Chained Wings escrita por João Marcelo Santos


Capítulo 7
Capítulo 7: As chamas da memória.


Notas iniciais do capítulo

.....HELLOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOUUUU, SUPREM FOCKING MOTHERFOCKERES!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ~~**OwO*/*~~ CHEGOU !!! O/ Finalmente o capítulo 7!!!!!!!!!!!! o/ XD


Oi gente o/ DOIS MESES SEM POSTAR!! Dois malditos meses depois que eu venho postar essa bagaça G.G Desculpem, tipo, milhões de SORRYS para todos vocês ;-; mas dessa vez, tem uma explicação... ou melhor várias. Mas aqui estoy jo u.u

"Ei, espere, não era pra ser o capítulo 8?" Bom, era... mas, se vocês repararem, o PRÓLOGO, que nem era um capítulo na verdade, estava contando como capítulo 1. E eu exclui aquele prólogo. "Epa, por quê ? G.G'' Bom, eu percebi que aquele prólogo estava meio zoadinho demais... por isso me livrei dele XD


Agora vamos as explicações, que vão demorar mais pra escrever que o capítulo e si G.G


Primeiro: a demora. Primeiramente, eu demorei por preguiça. Tive preguiça de continuar, e eu não sabia o porquê, mas enfim XD e depois veio a semana de provas, e mais provas e.... argh G.G e nos tempos livres, eu não tinha saco pra postar.
Depois, eu percebi que a história estava indo para um lado que eu não gostava... pra quem não sabe, eu escrevia esse troço em um caderno fudido e passava pro PC, mas a versão do caderno estava TEMIVELMENTE HORROROSA, tanto em roteiro quanto tudo G.G Naum dava pa poxtá u.u Resultado: Tiu Ja1 teve que refazer TOOOOOOOOOOOOOOODO o enredo G.G tudo, pois eu comecei a ter várias ideias realmente boas, eu comecei a fazer meio que um REBOOT de Asas acorrentadas (ou seja, eu peguei a ideia e a fiz de forma diferente), porém, esse reboot foi apenas de quando Angel cresce, pois o passado dela tava até legal... RESUMINDO, EU COMECEI A RECRIAR UMA HISTÓRIA INTEIRA, E ISSO NÃO FOI FACIL G.G na verdade, eu ainda ESTOU RECRIANDO, eu ainda nao terminei, mas como boa parte está formada, vim escrever o capitulo, que demorou. Ah, demorou G.G


Aí veio a parte mais tensa: a narração. ESTAVA UMA BOSTA G.G eu sei que ela se manteve em 3a pessoa até o final do passado, mas eu decidi mudá-la para adequar o enredo à narração, e eu prefiro mais a narração em primeira... portanto, a partir desse capítulo a narração é feita por Angel G.G e não só por ela, pois assim como Jikan Ryoko, a cada dois capítulos serão narrados por um protagonista G.G resumindo> só pra fuder com tio jão u.u


Aliás, eu recomendo que vocês releiam os outros capítulos, não só pelo fato de que agora eu tenho um beta que ajuda na narração, eu modifiquei e acrescentei pequenas coisinhas nos capítulos... coisinhas básicas, algumas que dão até brecha para algumas ideias que tive u.u e além disso, é bom relembrar né XD foram 72 dias gente G.G so sorry.



Ou seja, duas coisas mudaram: O enredo daqui pra frente, e a narração. Pra quem lia essa história antes dessas modificações (Vulgo: Vogelfanger XD) vai ter que ler tudo u.u e pra quem nunca leu vai ser apenas a narração diferente G.G mas eu acho que a narração agora ficou melhor... eu acho XD



Ah, e eu achei uma foto que é identica a Angel minha gente OwO Angel crescida, ok? XD segue aqui o link dessa diliça u.u: (são três imagtens da aparencia dessa gostosa, ui, aproveitem u.u-qq XD)

Link 1: http://joyhog.com/wp-content/uploads/2013/03/1C6259631-laramournsherfirstkill.streams_desktop_large.jpg

