Sweet Nothing escrita por Evye


Capítulo 3
Let Me Down Gently


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos! Va bene, tudo mundo?! Espero que sim! Então mais um capítulozinho, cheiroso e saindo do forno, quentiiiinho! Huuum! Que gostoso!! Okay, isso não é pão, enfim.... Espero que gostem, fiz com muito carinho, e boa leitura!!



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“Left behind your perfect skin

There’s a part of you that’s free

And I know that there’s a place for me”

~

Os olhos de Afrodite percorreram todo o jardim, deu um longo suspiro tocando algumas das flores que foram destruídas no sutil “caminho” que o corpo de Escorpião traçou na terra. Camus permanecia ao seu lado, pensava em algo para dizer mas as palavras fugiam de seus lábios, suspirou longamente agachando-se na altura do pisciano, tocou seu ombro chamando a atenção do loiro para si.

–Sinto muito.

–Não se preocupe... Bom, não é como se fosse a primeira vez, o Máscara também já foi arrastado por aqui...

Riu visivelmente magoado, o francês pegou uma rosa dilacerada tocou suas pétalas sentindo a maciez, mesmo com tanto sofrimento, permanecia bela. Notou a semelhança entre a flor e o dono do jardim, olhando de soslaio para as grandes orbes azuis que concentravam-se em procurar as que ainda tinham salvação.

–Camus.

–Sim?

–O que foi... Tudo isso?

Camus coçou a nuca pensando no que dizer, não se sentia muito confortável em conversar sobre problemas pessoais, ainda mais envolvendo sua vida particular com o amante (ou ex), mas também seria injusto, ainda mais considerando que o guardião de Peixes também acabou se envolvendo na história, mesmo que indiretamente.

–Ciumes, acredito.

–Mas, ele estava te acusando de traição...

–Tsc, o Milo não estava facilitando ultimamente...

–A culpa... –Engoliu em seco, fazendo uma careta enquanto indagava Aquário. –Ela é minha?

–E por que seria?

–É que, sabe... Você está passando tanto tempo comigo, se eu fosse ele também acabaria pensando que talvez... Entende?

–Entendo. Mas não é o caso. –Jogou a franja para trás sentando-se mais

confortavelmente, sob o atento olhar de Peixes. –Acontece que não é de hoje que isso acontece, Afrodite. Milo está implicando com qualquer pessoa que fica mais de cinco minutos na minha companhia. Ele já discutiu por causa de amazonas, cavaleiros de ouro e até o Hyoga! Deuses, o menino é meu discípulo!

–O Hyoga? Eu não imaginaria...

–Não se culpe ou pense que meus últimos dias na sua presença tenham algo a ver com essa ruína.

–Nesse caso, não seria melhor ir conversar com ele? Quer dizer, antes que seja tarde demais... –Tocou no ombro do colega olhando profundamente no mar esmeralda que estendia à sua frente. –Se você o ama, corra atrás, as coisas geralmente ficam ruins quando alguém negligência tanto...

Baixou o olhar contendo a própria amargura, jurara não derramar mais uma lágrima sequer pelo cavaleiro de Câncer, vestiria a antiga carapuça da frieza e deixaria que tudo fluísse para o esquecimento. Camus notou a aflição alheia e pousou a mão sobre a do outro, a apertou com força fazendo com que o pisciano erguesse os olhos.

–Esse sentimento está morto, Peixes. Não há mais nada que nos ligue e ambos sabíamos disso, estávamos em uma busca desesperada por amparo um no outro, e aos poucos, nossa desilusão se transformou em discussões, ciúmes, brigas constantes. Não há mais anda que possa ser feito.

–Vocês eram tão unidos...

–De fato.

O ruivo sorriu discretamente notando o brilho nos olhos azuis, perguntando-se internamente o que aquilo poderia significar, a mão de Afrodite devolvia o aperto da sua na mesma intensidade, querendo ou não, ambos utilizavam da dor para manterem-se perto. Nunca achou que um dia passaria tanto tempo com o vizinho e ainda menos que apreciaria a companhia deste, definitivamente o Peixes era uma caixinha de surpresas.

–Afrodite.

–Hm?

–E quanto a ele?

