Pokémon Shining Soul - Adrian Roth escrita por Virants


Capítulo 2
Surpresa no ginásio de Celadon


Notas iniciais do capítulo

Desafiado, Adrian entra em uma batalha sem pensar duas vezes e, posteriormente, busca seguir com o que havia planejado.

Marcações de texto, com hiperlinks e afins, para imagens e músicas continuam. Ao final do capítulo teremos todos os links usados para facilitar a consulta.



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Quarta, 16 de Julho de 2014. Lanchonete em Celadon. 14:23

– E eu sou Tarcio e você vai perder feio, pivete! – o desafiante falava, irritado.

– Sem batalha pokémon dentro do meu estabelecimento! Xô! Lá fora! – o dono do lugar falava várias vezes e num tom alto entre algumas tosses. Tanto Adrian e Tarcio quanto algumas pessoas que estavam lá dentro começaram a sair.

Como a calçada era espaçosa Tarcio decidiu por ficar ali mesmo, lançando seu pokémon e, sem esperar que Adrian estivesse pronto, anunciava o ataque.

– Bulbasaur, Vine Whip naquele inseto idiota! – anunciava apontando o alvo.

As pessoas se afastavam para dar espaço para a batalha, enquanto Adrian dava um pequeno salto para trás, para escapar do ataque, enquanto o Weedle desviava sem muita dificuldade.

– Ryuren, fique perto de mim... – dizia recuando mais alguns passos junto do Rattata. – Ele escolheu você como oponente, BeKoon. Vamos mostrar o que temos. Avance com String Shot naquele poste! – e apontava um poste quase fora da calçada. O Weedle fazia como ordenado, disparando um fio de seda, branco, que grudou no referido poste.

– Esse Adrian é loucão... Pois bem. Bulbasaur, Sleep Powder!

– Suba no poste, BeKoon. Use o String Shot no Bulbasaur! – Adrian replicava imediatamente.

As pessoas se afastavam um pouco mais conforme o Bulbasaur expelia uma nuvem de pó roxo que flutuava algum tempo no ar. O Weedle seria alvejado em cheio não fosse a ordem de seu treinador. O inseto usava o fio que lançara há pouco para puxar-se e subir até o topo do poste, escapando da nuvem de pó roxo, que logo ia se desfazendo no ar. No entanto, o Weedle reagiria rápido, disparando um novo fio contra o pokémon planta, atingindo-o na pata dianteira direita.

– Puxe e se jogue com o Poison Sting!

– Bulbasaur, use o....

Tarcio não teria velocidade para terminar de falar antes do pokémon ser atingido. O Bulbasaur sofria um puxão que o fazia desequilibrar-se e cair de barriga no chão, tempo que BeKoon usou para lançar-se contra ele, num mergulho de cabeça, com seu ferrão atingindo a lateral do corpo do pokémon.

– É muita burrice. Um ataque venenoso num pokémon venenoso. Acha que vai ganhar assim? – Tarcio ria, ao invés de dar nova ordem ao pokémon.

Adrian sorria, vitorioso.

– Como treinamos, BeKoon! Finalize-o com o Multi Sting!

Tarcio fazia uma careta de confusão. As pessoas que olhavam compartilhavam esse sentimento com ele. Mas todos entenderam o que significava a ordem de Adrian. O Weedle começou a picar o Bulbasaur usando o ferrão da cabeça e o da calda em golpes rápidos e alternados. O veneno poderia não surtir efeito, mas a perfuração de múltiplas picadas haveria de acabar aquela luta.

– Não! Não! Reaja, Bulbasaur! Vine Whip! Sleep Powder! – Tarcio se desesperava.

Seu pokémon, ainda recebendo as picadas e completamente desnorteado, liberava seus chicotes e atingia o vento, já que BeKoon desviava com facilidade devido a proximidade e logo recomeçava a sequência de ataques. Quando uma nova nuvem de pó roxo se formava, Weedle recuava para se proteger.

– String Shot no pokémon! Use o poste novamente e mergulhe de cabeça! – Adrian falava com velocidade.

O Weedle disparava um novo fio branco, que se dividia no processo, pegando o Bulbasaur por completo, limitando seus movimentos.

