Sweet Nothing escrita por Evye


Capítulo 2
Leave Your Lover


Notas iniciais do capítulo

Oláá querido, mil anos depois... Hahaha brincadeirinha! Me concentrei em outros projetos e acabei deixando este, sorry, a todos y.y! But, anyway, aqui está mais um, hope you like it!



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"When you say you've had enough

And you might just give it up

Oh, oh

I will never let you down

When you feeling low on love

I'll be what you dreaming of"

Três semanas se passaram desde o fatídico encontro entre os cavaleiros, no meio tempo, Camus não teve nenhum contato com o namorado, mas constantemente visitava o templo de Peixes, por diversas vezes encontrou o colega debruçado na mesa com uma taça de vinho em mãos e olhos marejados, este apenas olhava para o francês e sorria com tristeza, a boca se abria, mas permanecia muda, mais lágrimas se formavam e caiam silenciosas pelo belo rosto pálido. Afrodite, aos poucos não se incomodava mais em chorar na frente do cavaleiro, muito pelo contrário, aproveitava todo o carinho e apoio que o mesmo lhe oferecia.Por outro lado, Camus sentia-se cada vez mais atraído ao sueco que lhe oferecia poucos sorrisos e palavras, comparando com o antigo, não tinha certeza de qual preferia.

Naquela noite em especial, Aquário prometera que fariam algo diferente, muitas lágrimas haviam corrido, Máscara da Morte não o procurara novamente e as coisas pareciam, lentamente, serem enterradas em algum canto obscuro do coração de Peixes. Carregava consigo uma garrafa do melhor champanhe francês, o autêntico, trazido diretamente de sua terra natal, alguns livros e uma cesta de croissants, descobrira no pouco tempo de convivência que o pisciano adorava pães, café e seu vício pessoal, com certeza era chocolate suíço e vinhos, portugueses, espanhóis, franceses, o que sua pequena adega pudesse lhe oferecer. Em compensação, odiava whisky, vodka e cerveja, exceto a alemã, porque como ele mesmo diria: “Isso sim é cerveja de verdade!”. Riu, mesmo com alguns dias e horas um ao lado do outro, conhecera Afrodite como nunca o conheceu em anos, notou o quanto o mais velho era diferente do que aparentava ser, e por vezes pensou que a alcunha de cruel lhe era injusta, afinal, como um ser humano que cultiva flores e salva filhotes de pássaros caídos do ninho poderia ser de todo tão maldoso?!

–Ah.. Coisas que só pioram essa confusão.

Suspirou anunciando sua chegada ao decimo segundo templo, adentrou sem esperar a resposta, habituado as visitas, conhecia a parte residencial do local como um mapa, e se conhecia os simples hábitos do pisciano, à essa hora o mesmo provavelmente estava no banho. Repousou os objetos sobre a mesa dando a volta e pegando uma embalagem de castanhas que ficavam estrategicamente escondidas atrás das inúmeras garrafas d’água, abriu e despejou em um pequeno pote próximo a pia, as comia distraidamente enquanto observava a paisagem que dava direto para o sagrado jardim de Peixes, não pode deixar de sorrir ao ver o luar iluminar as belas rosas as fazendo brilhar com vigor, como jóias cintilantes em uma vitrine; jamais negaria a beleza e o frescor daquele lugar e seria impossível não se sentir satisfeito e sorrir com uma paisagem como aquela, aliás, sorrir se tornara praticamente um habito, os momentos em que tivera a chance de ver Afrodite alegre sempre lhe roubava pequenos e discretos sorrisos, o sueco era espontâneo e sutilmente maluco, ria das coisas mais estranhas e chorava das mais banais, uma excentricidade, que chamava sua atenção e conquistava sua mente.

–Será que foi assim...?

–Falando sozinho, Camus?

–Eu não, estava apen-...

Arregalou os olhos sentindo um pequeno calafrio percorrer sua coluna, pigarreou desviando o olhar enquanto sentia o discreto rubor dominar suas bochechas.

–Deuses, Afrodite, vista alguma coisa!

–O que? Eu estou em casa!

–Mas eu também, estou aqui, ao menos coloque uma calça!