–Você diz, o Máscara? Eu não sei... Não quero vê-lo por tempo indefinido.

Deu os ombros menosprezando a ideia de reencontrar o italiano, revirou os olhos apoiando a face nos joelhos que agora descansavam perto do peitoral, os dedos brincando na terra enquanto sentia o astuto olhar do francês sobre si.

–Eu não te expliquei o que aconteceu, né?

–Não precisa, se não quiser.

–É justo. Você está me ajudando, afinal. Você viu nossa primeira briga e já tem noção do que se trata, certo?! Pois bem, há algumas semanas atrás, estava descendo até a casa de Câncer para conversar com o Máscara sobre alguma idiotice trivial... –Revirou os olhos. –Foi quando eu ouvi alguns barulhos... Suspeitos, por assim dizer, vindo da parte residencial, o resto, já se pode imaginar, não?! Eu segui o som e dei de cara com aquele italiano imbecil na cama com uma pu-... Amazona, uma amazona. Minha primeira reação foi invocar uma Rosa Sangrenta, obviamente, e eu iria matar os dois se aquele estúpido não tivesse me impedido. Depois disso, eu fugi dele por dias, e ai, em um que, infelizmente, me despreparei, ele conseguiu me encontrar em casa e você viu o que aconteceu. Eu só... Não consigo detalhar...

–Não se force a isso. Eu imagino que deve ter sido... Terrível.

–Há coisas piores... Mas, eu me senti injustiçado, quer dizer, não era a primeira vez. Ele admitiu isso e, até mesmo eu sabia e fingia que não! Foram quatro anos perdidos! Eu... Ah!

–Eles não são perfeitos, mas ainda assim, fingimos que não vemos os maiores erros... Acho que posso dizer que sei como se sente.

–Eu nunca o traí, Camus, isso é muito injusto. Desde o dia que ele veio com aquela leva de palavras bonitas e juras de amor, eu nunca, absolutamente nunca o traí! Mas então, descubro que fui só mais um brinquedo nas mãos dele. Nunca me senti tão patético...

–Pelos deuses, que você não se torne o que ele quer.

–Como assim?

–Imagino que ele queria que você revidasse na mesma moeda e então, estariam “quites”.

–Não, apesar de tudo, tenho minha honra. Fui fiel até o fim, agora… Bem, estou livre. -Deu os ombros olhando para o cavaleiro ao lado. -Mas, acho que manterei essa liberdade para sempre, relacionamentos são complicados demais!

O aquariano levantou-se oferecendo a mão para o outro e o puxando para cima, Afrodite falava sobre como teria que adubar a terra e replantar as flores, porém as palavras não chegavam aos ouvidos do francês que parecia disperso nos próprios sentimentos e pensamentos, sutilmente incomodado com a frase anterior do pisciano. Ia perguntar alguma coisa quando notou estar sozinho, olhou para os lados vendo que estavam na residência novamente, mas não via o loiro em lugar algum.

–Afrodite?

Caminhou até o quarto e a cozinha, ambos vazios. Deu os ombros rumando para a saída quando ouviu seu nome ser chamado pela voz melodiosa do sueco.

–Aonde você vai, francês?

–Você… Onde estava?

–Não importa… -Balançou a mão aproximando-se do ruivo. -Já vai?

–Acho que sim… Está ficando tarde.

–Entendo… Agradeço a companhia. -Sorriu abertamente com uma felicidade genuína e que há tempos não sentia.

–Por nada… -Mordeu o lábio inferior lutando contra a própria vontade de dizer algo, realmente sentia-se culpado pelos danos ao jardim e tinha que fazer alguma coisa. - Ah… Me desculpe pelo jardim.

–Não se preocupe… Pelo menos vou me distrair replantando.

–Hm… Eu, posso te ajudar?

Afrodite abriu a boca e os olhos brilhavam com intensidade, deu alguns pulinhos de felicidade jogando-se no pescoço do outro enquanto o abraçava com força.

–Desculpa. -Afastou-se ainda ansioso. -É claro, quer dizer, você é a única pessoa aqui nesse lugar que parece ter a delicadeza necessária para cuidar de flores!

–Sério?