Link 2: http://www.gogaminggiant.com/wp-content/uploads/2013/02/tomb-raider-2013-wallpaper-background-2012-reboot-new-lara-croft-crystal-dynamics-square-enix.jpg

Linque treiz u.u:

http://rack.2.mshcdn.com/media/ZgkyMDEzLzAyLzA0LzJlL1RvbWJSYWlkZXIuNGQ0NGIuanBnCnAJdGh1bWIJOTUweDUzNCMKZQlqcGc/083a5e9b/d87/Tomb-Raider.jpg

(E sim, ela tem a aparencia de Lara Croft do jogo de 2012 G.G)


Enfim, chega di viadagy da my partje u.u vamu pru ki interessa: o capítulo o/ Boa leitura o/

~~



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|Capítulo 7: 17 de Maio de 2201. Guardia, Blue States School.|

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Mais uma vez, acordei com um sobressalto no meio da noite.

Isso já havia virado rotina, desde meus sete anos de idade. Mas agora os pesadelos que eu tinha eram mais distorcidos, mais macabros...

Eu sempre sonhava com a mesma coisa, toda noite: meus tios me estrangulando. Aquelas mãos gordas pressionando meu pescoço... ARGH! Eu quase soltei um grito quando acordei, mas pude me conter antes que algo de pior acontecesse, como alguma coordenadora vim reclamar comigo novamente por causa dos meus gritos do nada. Eles não conseguiam entender o que eu sentia.

Quando acordei, assim que abri meus olhos, vislumbrei o rosto demoníaco de meu tio, distorcido com o longo dos anos que se passavam. Ou então com a risada histérica da minha tia, que ao longo dos anos se transformava em uma mistura de um ruído com várias batidas consecutivas. Seus rostos se deformavam, criavam curvas demoníacas que originalmente não existiam. Talvez isso fosse efeito da minha sanidade que aos poucos talvez estivesse se extinguindo. Ou minhas lembranças que sempre tentavam me derrubar com mais força

Lembranças.

L-e-m-b-r-a-ç-a-s.

Fui aprender o significado real dessa palavra aos sete anos de idade.

Lembranças são um fardo, não há como negar isso. Quando você consegue se lembrar de alguma coisa, outra lembrança começa a surgir, e outra, seguida de outra, outra, mais outra... e, quando você percebe, sua mente está infectada com aquelas lembranças. Lembranças que você gostaria de esquecer, abandoná-las. Mas você não consegue. Não consegue por causa do medo que você tem delas, sobre o que elas podem fazer com você.

Eu sempre estive envolvida por essas lembranças. Mas não eram lembranças nas quais eu as esperava de braços abertos, mas lembranças que eu queria distância. Lembranças que eu não queria tê-las por perto, mas por algum motivo, elas insistiam em se aproximar.

Quase todas as noites, desde o incidente comigo em 2190, eu venho tendo constantes pesadelos, um atrás do outro, todas as noites. Eles me perseguiam. Eu chorava alto nas primeiras vezes, o que sempre gerava confusão com as pessoas que estavam perto de mim. Eles sempre pensavam que eu era uma louca, uma problemática, ás vezes uma imbecil e mimada que chorava por qualquer coisa, ‘’A garota com medo do travesseiro’’. Quanto ao último título, eu não discordo disso. Mas não era do travesseiro que eu tinha medo: era do que viria depois.

Eu fiquei alguns minutos em silêncio, encarando a madeira da bicama onde eu estava. Eu sempre ficava na parte de baixo. No começo, eu tinha esperanças de que a cama despencasse em cima de mim, me esmagando até que eu morresse. Depois, virou simplesmente um hábito dormir na parte de baixo a bicama. Os alunos que dormiam nas outras bicamas estavam realmente dormindo, e os que não estavam, fechavam as cortinas de suas bicamas para ninguém ver o que eles realmente estavam fazendo.

– Explicando brevemente onde eu me encontrava: O orfanato Blue States era dono de um colégio interno chamado ‘’Blue States School’’. E, obviamente, todos os órfãos eram obrigados a estudar nesse colégio.-

Naquele escuro pairando sobre o quarto, me senti mais uma vez sozinha. Eu sempre me sentia assim, mas quando me via no escuro, pensando e refletindo sobre minhas memórias, a verdade caia sobre mim com força. Eu chamei pelo primeiro nome que me veio à cabeça.