–Qual é Camus, eu estou vestindo uma boxer, não seja tão fresco!

Voltou o corpo evitando encarar o nudismo o companheiro de batalhas, passou a mão pela franja afastando-a dos olhos, bufou baixinho, evitando que o animado pisciano lhe ouvisse. Ver Afrodite semi nu não era uma tarefa com o qual estava acostumado, não seria a primeira vez, aparentemente Peixes sentia muito calor na Grécia e com os anos adquiriu o (em sua opinião) péssimo hábito de andar com poucas roupas por seu templo, como se já não bastasse todas suas túnicas serem de um tamanho duvidoso...

Não esquecia a primeira vez que o vira desfilar seu corpo como um troféu, na segunda semana tivera o azar de encontrá-lo vestindo apenas uma camisa, naquele instante ambos sentiram-se extremamente envergonhados e a pressa para vestir algo à mais, fez com que o pisciano derrubasse dois vasos e tropeçasse três vezes até chegar no quarto, depois disso ficaram ambos por meia hora sem conseguir trocar uma palavra.

–O que está pensando, gelinho?

–Gelinho?

–Cansei de te chamar de Camus. –Disse enquanto mordia um croissant, maravilhado com a textura e enchendo as bochechas de mais. –Hum, isso está maravilhoso! Você que fez?

–Sim...

–Wow, o Milo tem sorte... Vou pegar mais um!

Correu até o cesto deixando o outro confuso, Camus observava com curiosidade o pisciano que saltitava de felicidade e satisfação ao morder os pequenos pãezinhos, seus olhos possuíam um brilho diferente e inexplicável, que nunca vira, mas como seus muitos “primeiras vezes ao lado de Afrodite de Peixes”, acrescentaria aquele olhar a lista.

–O que quis dizer com “Milo tem sorte”?

–Ora. –Engoliu olhando diretamente para o companheiro. –Não é obvio? Você é bonito, forte, inteligente e... Sabe cozinhar! O homem dos sonhos!

–Isso...

–Eu não estou dando em cima de você, não se preocupe. –Olhava para baixo quebrando a massa do salgado enquanto colocava pequenos pedaços na boca. A expressão tornara-se séria e discretamente magoada. –Não estou em condições de ser ameaça ao relacionamento de ninguém.

–Eu não disse que você era.

–Parecia que ia dizer... Impressão.

Suspirou aproximando-se do cavaleiro das rosas, erguendo o pálido rosto para que o encarasse, Camus sempre se perdia nos grandes olhos azuis, que agora pareciam um tanto melancólicos e deprimidos.

–O que o faz pensar que diria algo assim?

–A vida. Eu sempre fui uma ameaça. Mas não hoje, não mais... Milo não tem com o que se preocupar! –Ergueu as mãos como inocentando-se de acusações inexistentes.

–Eu apenas iria dizer que estava impressionado.

–Você? Uau, consegui a façanha de impressioná-lo! Mereço mais um croissant como prêmio, não?

Sorriu de canto, divertindo-se com os motivos de Peixes para detonar os pãezinhos que um a um desapareciam, soltou a face do outro deixando-o livre para devorar o que estivesse ao seu alcance. Se este era o pisciano com quem Máscara da Morte convivia, então por que diabos perdê-lo por uma noite com uma pessoa qualquer?! Não fazia sentido.

–Peixes, venha aqui.

–O que?

Camus sorriu de canto, retirou uma pequena migalha no canto da boca do outro, que fez uma pequena careta enrugando o nariz e fechando um dos olhos. Acompanhou os movimentos do aquariano até a pilha de livros que jazia em uma das cadeiras, ele retirava cada um deles, todos títulos franceses, até exclamar um “achei”, baixo e discreto.

–Venha.

Estendeu a mão para o loiro que instintivamente recuou, uma das sobrancelhas erguidas, mas que mal teria em segui-lo? Afinal, estávamos falando de Camus de Aquário! Pegou a mão do ruivo sendo levado até a sacada do quarto, que acompanhava a mesma visão deslumbrante do jardim, sentaram-se um ao lado do outro enquanto o mais novo vasculhava as folhas do livro à procura de algo. Curioso, Afrodite inclinava-se para as páginas tentando entender as letras que corriam por seus olhos.

