Identidade Homicida escrita por ninoka


Capítulo 57
Amigo? Inimigo?


Notas iniciais do capítulo

caracaaaaaaaa bom dia seus lindos!!
São quase 4 da manhã e finalmente arranjei tempo pra postar
pra variar peço perdão pela ausência, a tia aqui começou a trabalhar (nn que eu ja nn desse sumiço do nada anteskkkkkkkkkk) e tava meio complicadinho de me acertar aqui. Agradeço vocês do fuuundo do meu coração pela paciência & etc

cap passado:

> nath vai atrás de burniel e descobre que JADE está DENTRO da escola o tempo todo!!!!! uma aliança se forma entre nathaniel e burn



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[Elsie]

 

Me deixa em paz, menina!

A voz da tia Agatha, sempre tão pacífica, de repente parecia tomada por uma força demoníaca; soava alta, agressiva, cheia de fúria. Sua expressão também acompanhava os trejeitos. Os olhos? Não preciso nem dizer; ardiam em desprezo, me encarando. O motivo de tudo aquilo talvez não fosse um dos maiores, mas tia Agatha realmente me fazia acreditar que eu era uma menina ruim. Uma menina má. Foi. Foi um suco derramado no carpete da sala o motivo daquele roxo inchado no ombro. 

Acordei. 

Notei pela claridade da janela que era manhã. Já devia ser a segunda ou terceira vez naquela semana que um pesadelo desgraçado daqueles me fazia acordar tremendo dos pés à cabeça e sentindo o coração afundando no peito. 

Cobri o antebraço por cima dos olhos e inspirei fundo. Lembrei de respirar e tentei contornar aquele sentimento horrível que parecia me sufocar. Sentia uma vontade horrenda chorar. 

Dei uma, duas, quatro inspiradas e expiradas profundas e senti um sub-alívio momentâneo. Que horas eram? Precisava levantar. Escovar os dentes, quem sabe. Hoje tinha aula? Talvez eu estivesse atrasada? Não… era sábado.  

Elsie! 

Uma voz chamou do lado de fora do quarto. A voz do Armin. 

Me esforcei pra levantar, ainda um pouco zonza. Apertei a nuca e gradualmente senti a turbulência se esvaindo, o sangue fluindo melhor. Quando mente e corpo pareceram realinhados, consegui caminhar até a porta. 

— Caramba, você tá bem? — disse ele, meio assustado, logo que atendi. — Tá pálida. 

— Acabei de acordar. — respondi, disfarçando, e me aprontei pra afastar qualquer questionamento de Armin o mais depressa possível: — O que foi?

— A gente tinha combinado ontem de terminar aquele trabalho.   

Cruzei os braços. Decidi brincar, com malícia na voz:

— Logo você falando de trabalho? Plenas onze da manhã de um sábado?

Armin deu uma risadinha, e fui pega no pulo:

— Na verdade isso foi só uma desculpa pra vir te ver. 

Senti uma vibração forte no peito, minha cara foi no chão de vergonha. Larguei a postura na hora. Perguntei a mim mesma o que aquele sentimento significava. 

— Mas e aí? Qual é a boa? — disse e entrou sem qualquer cortesia, rompendo meu delírio. — Atrapalhei seu sono de beleza? 

Virei o corpo em sua direção e torci a testa, brincando de deboche, enquanto um risinho queria me escapar, descrente com Armin, que já ia se desmoronando na minha cama e virando de barriga pra cima, entrelaçando os dedos atrás da cabeça como apoio. 

— Tá carente, é? — brinquei, fechando a porta às costas. 

— Eu sei que você sentiu a minha falta esses dias. — ele me encarava deitado; os olhos impressionantemente azuis com a luz da janela jorrando de cima.    

Sentei no limbo da cama ao lado (que antes pertencia à Jay) virada na direção de Armin e abracei um travesseiro. 

— Você é um egocêntrico. — ri, apertando o saco macio contra o peito.

Armin olhou para o teto, risonho:

— Talvez, talvez. 

Uma atmosfera aconchegante tinha tomado conta do quarto. 

— Como tá se sentindo? — resgatou um timbre de seriedade na voz. — Sabe… com tudo aquilo.  