–Aki... – eu murmurei, para a parte de cima da bicama – Aki. Você está acordada?

Eu esperei ouvir alguma coisa vinda de cima, mas de início não ouvi nada.

–Aki? – eu insisti. Não era o jeito de Aki dormir cedo, então ela provavelmente deveria estar acordada. Tateei às escuras à procura de meu celular(que obviamente fora dado pelo governo à todos os alunos) na cabeceira ao lado da minha cama, quando o encontrei, percebi que eram 4h da manhã. Foi quando finalmente ouvi a resposta de cima:

–De novo o pesadelo? – eu ouvi ela se mexendo ali em cima. Me sentei de costas pro meu travesseiro, foi quando a vi descendo a escada da bicama.

Estava escuro, com a única iluminação do celular, mas percebi que ela usava um pijama de tecido grosso. Quando ela desceu, sua primeira ação foi sentar-se de frente pra mim em minha cama. Ela havia feito isso várias e várias vezes, mas sempre se repetia. Eu achava que ela já não devia ter tanta paciência assim para mim, mas ela deu um sorriso sincero pra mim.

Ela podia ter feito qualquer outra pergunta, mas ela resolveu fazer a pergunta mais escrota, porém a mais necessária naquele momento

–Qual era a cor da cueca do seu tio?

Aki era bem bonita, para dizer a verdade. Tinha traços orientais, com seus olhos que mais lembravam fendas – mas sem exagero -, cabelos curtos e pretos, lisos e desgrenhados na cabeça. Era tão branca que, se ela resolvesse dominar o mundo assassinando todos os seres humanos, seria os cegando com sua cor: ela parecia um papel!

Eu tremia. Já não sabia o porquê disso, já que eu sempre vinha tendo esse pesadelo desde nova, mas eu sempre tinha pavor. Eu tremia muito, e geralmente demorava pra isso passar. Talvez fosse efeito do trauma que sofri, ou porquê meu corpo não conseguia esquecer a sensação de quase morte. Eu usava um pijama com detalhes rosas, fino também, e eu detestava aquele pijama, embora fosse o único que eu tivesse. Meus cabelos estavam soltos, e eram grandes o suficiente para chegarem no final de minha coluna. Eu tinha olhos pretos e meus olhos eram levemente puxados. Eu era branca, mas eu nem chegava aos pés de Aki. Ela sempre dizia que eu era ‘’tão branca’’ quanto ela, mas eu não era um papel.

Eu não respondi à pergunta de Aki, mas foi como se aquilo levantasse o meu astral. Eu me acalmei, provavelmente ao ouvir a voz dela, ou algo do tipo. Não sabia que tipo de terapia ela usava, mas de algum jeito funcionava.

–E a calcinha da sua tia? – ela prosseguiu, ainda com um sorriso – Nossa, será que ela era fashion com uma calcinha linda e reluzente? Nossa, gente, ela poderia até posar pra uma revista pornô! E o seu tio? Nossa, o cúmulo da sedução. Diz aí, ele era ou era gostoso?

–Quem sabe. – eu dei um leve sorriso pelo canto da boca – Mas isso é sério, Aki. Não é um sonho comum e passageiro, você sabe disso...

–É obvio que eu sei disso. Como poderia a toda poderosa rainha Aki não saber disso? Mas você é uma das garotas mais fortes que eu já conheci! Isso não vai afetar vossa divindade!

‘’Você é uma das garotas mais fortes que eu já conheci!”.

Eu discordava daquilo. Eu, na verdade, não era nada forte. Eu era justamente o oposto: eu era chorona, tímida, introvertida e quieta, que tremia todas as noites com o mesmo pesadelo que já fora mastigado e cuspido várias vezes, todas as noites, todos esses onze anos que se passaram desde aquilo... Mas, de alguma forma, eu me senti acolhida. Nunca ninguém havia dito isso pra mim antes, e ao ver a minha melhor amiga, que acordou no meio da noite por minha causa, tentando melhorar meu humor e dizer isso, me fez melhorar.