– Mas que droga!

BeKoon se lançava para o poste com um novo String Shot, escapando do pó do sono e mergulhava novamente contra Bulbasaur que, embora tenha se livrado dos fios de seda, ainda estava na zona de acerto. Recebeu uma ferroada de Weedle na cabeça, dando uma cambalhota para trás, enquanto Weedle dava uma pirueta e caía suavemente no chão. Fim da luta.

Assobios e alguns gritinhos eufóricos duraram alguns segundos, conforme o pessoal se alternava entre algumas risadas e comentar algo da batalha, indo embora e deixando os dois treinadores. Tarcio retornava seu pokémon. Parecia surpreso, embora frustrado. Ele puxava a carteira do bolso, mas Adrian tocou em seu braço, impedindo o movimento.

– Não precisa. Foi uma batalha simples. Sem valores. Por hobby. – e sorria para o rapaz, tocando em seu ombro com a mão e apertando com suavidade. – Você só precisa entrar na batalha com uma estratégia já na cabeça. Senão fica difícil reagir com velocidade... Enfim. Cuide-se, Tarcio. – dava um novo sorriso, fazendo um movimento de cabeça para Ryuren e BeKoon o seguirem.

Um policial estava chegando, passando por Adrian e observando o local onde havia acontecido a batalha. Tarcio já se afastava, perdido em pensamentos. O oficial olhava para o chão, notando os restos dos fios de seda de BeKoon, bem como um pouco de pó roxo na calçada. Agachou, olhou uns instantes, se levantou e foi embora.

– Esses treinadores. Parecem esquecer que não podem batalhar assim no meio da rua. – dizia já longe do local da batalha, olhando Tarcio e Adrian de relance.

Adrian teria um caminho razoável até o ginásio, mais para o norte da cidade. E, talvez por isso, tenha aproveitado pra pegar um ônibus. Durante o caminho, com o ônibus vazio, usava o assento ao lado para checar os itens de sua mochila. Folhas secas e um pouco de ração para o Weedle, ração para Ryuren, quatro pokébolas extras, duas camisas e duas calças extras, sandálias de dedo, uma toalha pequena, três salgados assados – agora frios e amassados – e alguns pacotes de biscoito recheado. Seria suficiente para mais um ou dois dias, dependendo de como desenrolasse o dia. Checava também a carteira, apenas para se sentir um pouco mais seguro com a quantia que tinha. Fome não passaria... Mas teria o suficiente para dormir com um teto dessa vez?

O rapaz desceria duas paradas adiantado em relação ao Ginásio da cidade, passando no Centro Pokémon daquela área. Ele estava abarrotado de gente. Todos treinadores. Os bancos lotados com as pessoas, os pokémons liberados em sua frente, geralmente recebendo afagos ou aproveitando para fazer uma refeição rápida. Havia duas TVs de 42 em cada canto do salão, no noticiário regional. Adrian caminharia até o balcão, onde colocaria suas duas pokébolas e sua Trainer Id. Uma das Joys do local pegaria os itens e entraria numa sala ali atrás.

– Vai ser rápido. Eles estão basicamente inteiros. – ele ria para si, apoiando os cotovelos e as costas no balcão, olhando uma das TVs.

– Sobe para vinte e cinco o número de treinadores encontrados mortos no último período de trinta dias. Especialistas dizem que este número - 50% acima do padrão para o mesmo intervalo de tempo – pode ser tanto um reflexo do descuido e arrogância dos treinadores pokémon, bem como, em última instância, resultado de atividades criminosas, como tentativas de roubo a pokémon e afins. Ainda estão investigando os últimos encontrados e as informações são escassas e imprecisas. Traremos a vocês assim que estiverem à mão. – o âncora do jornal virava a cadeira de forma a encarar outra câmera, tomava ar e recomeçava o falatório, mas Adrian não escutaria mais. Já estava com os pokémons em mãos.

– O ginásio está logo ali. – Adrian falava já enquanto saía do Centro Pokémon, avistando a estrutura e a placa “GYM”, a uma ou duas quadras dali.

