Acordei com a sensação de ter dormido por horas e assim que abri os olhos notei que realmente havia dormido demais, o dia já estava claro, antes que pudesse procurar saber se estava ou não sozinha ouvi a voz do Peeta, baixinho quase como um murmúrio olhei na direção da sua voz e pude vê-lo, de costas para a cama próximo a janela, com o bebê nos braços balançando levemente o pequeno, se pudesse pararia aquele momento apenas para deixa-lo marcado em minha mente embora duvide que possa esquecer algo tão lindo como aquele momento pai e filho.

– Você também tem três irmãos e vai ver o quanto isso é legal - a voz dele estava suave e de onde eu estava não conseguia ver se o bebê estava dormindo ou não - O mais velho é o Nathan e ele vai te ensinar um monte de coisas entre elas a jogar basquete ele é ótimo nisso, melhor que o papai, mas não conta pra ele ok – um sorriso se formou em meus lábios com aquela declaração já que ele sempre se negou a admitir que o filho estava jogando melhor do que ele - E tem o Pietro que vai te ensinar a jogar vídeo game e deixar você tão bom quanto ele, mas você vai ver que ganhar dele não é fácil e a Prim ela vai te ensinar tudo sobre desenhos, e você vai ajudar o papai a cuidar dela junto com seus irmãos, porque ela é linda assim como a mamãe e teremos muitos garotos para espantar – minha pequena sem duvida teria problemas em driblar os quatro quando fosse mais velha, nesse momento ele virou em direção a cama e me viu acordada – Olha só quem acordou pequeno, a mamãe – ele sorriu e caminhou em minha direção sem se abalar por ser flagrado nesse momento tão pessoal com o filho – Como esta se sentindo? – ele perguntou enquanto eu me sentava.

– Bem, acho que dormi demais – comentei

– Você dormiu no máximo seis horas, a noite passada foi agitada – ele entregou cuidadosamente nosso filho que resmungou um pouquinho nessa passagem de um colo para o outro, mas não chorou, olhei novamente para ele os poucos cabelos eram clarinhos e fininhos o que indicava que ele havia herdado os cabelos do pai - Como você estava dormindo ele foi alimentado no berçário.

– Você foi para casa? – perguntei

– Não, mas eu liguei para meus pais e eles levaram as crianças para casa deles e vão traze-los daqui a pouco – ele se sentou na poltrona próximo a cama enquanto eu observava um pouco mais meu bebê.

– Peeta – chamei alguns minutos depois olhando diretamente para ele – Acho que a gente precisa conversar – ele pareceu apreensivo mais não disse nada – Eu nem sei direito por onde começar.

– Katniss.

– Acho que eu deveria agradecer – interrompi e ele me olhou confuso e se aproximou – Os últimos meses foram indescritíveis, pela primeira vez eu me senti parte de uma família por completo, eu me lembro que quando Prim nasceu eu achei que ela era tudo de melhor que a vida tinha reservado pra mim então você apareceu quase que em um cavalo branco disposto a resolver todos os meus problemas e você o fez – minha vida havia mudado tanto desde que Peeta surgiu nela que não tinha como explicar - Mas acima disso você me deu mais três presentes incríveis, eu não tenho medo de dizer que amo o Nathan e o Pietro com todo o meu coração porque essa é a verdade eu os amo demais não tem como medir – ele sentou na beirada da cama e sorriu – E olha só o que fizemos juntos – ele olhou nosso filho e em seguida olhou em meus olhos - Quando eu aceitei aquele contrato eu não sei direito o motivo, mas interiormente eu sabia que era o certo a fazer eu achei que daria certo que poderíamos ser amigos e que conseguiríamos criar nossos filhos juntos, você era o melhor que poderia oferecer para Prim era o pai que ela precisava e eu jurei para mim mesma que seria uma boa mãe para os garotos, mas no dia do nosso casamento metade de mim sabia que eu queria mais do que isso eu queria você, e naquela noite eu me senti completa como nunca antes e diferente do que eu fiz parecer não foi um erro e a prova disso esta nos meus braços agora. Nos últimos meses eu tive a certeza do que no fundo eu sempre soube, você é o melhor para mim Peeta, a vida me fez ter problemas de confiança e como você deve ter notado eu não confio facilmente nas pessoas, mas eu confio em você e acima de tudo quero dividir minha vida com você não por um contrato, Peeta eu quero muito que seja real, quero viver tudo ao seu lado criar nossos filhos, quero criticar os filmes trash que você escolhe – ele riu - Abraçar você bem forte toda vez que eu estiver com medo, eu quero estar ao seu lado nos momentos bons e nos ruins de verdade.

–Você tem certeza disso Katniss? – ele olhou dentro dos meus olhos e senti medo dele ter mudado de ideia, medo de ser rejeitada e acima de tudo de ser tarde de mais para nos – Se você tiver eu só posso dizer que não tem nada que eu queira mais do que isso.

– Eu tenho toda certeza do mundo, eu fui uma idiota em não ter rasgado esse contrato antes – sem qualquer aviso ele se aproximou selando nossos lábios em um beijo doce.