–Aqui.

–O que é?

–Seja paciente, Peixes. Ouça...

–Então diga!

–Tsc... –Virou o corpo para frente enquanto, praticamente cantava os versos do poema escolhido. - Elle va doucement avec ses quatre roues... Son toit n'est pas plus haut que ton front et tes yeux... La couleur du corail et celle de tes joues... Teignent le char nocturne et ses muets essieux... Le seuil est parfumé, l'alcôve est large et somber... Et là, parmi les fleurs, nous trouverons dans l'ombre... -Voltou o olhar para o jardim, um discreto sorriso no face, enquanto a brisa banhava as últimas palavras adoçando ainda mais o mel que continham. - Pour nos cheveux unis, un lit silencieux...

Afrodite, não sabia por que, mas tinha a boca aberta e os olhos marejados, provavelmente emocionado, não tinha entendido uma palavra sequer, mas a voz de Camus em sua língua mãe, adentrava seu coração como um balsamo acalentador, engoliu em seco passando as costas das mãos no olhos e pedindo, silenciosamente que o outro traduzisse.

– Com suas quatro rodas vai ela suavemente... Não é mais alto do que tua fronte e teus olhos seu telhado... A cor do coral e a de tuas faces... A carruagem noturna e seus mudos eixos tingem... Perfumado é o umbral, a alcova, grande e sombria... E, ali, entre as flores, a sombra encontramos... Um leito silencioso pra nossos cabelos unidos.

–É lindo...

–É de um autor clássico, Alfred de Vigny.

–Tem, eu não sei... Algo diferente...

–Eu li apenas um verso, prometo ler os próximos... Assim você entenderá melhor.

–Eu já entendo. –Sorriu tomando a mão do cavaleiro à sua frente. –À sombra do jardim, um lugar para repousar...

Apertou a mão do francês com força, Camus devolveu o gesto na mesma intensidade, olhou de soslaio para o sueco, pequenas lágrimas escorriam por sua face, mas o que acalentava seu coração, era que apesar de Afrodite estar chorando, continuava sorrindo.

Pensou em comentar o quão belo era a face do louro sob a luz da lua, todo brilho das estrelas refletidos na imensidão azul que fitava o horizonte, receou ao recordar-se de outro loiro que estava na sua vida há mais tempo, baixou os olhos tentando afastar a memória da última "coversa" que tiveram,

–Camus,, você está bem?

–Sim, foi só um dor de cabeça.

–Pode ir para casa, se quiser… Hei, aquele ali não é o Milo?

–O que??

Próximo às escadarias do templo de Peixes um confuso escorpiano observava o casal, Camus tinha os olhos arregalados enquanto o colega simplesmente acenava para o companheiro. Sentiu-se levemente angustiado, não poderia culpar Afrodite, este não tinha ideia do que acontecera entre os dois.

–Ele está subindo, e parece bravo... Aconteceu alguma coisa, Camus?

–Droga...

Ouviram o barulho de uma armadura rangendo enquanto passos largos ganhavam o corredor, em um súbito momento o pisciano se lembrou de estar semi nu e instintivamente correu para trás de um vaso que enfeitava a sacada. Não que Milo já não tivesse flagrado em situações piores, mas com os dois ali, era constrangedor demais...

–Camus!

–Ah, deuses... -Suspirou olha de soslaio para o guardião do templo, Peixes devolveu o olhar tentando decifrar a fúria na voz do cavaleiro de escorpião. -Estou aqui...

–Que porra é essa?

–MIlo...

–Não me venha com essa voz mansa do cacete! Seu traídor, filho da puta! Eu sabia!

–Milo, cale a boca, me deixe falar.

–Cala a boca o caralho! Você estava me traindo e com o Afrodite! Não tem vergonha?

–O que? Te traindo? Comigo? Não!

–É melhor você ficar de boca fechada sua puta, por acaso o Máscara sabe que você está dando pra ele?

–Eu... Porra, eu nao estou dando pra ninguém! Que merda é essa? Camus!

–Vamos Camus, e agora? Vai continuar negando?