Apertei os lábios um contra o outro e fiquei mexendo a boca de um lado pro outro numa careta, olhos fixados no chão e a mente voltando a devanear longe, longe. 

— A polícia vai investigar a vizinhança. Deram uma olhada nas câmeras e não encontraram nada. Capaz que tenham pulado os muros, ou… não sei… 

Ficamos em silêncio. Dei um olhar instantâneo pro Armin, que ficou pensativo, ainda entretido com o teto. 

— Sobre o lance dos seus pais… — soltou. — É só uma teoria, claro. Mas você não acha que tudo isso parece ter uma conexão? 

— Não sei. — encarei meu pé, unindo e desdobrando os dedinhos. — Meus pais, tia Agatha, Murple… Faz sentido que os três casos tenham alguma coisa em comum, já que todos estão ligados a pessoas muito próximas de mim. Mas ainda assim… 

— Você disse que no documento que Jack te entregou... tinham uns lances sobre assassino de aluguel. Já não chegou a pensar que todos esses casos, incluindo o da sua tia… todos podem ter sido “encomendados” pela mesma pessoa? 

— Sim. Mas ainda tem algumas coisas que não encaixam nessa ideia. Tipo… Pensei sobre Christopher, sabe? O namorado da tia Agatha. Cheguei a cogitar que a mãe dele quem poderia ter planejado a morte dos meus pais. Como uma forma de se vingar pelo filho, matando alguém que era importante pra tia Agatha. Mas Amélie não parece ser isso tipo de pessoa. No sentido que ela não parece ter remorso da tia Agatha ou algo assim. Ela na verdade disse nunca ter levado a sério o que minha tia disse, já que ela parecia tão alucinada e drogada quando reencontraram ela depois de meses. Além do que… qual sentido em esperar mais doze anos pra assassinar minha tia, nesse caso, se a “cliente” fosse Amélie? E, por que logo agora, depois de tantos outros anos, pensariam em assassinar Murple? O que ela teria haver com toda essa história? Pensando isoladamente nela, na verdade me vem uma ideia. Uma ideia que me deixa bastante… assustada. Não podia comentar isso com os policiais que tão cuidando do caso.  

Armin deitou o corpo de lado, me encarando:

— O que você acha?

Olhei pra ele. Não queria admitir aquela ideia bizarra, mas desabafar com Armin sempre me fazia ver as coisas com mais clareza.

— O que me enviaram pelo correio... — relembrei. — Queriam me atingir com isso, obviamente. E... quem você acha que estaria por trás disso? Quem teria tanta frieza a ponto de tramar algo doentio desse tipo? Ainda mais agora que descobrimos que ele tá vivo e tão perto da gente… 

— Você tá falando… do Jade? 

— É. Eu não queria pensar tanto nisso. Mas Jack afirmou com todas as letras que Jade e Peggy estavam dentro da escola. Eles quem queimaram Jay dentro da estufa. Queimaram a estufa, entende? Ele não tá nem aí, tá jogando pelas próprias regras. Quer chamar a atenção. Embora ele não deixe claro que foi ele que cometeu tudo isso, ele tá sempre tramando nas sombras. Como um fantasma. Um fantasma que nunca vai embora, Armin…     

Armin parecia chocado. Deu um suspiro fundo e se deixou tombar de costas no colchão, mirando o teto novamente:

— Se a gente já matou ele uma vez, podemos fazer isso de novo. — disse com uma monotonia na voz que me deu arrepios. Os olhos claros e afiados como os de um felino. — Se essa sua ideia estiver certa, você não é a única que ele vai correr atrás de vingança. Nós carregamos esse fardo em conjunto. E eu tenho o Alexy. — remexeu o corpo e ergueu as costas da cama, sustentando-se com os braços para trás de si. O olhar perdido pelos cantos do quarto. — Alexy é uma presa fácil naquele hospital. E eu não sei do que eu seria capaz se aquele infeliz tramasse algo contra ele… 

Vi Armin ingressando numa paranoia interna; a fúria do pensamento inflamando na sua expressão. Senti parte da culpa de ter botado a insegurança na cabeça dele. 