– Eu não fui a pessoa mais inteligente do mundo, se eu for sincero eu devia ter te convidado para sair no minuto em que te vi pela primeira vez, porque mesmo não tendo admitido pra mim mesmo na época eu acho que me apaixonei por você naquele instante. Acho que eu tive medo não sei ao certo, na minha cabeça eu não podia falhar com os meninos de novo, me envolver emocionalmente com alguém era arriscado porque não era só o meu coração que estava em jogo os meninos estavam envolvidos e a ideia do contrato pareceu tão correta na época, então após aquela noite tudo que eu desejei foi não ter assinado aquele contrato estupido, mas eu coloquei na minha cabeça que estávamos fazendo o certo que conseguiríamos cumprir aquele acordo.

– Acho que nós nunca poderíamos imaginar o quanto complicado seria cumprir aquele contrato – comentei e ele riu.

– Complicado é pouco, é praticamente impossível não se apaixonar por você Katniss, dia após dia a única coisa que eu desejava era que fosse real porque quando eu olho para você a única coisa que eu quero e faze-la feliz e ser feliz e te ter em meus braços pra sempre – selei meus lábios no dele em mais um beijo.

– Eu amo você Peeta – disse pela primeira vez em voz alta aquilo que a muito eu já sabia e o brilho nos olhos dele só me fizeram ter certeza de que aquele sentimento era tudo.

– Eu amo você Katniss Mellark demais, amo nossos filhos e juro que vou fazer de tudo que estiver ao meu alcance para sermos felizes.

Ficamos abraçados curtindo aquele momento por um tempo em nossa bolha particular alguns minutos depois amamentei nosso pequeno e em seguida Peeta se disponibilizou para coloca-lo para arrotar, ter Peeta ao meu lado trazia uma sensação inexplicável de felicidade e tranquilidade, não sei quanto tempo ficamos ali até ouvir batidas na porta e no instante seguinte senti meu coração se alegrar mais ainda ao ver Pietro e Prim entrando rapidamente como dois pequenos foguetes pelo quarto, logo atrás com as mãos no bolso e com seu costumeiro ar de indiferença estava Nathan seguido pelos meus sogros que traziam um belo ursinho de pelúcia com um laço azul e alguns balões.

Os minutos seguintes são difíceis de explicar, a felicidade de estar em família de ver meus filhos juntos é algo que não tenho palavras para descrever, Pietro foi o primeiro a querer segurar o irmão no colo e Peeta prontamente o ajudou o colocando sentado na poltrona e ajeitando o bebê nos braços dele registrando o momento em seguida batendo uma foto com o celular, Prim não parava de sugerir nomes na maioria de personagens de desenhos animados só fazendo uma pausa para segurar o bebê, Effie era todo sorriso e assim que pegou o neto nos braços garantiu que ele era muito parecido com Peeta quando nasceu e Haymitch insistiu em dizer que embora meu marido tivesse os cabelos loiros como a mãe tinha suas feições o que gerou um cômico bate boca entre meus sogros já que Effie garantia que Peeta e os netos haviam herdado os traços dela.

– Precisamos decidir um nome – Peeta que ainda estava sentado ao meu lado na cama comentou e no minuto seguinte varias sugestões surgiram deixando o assunto da herança genética totalmente de lado – Nathan – Peeta chamou o filho mais velho que estava próximo a janela em silencio desde que entrou no quarto – Não vai fazer nenhuma sugestão?

– Mas antes olhe seu irmãozinho de perto – sugeri, ele se aproximou lentamente e sem que ele espera-se Effie colocou cuidadosamente o bebê nos braços dele.

Toda a fachada de indiferença foi substituída por um certo medo assim que ele se viu com o pequeno em seus braços, mas no instante seguinte pude ver um sorriso sincero surgir assim que ele olhou bem o irmão em seus braços, senti um nó se formar em minha garganta, Nathan tinha tantas camadas e muros ao seu redor além de uma necessidade de parecer independente e indiferente as coisas ao seu redor, mas acima de tudo tinha um coração tão grande quanto Pietro que conquistava todos ao seu redor sem menor esforço, por traz de toda aquela fachada de indiferença tinha um garoto incrível e carinhoso um filho incrível e irmão amoroso e vendo aquele momento eu soube que qualquer barreira que ele tenha pensado em colocar ao seu redor em relação ao caçula tinha sido desmoronada ali mesmo.

– Alguma sugestão filho? – Peeta perguntou sorrindo

– Gosto de Nicolas – ele comentou como se não fosse importante mais sorrindo.

– Eu gostei – Pietro disse animado

– Eu também – Prim concordou e não pude deixar de sorrir

– Nicolas Mellark, eu gosto e você o que acha? – Peeta perguntou olhando para mim.

– Acho que temos uma escolha unanime aqui – ele sorriu para mim e não pude deixar de me sentir a mulher mais sortuda do mundo.

A vida nem sempre é fácil, e raramente ela nos guia para o caminho mais simples, os obstáculos muitas vezes nos fazem querer desistir eles trazem medos e incertezas e acima de tudo não nos da qualquer certeza do que esperar pela frente, mas ela também nos proporciona momentos únicos e maravilhosos que nos ajuda a trilhar e aproveitar o melhor que ela tem a nos oferecer.