–Claro! Ah, sim, o Aldebaran também é muito bom nisso… Apesar de estabanado… -Sorriu recordando-se da única vez que chamara o brasileiro para cuidar do jardim enquanto estava fora. -Deuses… Que trauma.

–Hm?

–Nada, nada! -Riu um pouquinho baixando os olhos, um sorriso de lado enfeitando a bela face de bochechas rosadas. -Você está sendo bem legal comigo, cubo de gelo.

–Não por isso, Peixe. Tenha uma boa noite.

–Pra você também.

Acenou recebendo apenas um acenar de volta, o guardião do templo abaixo do seu retirou-se em silêncio, deixando o pisciano sozinho no templo. Olhou ao redor dando um longo suspiro e caminhando até a sacada que dava para o jardim, apoiou-se na grade vendo o colega descer os últimos degraus e depois voltou a observar o estrago feito por Escorpião. Voltou para o quarto sentindo-se leve, apesar da briga mais cedo, parecia que nada afetava o orgulhoso francês, este permaneceu sério e indiferente, e mesmo quando se justificou não perdeu as rédeas da situação. “Diferente de mim, que surtei…”. Revirou os olhos debochando da própria situação, mas nada disso importava agora, se livrou do péssimo caso que mantinha com o italiano e agora, como algum tipo de recompensa, ganhava uma nova companhia, era estranho… Quer dizer, ambos nunca se falavam, e qualquer um poderia jurar que se odiavam, inclusive os dois em questão, então, como?!

A situação martelava constantemente em sua cabeça quando se deitou e ainda pensou nisso por longos minutos antes de ser embalado por um sono pesado e justo.

~

Camus saiu do banho enxugando os longo cabelos vermelhos quando sentiu um cosmo consideravelmente hostil aproximar-se, juntou as sobrancelhas estranhando a pessoa que subia os degraus. Saiu do quarto vestindo a armadura e prostando-se próximo a saída, à tempo de encontrar o cavaleiro que bufava irritado.

–Pois não?

–Quero passar.

–O Grande Mestre está ausente, Máscara da Morte, não há razões para sua subida.

–Jura? -Gargalhou prostrando as mãos no quadril e encarando os olhos esmeraldas com um tom desafiador. -E quem disse que vou até a sala do Grande Mestre?

–Então, pode dar meia volta e dirigir-se para seu templo.

–Oh, vai me impedir de ver meu próprio namorado?

–Creio, Câncer, que Afrodite de Peixes tenha rompido qualquer vínculo, que não seja profissional, com a sua pessoa.

–Isso não quer dizer que eu fiz o mesmo, certo?! Olha, chega disso, va bene?! Saia da frente. -Balançou a mão como se espantasse uma mosca, Camus acirrou o olhar sentindo seu sangue esquentar-se aos poucos, não gostava nem um pouco do cavaleiro do quarto templo e nos últimos dias, seu desprezo pelo italiano crescia cada vez. -Vamos, saia da frente.

Inspirou profundamente pedindo paciência aos deuses antes que o prendesse em um esquife de gelo pelos próximos dias, adoraria ver o moreno de boca fechada por algum tempo, seria revigorante.

–E essa agora, ficou surdo?! Vamos, Camus, saia!

–Já disse que a passagem não está liberada para você. -Dito isso, cruzou os braços altivamente frente a saída do templo. -Pode ir para casa.

Bufou aproximando-se do cavaleiro de Aquário, parou com as mãos cerradas em punho ao lado do corpo encarando furiosamente os olhos esmeraldas.

–Ouça aqui, cavaleirinho de merda, eu vou passar, nem que seja por cima do seu cadáver!

–Quer tentar?

–O que está acontecendo aqui?

Ambos olharam para a porta vendo o ex-cavaleiro de Áries e o de Libra parados os observando seriamente, Shion trajava as vestes de Grande Mestre e estava visivelmente infeliz com a cena que presenciava, a passos lentos tocou o ombro do canceriano o afastando do ruivo, passou o olhar pelos dois.

–Então, posso sabe o que está acontecendo aqui?

Ficaram em silêncio, parte por respeito ao mais velho e parte por orgulho, o lemuriano começava a perder a santa paciência que lhe era tão curta, estalou a língua nos lábios olhando de soslaio para Dohko que simplesmente deu os ombros sem realmente entender o que se passava na mente do amigo.