No entanto, eu não respondi. Virei meu rosto pro lado em silêncio, pensando se aquilo era realmente verdade. Com certeza ela só falava aquilo para melhorar meu humor. Quem se importava com uma jovem de dezoito anos medrosa e chorona?

–Ei, eu estou falando sério. – ela disse, olhando pra mim, ainda sorrindo – Não estou falando isso só pra levantar o seu astral. Estou sendo sincera.

Eu suspirei, e sorri para ela.

–Obrigada, Aki. – eu disse. Ninguém naquele grande quarto podia nos ouvir, pois em onze anos adquirimos a habilidade de falar imperceptivelmente – Mas eu não sei se isso é realmente verdade.

–Ah, cale a boca e aceite um elogio de vez em quando, sua ingrata! – ela deu uma piscadela pra mim, mas eu não a retribui.

Aki era alguns meses mais nova que eu. Ela já estava prestes a completar seus dezoito anos, enquanto eu, meus dezenove. Geralmente, é nessa idade que os alunos começam a decidir o que fazer da vida, o que se formar, o emprego que vai mantê-los vivos pelos próximos anos. No entanto, nem eu nem Aki sabíamos o que fazer da vida. Aki simplesmente não queria se formar: dizia que fugiria daquela escola quando fosse a hora, mesmo que o governo pudesse matá-la, ela não queria servir aquele governo corrupto. E, para ser sincera, muito menos eu queria fazer isso. Na verdade, a profissão que mais me agradava e me interessava era astronomia ou arqueologia – embora arqueologia tivesse sido proibida de ser lecionada em quaisquer partes da Europa e Ásia, devido as grandes descobertas de coisas que o Governo temia que descobrissem. Astronomia me chamava a atenção por causa das estrelas. Eu simplesmente me sentia um pouco melhor em ficar a observar as estrelas no céu. Elas me acalmavam. Talvez, porque elas fossem como eu: próxima de várias pessoas, porém mesmo assim sozinha. Era assim que eu descrevia as estrelas: isoladas, sozinhas.

Aki era o típico amiga que eu nunca tinha tido na vida. Eu a conhecia desde meus onze anos idade. Ela sempre me apoiava e me ajudava, e sempre que eu tinha pesadelos, era ela quem ia me alegrar. Alguns nos achavam meio lésbicas, por sermos próximas demais, mas eu proponho um novo ponto de vista sobre isso: nós simplesmente não tínhamos ninguém. Quando nos conhecemos, nenhuma de nós tinha, de fato, algum amigo ou amiga, e portanto nos aproximamos. Sinceramente, nós éramos como irmãs, a mais velha sendo Aki e eu sendo a menor. Alguns continuavam a teimar e achar que formávamos um casal, mas quanto a isso nada eu podia fazer.

Ela também era órfã como eu, mas ela nunca comentou nada sobre seu passado. Sempre que eu perguntava, ela tentava me responder alguma coisa, mas eu percebia que seu rosto assumia uma expressão de sofrimento. Eu nunca a questionava sobre isso, e ela talvez fosse grata por isso. No meu caso, era o contrário: eu havia contado praticamente tudo à ela, e se houvesse algo que ela desconhecesse, ela logo descobriria. Aki era ótima em consolar e ajudar, diferente da grande maioria das pessoas. Ela não passava a mão na cabeça e chorava comigo, mas fazia piadas sobre isso. Alguns acham isso meio cruel, pegar uma coisa tão própria e sentimental e transformá-la em algo engraçado, mas eu gostava disso. E parecia funcionar. Ela era como uma irmã travessa, digamos assim.

Por algum tempo, eu nada falei naquele escuro, enquanto estava de frente para Aki, então ela retomou a fala:

–Sabe, eu imagino que sua tia devesse estar eternamente bêbada naquela noite, e isso é um absurdo! Ninguém pode ficar mais bêbada que eu nessa porra, certo, Angel?