Suspirou massageando as têmporas, ambos os olhos fixos em si o indagando e tirando as próprias conclusões, Camus olhou de para o outro, bufou cocando sua nuca, quando ia formular a primeira frase que o justificaria foi cortado pelo escorpião que nervosamente explodia seus ânimos.

–Que inferno Camus! Você não tem nem o que dizer? Tsc, é um cafajeste mentiroso mesmo!

–O que?

Camus inspirou profundamente, os lábios crispados e a testa totalmente franzida, caminhou a passos largos até o cavaleiro de escorpião desferindo-lhe um tapa no lado direito da face. Milo não esperava por algo assim, os olhos

arregalados e a boca aberta enquanto uma das mãos segurava a face ferida

–Cafajeste? Mentiroso? Você está brincanso comigo Milo? Algum tipo de piada? -balançou a cabeça visivelmente perturbado. -Isso é ridículo, eu sou o mentiroso? Quem é o idiota que ficava te esperando as sextas feiras achando que você estava treinando? Quem é o idiota que te perdoava todas as vezes que você chegava bêbado inventando um milhão de desculpas sendo que eu ja sabia tudo que você aprontou? Me diz Milo, quem é? E me diz agora, quem é o cafajeste, o mentiroso, o filho da puta? Eu? Não me faça rir!

Os outros estavam estáticos, era a primeira vez que viram Camus se exaltar, o cavaleiro de aquário era constantemente centrado e serio, vê-lo se estressar era um evento muito raro.

–Você sabe por que sempre me acusava de traí-lo, porque você tinha medo de que eu fizesse o que você sempre fez comigo. E quer saber? Não precisa mais se preocupar. Chega, eu não quero mais nada disso, mais nada com você e se fosse possível esqueceria até os poucos bons momentos. Eu não quero mais isso, cansei.

O ódio de escorpião era palpável, o loiro ameaçou começar um de seus sermões infindáveis, porém as palavras lhe fugiam e só conseguia pensar no quanto seria satisfatório ter o sangue de Camus em suas mãos, lhe daria uma surra épica e depois assistiria o francês arrastar-se implorando por seu amor. Sorriu mentalizando toda a cena e seu desfecho glorioso, cerrou os punhos dando um passo largo à frente, Aquário percebeu a hostilidade so ex preparando sua defesa, Milo foi veloz, mas talvez, cego por sua fúria, não foi técnico dando diversas brechas para o cavaleiro que simplesmente desviou o corpo para direita. O soco passou vazado deixando a guarda de suascostas totalmente exposta, o ruivo aproveitou a deixa agarrando o colete da armadura de escorpião e arremessando o corpo do grego sacada à fora.O estrago não poderia ter sido pior, Milo voou para fora caindo no jardim e arrastando flores por uns cinco metros, o impacto da queda destruiu tudo por seu caminho e o tão adorado jardim de Afrodite foi seriamente danificado. O grego levantou olhando o rastro que seu corpo fizera, praguejou alguma coisa em sua língua mãe voltando o olhar para Camus.

–Não ache que isso acabou,Camus! Nós ainda não nos resolvemos!

–Por Athena, Milo! Eu não tenho mais o que falar, apenas me esqueça.


Milo abriu a boca novamente disposto a acabar com aquilo de uma vez por todas, mas ao ver Camus ignorá-lo para ir ao encontro de Afrodite, o fez se calar. Foi inevitável não morder o lábio ao sentir uma forte pontada em seu coração, não queria admitir, mas sabia que Camus não o pertencia mais e depois de tantos anos lutando para que o ruivo lhe notasse e gradualmente correspondesse seus sentimentos, foram jogados no lixo. Jurou para si mesmo que esta historia não tinha acabado e que tomaria de volta o que era seu, mas não naquele momento, não... Afinal, a dor de ver Camus acariciar os cabelos sedosos de Afrodite enquanto sussurrava palavras gentis, roubava toda e qualquer força que possuía.


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Notas finais do capítulo

Yeeei, le treta! Perché, como já dizia uma amiga: Treta é vida. Brincadeira, não briguem a toa, é feio! u.u
Enfim, espero que tenham gostado, não deixem de comentar e um bom domingo e bom inicio de semana a todos!
Beijos e abraços! See ya ~

Tia Evye.



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