–Eu saio por uma semana e quando volto, dois cavaleiros de Ouro estão quase brigando no templo, que tipo de conduta é essa?! O que vocês acham que o santuário é? Uma arena?! Francamente! E você, Camus, portando-se assim, que decepção.

–Grande Mestre, minha conduta foi apropriada a situação, dado o fato de que barrei a passagem do Guardião de Câncer pela hostilidade em seu cosmo.

–É isso, Máscara da Morte? -Olhou sério para o homem à sua esquerda que permanecia de braços cruzados em silêncio. -Me responda!

O italiano bufou fuzilando todos os presente com o olhar e deixando a sala sem justificativas, Dohko o chamou algumas vezes dizendo que era uma grande falta de educação deixar o Grande Mestre sem resposta e que deveria voltar imediatamente, tendo em resposta apenas alguns palavrões.

–Espero não ter perdido algo importante por esses dias… -O mais velho olhou para o cavaleiro de Aquário que se distraiu com as ações de Libra.

–Não, senhor Shion.

–Pois bem. Vamos Dohko.

O chinês cumprimentou animado o francês e subiu em seguida acompanhando as passadas certeiras, porém calmas, do ariano. Caminhavam em silêncio sem pressa, observando ao redor e o belo céu estrelado, chegaram em Peixes, Dohko sorriu aspirando profundamente o perfume de rosas que preenchia a casa desde os primórdios dos tempos.

–Ah eu adoro esse cheiro.

–É enjoativo.

–Não, não é. E como será que ele está? -Parou encarando a pequena porta que dava acesso à área residencial.

–Não sei.

–Faz anos desde que o vi pela última vez. -Sorriu alegre recordando-se do pequeno sueco loiro que permanecia o tempo todo dentro do templo, saindo apenas para o essencial. -Ele era tão arisco…

–Por que não fica para vê-lo?

–Hei, não precisa se irritar! -Correu até o loiro que já estava praticamente na saída do templo. -O menino é como um irmãozinho.

–Não estou irritado.

–Sei…

Balançou a cabeça negativamente seguindo o outro, Aries estava tenso e irritado nos últimos tempos, qualquer detalhe fora do normal o tirava do sério, as coisas imperfeitas estavam o enlouquecendo e aos poucos, a idade que não sentira por tanto tempo parecia cair sobre si como um elefante. Suspirou massageando as têmporas ouvindo o tagarelar incessante do animado cavaleiro de Libra e pedindo mentalmente para que este se calasse de uma vez. Do outro lado, Dohko comentava sobre a última vez que estivera no santuário, recordava-se de ter visto todos os cavaleiros de Ouro no muro onde se sacrificaram, porém, ainda custava a acreditar no quanto haviam crescido e como se sentia velho ao ver os garotos que corriam de templo em templo infernizando quem estivesse por perto, transformado em grandes homens de um orgulho invencível.

–E ele ficou lindo, não?

–O que? -Ouviu a frase aleatória do moreno, tentando se lembrar do assunto anterior. -Do que está falando?

–Afrodite, Shion. O Afrodite, ficou lindo, não?!

–Ah… Sim, sim, que seja.

Entraram no templo, Shion indo direto para o “trono” sentando-se ali enquanto procurava algo que pudesse tomar para sanar a insuportável dor de cabeça. Dohko parou na entrada do templo virando-se para trás e observando o longo caminho que fizeram até ali, suspirou com um sorriso fraco, preso particularmente no décimo segundo templo e, mais precisamente, em seu morador.


“E você, peixinho… Como está?”


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Notas finais do capítulo

Dohkoooo! Dohko, Dohko, Dohko!! Amo ele. lol!
Climinha tenso e fofurinhas em um só capítulo heim!! Espero que tenham gostado, não deixem de comentar, sim?! Me ajuda muit e eu fico muito feliz ( ainda mais com os faladores de plantão -como eu- dos comentários gigantes!). Muito obrigada a todos que leram e até o próximo!! See ya ~!

Tia Evye

PS: Não sei se vocês notaram, mas todo começo de capitulo tem um trecinho de musica. Estes são respectivos ao títulos de cada capítulo, se quiserem ouvir, recomendo, são ótimas!