–Com certeza que não. – eu continuei, e com um leve sorriso, decidi que entrar na brincadeira poderia me fazer eu me sentir melhor, e foi o que eu fiz: - Isso é um absurdo. A única deusa que pode ficar bêbada e espancar alguém até a morte é a vossa divindade, Aki.

–É isso mesmo. É o cúmulo da ofensa isso acontecer, acho que vou até seu túmulo e meter um cacete em seu cadáver pra ela aprender quem manda nesse bagulho. – ela riu, baixinho, e eu não resisti a alguns risos também, mas logo eles cessaram. Olhei para os lados, e ninguém parecia nos notar. Principalmente porquê Aki havia fechado as cortinas da minha parte da bicama, então era meio difícil enxergar quando a única luz era a do celular em minhas mãos, o que não ajudava muito.

–Aki, você pensou... digo, no que quer fazer quando terminar os estudos? – eu perguntei, enquanto a única luz fraca do meu celular estava ameaçando apagar, dando apenas para ver de leve os contornos do rosto bem moldado de Aki.

–Acho que prostituta, vai ser divertido – ela riu de novo. Ao perceber meu olhar desamparado, ela falou: - Sinceramente, eu não sei. Não faço a mínima ideia do que quero fazer, e já que eu tenho que fazer alguma coisa, não quero fazer nada. Alguns e chamam de vagabunda por causa disso, mas eu mando eles tomarem no cu – ao perceber meu olhar de espanto, ela se corrigiu: - Eu estou brincando, pequena princesa gostosa e pegadora. – E, novamente, ela deu uma piscadela.

O frio do ar-condicionado já estava se tornando insuportável. Eu comecei a tremer de frio, e tentei me cobrir, mas estava quase insuportável. Aki percebeu isso, pelo que pude ver.

–Frio? – ela indagou, e deu um sorriso – Espere aí, um segundo. A deusa Aki não pode permitir um absurdo desses.

Ela desceu da minha cama e subiu a escada, e alguns segundos depois voltou com um lençol... o lençol dela. Ao ver aquilo, eu logo falei:

–N-Não, não precisa! – eu tentei parar de tremer, mas era meio impossível controlar isso. Eu simplesmente não podia deixá-la ficar no frio a noite toda, enquanto eu estava agasalhada – Aki, é sério, eu já disse que não precisa!

–Ah, não venha com essa! Eu nem uso direito essa coisa peluda, sou a rainha do gelo, minha filha. Anda, toma esse bagulho aí! – ela sorriu e estendeu o lençol, mas eu mesmo assim continuei a teimar:

–Aki, é-é sério... não precisa... eu já estou melh....

–Minha filha, eu que mando nesse caralho! – ela praticamente me obrigou a ficar com aquele lençol. Eu definitivamente não o pegaria em circunstâncias normais, mas o frio dos infernos me venceu. O peguei e logo coloquei-o em volta do meu corpo, e logo o frio começou a cessar. Ela novamente sentou de frente pra mim, e sorriu, como se dissesse: “Pequena criança imatura, tem que ter idade para me contrariar!”. Ela não disse isso, mas tenho certeza de que foi isso que ela pensou naquela hora.

Não faltava muitas horas para amanhecer. Um novo dia nasceria, e novamente as mesma coisas seriam repetidas.

Confesso para vocês: Naquele quarto, pensei diversas vezes em me suicidar,principalmente quando eu era mais jovem. Acordar no meio da noite naquele quarto era uma sensação horrível. Ao meu lado, estranhos apareciam. Eles me circulavam, falavam sobre mim. E, embora eu fosse considerada extremamente bonita, ninguém se aproximava de mim direito. Alguns tinham receio até de tocar em mim. Eles me enojavam. Acho que a primeira pessoa a realmente se aproximar e se identificar comigo foi Aki.

–Eu não vou deixar você no frio, sua anta. – ela falou, sorrindo – Você sabe o que acontece com quem fica no frio, certo?

Engoli um seco.

Não respondi mais nada.

