As três semanas que se seguiram a visita da Clove para mim foram de completa reflexão, eu queria muito fazer meu casamento dar certo queria muito ter uma chance com Peeta e acabar de vez com aquele contrato tolo que havíamos assinado, mas tinha medo de trazer o assunto a tona novamente, tinha medo de não ser mais o que ele queria, temia que o retorno da ex-mulher tivesse lembrado a ele o quanto relacionamentos podem ser complicados e também sabia que estava sendo completamente covarde.

Covarde suficiente pra usar como justificativa para mim mesmo coisas triviais como a correria que estava sendo aqueles dias, os meninos tinham tido a semana de prova e embora eles não tenham dado trabalho para estudar fiquei atenta a rotina de estudo, Prim não tinha provas mas estava empenhada nos trabalhinhos para sua apresentação final antes do verão, confesso que senti muito orgulho dos três já que as notas haviam sido exemplares e todos os trabalhos da minha pequena estavam lindos. Houve também toda a finalização na decoração do quarto do bebê já que havíamos decidido esperar o ultimo ultrassom na esperança de sabermos o sexo, mas aparentemente o bebê parecia estar determinado a revelar o que era somente no nascimento, dessa forma optamos por uma decoração em tons neutros, Peeta havia me surpreendido com sua determinação em participar de cada momento fosse na escolha do papel de parede a ser usado ou no modelo do berço ele esteve presente em tudo e o resultado final fico espetacular.

Finalizando o ano letivo ainda teve a apresentação de ballet da minha pequena que foi a coisa mais linda de se ver, ela e Rue estavam lindas e dançaram muito bem Thresh e Peeta estavam eufóricos e completamente babões na plateia filmando tudo, a final de basquete do time do Nathan tinha sido o que podemos considerar um jogão infelizmente o time da outra escola conseguiu marcar três pontos nos minutos finais, mas mesmo assim fomos comemorar a medalha de prata na pizzaria e segundo Nathan o importante é que o time tinha se divertido muito durante a temporada.

A chegada do verão trouxe toda uma mudança na rotina da casa, com as crianças de férias o horário de acordar ficou um pouco mais tarde exceto para Peeta e consequentemente a o horário de dormir também embora não tanto, a tardes silenciosas onde ficava apenas com Thor e Buttercup também não existiam mais e confesso que por mais que não tenha concordado de imediato com a ideia do Peeta de contratar alguém para me ajudar nesse verão Greasy foi em partes minha salvação já que não conseguia chegar até o final da tarde sem sentir dor nas costas e o inchaço era meu companheiro diário, fora as falsas contrações que vinham me acompanhando nos últimos três dias, havíamos consultado a Dra. Wiress e ela garantiu que era normal, mas que na duvida poderíamos sempre procura-la .

– O que você tanto pensa Katniss? – Delly perguntou sem tirar os olhos da rua.

– Que não sei onde estava com a cabeça quando aceitei sair com você hoje – menti embora também não tivesse resposta para essa questão.

– Não sei do que está reclamando – paramos no sinal vermelho a algumas quadras de casa e ela mexeu rapidamente no celular - Foi uma tarde bem agradável, compramos coisas lindas para o bebê, você relaxou no salão e estamos lindas – Delly havia me ligado logo pela manhã e se negado a aceitar um não como resposta ao dia de compras que ela tinha planejado para aquele sábado, não que eu tivesse animo para sair de casa com aquele barrigão mais ela foi totalmente irredutível então não tive escolha a não ser acompanha-la durante a tarde.

A verdade era que naquele dia em especifico eu queria muito manter minha rotina, queria deixa-lo como todo ano, um dia comum e sem importância como nos últimos vinte e cinco anos. Paramos em frente a casa e não estranhei as luzes estarem apagadas, Peeta provavelmente não havia chegado da padaria, Prim e Pietro deviam estar com ele já que nos últimos dias eles haviam grudado no pai, Nathan devia estar com os amigos jogando basquete já que ainda estava no horário permitido para ele estar fora de casa e Greasy devia ter ido embora. Delly desligou o carro e pegou as sacolas de compra se negando a me deixar levar mesmo quando eu disse que não era pesado, seguimos até a porta de entrada e assim que abri e acendi as luzes ouvi os gritos.

– SURPRESA – fiquei sem reação, ali ao redor de uma mesa decorada com um lindo bolo e uma faixa de parabéns estava não apenas meus filhos e Peeta, Thresh, Rue, Greasy, Effie e Haymitch que logo que Delly me guiou próximo a mesa começaram a cantar o conhecido parabéns pra você.

– Parabéns mamãe – Prim foi a primeira a me abraçar e em seguida recebi os demais comprimentos, fosse os hormônios ou não eu estava a um passo de chorar, eu não comemorava meu aniversario desde os cinco anos, por mais que Cato se lembrasse nunca comemoramos assim como os dele.

