vamos lá – comecei com um suspiro, finalmente me soltando e me colocando de pé — Eu sou humana, droga! Com apenas dezessete anos eu já carrego o peso do mundo nos ombros e a minha expectativa de vida diminui uns dez anos a cada semana, eu já não sei mais se vou viver o suficiente para ver o próximo pôr do sol. E como se isso não fosse o bastante, eu me apaixonei.

— Isso não é ruim. — falou juntando as sobrancelhas em confusão, parando logo a minha frente e eu percebi que ele ficava tentando diminuir a distância entre nós a todo o momento — Amor é bom, não é?

— Supostamente, se não fosse impossível. — sussurrei com a garganta trancada.

— Nada é impossível. — devolveu Castiel, aproximando-se o suficiente para nossas roupas roçarem umas nas outras.

— Nesse caso é. — encarei o chão por vários segundos até sentir que as malditas lágrimas estavam novamente lutando para escapar — Mas eu nem sei por que estou te contando isso, é só uma coisinha boba, sem importância.

— Não diga isso – o anjo balançou a cabeça, enquanto passava o polegar suavemente por baixo dos meus olhos, fechei as pálpebras instintivamente, deixando o calor do seu toque lançar faíscas pelo meu corpo — A lágrima tem uma expressão forte quando vem do coração. Você deve o amar muito.

— Eu o amo tanto, anjo – disse num sussurro, a voz embargada pelo choro que eu tentava inutilmente conter. Encarei-o e Castiel tinha uma cara triste, o olhar denso e carregado. Num gesto protetor ele me puxou para si, colocando os braços de forma terna a minha volta. Afundei o rosto em seu peito e senti meu coração se acalmar instantaneamente, como se soubesse que ele estava ali comigo. Era irônico que a pessoa que mais me feria era a mesma que podia fazer a dor parar, é como dizem, às vezes o próprio veneno é a cura.

— Por favor, não chore mais — pediu com a voz grave enquanto passava os dedos pelo meu cabelo — Ele, seja lá quem for, não merece isso.

— Eu não sei como aconteceu, simplesmente aconteceu. — comecei tomando fôlego, eu sabia que talvez fosse me arrepender do que faria agora pelo resto da minha vida, (que, diga-se de passagem, não tinha expectativas de ser tão longa) mas precisava fazer isso. Principalmente por mim, talvez isso acalmasse esse furacão de sentimentos que eu tinha aqui dentro e então eu finalmente poderia seguir em frente — E agora eu estou aqui, incondicionalmente apaixonada por alguém que eu sei que não me pertence. Não sei se foi por causa do sorriso mais lindo que eu já vi, o modo como me olha e fala comigo, o jeito como me protege ou por que é o único que me faz sentir como se cada maldito minuto valesse à pena. — encarei-o, percebendo que o anjo tinha a cabeça levemente inclinada para a esquerda, os olhos azuis atentos e curiosos. Deixei um sorriso fraco escapar pelos lábios, incapaz de desviar o olhar agora.

— Por que um sentimento tão bonito pode machucar tanto? — questionou Castiel num tom diferente, eu não sabia se era realmente uma pergunta ou ele estava sendo retórico.

— Eu definitivamente não sou boa com isso, nunca passei por isso e talvez eu esteja colocando os pés pelas mãos aqui... — ele tocou meu rosto com a ponta dos dedos, me fazendo parar imediatamente de falar. Inclinei a face em direção a sua mão, segurando-a por cima e sentindo-a quente sob a minha pele — Eu só sei que, correspondido ou não, o simples fato de tê-lo perto de mim já me deixa feliz, e embora a dor às vezes pareça impossível de aguentar, ela se dissipa instantaneamente no momento em que eu sinto seus braços em volta de mim. Apesar de tudo, ou talvez por causa de tudo, eu o amo, principalmente por ele despertar o melhor que há em mim.

— Diga isso para ele. — falou o anjo. Os lábios entreabertos formavam um sorriso tímido, ele parecia quase admirado com tudo que eu havia falado. Continuei fitando-o por vários segundos, nuvens carregadas dançavam acima de nossas cabeças, trazendo o vento de chuva com elas. Uma parte de mim, a parte sensata, queria permanecer muda naquele momento, mas outra parte, uma que gritava desesperadamente dentro de mim, queria colocar as cartas na mesa. Inspirei profundamente sem quebrar o contato visual.

— Estou dizendo. — sussurrei tão baixo que até mesmo eu tive dificuldade de ouvir.

Castiel ficou imóvel de repente, senti seu corpo se enrijecer com um tremor ao mesmo tempo em que seus olhos ficaram estáticos. Não tenho ideia de quanto tempo ele ficou daquela forma, mas para mim pareceram dezenas de dias escuros. Minha pulsação estava acelerada e a cada segundo de silêncio dele eu sentia como se fosse ter uma espécie de colapso, eu estava ali, praticamente com meu coração numa bandeja de prata enquanto ele permanecia calado.

O anjo fechou os olhos de uma forma pesarosa, como se algo estivesse doendo e ele tentasse controlar, recuando o braço e dando alguns passos para trás até abrir uma distância de quase dois metros entre nós, e aquilo de alguma forma foi como um baque no estômago. Uma chuva fina começou a cair do céu, formando uma camada rasa e molhada sob a minha pele que transpirava de nervosismo.

— Eu sinto muito — murmurou quase inaudível, balançando a cabeça para os lados — Não posso... Eu... — ele me encarou com um olhar transbordando em desculpas, perdendo as palavras no momento em que o fez. Assenti automaticamente de maneira irônica, no fundo eu sabia que receberia uma resposta dessas, mas nunca imaginaria que doeria tanto. “Eu sinto muito”, como eu odiava essa frase, pois de alguma forma ela sempre estava lá, sob as feridas da minha alma. Eu realmente deveria adotá-la como meu sobrenome de agora em diante: Esther eu-sinto-muito Middtown.