Então, nós duas permanecemos ali, enquanto meu corpo era aquecido e meu sono chegava. O sol devia estar prestes a nascer do lado de fora, mas pouco importava. A luz do celular apagara, e eu já não via Aki, mas sabia que ela estava ali. Ela sempre ficava ali, do meu lado, esperando eu dormir. Muitas vezes eu sentia vergonha em pedir para Aki ficar, mas ela não se importava. Seria possível que me desse uma tapa se eu recusasse sua companhia, e eu deixava por isso mesmo. Eu gostava da companhia dela. Eu me sentia protegida, de alguma forma.

***

Só me dei conta de que havia adormecido com Aki em minha cama quando ouvi as sirenes de emergência me acordando.

As sirenes que anunciavam um bombardeio.

Tudo aconteceu muito rápido. De repente, as sirenes começaram a tocar alto. Para meu azar, quando me acordei, devido ao sobressalto, bati minha cabeça na parede. Aki havia dormido sentada, com a cabeça e os braços apoiados em suas pernas. Os alunos rapidamente acordaram, alguns gritaram de susto, enquanto eu apenas fiquei calada enquanto as sirenes tocavam. Percebi que Aki, assim que acordou, ficou olhando para todos os lados.

Rapidamente, as luzes se acenderam no quarto automaticamente. Eu me assustei, pois nunca isso acontecera antes. Percebi que o sol já estava saindo. Olhei para Aki, buscando respostas, mas pela expressão dela percebi que ela também não sabia.

Foi quando uma voz saiu do auto falante pregado na parede. Era uma voz de homem, estridente, e falou desesperada, mas com clareza:

“Atenção, todos os alunos que estiverem me ouvindo neste exato momento!”, ele falou. “Quero que me escutem com atenção: evacuem de seus dormitórios nesse exato minuto. Peguem o que quiser, mas saiam imediatamente! Evacuem até a....”

Ficamos apreensivos, esperando que ele falasse, mas não saiu som algum.

–Fala logo, velho imbecil! – Aki praguejou. Porém, nesse momento houve um som alto de explosão no andar de cima, e um baque enorme aconteceu. Nesse momento, senti meu corpo sendo pressionado para baixo, e a eletricidade foi cortada. Vários alunos gritaram nesse momento, aterrorizados, e alguns pedaços do teto começaram a cair, e eu estava com os braços cobrindo a minha cabeça.

–É UM BOMBARDEIO! – um aluno gritou alto, e nesse momento, houve aquele momento em que o pânico lhe domina. Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Um bombardeio?

Olhei para Aki, desesperada. Ela retribuiu meu olhar com pavor em sua expressão. O chão começou a tremer, e outra bomba deve ter sido jogada ali perto, pois novamente houve um baque e grandes pedaços de concreto começaram a desabar em cima de nós.

–CORRAM, TODOS VOCÊS! – uma menina gritou, e todos obedeceram. Vários estudantes saíram correndo desesperados, sem pegar nada, enquanto pedaços atingiam o chão e as bicamas. Eu e Aki descemos desesperadas, e eu tropecei. Aki puxou rapidamente a minha mão para que eu continuasse, e eu tentei correr.

Vários gritavam coisas, e eu vi pessoas que conheciam também. Eu e Aki nos apressamos em sair do quarto, junto às outras pessoas. Olhei de relance para a janela, e percebi vários helicópteros sobrevoando a área. Não consegui entender o que estava escrito, mas li algo como ‘’Xeded’’. Não tive tempo de olhar, pois uma mão masculina agarrou as mãos de Aki e as minhas:

–Angel, Aki, o que vocês estão fazendo? Corram! – olhei para ver quem era. Vi que era William, um rapaz loiro, de olhos azuis e – eu vou confessar – era bem bonito. Eu o conhecia. Ele era um americano de dezoito anos, assim como eu. Ele começou a nos puxar, e percebi que, ao sairmos do quarto e irmos para o corredor, Aki tropeçou.

–VAI MAIS DEVAGAR, LOIRO DO INFERNO! – ela praguejou. Aki não era muito talentosa na questão de tato.