Sentada no sofá após abrir os presentes e saborear o delicioso bolo feito por Peeta ouvi os relatos de como eles haviam planejado tudo, nunca pensei que Peeta se lembraria da data já que nunca comentamos nada sobre o assunto, ele garantiu que tinha uma boa memoria e sabia a data desde que mexeu com a papelada do casamento. Greasy não acreditou que eu não tinha desconfiado já que segundo ela Prim e Pietro estavam eufóricos com o planejamento e por isso estavam passando tanto tempo na padaria com o pai, Prim deu seu relato detalhado de como ela ajudou a escolher o bolo e como ela ajudou Peeta no preparo, Pietro por outro lado garantiu que foi responsável por escolher cada docinho que seria feito. A conversa estava agradável e o clima familiar era algo que apreciava cada vez mais, era tão bom ficar ali rodeada de pessoas especiais conversando assuntos aleatórios e foi em meio a esse clima tranquilo que senti aquela pontada conhecida, mas com uma intensidade completamente diferente das anteriores.

– Peeta – chamei e ele se aproximou ainda rindo de algo que Thresh tinha contado – O bebê vai nascer – ele me olhou surpreso assim como os outros presentes na sala.

– Ainda falta um pouco mais de três semanas – ele comentou calmamente embora tenha me olhado atentamente – Pode ser Braxton Hicks, como das ultimas vezes.

– Agora não é!

A bolsa estourou e no minuto seguinte ele correu até o andar de cima para buscar as coisas do bebê, enquanto Effie se prontificava ligar para a Dra. Wiress e em seguida nos dois seguimos para o hospital. Em cerca de duas hora os intervalos nas contrações já estavam bem curtos e a Dra. Wiress já estava preparando tudo para o apressadinho como ela começou a chamar nosso bebê, ela havia garantido que mesmo nascendo antes da hora ele ficaria bem e já não era mais considerado prematuro, mesmo assim não pude deixar de me sentir apreensiva, Peeta se manteve ao meu lado o tempo todo segurando minha mão a cada contração e vendo aquele azul olhando em minha direção não pude deixar de pensar que queria dizer tudo para ele, dizer que o amava e que meus hormônios nada tinham haver com o que eu sentia

– Peeta precisamos conversar – ele me olhou surpreso.

– Agora? – realmente aquela não parecia a melhor hora, mas eu precisava dizer que queria rasgar aquele contrato estupido.

– Eu preciso dizer, o que eu sinto – senti um temor de que algo poderia dar errado e que ele não saberia dos meus sentimentos, pude sentir outra contração vindo e apertei a mão dele mais forte, elas estavam ficando cada vez mais fortes e com intervalos mais curtos.

– Katniss, a gente conversa depois, só respira vai ficar tudo bem – ele olhou em meus olhos como se soubesse dos meus medos.

– Não eu preciso dizer – disse após o fim da contração, mas no momento seguinte uma das enfermeiras entrou para nos levar para a sala de parto e tivemos que nos separar por alguns minutos enquanto ele ia colocar a roupa adequada, os minutos seguintes foram um verdadeiro borrão, e eu me vi sendo totalmente pessimista e pensando em todas as possibilidades negativas possíveis e inimagináveis, pela primeira vez em muito tempo as coisas pareciam tão bem que não pude evitar ter medo de que algo tirasse essa felicidade de mim. Peeta entrou na sala já vestido com a roupa verde do hospital e se sentou ao meu lado segurando minha mão e em seguida a Dra. Wiress entrou na sala.

– Estão prontos para conhecer o bebê de vocês? – ela perguntou animada e Peeta sorriu e confirmou animado.

Medo, ansiedade são apenas alguns dos sentimentos que senti naquele momento, saber que em alguns minutos eu teria meu bebê nos braços fazia meu coração acelerar, em nenhum minuto larguei as mãos do Peeta, saber que ele estava ali do meu lado me dando apoio fez toda a diferença, e quando eu ouvi o choro alto preencher toda a sala a felicidade foi inevitável e toda a dor que senti minutos antes se foi apenas com aquele som.

– Parabéns é um menino – a Dra. Wiress disse calmamente e lagrimas de felicidade encheram meus olhos – Quer cortar o cordão papai? – olhei para Peeta ao meu lado e não pude deixar de sorrir, enquanto ele acenava um sim com a cabeça e se aproximava da medica com um sorriso largo, não demorou muito para ele estar de volta ao meu lado e em seguida a enfermeira trouxe meu pequeno.

Nada no mundo pode descrever um momento como esse, nada mais importa a não ser aquele ser tão pequeno em seus braços, não importa se você tem um, dois, dez filhos aquele primeiro momento sempre será algo indescritível é o começo de diversos momentos que virão depois . É o momento do primeiro contato de um laço que começou semanas antes, de um relacionamento pra vida toda, de um amor eterno.

– Ele é lindo – são as únicas palavras que consigo dizer, enquanto olho meu pequeno.

– É sim – Peeta diz beijando minha testa com carinho, enquanto segura levemente a mão do nosso pequeno – Eu amo vocês, demais – ele fala com tanta naturalidade que não sei ao certo se ele notou o que disse, e não posso deixar de me sentir ainda mais feliz, e mesmo que não tivesse me decidido antes tenho certeza que naquele momento eu teria escolhido tornar tudo real.