A estrutura do ginásio de Celadon era fantástica. Conforme Adrian ia se aproximando, notava que ele por fora era composto de uma série de tijolinhos que seguiam até cerca de três metros de altura, dali para cima o ginásio era coberto por folhagens diversas, flores e espinhos. O teto não era visível. Quando entrou teve um espanto ainda maior! O piso era completamente gramado, bem trabalhado, com árvores plantadas simetricamente criando um caminho que levava até uma parede de vidro, aparentemente sem acesso. Uma moça de cabelos escuros, curtos, com um kimono verde-claro, estava do outro lado. Parecia alheia ao treinador ali. Ela ficava pegando sombra numa das árvores, com uma prancheta na mão, parecendo analisar alguma coisa.

– Mas que...

Adrian notava que daquele lado havia sol e olhando com mais atenção a estrutura do edifício. Perceberia que o teto era, na verdade, completamente aberto. Havia um mecanismo que poderia fechá-lo, mas naquele instante, o sol entrava com tudo pelo salão.

– Se aquela é a líder daqui... Como faço pra batalhar com ela? – Adrian, confuso, ficava olhando a parede de vidro, procurando uma abertura - que não existia.

Ainda confuso e sem sua resposta, o rapaz virava para trás, olhando a entrada do ambiente. Ele seguiu direto sem perceber que havia ainda um desvio para a esquerda de quem entrava e lá ele notaria uma moça com um kimono muito parecido com o daquelas moças da entrada da cidade. E também... Treinadores. Corria até eles, pegando o final da conversa.

– Como disse, senhores... Cada ginásio possui suas próprias regras... E a daqui, de acordo com a Líder Erika, é que: vocês precisam descer por estas escadas – e apontava um lance de escadas uns metros para trás, coisa que Adrian não havia notado – e encontrar o caminho que leva até ela. – agora a moça apontava para o outro lado da parede de vidro, onde a moça do kimono esverdeado estava.

– Qual é o segredo? Não é só descer, encontrar um corredorzinho e já ter o acesso facilitado. Seria só isso mesmo? – perguntava um dos treinadores, parecendo impaciente com a calma com que a moça lhes dirigia a palavra.

– O segredo é que há um labirinto no andar debaixo. O desafio de Erika é que atravessem o labirinto para depois lutarem contra ela. – a moça dava um sorriso cínico a todos.

Era de se imaginar que não seria algo muito simples. Os treinadores se olhavam uns instantes. Uns checavam os itens de suas mochilas e seguiam com elas. Outros retiravam algumas coisas e guardavam as mochilas nos armários, com a moça de kimono lhes entregando um cadeado e uma chave para uso provisório.

“Um labirinto... Que leva à Líder... Para então batalhar com ela. Não me parece algo fácil. Minha mochila está um tanto carregada, talvez atrapalhe, mas posso demorar lá dentro e precisarei de comida... E quem garante que eu não vá me perder e não consiga voltar?

– Fico agradecido, mas vou com a mochila. – Adrian sorria para a moça, seguindo caminho para as escadas, descendo com cuidado, já que havia grama até nelas.

Os passos dos outros treinadores já não eram escutados. O jovem Adrian Roth descia bastante pelas escadas até chegar num ponto sem iluminação, com uma penumbra fraca e, caminhando já em terreno plano e ainda gramado, finalmente saía num ponto claro... Apenas para perceber estar num lugar ainda pior do que havia imaginado inicialmente. Não era um simples labirinto... Seria uma floresta densa, fechada e complexa. O lugar era tomado de árvores cheias de folhas, altas, com suas copas se encontrando no topo e impossibilitando uma visão mais apurada das redondezas. Havia trilhas gramadas, várias delas, mas todas pareciam iguais.

– Caramba! – exclamava mais alto do que devia, rindo sem graça depois. – Tô ferrado.


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Notas finais do capítulo

"Sugestões, críticas e afins... Sintam-se à vontade para falarem sempre que desejarem. Este aprendiz de escritor se compromete a tentar melhorar a história sempre que possível - e com seus comentários ficaria ainda melhor, otimizando o processo."

— Batalha no início do capítulo:
http://migre.me/jySrn
— Imagem base para o labirinto subterrâneo:
http://migre.me/jyT2d