–CALMA, EU ESTOU TENTANDO SALVAR A VIDA DE VOCÊS! – Nós continuamos correndo desesperados, e eu vi várias pessoas com seus respectivos pijamas correndo, a maioria com cabelo desgrenhado. Confesso que era bem engraçada a situação do cabelo de algumas garotas, que gritavam loucamente por seus namorados ou seus amigos virem com elas. William usava um pijama escroto de ursinhos – que eu confesso que quase ri quando vi. Aki olhava para todos os lados desesperada, quando outro tremor ocorreu e vários tropeçaram feio no chão. Eu continuei correndo, ao lado de Aki e William.

–Ei, me respondam uma coisa! – eu disse, com uma expressão meio chorosa no rosto – Me digam que isso não é um ataque! Por favor, me digam que isso é só um sonho! Aki! – eu gritei desesperada, mas ela não respondeu. Ninguém me respondeu. Por que responderiam uma louca, que gritava igual à uma criança ridícula?

–POR AQUI, VOCÊS! – alguns professores que apareceram no final do corredor gritaram, mas seus gritos foram abafados por sons de tiros do lado de fora e bombardeios. O teto desabafa com rapidez, e vários pedaços caíram sobre minha cabeça, e eu a protegi com minhas mãos, que logo ficaram ensanguentadas com os pedaços afiados. Nós chegamos ao final do corredor, e os professores nos guiaram por um caminho que eu não conhecia. Era um pouco mais apertado, mas todos nós passamos desesperados por ele, e alguns guardas que entravam depressa no colégio gritavam para sairmos o mais rápido possível.

Era uma multidão agoniada em um galinheiro. Era assim que eu descrevia aquela situação. Todos desesperados, enquanto o colégio desmoronava, e pelas janelas eu escutava gritos de guerras, tiros e bombardeios. Eu corria de forma desesperada, e de meus olhos ameaçavam cair lágrimas. Eu odiava aquele barulho... o barulho de sirenes tocando, professores que apareciam e gritavam, pessoas chorando agoniada, pessoas que tropeçavam e morriam eventualmente com grandes pedaços caindo sobre ela.

“August, por favor, me espere!”

“Corram, corram sem parar”

“Salvem suas vidas, pessoal!”

“Me esperem”

“Por que justo comigo que isso está acontecendo?”

“Meu Deus, por quê?”

‘’Por que justo hoje um bombardeio?”

“Malditos DEX, malditos sejam!”

“Eu quero a minha mãe!”

Eu ouvi vários gritos desse tipo ecoando pela escola.

Quando me dei conta, uma parte da escola estava pegando fogo. Todos começaram a berrar do nada. Eu, em meio ao surto e desespero, tropecei feio e acabei ralando o joelho no chão, enquanto Wiliam e Aki se afastavam. Ela provavelmente notou minha queda, pois olhou para trás para ver se eu estava os acompanhando, e ao ver que eu havia caído, ela rapidamente voltou para me buscar.

–ANGEL! – ela berrou , e puxou o braço de William, que também voltou desesperado. Eu consegui me levantar, e Aki puxou meu braço desesperada, enquanto um guarda chegava e gritava para nós irmos mais rápido.

Nesse momento de agonia, eu fui novamente surpreendida por uma memória que me pegou de surpresa. Uma memória que eu não a tinha a muito tempo, que eu simplesmente a havia conseguido jogar fora a vários anos atrás, de repente retornou.

Eu tinha seis anos. Meu pai, Franxie, havia ido fazer compras comigo junta, depois de algumas insistências de minha parte. Nós estávamos comprando frutas, eu em cima de seu pescoço, enquanto ele segurava as frutas e eu segura seus cabelos loiros. Naquele momento, escutamos um grito ensurdecedor, e logo o local foi preenchido com bombas. Em meio ao desespero, eu acabei caindo dos ombros de meu pai, e caí com força no chão, e comecei a chorar alto.

–PAPAI! – eu berrei, e ele rapidamente veio até mim, e puxou minha mão. Largamos todas as frutas que havíamos conseguido no chão, que saíram rolando, enquanto nós seguíamos a multidão desesperada para a saída, enquanto o som de bombas preenchia o local. Meu pai me puxava desesperado.