Arremessei o travesseiro no rosto dele. Quando a peça caiu, Armin revelou uma careta cômica, de olhos arregalados e franja bagunçada.  

— Vai ficar tudo bem com ele. — falei. — A gente vai chegar até o final do jogo. Eu e você.

Armin ajeitava o cabelo com uma fúria encenada e bastante… fofa? 

— Vou descartar meu Cartão de Homicídio e vamos deixar o tempo passar. Serei desclassificada e você vai ganhar o prêmio. É isso. 

A bad do Armin durou pouco:

— Então você desistiu de se sacrificar por mim? — se esticou na cama fazendo uma pose estúpida com a mão sobre o peito e dando uma piscadinha. Uma vozinha melódica pra tirar sarro. 

— Tá brincando? — cruzei os braços, rindo. — Eu nunca falei isso, idiota. Eu só… — pensei um pouquinho se aquilo era cabível de falar. — … não fazia questão de continuar viva. Tudo que eu queria era saber sobre quem matou a minha tia, desesperadamente. Era a única coisa que me fazia querer continuar vivendo. E se eu cumprisse isso, então por que continuar? Pra onde eu iria? O que eu faria depois? Não tinha sentido pra mim. 

— E você faz questão de continuar viva agora…? 

Encarei Armin. 

Admirei ele naquela pose. Tão solto, largado, e ainda assim tão bonito. Sentia como se durante toda a minha vida eu tivesse vivido fadada num casulo, numa vida completamente artificial e privada, sempre limitada a mim e à tia Agatha, mesmo ainda depois de sua morte. Não tive grandes amizades de infância e nunca tive desejos de uma adolescente normal. Qual sua cor favorita, Elsie? Qual banda você mais curte? Eu nunca saberia te responder. Já Armin era diferente; ele era liberto. Ele tinha concepções e gostos próprios. Ele era teimoso e irritante às vezes, mas também bastante maduro quando minha impulsividade falava mais alto. O mundo parecia enorme quando tava perto dele. Enorme, mas ainda assim, lindo. Porque minha mente era um tormento sangrento, um cárcere; e ele tinha me mostrado que eu podia ser mais que só aquilo. Seu cabelo preto, seus olhos claros. A forma como ele ria das próprias piadas imbecis e os hábitos alimentares nada saudáveis dele. A tara por jogos. O pavor por claridade e insetos. Eu gostava daquele conjunto ridículo que ele era. Porque aquilo era o que ele era

Dei um sorrisinho pra responder sua pergunta: 

— Sim. 






[Jack]

 

Burniel disse algumas coisas estranhas sobre Elsie e Armin. — disse Nathaniel, do outro lado da linha telefônica. Conversávamos já há alguns minutos e, pelo nosso diálogo, ficou claro que capturar a imagem do quadro de Faraize gerou um progresso surpreendente em nossa investigação. 

— O que ele falou? — perguntei, altivamente sentado na poltrona da sala; o programa de culinária rodando na televisão, sem som. 

“Jade diz que eles tentaram matá-lo.” 

O cozinheiro cortava alguns pedaços de carne.

— Isso tem bastante sentido se pensarmos naquele cartão vermelho que achamos na estufa e os que a Jay encontrou no dormitório. — falei. 

Exato. 

— … Mas também temos que levar em conta que Jade é um lunático. — difícil desgrudar os olhos da TV.

Você não tá tentando defender ela, né?

— É só um fato que temos que manter em mente, moleque. Acho importante frisar. — pigarreei.

Nathaniel suspirou, justificavelmente desgastado:

— Tô um pouco ocupado em relação ao Burniel. Aquela estratégia que te falei… pretendo colocar ela em prática o mais depressa possível. Ia te pedir pra cuidar dessa questão… sobre a Elsie, os cartões. Armin também. 

O cozinheiro despejou um molho de tomate bastante líquido por cima de uma massa.

— Essa tarde já dou conta do recado. 

Quando encerramos a chamada, botei a peça de volta no gancho, apanhei o controle e desliguei a TV. Estava pronto (ou quase) pra mergulhar de cabeça no novo assunto, mas o telefone tocou de novo:

— Alô. 