— Tudo bem, não tem importância de qualquer forma — dei de ombros, consciente do quão falso saiu meu tom de voz e das lágrimas impertinentes que rolavam pelo meu rosto. Virei as costas, não sabendo com exatidão para onde iria agora. Eu não queria ficar ali e muito menos entrar e dar de cara com Elisabeth, talvez até ouvir um “Eu te avisei” que iria me fazer arrancar os cabelos dela. Mas antes que eu pudesse dar um passo, senti uma mão forte segurar meu braço. Encarei o gesto por um momento, e como se tivesse levado um choque, Castiel imediatamente o recolheu.

— Não vá ainda, eu preciso explicar. — começou sob meu olhar baixo, eu não queria encará-lo agora. Me sentia diminuída, rejeitada e exposta. Uma grande parte de orgulho e auto estima foram praticamente arrancadas de mim. Ele tentava buscar as palavras que pareciam não sair de maneira nenhuma, olhando para os lados, como se as carcaças enferrujadas pudessem lhe ajudar — Eu sou um anjo. — disse por fim, me fazendo dar uma risada de escárnio. Eu podia perfeitamente aceitar sua rejeição e seu silêncio, mas aquela desculpa esfarrapada já era demais. O fato de ele ser um anjo não o impediu de transar com uma genocida e ter dois filhos, e até hoje não impede, ou ele não estaria correndo atrás dela feito um cachorro.

— Essa é a melhor desculpa que você tem? — questionei com sarcasmo — Acho que é um pouco tarde para querer preservar a pureza celestial.

— Eu não posso cometer o mesmo erro duas vezes! — disparou com a voz elevada, dando um suspiro pesado em seguida — Você não percebe para onde está caminhando? Não entende o quão errado isso é?

— Quem não entende aqui é você! — devolvi apontando um dedo acusador para o seu peito e dando passos rápidos em sua direção até ficarmos cara a cara novamente — Isso não é sobre anjos, sobre o céu ou sobre o quinto dos infernos! Isso é sobre nós. Por que você é a única coisa que me importa aqui.

— Não existe nós. Existe um anjo e uma humana. — disse com a voz baixa e grave, a expressão fria. Semicerrei os olhos por um instante, mordendo a boca com um gemido de indignação.

— Eu posso estar terrivelmente enganada ou ser terrivelmente idiota — comecei, desviando o olhar e voltando a encará-lo com a voz ríspida — mas durante todo esse tempo, todas as vezes que você estava lá no meu quarto, me olhando dormir, foram estritamente necessárias? — questionei percebendo que Castiel ficara terrivelmente desconcertado. Ele não fazia ideia de que eu podia sentir sua presença quando não estivesse usando o octeto de rubi, um truque que eu havia aprendi há algumas semanas atrás.

— O que você quer que eu diga? — perguntou desviando os olhos para longe de uma maneira irritada e segurando a ponte do nariz, como se estivesse invocando paciência de um lugar muito distante.

— Nada. Eu posso lidar perfeitamente bem com a sua rejeição, apenas não aceito que use desculpas. — falei balançando a cabeça em desaprovação, ele permaneceu imóvel — Posso ser ingênua, mas não sou burra, Castiel. — virei as costas e comecei a caminhar, decidida a me trancar no meu quarto e esquecer dessa última hora, enterrá-la fundo com uma pedra gigantesca por cima. Ouvi o anjo chiar alguma coisa e então eu o senti agarrar meu braço novamente, dessa vez com força. E antes que eu pudesse abrir a boca para mandá-lo para o inferno, Castiel me virou para ele num movimento rápido, a expressão transtornada de antes havia desaparecido.

— Esther, eu... — começou baixinho, os olhos urgentes fixados nos meus. Mas o som da sua voz foi abafado de repente por um grito. Olhei ao redor, percebendo que o ruído havia acontecido dentro da casa, e quando dei por conta, o anjo já havia desaparecido. Corri para a porta da frente, subindo as escadas rapidamente e logo pude ver que o alvoroço se dava no antigo quarto de Sam, que era onde Elisabeth dormia agora. Entrei no mesmo, parando logo na entrada, chocada com a cena que vi.

A garota estava no chão, enquanto olhava horrorizada para o próprio braço que começava a se desfazer em um barro negro e lamacento que grudava no chão, os ossos expostos do membro totalmente expostos. Levei a mão até os lábios, tão boquiaberta quanto todos a minha volta, Dean mal conseguia piscar e Bobby segurava a arma de um jeito nervoso. Castiel estava parado em frente a ela, também apavorado, mas logo se recompôs e caminhou em sua direção, agachando-se ao lado de Elisabeth e fazendo várias e exaustivas tentativas de cura, até que o braço dela finalmente voltou ao normal.

Eu ainda não havia me recuperado totalmente quando ela enlaçou os braços ao redor do pescoço do anjo, aos prantos. Foi nesse momento que eu percebi algo que meu lado egoísta não me deixava ver antes: Você pode amar um homem tanto quanto qualquer uma, e isso te faz igual a qualquer garota. Mas no momento em que você sabe que precisa deixá-lo ir, você se torna uma mulher.


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Notas finais do capítulo

Lencinho? ~lê oferecendo uma caixa~
Elisabeth botando as asinhas de fora ou ela só tá defendendo o terreno?
Como Lúcifer mesmo disso, Esther está no segundo estágio da profecia, e só tem três. Então a coisa está complicadíssima...
Será que ela desistiu do Cass? Será o fim de Esthiel?
Ah, e surpresinha, hoje é capítulo duplo! Então vamos ao próximo!



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