Essa imagem voltou na minha cabeça como um pássaro a pousar em meu ombro.

A imagem das frutas rolando. Uma a uma, saíram rolando pelo chão,e eu nunca mais as viria.

A diferença, desta vez estava por conta da substituição inteligente das frutas pelas pessoas, que tropeçavam por causa dos tremores. Eu corria enquanto tentava tirar o cabelo de meus olhos, e Aki ainda segurava meu braço, com medo de que eu pudesse me afastar deles novamente, e eu me senti grata por isso.

Mas isso foi interrompido quando as chamas brotaram na minha frente.

Como uma memória.

Senti meus braços queimarem de leve, e eu recuei rapidamente, me soltando de Aki, e o corredor se encheu de chamas, que nos cercavam e me separavam de meus amigos. Eu recuei, enquanto algumas pessoas eram atingidas pelas mesmas.

–MEU DEUS, ANGEL! – Aki tentou se aproximar, mas William pegou em seu braço rapidamente e a puxou de volta, e percebi que havia lágrima em seus olhos. A sorte para nós alunos que ficamos presos, era que havia uma pequena abertura na parede. Todos gritavam, e eu confesso que berrei também.

–POR AQUI, PESSOAL! – um cara gritou para nós, e eu não tive outra escolha senão ir pela abertura. Antes que eu saísse ao lado das pessoas que choravam enquanto a chama dominava tudo, eu olhei para Aki e William já no final do corredor, mas um guarda deu uma tapa em minhas costas e eu saí praticamente a força.

–AKI, WILLIAN! – eu gritei desesperada, mas um homem me jogou para o lado de fora junto das outras pessoas, enquanto outros continuavam a correr para o buraco.

Do lado de fora, era só mato e morte. O grito das pessoas me tontearam. Aqueles berros, aquelas agonias, pessoas gritando para as outras, o desespero... As chamas dominavam praticamente todo o jardim, enquanto os helicópteros jogavam várias bombas pelo local, e o lugar tremeu absurdamente. Nós tentamos fugir pela parte que a chama não havia dominado, mas eu tropecei. Nesse momento, vi as chamas se aproximando de mim, e nesse momento eu berrei.

Eu berrei o mais alto que eu pude, colocando os braços na cabeça, e senti lágrimas escorrerem de meus olhos. As chamas começaram a se aproximar, e um braço me puxou rapidamente. Fui praticamente arrastada para o fora das chamas, e continuei a correr enquanto um cara desconhecido me puxava.

Corremos o mais rápido que pudemos, e quando eu olhei para trás, onde milhares de pessoas gritavam ao mesmo tempo. Percebi que o colégio estava completamente em chamas, o local onde eu havia passado mais da metade da minha vida. Onde meus amigos estavam. Tudo. Tudo estava explodindo, várias gargalhadas eram ouvidas dos alto falantes, tudo estavam sendo destruído, tudo se extinguindo.

Tudo foi destruído sem piedade. Eu tentei gritar, mas a voz não saia. O medo de antes e o medo de agora se fundiam dentro de meu peito. O desespero. Eu sabia que isso ira acontecer algum dia, mas mesmo assim não estava preparada para isso. Eu definitivamente não estava. O meu grito não saiu.

Não posso dizer o mesmo das lágrimas.


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Notas finais do capítulo

Pois é gente, demorei pra caralho mas finalmente I returned!!! o/

Percebam que esse fim de semana foi agitado u.u dois dias seguidos de JIkan Ryoko e Asas Acorrentadas XD é uma realização di laifi minha 'pipou' u.u XD

Enfim, deixem seus xingamentos nos comentarios... aliás, não deixem não gente XD sério, não deixem G.G é contra as regrax G.G XD deixem suas opiniões, avaliem se puder, eu tenho medo de fantasmas u.u XD enfim, até mais o/ E EU PROMETO COM MINHA ALMA ENTREGADA À KYUBEY QUE O PROXIMO CAP SAIRÁ ESSA SEMANA u.u vou tentar né XD enifim XD



Sayoo~~



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