FOX 108. — era meu codinome na Central naquela ocasião. 

Reforcei o contato entre a orelha e alto-falante do telefone. Comprimi o volume da voz:

— Na escuta.

— Precisamos de você nas coordenadas… — repassaram uma longa sequência de números que minha mente devia obrigatoriamente ter a capacidade de gravar. 

— Quando?

— Imediatamente. Recebemos a informação de que roxos estão provavelmente sendo mantidos por lá. — “roxos” era um código, um eufemismo para… cadáveres. 

Roger that. — câmbio militar padrão. Afundei o dedo no gancho, finalizando a chamada. 

Quando repus o telefone no lugar, fiquei reflexivo. Pra que eu fosse acionado daquela forma e naquele imediatismo, significava que as coisas estavam fedendo mesmo.

Aba anônima; introduzi o código das coordenadas no extraordinário e prático Google. O endereço remetia a um ponto localizado numa rodovia próxima que dava para a cidade vizinha. No matagal lateral à rodovia havia uma placa com um número, pelo aplicativo, indistinguível. Passada a sinalização, se mostrava um quase imperceptível caminho de terra que adentrava a floresta e seguia para um fim indeterminado -- fim este, meu objetivo. 

Me aprontei rapidamente. Saquei as chaves em cima do balcão e a casaca no cabide, botei dois pares de luvas descartáveis dentro do bolso e uma lanterna-caneta. Levei alguns pequenos sacos plásticos também. 

Finalmente, após me certificar de que Lola e Dérik estavam em segurança, tomei meu rumo. 

Depois de pouco tempo que subi no transporte público, cheguei ao ponto mais próximo dos limites da cidade. Peguei a rodovia a pé e fiquei pelo menos vinte minutos numa caminhada pela borda da estrada até que finalmente encontrei a placa indicada nas imagens do Google. Adentrei a estradinha e logo estava mergulhado nas entranhas verdes da floresta. Não demorou muito; cheguei ao destino final, onde se encerrava o prolongamento de terra demarcada. Uma espécie de galpão se encontrava ali; velho, com a pintura vermelha bastante apagada e limo cobrindo as telhas. Não era a primeira vez que me deparava com um cenário parecido. Lugares como aquele eram comuns à beira de estradas, isolados; geralmente usado de forma ilegal pra fabricar algumas drogas caseiras. 

Me aproximei o bastante da porta de entrada e senti um cheiro forte, rapidamente identificando o odor de carne podre, gente morta. 

Numa questão de preservar qualquer digital, coloquei uma das luvas descartáveis pra tentar abrir a porta, mas como era de se esperar, estava trancada. 

Era hora de apelar pra outra tática casual: Tomei algum espaço e corri rapidamente em direção da porta, ombro imposto para frente, chegando suficientemente próximo e dando um baque contra a madeira. A tranca estourou com facilidade -- explodiu --, já que tudo ali era velho ou acabado demais pra ter qualquer resistência. A porta violentamente abriu para dentro com um rangido. O cheiro se manifestou com muito mais força. 

Saquei a lanterna de bolso e direcionei pelos quatro cantos do galpão, mas nada era muito nítido àquela distância. Então comecei a andar, distribuindo a luz pelo chão a frente e ocasionalmente para os lados à procura do que havia me levado até aquele lugar horrendo. 

Alguns passos à frente me deparei com um formato incomum no chão. Me aproximei com cautela e iluminei com a lanterna: era um simples montin de carne, carne animal mesmo. O cheiro vinha dali. Não havia nenhum cadáver humano no galpão.

A coisa começou a cheirar mal -- de forma não-literal, agora. Algo parecia errado. Fiquei pensando enquanto coçava a pouca barba, até que um pressentimento forte me agitou por dentro. 

Repentinamente dei um giro para o lado com o corpo; havia uma sombra atrás de onde eu estava nanossegundos antes. Dei outro giro, agora para trás da figura escura, e agarrei seu pescoço com o antebraço:

— Identifique-se! — bradei enquanto esmagava seu pescoço; a figura contorcendo-se. 

Coloquei a lanterna sob seu rosto e identifiquei um homem, óculos e terno escuros. 

De repente, de entre todos os cantos e frestas que aquele local poderia ter, outros homens igualmente engravatados se amostraram. Estava cercado. Dei um mata-leão no primeiro pivete, que caiu inconsciente para o chão. Em instantes toda a manada vinha pra cima de mim com, literalmente, paus e pedras. Nocauteei um no queixo, o outro voou longe com um chute na barriga. Um quarto me agarrou por trás pelo pescoço; violentamente reclinei o tronco para frente, projetando-o pelo ar e acertando outro filho da puta que vinha pela frente. O último quase deu sorte tentando me acertar com um taco -- para o azar dele. Segurei o taco na hora H, prendi com força entre as mãos e girei, levantando o corpo do imbecil junto com a madeira e soltando para que ambos voassem de encontro com a parede. 

Todos agora estavam no chão. 

Apertei a cervical enquanto tentava recuperar o fôlego quase inexistente. Fazia tempo que não entrava numa briga daquelas. E também, não existiam muitas possibilidades de um resultado diferente daquele: a idade e as tardes em casa tinham me tornado um semi-sedentário. 

Enquanto tentava resgatar o controle, assimilei uma ideia sobre quem seriam aqueles homens. Os ternos já denunciavam: os mesmos caras que recolheram o corpo de Jade na estufa; eles tinham uma relação visceral com o caso que estávamos investigando, e a teoria apontava para a suposição de que eles trabalhavam para Shermansky. Mas depois outra ideia me veio: mesmo que aquele galpão pertencesse a eles, por que tantos deles estavam ali, naquela disposição, como se soubessem que alguém estava para vir? Sabiam da minha vinda naquele momento? Como?  

Algo fisgou meu pescoço, como a mordida de um inseto pequeno. As dores e os pensamentos geraram uma guarda baixa me impossibilitou de notar um dos engravatados que estava às minhas costas, injetando uma agulha no ponto de incômodo. 

Tudo passou muito rápido. Meu corpo travou antes que eu fosse capaz de ter qualquer reação. Caí no chão feito uma marionete sem apoio. O pensamentos pareciam derreter na minha mente. Aos poucos minha visão enegreceu e, em tão pouco, minha consciência desapareceu. 

 

***

 

Quando recobrei lucidez, o cenário escuro do galpão havia se transformado numa sala saturada de painéis de luzes pálidas e intensas. Apertei os olhos por algum tempo até me habituar ao novo local. 

Estava de pé, mas meu corpo estava reclinado sobre um painel. Tinham me tirado a japona, e haviam amarras de ferro prendendo mãos e pés hermeticamente; o corpo todo configurado como num tripalium. O desespero foi me tomando conta. Agitei as costas e os membros na intenção de me desgrudar daquela porcaria, mas seria de praxe dizer quão inútil foram meus esforços. 

A porta a minha frente foi aberta. Um, dois, pelo menos três engravatados adentraram a sala e, em seguida, ela

Meus olhos saltaram em espanto. O inquestionável se mostrava a minha frente. Não havia mais argumentos que pudessem contestar o que eu tanto evitava reconhecer. 

— Você cresceu, Jack… Todo metido a justiceiro. E além de tudo, trabalhando para a Central, quem diria. — Shermansky soou clara e sorridente, mãos postas para trás das costas. 

— O que você sabe sobre a Central?! — contorci-me sob as amarras feito um tigre enjaulado. Os engravatados sacaram suas pistolas e apontaram para mim. Shermansky pacificamente ergueu a mão, com um risinho:

— Deixem ele. Ele não conseguiria sair nem se usasse toda a força que tem… Ele também não pode morrer, ainda. — se virou para mim com sua careta sádica e insuportável. — Você não reconhece o padrão desse cômodo, Jack? Essas paredes, esses equipamentos… 

Olhei ao redor e fiz uma rápida análise. Quando a ficha caiu, senti um aperto no peito. Meus músculos se enrijeceram tensos. O mundo estava desmoronando.

— Aqui… — falei e parei para sentenciar tudo aquilo que meu cérebro acabava de processar. — … É a Central.




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